Chances. escrita por Maria Vitoria Mikaelson


Capítulo 19
Capítulo 19 - Fosse O Que Fosse.


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo para vocês, e dessa vez é narrado pela Bella, porque como eu disse os capítulos serão intercalados entre os quatro protagonistas!

Enfim, estava pensando em criar um grupo no WhatsApp para minhas leitoras, o que vocês acham disso?

Leiam minha fanfic "A Busca": https://fanfiction.com.br/historia/700624/A_Busca/

Boa Leitura!



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 Ponto de vista: Isabella Swan.

Olhava o horizonte ao meu redor, me lembrando da última vez que tive tempo para fazer isso sem pressa; Foi há vinte anos, antes de ser quebrada por Edward Cullen, e deixar Forks se transformar em um ponto de recordações indesejadas para mim. Respirei fundo obsevando os cavalos correndo entre si no pátio do Haras, e voltei a dizer a mim mesma que aquilo não importava. Era passado. Eu concordei há bastante tempo que não viveria nele.

—Com essa expressão, duvido que você esteja decidindo qual é o melhor vinho ou champanhe para servir na festa semana que vem. — Aro Volturi. Meu sócio. Surge ao meu lado com todo seu porte sério, passando a também observar os treinamentos.

Mordo os lábios.

—Estava pensando na competição que abre a festa. — minto, mesmo tendo noção que não sou boa nisso. Apesar de o considerar um amigo, não me sentia disposta a desabafar sobre os reencontros que tive.

—Por Carlie? Sabe que não precisa se preocupar, aquela garota anda melhor em um cavalo do que com os próprios pés. — comenta quase rindo, e eu me limito a dar um sorriso de lado.

—Não...Não é isso...É só que ultimamente muitas coisas fazem com que eu fique preocupada em relação a ela. — como o fato de que seu pai biológico está há metros dela e ela não tem noção disso.

O mesmo pai que aparentemente construiu uma família com filhos. Afinal, encontrei o rapaz, Alec, que me confirmou isso. Não, o fato dele ter casado não me afetou, mas, eu notei que se a Carlie descobrisse que é filha dele, quando ela descobrir que é filha dele, o atenuante dele já possuir filhos pesará bastante, ela irá automaticamente comparar a relação dele com eles, e se perguntar como seria se tivesse sido criada pelo Cullen. Nunca quis que minha filha passasse por um questionamento desse tipo, baseado em “e se?”. Um do tipo que mudaria toda sua vida automaticamente.

—Está falando pela coisa do casamento? — sim. A coisa sobre minha filha de dezenove anos, que namorava há seis meses com um cara que conheceu em Las Vegas, e que logo virou nosso vizinho em Forks tê-la pedido em casamento e ela ter aceitado sem nem ao menos aparentar o amar suficiente para isso. Sim, eu casei sem amar Jasper completamente, mas, a situação é diferente, não é que eu não tivesse escolha na época. Mas, sim que casar com ele foi minha melhor escolha. Ela se casar com Jacob não devia ser a melhor escolha dela, porque de verdade lutei por toda sua existência para que ela notasse que haviam muitas outras em aberto.

Não estou dizendo que ensinei minha filha a não ter limites. Só quero dizer que não quis que ela fosse a pessoa que se conformasse com o pouco, quando ela podia ter mais. Eu fui assim durante minha juventude, e apesar de ser um ideologia bonita, não funciona do modo mais prático quando você está a procura da felicidade.

A felicidade da Carlie não era o Jacob.

Carlie ainda nem ao menos sabia o que precisava para ser feliz.

Eu queria que ela buscasse por ela.

Não que simplesmente se impulsionasse a fazer uma ação que talvez, só talvez pudesse ser um caminho até ela.

Queria um pouco de  certeza para minha menina. Tinha orgulho da minha filha ser sua própria âncora, é obvio, porque quando me quebrei precisei da paciência e do carinho do Jasper para me consertar. No entanto, eu sei que Carlie não precisa tão abertamente de alguém para seguir em frente. Ela é forte de um jeito que nunca pensei ser, e se as pessoas me achavam felizes, era porque nunca a tinha visto. Ela tinha aquele sorriso sincero, cheio de deboche no entanto, tão verdadeiro que chegava a seus olhos verdes que brilhavam com tanta intensidade.

—Jacob é um bom homem, administra a industria do seu pai com responsabilidade, e ele e Carlie formam um belo casal. Suas personalidades combinam. — tenta me tranquilizar.

—Os dois se conheceram quando estavam bêbados, na cidade do pecado, quais são as probabilidades de algo bom sair disso em um casamento? — questiono arqueando uma sobrancelha e ele ri.

—Não duvide da capacidade de Carlie Biers em transformar o cômico em aproveitável. — me diz ainda sorrindo.

