CASTELOBRUXO - O Início de Uma História escrita por JWSC


Capítulo 32
CAPÍTULO 15 - Conclusões (FIM DO LIVRO 2)




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POPULAÇÃO RIBEIRINHA ASSUSTADA! EVIDÊNCIAS APONTAM QUE CASOS DE DESAPARECIMENTO ENVOLVIAM A PRESENÇA DE UM ENCANTADO!

 

De acordo com informações internas da investigação, os casos de sequestros de crianças bruxas da região ribeirinha foram resolvidos e tudo leva a crer que se tratava da atuação de uma encantada.

Uma cuca aparentemente estava por trás dos casos de desaparecimento que assolaram as famílias que a muito buscavam informações de seus amados filhos sem qualquer tipo de resposta efetiva do governo.

Para aqueles que não se lembram, as cucas são criaturas de nível de periculosidade Letal, de modo que sua captura é extremamente difícil, necessitando que sejam neutralizadas ou mortas por mais de um bruxo experiente (Classificação Nacional de Periculosidade de Criaturas Mágicas – C.N.-P.C.M.).

Ao que tudo indica, o último desparecimento foi de uma jovem garota, cujo nome não foi divulgado, mas presume-se ter idade próxima a de uma aluna do segundo ano de Castelobruxo, cuja família é de funcionários do governo, os hábeis patrulheiros.

A solução dos casos somente foi possível após os o corpo de patrulheiros entrar no caso e assim, com a ajuda da experiência e competência destes profissionais, foi identificado o esconderijo onde as crianças eram mantidas.

Não se sabe o destino da encantada, mas as crianças passam bem. Apenas duas estavam em estado crítico quando foram localizadas e seguem sob observação.

Vejam a cobertura completa feita pela repórter Beatrice que esteve acompanhando o caso desde o início e coletou diversos depoimentos nas páginas 7 e seguintes.

 

O jornal de alguns dias atrás estava pousado na mesa de carvalho. Havia sido lido e relido algumas vezes antes de ser deixado de lado.

Orlando olhava pela janela o sol subir no céu. Era novembro e os alunos já se preparavam para as férias de verão. As provas finais já haviam sido aplicadas e o incidente com a cuca havia ocorrido há uma semana.

Como a situação havia sido solucionada na quinta, o diretor e o representante dos aurores concordaram em avisar a imprensa somente na segunda. As famílias foram alertadas na sexta a noite e passaram o fim de semana com as crianças.

— Com licença, diretor — disse Cássio ao empurrar a porta. — Aqui estão os relatórios financeiros, os pedidos de reposição de estoque da cozinha, a lista de materiais para o ano que vem, as cartas recebidas e o restante dos documentos. Pensei em revisarmos o...

Cássio percebeu que Orlando não havia se virado e ainda observava o horizonte pela janela.

— Senhor diretor?

— Sim? Sim, pode falar Cássio. Me desculpe, estava pensando.

— O caso da cuca?

— Sim. Ainda é tudo muito... peculiar.

— Quer compartilhar seus pensamentos?

Orlando sentou-se e pediu que Cássio senta-se na poltrona em sua frente.

— Acho curioso como tudo ocorreu. Quem diria que, em um caminho considerado seguro, que interliga a Vila Saúva e a escola, uma aluna fosse achar um espelho velho que, supostamente, foi deixado ali por uma encantada extremamente perigosa.

— Conversei com o professor Luís. Embora ele afirme que a segurança da escola é firme, estamos no meio da floresta, cheia de criaturas e magias antigas. Não é improvável que coisas fora de nosso controle ocorram. Não comandamos a natureza, seja ela magica ou não mágica. Basta ver os segredos não visíveis que surgem de vez em quando pela escola e os arredores.

— Sim, concordo. Caso desconsideremos isso, teríamos que atribuir a possibilidade de um aluno, funcionário ou morador da vila ter colocado objeto ali.

— O senhor acha isso possível?

— Não sei dizer.

— O que não entendo bem é como os caçadores de recompensas estavam lá? Como eles sabiam? Como não se encontraram com os professores durante todo o caminho?

Orlando abriu a boca, mas logo parou. Considerou a situação e decidiu que não devia informar a ligação do professor Giuliano com os caçadores. Confiava em Cássio, mais do que qualquer outro funcionário da escola, mas sabia que essa informação só faria o homem ficar mais preocupado.

— Sim, é verdade. A existência da encantada já era perceptível pelas notícias dos jornais há meses, mas sua localização, mesmo que não exata, é algo totalmente diferente.

— O que o senhor acha?

