F.P.P.G. – Projeto Peculiar (Interativa) escrita por Harleen Quinzel


Capítulo 3
Capítulo 3 – Playground, we are coming.


Notas iniciais do capítulo

Oi, amoressss!
O capítulo ficou maior do que eu previa, mas estou satisfeita!
Nesse os últimos quatro personagens e mais um pouco dos anteriores, e dos oficiais, né! haha
Anyway, espero que gostem!
XOXXO,
HQ



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/721394/chapter/3

O General Davies olhava de esguelha a figura desinteressada de Samantha Black mexendo no celular, claramente entediada, enquanto Gray a analisava, tentando decidir se ela valia o trabalho que eles teriam de transformá-la em um soldado. Ele checou o curso atual do avião, vendo que estava correto. 

A área metropolitana de Chicago, Peoria, se ele fosse ser exato, era bem populosa. Illinois abrigava um dos maiores centros econômicos e industriais do país, seria complicado o suficiente achar a IL Crossfit & Gym Academy na cidade.

— Gray, para achar o sr. Hangrove o mais rápido possível vamos nos separar. Você e a srta. Black vão até o trabalho dele e eu vou procurar no flat dele. – Davies ordenou, fazendo a mulher parecer surpresa. – Diferente de Henshaw e Shafiq, ainda temos uma parada.

— Tem certeza que levar Black junto é a melhor das ideias, Davies? – A coronel perguntou cautelosamente.

— Não sei você, mas eu não confio nela para deixá-la sozinha aqui. Principalmente porque não sabemos o que ela pode fazer.

Gray soube que era uma batalha perdida diante tais argumentos. Assim como sabia que era fatos irrefutáveis. Assim que o Zeta 101 iniciou o trajeto de pouso, começou a se preparar para o quão irritante seria a conversa. Ainda mais com a aparente personalidade do garoto.

A trajetória no carro do aeroporto de Peoria até a academia, que ficava no mesmo bloco do Peoria Stadium, foram longos e inconfortáveis dez minutos, Samantha Black servindo como uma temperamental companhia.

Quando saiu do carro, Alma agradeceria a Deus, se acreditasse em algum, somente para ser relembrada de que ainda tinha o caminho de volta, e que ele tinha grande potencial de ser pior, principalmente com a companhia de Mark Hangrove.

— Boa tarde, gostaria de saber se o sr. Hangrove está. – Falou docemente a recepcionista da bela academia, assim que ela terminou de atender os clientes anteriores.

— Sim, ele está. Quem quer saber?

— Coronel Alma Gray, do Exército Americano. – Ela declarou, fazendo a jovem olhá-la de olhos arregalados, percebendo somente no momento seu uniforme. – Também quero uma sala de reuniões ou conferências na qual possamos falar em privado.

A recepcionista desaparece no interior da academia por alguns segundos, voltando para conduzi-las a uma saleta alguns metros da sala de spinning antes de divagar incomodamente sobre ir encontrar o personal trainer para trazê-lo a sala.

— Ouvi dizer que tem duas belas senhoritas procurando por mim. – Um homem alto e musculoso, de cabelos castanhos e olhos verdes, sorrindo de maneira ofuscante, exclamou, passando pela porta. – Seriam elas vocês?

Sr. Hangrove, eu sou a Coronel Gray e esta é a srta. Black. – A soldado suspirou. – Somos do Exército e vimos falar com você.

— Exército? Eu não fiz nada. – Ele se defendeu.

— Não é o que você fez, é o que você é. – A morena esclareceu, perdendo o último fio de paciência. – Preste atenção porque eu não vou repetir. Você tem uma mutação genética feita em laboratório e, por causa dela, faz alguma coisa “especial”. Estamos te recrutando porque achamos que alguém tão bom como você pode nos ajudar, entendeu? Infelizmente, para mim, não é opcional a aceitação do convite. Temos um General no seu flat, arrumando uma pequena mala.

— Você está brincando, né? – Mark desdenhou. – Eu não vou abandonar tudo isso à toa!

— Veja bem, Mark. Você é forte, musculoso e pode fazer alguma coisa. Por que não salva algumas donzelas em perigo, huh? – Samantha murmurou em uma voz suave, no ouvido dela, enquanto o rondava, como uma presa caçando, em seguida tocando um dos braços dele. – Nós sempre vamos precisar de alguém como você.

— Eu preciso falar com meu patrão. – Ele concordou, resignado. – Vou dizer que vocês pediram algumas consultas e treinamento pessoal.