—Não duvido, o caso é que eu tenho medo de como ela pode fazer isso. — respondo bem mais divertida.

 Espero que Aro dê mais uma risada, mas, sua expressão volta a ficar séria.

—Sinto muito por ter te enviado para a fazenda dos Cullen...Fiquei sabendo nas últimas horas, através de alguns funcionários de Forks que você tem um passado com eles. — me conta parecendo arrependido.

Solto uma risada de escárnio.

—As pessoas de Forks ainda não aprenderam a tomar conta de suas próprias vidas. — constato sem gostar nada disso. —Não se preocupe Aro, qualquer problema que eu cheguei a ter tido com os Cullen foi superado no exato momento que eles saíram daqui da última vez que nos vimos. — esclareço.

—Então, tudo bem para você se eles forem chamados para a festa? — quer minha opinião com sinceridade.

Decido não problematizar.

—Completamente superado. Lembra? — questiono calmamente, ele assente e então se despede de mim, dizendo precisar resolver alguns problemas no nosso estábulo.

Fico ali, tentando acreditar na tal superação, e para minha surpresa uma infeliz coincidência acontece; Carlisle Cullen aparece na entrada do Haras, conversando com um dos treinadores daqui. Assim que seus olhos param em mim, ele ri com diversão, e se despede do homem, dando a entender que virá até mim. Suspiro, e espero tal situação.

—O lugar é impressionante. Admito. — parte de mim se alivia por Edward também não surgir de um canto qualquer. Ao que aparenta seu pai está sozinho. — Parabéns. — elogia com seus olhos azuis me fitando com intensidade.

—Acho que o parabéns quanto a estrutura você deve ao nosso engenheiro; Emmett Biers. — falo de modo educado, e ele ri para mim.

—Sabe, Isabella...Fiquei feliz por você. — me conta e eu franzo as sobrancelhas, incapaz de compreende-lo. Na verdade, nunca nem cheguei a tentar fazer isso, afinal na situação do passado não tive nenhuma interação direta com Carlisle. Sabia que ele era um crápula. Mas, ele nunca foi um crápula comigo. — Antes de construir a fortuna Cullen...Eu era um pobretão, cuja as expectativas de crescimento eram baixas. — admito que fiquei surpresa com as palavras dele. —Então, quando vejo alguém subir como eu, fico feliz. — complementa.

—Não consigo imaginar uma versão da Esmee pobre. — acabo falando aquilo e o mesmo ri.

—Bem, houve um tempo em que ela foi... — diz. — Esmee era rica quando a conheci, eu trabalhava para o pai dela e a conheci na empresa. Não foi amor a primeira vista, como os jovens de hoje chamam, mas, foi uma espécie de conexão. A partir do dia que nos falamos pela primeira vez, a mesma passou a ir todos os outros me visitar no meu horário de almoço...Não demorou muito para nos envolvermos...Foi ai que a Esmee engravidou do Emmett. Nosso filho mais velho. — sei lá porque ele esta admitindo isso para mim, mas, me limitei a escutá-lo sem interrupções.  — Quando o pai dela descobriu que ela estava grávida de um nada, a expulsou de casa e a renegou. Achei que isso acabaria com ela. Mas, ela parecia estar tão convicta de que me amava, que ficou comigo sem reclamações. Fui expulso da empresa obviamente, então prometi que um dia eu seria dono dela, sem precisar usar o nome de Esmee para isso. Trabalhei como um condenado, perdi muitas coisa da infância do Emmett, mas, eu consegui. Havia juntado dinheiro e quando previsivelmente — já que meu sogro nunca fora muito talentoso — a empresa dele faliu, eu a comprei e a transformei no império dos investimentos Cullen. Foram cinco anos de pobreza para Esmme, até ela voltar ao topo, da melhor forma possível. Nosso casamento era perfeito. — conta para mim com um ar distante.

—Uau, foi nesse momento que viraram tão sórdidos? — não consigo não perguntar. Ele suspira.

—Quer saber quando minha esposa virou uma criatura odiosa? — indaga e eu suspiro. —  Quando Emmett morreu em um acidente de carro, já tínhamos Edward a essa altura, mas, não havia como comparar, o que é cruel de dizer, o amor da Esmee pelo Emmett. Ela dizia que o garoto era nosso símbolo de superação. — me sensibilizo um pouco com a situação de Esmee, afinal sou mãe agora, e não sei o que faria se perdesse um dos meus filhos. — A morte dele fez ela mudar completamente...Esmee se tornou obcecada pelo controle, ela começou a achar que se controlasse tudo e todos ao seu redor, poderia evitar que outra tragédia acontecesse...Foi ai que passou todas as expectativas que tinha em Emmett para Edward, admito que sempre fiz isso também...Mas, nunca no nível dela...Só a apoiava em tudo, e me fingia de tão frio as coisas como ela, porque achei que seria a única maneira de dizer que a entendia...Ela achava que se decidisse tudo por Edward, se ele não tivesse escolhas como Emmett teve, ela nunca o perderia...É uma visão bem distorcida de amor, mas,... — ele não chega a terminar.