— Bem. Pelo que vimos no ano passado, há dispositivos com magia capazes de fazer coisas que precisariam de dois bruxos experientes para fazer. Gregório nos mostrou isso ao suspender, mesmo que temporariamente, as defesas lançadas no mini-magizoo.

— Isso significa que os bruxos contrabandistas e os caçadores estão desenvolvendo formas mais eficazes de agir. Isso é preocupante.

— Sim, isso é. Porém, tem outra coisa que me preocupa.

— Outra coisa, senhor?

— Qual é esse toque do destino que alcançou aqueles alunos? Nos dois eventos mais estranhos e curiosos da escola, eles estiveram envolvidos.

— Toque do destino... Sim. Me passou pela cabeça. Planejava enviar uma mensagem secreta para o Guardião das Profecias, para que ele verificasse alguma profecia com o nome deles. Realmente é curioso que, no ano passado, três dos cinco tenham sido envolvidos em uma situação tão aterrorizante daquelas e agora os cinco se encontraram em algo tão perigosa quanto ou ainda pior.

— Me parece que devemos manter os olhos neles. Não sei o que o destino guardou para eles, mas parece que eles tem algum papel a desempenhar. Envie a mensagem para o Guardião das Profecias, em meu nome. Use o nosso código.

— Sim, farei. Devo avisar aos professores para manter um olho nas crianças? Hermenita, George, ou talvez, Luís?

— Por enquanto não. Estamos trabalhando apenas em uma suposição e não em uma certeza. Vamos manter só entre nós por enquanto.

— Sim, concordo. Algo mais?

— Não. Só isso. Vou dar uma olhada nos documentos que você me trouxe.

— Tenha um bom dia, diretor.

Cássio saiu da sala. Orlando não olhou os papéis deixados em sua mesa. Permaneceu olhando pela janela, para o céu.

— Um toque peculiar do destino... — Falou como um sussurro. — O que seria?

Então algo lhe correu pela mente. Buscou em suas gavetas a carta que Augusto havia enviado. Retirou o pequeno pedaço de papel com as poucas palavras escritas e releu:

 

Caro, Orlando.

 

Espero que não tenha criado raízes em sua cadeira velha de madeira.

Permanecerei afastado por um tempo. Irei investigar algumas cavernas e regiões mágicas da Argentina.

A profecia de Miranda ainda me assombra e não aguento permanecer sentado esperando que o destino ou outra coisa venham me pegar.

Logo mais entrarei em contato.

 

Um abraço do sumidouro número um.

 

A profecia de Miranda. Orlando remoeu sua mente.

Logo após a briga que tiveram no ano passado, Augusto havia se escondido. Orlando apenas teve notícias no começo do ano por intermédio de um bruxo conhecido em Lima, no Peru.

Pelo que o bruxo comentou, Augusto parecia atordoado e assustado ao conversarem. Falava de uma profecia que previu sua morte. Algumas semanas depois de saber do ocorrido, Orlando recebeu em sua casa um bilhete incendiário de Augusto.

No bilhete, o bruxo falara por alto que havia se escondido das acusações buscado informações que comprovassem sua inocência. Nessas viagens encontrou uma bruxa vidente que lhe fizera uma profecia, informando de sua morte.

Assim como todas as profecias conhecidas, aquela foi para o Guardião das Profecias, mas antes Augusto relatará a mesma na carta que logo em seguida incendiou-se.

Parte dela envolvia cinco pessoas que buscavam uma sexta ou eram quatro que buscavam a quinta? Havia algo sobre um encontro com a morte em algum local escuro no sul. Uma caverna cheia de evidências de inocência. Ou seria um encontro com as evidências de inocência e uma caverna repleta de morte?

Orlando não conseguiu lembrar o que ela falava exatamente e sabia que, por não haver uma ligação direta com a escola, o Guardião das Profecias não lhe forneceria nem parte da profecia para ver.

Ainda assim, algo lhe disse que a profecia estaria ligada com os alunos e com Augusto de alguma forma.

Já era tarde quando decidiu parar de pensar e organizar os documentos em sua mesa para ir dormir. As planilhas já haviam sido revisadas, as autorizações assinadas e o que devia ser negado já estava em uma pilha separada. Organizou apenas a correspondência para separar o que era pessoal do profissional.

Uma carta lhe chamou a atenção. Era de um tom de azul escuro familiar. Havia apenas duas letras no meio do envelope. Um V prateado e um M azul claro. Orlando sabia o que era. O instituto Varita Maestro vinha lhe enviando cartas fazia um tempo.