Logo ele abandonou a sala, preparando-se para sua demissão. Gray sabia também que ele só retornaria à sala quando reunisse seus pertences, que provavelmente estavam em todo lugar da academia. Não pode deixar de estudar Black depois de sua boa vontade a ajudar, surpreendendo a Coronel.

— O que foi aquilo, Black? – Não pode deixar de perguntar.

— O garoto tem um ego enorme, Coronel, era só falar da maneira certa. Além disso, se eu estou destruindo minha vida para isso, vou levar todos ao inferno comigo.

ɸ

Elizabeth Rose Murray apreciava a vida que levava, atualmente. Apreciava a previsibilidade dos eventos, como ela saia que seus dias seriam nas aulas da faculdade. Sobretudo, ela apreciava a rotina que tinha desde que viera morar no campus da UCLA. Sua colega de quarto, Jane, também não falhava em ser constantemente previsível. E a tudo isso ela agradecia.

Pescou “Uma Breve História do Tempo”, de Stephen Hawking, e colocou em sua mochila. Iria enfrentar a clássica fila de três minutos em sua cafeteria favorita e então iria para a biblioteca, fazer pesquisas sobre a aula que tanto ansiava: Cosmos, com o dr. Rowling.

Beth abriu a porta do apartamento, saindo imediatamente. Ou esse era o plano. Ela bateu de frente com alguém bem mais alto e cheiroso, causando sua quase queda, mas foi segurada pela pessoa. De frente a ela, ainda a segurando, estava com homem alto, com longos cabelos dourados, barba a fazer e olhos claros penetrantes.

— Oh, me desculpe! – O homem exclamou, em um tom grave. – Estou procurando pela srta. Elizabeth Rose Murray. Me disseram que esse era o dormitório dela.

— Bom, acredito que está procurando por mim. – Respondeu, em um tom seco. Céus, ela rezou internamente para que aquilo não fosse nada relacionado ao seu pai.

— Lucas Henshaw, codiretor de um departamento do Exército Americano. Será que podemos falar em privado? – Ele falou, apertando sua mão.

Liz sentiu sua garganta fechar e seus batimentos cardíacos aumentarem insanamente. Maldito exército. Ela fechou os olhos e tentou focar em sua respiração. Inspirar. Prender. Expirar. Inspirar. Prender. Expirar. De novo. De novo. De novo. A morena percebeu seu corpo relaxando, seus batimentos mais lentos, sua respiração se normalizando. Uma parte de si queria abrir os olhos e acreditar que Henshaw fosse uma alucinação. Crise pessoal evitada (check), crise militar ou qualquer outro motivo que o codiretor de um departamento estava na sua frente (infelizmente não-check para esse). Suspirou e abriu os olhos.

— Claro, sr. Henshaw. Por aqui. – Ela se ouviu dizendo, indicando o interior do apartamento. O sofá, se fosse ser exata. – Posso oferecer algo para beber? Água?

— Não, obrigado, srta. Murray. – O homem respondeu. – Eu tenho algumas notícias. Ainda quando era um bebê, ou ainda mesmo um feto, você foi geneticamente modificada. Sei que soa bizarro, impossível. Mas é verdade, apontado por uma das pessoas que trabalhava no local. Estamos diante de uma catástrofe de nível mundial, e você pode, precisa, ajudar a detê-la.

— Mas eu suo só Elizabeth, só Elizabeth. – Ela replicou, soando um tanto como Harry Potter.

— Eu não tenho certeza do pode fazer, Elizabeth, mas você não é só alguém. Precisamos de você.

— Eu não posso simplesmente...

— Nós vamos instalar um time para proteger sua família 24/7. Seu país precisa de você.

ɸ

Roeen Schonell queria amaldiçoar seu atual cliente. Por que as pessoas preferiam tentar dizer seu nome certo, dizendo “Coleen” ou “Rowen”, até mesmo “Owen”? Ele preferia que um senhor idoso o chamasse de tio ao invés da alternativa. Francamente.

— Senhora, é um Mocha Frappuccino, um Choc ‘N’ Chips e um Chai Latte, certo? Oito dólares. – Ele disse. – Que nome devo colocar para ser chamado?

— Felícia Hayes, Narcisa Shafiq e Roeen Schonell. – Ela respondeu, fazendo-o olhar para ela. – Acredito que seu turno acaba agora. Choc ‘N’ Chips é a sua bebida, certo?

— Huh, é. – Ele replicou, ainda mais confuso.

— Ótimo. Assim que sair, junte-se a nós na mesa treze, sim. – Ela disse, antes de se virar e ir para a mesa dita, juntando-se a uma menina loira.