—Por que está me contando isso tudo? — quero saber e sou direta quanto a isso.

—Quando nos reencontramos, e eu vi o olhar do meu filho sob você...Foi a primeira vez que notei quanto limites Esmee havia ultrapassado ao criá-lo. — sua confissão faz com que eu arfe. — Meu filho ama você, Isabella. Ele ama você desde  vinte anos atrás. — não consigo me afetar com isso. Porque não acredito. Como não acreditei há vinte anos atrás.

—Carlisle, seu filho construiu uma vida longe de mim; Com uma aparente esposa, com filhos...Ele não me ama, só notou que alguém que ele machucou conseguiu ser mais feliz que ele. — discordo dele.

—Ele não suporta a Tânya. Casou-se por influência da mãe dele e minha obviamente, e se está até hoje com ela, é por causa dos filhos da mesma. Que não são seus . — noto que ele quer enfatizar a última parte e naquele momento me sinto mais do que agradecida por ter mantido Carlie em segredo.

—Okay, quer dizer que o fato deles não possuírem o mesmo sangue do Edward, os torna fáceis de serem desdenhados? Digo, a forma como você falou...Droga! Não importa se não são filhos biológicos dele...Vocês continuam se limitando a um comportamento desprezível. — me revolto.

—Isabella... — tenta me acalmar.

—Não! Você vem ao meu trabalho, me enche com  uma conversa nostálgica afim de que ela me sensibilize e quer que eu reaja como? Céus! Carlisle, vinte anos se passaram, eu tenho um marido, filhos, uma família maravilhosa...Então não importa para mim como Edward se sente, porque caso fosse verdade, eu não me sinto da mesma forma. E quanto a Esmee, é bonito da sua parte tentar usar a ideologia perturbada dela para defender seu filho, um pouco tarde demais admita, mas, não foi ela que partiu meu coração. Foi seu filho. Edward foi o covarde da história. Então, em qual posição você vem me dizer isso? — quase grito.

—Na posição de pai arrependido, que tenta fazer ao menos uma coisa certa pelo filho. — expõe e eu olho para ele incrédula, e desconfiada.

Então, uma onda de compreensão me atinge.

Talvez o lado da escritora curiosa.

—O que está acontecendo com você? — vejo que ele parece um pouco confuso com a minha pergunta. — Vocês voltaram para Forks todo esse tempo depois. Mesmo sob a administração da Alice que dá lucros, vocês não estão se importando nem um pouco em vender todos os seus cavalos para nós...E agora você vem com essa conversa sem pé nem cabeça. — deixo claro meus pontos.

Carlisle suspira.

Não sei por qual razão, mas, sinto meus olhos marejarem quando a possibilidade mais trágica surge. Acho que isso é em parte por Carlie, afinal mesmo nem ela e nem ele sabendo, são avó e neta.

E é ai que usando o lado da escritora de novo, foco na suposição real porém provável.

—Quando tempo? — indago quase aos sussurros.

—O que? — Carlisle não parece entender.

—Você está morrendo, não está?  — é louco eu conseguir adivinhar isso, mas, sei que é a verdade, quando os olhos dele também marejam.  — Esmee sabe? — se ela tinha tanta sede pelo controle, é claro que sabia. Ele assente. — Mas, Edward não. — adianto.

—É o coração...O transplante não deu certo, fiz escondido dele...O médico disse que eu deveria ficar com a família para...Enfim, precisava de um lugar calmo, Esmee escolheu Forks...Depois que acontecer, a fazenda vai ser vendida, então não estou me preocupando muito com os cavalos. — admite, e mesmo sem ter nenhuma relação com o homem a minha frente, me sinto machucada.

—É triste. — comento quase chorando.

—Entendo porque meu filho se apaixonou por você. — diz calmamente. — Mesmo depois do que os Cullen te fizeram, ainda consegue se sensibilizar por mim.

—Me sensibilizaria por qualquer um. — deixo isso explícito. — Eu sinto muito, de verdade. — quero que ele saiba. Carlisle me olha e assente.

Então, quando mais uma situação improvável da vida aparece para mim, pela primeira vez noto que havia perdoado os Cullen bem mais do que imaginava. Penso na Carlie, penso em como a mesma poderá sair magoada disso, caso Carlisle...Enfim, caso ele se vá sem que ela tenha a oportunidade de conhecê-lo. Simplesmente noto que fosse o que fosse, tenho que começar a pensar se dá-los uma chance não era realmente necessário.


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Notas finais do capítulo

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