Alegavam que queriam superar o passado conflituoso entre as escolas com a realização de um programa de intercâmbio de alunos. O instituto ficava no sul da Argentina, em uma região conhecida pelas pessoas comuns como região de bruxaria e maldições. Um possível local ao qual Augusto iria.

Ele achou a ideia tentadora e passou a noite planejando o que seria o primeiro intercâmbio entre as escolas na história.

 

Hugo, Miguel e Eduardo aguardavam do lado de fora da sala de aula dos alunos do segundo ano.

Um pouco antes, Maria havia chamado Roberto para conversa dentro da sala e os garotos decidiram deixar os dois em paz por um tempo, mas o nervosismo não permitia que fossem para longe.

— Sobre o que devem estar falando? — Questionou Hugo.

— Sobre o que ocorreu, provavelmente — respondeu Eduardo.

— Então, por que nós não estamos juntos?

Os dois amigos não souberam o que responder de início. Os três ficaram se encarando por um tempo, até que Miguel disse:

— Acho que é porque eles têm mais o que conversar.

— Como assim?

— Ano passado, o Roberto, por conta de tudo aquilo, agiu de forma irresponsável e colocou todos em perigo. Esse ano, a Maria agiu de forma irresponsável e acabamos no meio da Floresta dos Sussurros.

— O que quer dizer?

— Ele quer dizer que a Maria deve estar se sentindo mal e se desculpando — disse Eduardo.

— Se desculpando? Mas por quê?

— Porque ela julgou o Roberto pelos atos dele e agora, cometeu algo parecido. Ela deve sentir que foi injusta com ele.

— Entendi.

— Todos nós somos capazes de agir assim — completou Miguel.

 

— Bem. É por isso que quero te pedir desculpa — disse Maria após contar toda a história e sua explicação para Roberto.

O garoto ficou parado olhando para a menina. Não sabia exatamente o que dizer ou o que fazer.

— Bem, é isso — concluiu a garota.

— Ah, sim. Entendo. Olha, eu não acho que você tenha que se desculpar. Não acho que foi culpa sua. Além disso, é injusto você achar que estamos quites. Eu ainda te devo. Da outra vez, você foi atrás de mim na cabana dos guardiões e dessa vez, eu não fui atrás de você. Pelo menos, não pela minha vontade. Eu tive medo e pensei que seria melhor deixar tudo com os outros e não comigo.

— Mas você foi. Por quê foi?

— Não sei. Quando todos vocês decidem fazer algo é tão... seguro. Eu sinto que tudo vai dar certo. Eu estava com medo no ano passado e provavelmente não teria feito o que fiz. Mas vocês me dão uma espécie de coragem. Eu sinto que posso fazer coisas que não posso quando estou com vocês.

— Você pode e você fez, Roberto. Por isso sou grata. Eu não pude fazer nada para te ajudar no ano passado.

— Você fez. Você veio atrás de mim, por sua vontade. Não por vontade dos outros.

— Mas quando encontramos aquele homem, eu não fiz nada. Você derrubou o bruxo na Floresta dos Sussurros. Você fez bem mais que eu.

— Bem... acho que estamos quites então.

— Sim, estamos. E eu fico muito feliz com isso, porque esse tempo sem falar com vocês e sem estarmos juntos foi o pior para mim.

Os dois permaneceram se olhando por um tempo. Tentando entender o que precisava ser feito agora.

Maria então levantou-se e sentou ao lado de Roberto. Ela o abraçou e ele deixou. Parecia que Maria havia viajado para longe e agora voltou, trazendo toda sua alegria e carinho. Roberto retribuiu o abraço e depois de um momento ambos saíram da sala para falar com os amigos.

Para surpresa dos dois, os amigos aguardavam na saída da sala.

— Oi meninos. Vamos comer antes de ir para casa?

— Sim. Está tudo bem? — Perguntou Eduardo.

— Sim. Tudo ótimo. — Maria sorriu e caminhou para a escada.

Roberto estava sorrindo e acenou com a cabeça, indicando que tudo havia se resolvido.

Os cinco amigos caminharam juntos para o Saguão Principal, onde iriam ver se conseguiam algo para comer de última hora.

 

Ao final do ano letivo, as crianças saíram da escola para a Vila Saúva e depois para suas residências.

Como a tradição dita, no encerramento do ano letivo, as paredes, a escola e todos os prédios brilharam em dourado, enquanto o lema da escola era novamente levantado no céu como uma aurora boreal:

 

“O Castelo de Um Bruxo é o Local Onde Está Seu Coração!”


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