A Magia Além das Palavras escrita por Min Green


Capítulo 9
Capítulo 9




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              " Eu estava sozinha em uma rua escura e deserta. O ar noturno era frio, e todo aquele lugar estava submerso em um silêncio mortal. Olho para a frente e vejo um grupo de homens conversando. Eles estavam todos vestidos de preto e encapuzados.
           -Então vai ser as dez, certo? -ouço uma voz masculina falar.
           O que aconteceria as dez? Passo pelo grupo e sigo meu caminho cantando uma canção desconhecida por mim.
           -As dez, a lua vai não vai mais brilhar, as dez tudo vai queimar. As dez tudo vai se destruir, as dez suas lembranças vão sumir".
           Acordo com falta de ar, sento me na cama e respiro profundamente até minha respiração se compassar.
Dez, dez, dez, essa palavra ecoava em minha mente freneticamente. Balanço a cabeça na esperança de afastar os pensamentos, mas isso só me deixa tonta.
Me levanto e olho para um espelho que estava na parede. Eu ainda estava com o vestido de Elora, como eu sentia falta de acordar escutando suas risadas. Saio do meu quarto e vou até o banheiro.
Faço minha higiene matinal, deixo meus cabelos soltos e visto um vestido azul claro, que estava no meu guarda-roupa. Tudo no meu quarto era novo e os móveis eram de boa qualidade, não tanto como os do palácio, mas eram melhores do que os que tínhamos.
Saio de meu quarto e vou até a cozinha, pego uma maçã e saio de casa. O vilarejo estava agitado e cheio de pessoas, algumas andando pelas ruas, trabalhando, e outras até pegando o trem que ia para o centro de Setra.
Sento no meio-fio da calçada comendo minha maçã, e fico olhando as pessoas. Vejo uma menina com um vestido bege e o cabelo preso em uma trança, de mãos dadas com um menino. Vejo um homem já idoso, com sua barba e barriga grande, lendo jornal.
Um garoto me chamou a atenção, ele parecia ser um pouco mais velho que eu, ele tinha os cabelos escuros, usava uma roupa preta e tinha um desenho estranho no antebraço de direito. Ele estava em pé na frente de uma casa segurando um papel,devia estar esperando alguém.
Ele deve ter percebido que eu o olhava, e vem andando em minha direção. Meu olhar foca no miolo da maçã que estava em minha mão, por favor não venha aqui, por favor não venha aqui.
—Oi -ele me cumprimenta.
—Oi -respondo ainda sem olhar nos seus olhos.
—Eu sou novo aqui, poderia me dizer onde fica esse lugar ? -diz ele me mostrando uma foto.
Olho para a foto e vejo uma casa de madeira, ela era grande e ficava perto da floresta. Eu já havia a visto antes, ela ficava afastada do vilarejo e uma velha senhora ranzinza morava lá.
—Sabe onde fica ?-ele pergunta me tirando de transe.
—Sim, eu sei -respondo e aponto para uma rua- vai pela aquela rua reto, aí quando você ver um armazém você vira a esquerda e segue reto.
—Obrigado -ele diz sorrindo- sou Mikel.
          -Sou...
          -Finalmente eu te achei -escuto a voz de Marvin e sinto ele tocar meu ombro- e quem é esse?
          -Sou Mikel -ele responde.
          -Ata, sou Marvin -ele fala o encarando e começa a me puxar pela mão- então, tchau Mikel.
          -O que você está fazendo Marvin? -pergunto.
          -Nada, seu pai está te chamando para comer, ele me convidou para almoçar com vocês- Marvin diz- então vamos.
          Vou me despedir de Mikel mais Marvin começa a andar e me puxar pela mão, me afastando dele. Viramos a esquina e olho para Marvin.
          -O que foi aquilo? -pergunto me soltando dele.
          -Nada, eu só não quero que você fique perto dele -Marvin diz passando a mão pelo cabelo.
          -E por que?
          -Por nada Liatris, eu só não fui com a cara dele -ele diz- agora vamos, sua família está te esperando.
          Voltamos a andar, e minha cabeça começou a girar. Eu estava tão confusa, eu realmente não sabia lidar com homens.
Chegamos na casa de Caliandra e bato na porta.
—Kai atende a porta, eu estou trocando a Íris -escuto o grito de minha irmã.
Quando Kai abre a porta, eu não espero nenhum segundo e o abraço.
—Como eu senti sua falta -digo o abraçando.
—Minha pequena voltou para casa- ele diz se separando de mim- que saudade que eu estava dessa voz irritante.
—Quem está aí Kai ? -vejo Caliandra se aproximando- eu não acredito.
—Você achou que ia se livrar de mim- digo e a abraço- mas eu voltei.
—Lia, eu senti tanta falta de você. Não faça isso de novo, nunca mais.
Me separo de Caliandra, e vejo que seus olhos estão cheios de lágrimas.
—Alteza - ela e Kai dizem fazendo uma reverência para Marvin.
—Não precisa disso, eu sou só o Marvin -ele diz sorrindo.
—Então vamos entrar, que o almoço está pronto -minha irmã diz apontando para dentro de casa.

***

Aquela tarde foi incrível, como era bom estar como minha família novamente. Depois de comermos passamos a tarde inteira conversando, Marvin e Kai faziam algumas piadinhas de vez enquanto, papai contava algumas histórias antigas, e até jogamos cartas.
O dia passou voando, e quando olhei pela janela já estava escuro.
—Eu tenho que ir -diz Marvin se levantando- já está ficando tarde.
—Eu também -digo também me levantando- papai já deve estar dormindo.
Meu pai havia ido embora com Kai mais cedo. Então ficamos só eu, Marvin, Caliandra, Radien e Íris.
            Marvin e eu nos despedimos, e saímos da casa. A noite estava fria e ventava forte, como o de costume.
            -Eu disse que todo mundo, morreu de saudades de você - ele diz e sorri para mim.
            -Acho que todo mundo é muita gente.
            -Larga de ser boba, você me entendeu -ele diz.
            As ruas estavam paradas e imersas na escuridão. De repente Marvin me puxa pela mão e entramos em um beco. Ele se agacha e indica para mim fazer o mesmo, e fazer silêncio.
             -O que foi? -sussurro.
             - Cérberos.


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