Kakegoto shitai ka 賭け事したいか escrita por Diana Lua


Capítulo 1
Prefácio


Notas iniciais do capítulo

por: Diana Lua, para o Contest "Um novo amor" 1ª ed.
Premiado com a primeira colocação.
Versão 'Fic' Revisada e Reeditada.

Dedicado
às organizadoras do Contest: Dee-chan, Misao-chan e Thie; sem o qual esse texto não existiria
e à intensa empolgação e adoração da Illy-chan.

Agradecimentos
a todos os comentários recebidos no Contest, carinhosamente guardados,
a Lídia Paula pelas revisões de última hora e suporte na crise criativa,
ao Alberto Masato por ter me ajudado a ajustar o título e os nomes dos capítulos em japonês,
e a meu primeiro ex-marido por ter suportado minhas idéias e loucuras nos quatro dias que levei para elaborar e escrever o enredo.



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Prefácio

Houve, um dia, muitas perspectivas acerca do futuro...

Sobre um futuro pessoal e, também, a respeito do Futuro. Isso foi antes de poluirmos a Terra com a radiação nuclear deixada pela Guerra. O Agora é aquele Futuro; no entanto, aquelas antigas perspectivas são apenas ventos distorcidos, através dos quais somos empurrados sem trégua pelo Tempo...[1]
Talvez por isso, no agora, as expectativas a respeito de um futuro Futuro sejam tão tênues. Quase como se a coragem estivesse perdida em um passado não muito glorioso, e frente a um presente bastante incerto.

Ainda sim, como diria um amigo, "a esperança é uma porcaria muito difícil de matar" [2], e por isso sobrevivem planos, metas, desejos... Entretanto esses propósitos florescem com a tenra juventude, e com ela são devastados assim que a dura realidade atinge essa geração, assolada pelo medo de ter o passado de guerras revivido com ênfase tecnológica. Pois onde foram usadas armas nucleares, hoje abolidas, existem agora outros meios...

Não são tempos fáceis. Talvez nunca tenha existido algum tempo fácil; mas como o passado já passou, ele parece mais leve do que provavelmente foi quando era presente. Eu só posso falar pelo meu presente, e se falo dele, falo também do passado e do futuro. "Porque o presente é todo o passado e todo o futuro" [3]. E isso é o que está sob meus pés, em minhas mãos e frente aos meus olhos: um mundo esmagador, impiedoso e extremamente amedrontado...

Aquela que foi a solução para salvar a Vida: trazer do espaço os suprimentos que destruímos na Terra com a guerra nuclear de seis décadas atrás; agora eminentemente volta-se contra nós. Ou somos nós que nos voltamos contra ela? Há algo a ser culpado, se nós criamos um sistema impensadamente, que evoluiu e cresceu mais rápido do que jamais prevíramos, e o qual quase não conseguimos administrar. Esse sistema, formado por cinco bases espaciais, agora exige – o que? – autonomia, faz ameaças – reais? – de boicote, a que responderemos – será? – com guerra...

A tensão é enorme, enquanto que as informações são... imprecisas.

De fato, as bases foram criadas com pouco suporte para vida como a conhecemos. Seu objetivo era extrair minerais dos asteróides; mas então, era necessário ter pessoas para trabalhar, e essas passaram a ter uma vida lá... Eis que aquelas simples bases; passaram a abrigar mais que apenas trabalhadores, mas suas mulheres, filhos e famílias; precisaram de escolas, hospitais e muito mais. A vida no espaço se desenvolveu por conta própria, como uma planta não planejada em um jardim. As bases extrativas se transformaram em colônias humanas.

Se a vida no planeta é complicada, no espaço ela é quase impossível...

Elas são como o monstro de uma história centenária, criado por um cientista, mas que tendo vida própria se recusava a lhe obedecer... tudo que ele queria era liberdade? Independência? Coisas humanas, que os próprios humanos nunca foram capazes de entender. [4]

É provável que essa história possa definir bem o cenário atual...

Ainda sim há uma incapacidade de perceber o desfecho.

Uma guerra entre as Colônias e a Terra, com os atuais armamentos, findará o pouco que restou neste mundo, e talvez, ao que foi delicadamente criado naqueles.

Mas o Futuro não depende de mim. Possivelmente depende de alguns milhares de pessoas que habitam o planeta e o espaço... E se é assim, se cada um desses milhares não tem poder algum, como pode o todo o tê-lo? A menos que tenhamos alguma coisa, ínfima... Será isso ou será algum outro alguém que possui esse poder? Algum governante... talvez o Chanceler que governa o sistema que chamamos de Órbita Terrestre? Talvez o Senado que o elege e o restringe?

De qualquer modo, é muito poder para poucos, mas também, é pouco para muitos...

Eu fiz planos calculados com esmero, pensados passo a passo em detalhes; desde o início do plantio até a colheita dos frutos... Tolo eu fui ao pensar que conseguiria seguir pelo caminho que trilhei. A vida segue um rumo inexplicável e próprio... Por vezes, penso que ela sabe de antemão para onde ir... Em outras, apenas me parece que certas coisas acontecem ao completo acaso...

Antigamente, havia muitas divagações, ceitas e religiões, acerca de um destino que não estava em nossas mãos. Hoje, isso é só História. Acreditamos e fizemos muito, por fim, percebemos que são nossos atos que trazem as conseqüências... isso é destino e a verdadeira justiça.

Essa é mais uma questão das tantas em aberto...

Nas quais não podemos, nos dias atuais, perder muito tempo pensando. As pessoas buscam por segurança, como buscariam por ar após ficarem submersas por um tempo considerável sem um tubo de oxigênio ou respiradouro...

A tensão é crescente... e embora as guerras do passado não tenham sido vividas por nossa geração, suas seqüelas são... e, esse clima de conflito eminente, tão bem descrito nos registros históricos, parece aterrorizar o mundo inteiro.

As pessoas são mais cautelosas, até mesmo frias; as regras são rígidas, e são poucos os que têm chance... A sociedade se tornou confusa e os problemas complexos.[1]

É um mundo difícil...

E pensar que a tecnologia e a evolução, a conquista do espaço, viria nos libertar...

Agora, quando realmente penso, parece que ela veio como o Armagedon... e a libertação não é bem o que esperávamos...

Não há honra nem justiça nos atos. As pessoas não têm para onde fugir, e tão pouco como lutar. Aliás, lutar é tudo o que não queremos e mesmo assim parece ser para onde caminhamos. Esse cenário pré conflito enterrou a todos nós em uma aura de insegurança e incerteza partindo de dentro da atmosfera terrestre, se estendendo pelo vácuo espacial até as órbitas das cinco colônias espaciais... talvez, até mesmo, além delas...

Diana Lua
Diana C. Figueiredo

Escrito em: 31/08/2007 e 02/09/2007
Ultima alteração: 14/10/2007
Revisado por: Lídia Paula
Contém: 954 palavras, 4747 caracteres, 24 parágrafos e 80 linhas.


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Notas finais do capítulo

Referências do texto:

[1] Referência à Música Tema da Fic: Tobira no Moku he, de Yellow Generation, parte da trilha sonora de Full Metal Alchemist

[2] Frase original: "Hope is a damn hard thing to kill." Arco de Fics Road Trip,escrito pela Sunhawk, na parte 9 da fic Guidance [www.]. Tradução do Wing Project..

[3] Álvaro de Campos (Fernando Pessoa). Poesias de Álvaro de Campos. Lisboa, Ática, 1978, pág. 145.

[4] Referência ao conto de Frankstain



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