E Roy obedeceu. Talvez fosse o olhar da mulher, talvez o modo como ela falara, talvez fosse sua postura intimidadora, mas aquilo só serviu para atiçar a curiosidade dele. Atendeu os três últimos clientes antes de seu turno acabar e avisou que levaria as bebidas para as mulheres.

— Como posso ajudar? – Ele indagou, assim que se sentou na mesa, entregando as bebidas.

— Você é geneticamente modificado, tem algo de especial, sr. Schonell. O mundo está sob grande risco, e você pode, deve, ajudar. Eu sou a codiretora de um departamento do Exército, o departamento que vai eliminar essa ameaça.

— Meus pais, meus amigos, o que acontece com eles se eu for? – Roy não evitou segurar a pergunta.

— Eles ficam salvos. Com um time pronto para protege-los cada minuto do dia.

— Quando iremos? – O moreno indagou, sentindo a descarga de adrenalina no corpo.

— Você tem roupas aqui? – Shafiq perguntou, satisfeita quando ele acenou positivamente. – Bom, então vamos imediatamente.

ɸ

O General Malcolm Davies planejava ser rápido, e ao mesmo tempo demorar uma eternidade. O avião estava insuportável. Não o avião em si, mas suas companhias. A Coronel Gray parecia pronta para se jogar para fora o mais rápido possível, e se ele fosse ser sincero, sabia que ele também tinha a mesma aparência. Samantha Black tentava controlar seu temperamento diante das cantadas e comentários de Hangrove. Por um momento ele considerou se não seria melhor deixar que ela o matasse.

— Gray, assim que pousarmos, vou até a Seattle University enquanto você mantém um olho neles e não deixa a srta. Black matar o sr. Hangrove. – Comandou.

— Tem certeza que não vai precisar de ninguém mais? Talvez precise de músculos ou manipulação. Seria uma boa ideia levar um dos dois. – Ela replicou, séria.

— Eu não quero atrair mais atenção, Coronel. Vou sozinho.

Diante de sua resposta, ele quase pôde vê-la se encolher com a perspectiva dos próximos minutos, talvez uma hora. O avião pousou e o General dirigiu o mais rápido que conseguia, sem quebrar nenhuma lei. Se Shafiq e Henshaw estavam com um tempo similar ao deles para convencer os novos soldados, eles estavam muito atrasados. Diabos, eles já devem estar na base.

A Seattle University era perto, quase colada ao Grey Sloan Memorial Hospital. Malcolm odiava memoriais, não havia coisa mais deprimente. Ele se aproveitou e estacionou o carro no estacionamento do hospital, finalmente chegando a universidade imensa. Parou na secretaria para pedir informações sobre a turma 77 de Engenharia Química, que assistia a aula de Físico-Química II.

— Com licença, desculpe interromper a aula. – Ele falou para o professor, em seguida aumentando a voz para chegar na turma. – Quero falar com o sr. Daryl Camillo.

Um homem alto, de pele morena e cabelos escuros, olhos castanhos escondidos por lentes de óculos, portanto uma regata azul escuro e uma bermuda mostarda, recolheu seu material e se dirigiu a ele, com sobrancelhas erguidas, a pergunta silenciosamente formada em sua face.

— Sr., como posso ajudar? – A voz grossa, pertencente a ele indagou.

— Se me acompanhar posso explicar tudo. – Davies respondeu, guiando-o por caminhos vazios na faculdade enquanto falava. – Eu sou o General Davies, atualmente responsável pelo F.P.P.G., um departamento do Exército. Você provavelmente não tem conhecimento disso, mas é geneticamente modificado. O país está sobre um risco imenso, e precisamos de sua ajuda para salvá-lo, quiçá o mundo também.

— Eu estou ciente disso, obrigado. E por que eu? Eu tenho coisas para me preocupar, General, com todo o respeito. – Camillo replicou.

— Nós tomaremos conta da sua mãe, e você pode retornar para a faculdade depois.

— Como sei que posso confiar em você? – O mais novo desafiou.

— O que você quer? Ver minha carteira de serviço? Minhas medalhas? – Mike não pôde evitar o deboche. – Anda logo, garoto, isso é um assunto sério.

Quando Daryl Camillo cerrou o maxilar e o apertou, Davies sabia que havia conseguido. Guiou-o de volta ao carro, parando brevemente na casa dele para recolher alguns pertences pessoais e partiram para o avião.

— Sr. Camillo, esta é a Coronel Gray, srta. Black e sr. Hangrove. – Ele apresentou, apontando cada um separadamente, antes de se dirigir a cabine do piloto. – Playground, General Davies. Estamos retornando.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!