Zodíaco, os treze reinos. escrita por Benny Simpson


Capítulo 3
Destruição


Notas iniciais do capítulo

Hey,
Eu cometi um erro durante a postagem da semana passada, postei dois capítulos em um só e para variar nem estava revisado, mas corrigi o erro e completei os vazios do capitulo.



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O toque do sol

Doze horas depois de saírem de Necros, eles estavam na cidade noturna de Libra que pertencia á Irmandade Ankh, uma sociedade de vampiros que havia sido fundada por vampiros estrangeiros que vieram para Zodíaco em busca de uma vida tranquila e longe do alcance de seus inimigos, instalaram-se em Libra e construíram um reino de leis severas. Não eram criaturas pacificas, mas conviviam em plena harmonia com demais habitantes do reino e que trouxeram para o país a escultura mágica conhecida como Obelisco do Vampiro. Havia treze obeliscos dos vampiros por toda Zodíaco uma em cada cidade noturna, e era uma cidade noturna para cada reino. Nas cidades noturnas não havia “dia” por que os obeliscos serviam para ocultar o sol, seu funcionamento era bem simples, uma pedra da lua era colocada no centro exato do obelisco criando uma espécie de proteção mágica impedindo que a luz do sol entrasse nos limites da cidade. Por isso eram chamadas de cidades noturnas. Os vampiros extremamente ricos se acumulavam nessas cidades por motivos simples, não precisavam lidar com a luz do sol.

O casal andando á passos ligeiros com cabeça erguida e óculos de visão noturna não atraia atenção de ninguém pelo fato simples de que todos humanos em cidades noturnas faziam isso, corriam para atender ordens de seus senhores e não tinham tempo para contatos interpessoais á menos que lhes fosse permitido. Os vampiros andando em seus trajes elegantes pelas ruas impecavelmente limpas conversavam de tudo sem se importar caso alguém ouvisse, pois naqueles lugares os vampiros não se ocupavam de saber uns sobre os outros á menos se necessário. Cidades noturnas não eram apenas lugares para vampiros muito ricos e excêntricos que gostavam de exibir o poder sem por completo usufruí-lo, cidades noturnas eram os lugares mais seguros para as criaturas daquela espécie. Seus humanos eram devidamente controlados, monitoravam até seus pensamentos por que realmente não podia pensar em silêncio, sinceridade era a palavra chave, assim que um humano entrava ali sofria de uma leve lavagem cerebral que os impedia de dizer mentiras ou omitir informações. O casal de humanos parou diante do obelisco no meio da cidade olhando-o surpresos.

— É tão alto – ela murmurou.

— Volto logo – respondeu o rapaz girando a corda e lançando para cima desejando que encaixasse em algo firme, em seguida começou sua escalada.

Jacqueline mordeu os lábios olhando ao redor e seguindo em frente, andaria em círculos até que Matt terminasse a troca. Fora da cidade noturna, já era dia e assim que a pedra da lua fosse trocada pela pedra do sol todos os vampiros ali presentes morreriam, ou só os que não estivessem abrigados em algum lugar onde a luz do sol não pudesse alcançar. Felizmente ou talvez fosse o destino conspirando á favor deles, ninguém olhava para o obelisco, desviavam dele como se fosse apenas um poste como tantos outros. Longos minutos depois, quando já tinha roído todas as unhas, ela recebeu o sinal de Matt, uma vibração suave avisando que estava na hora de fechar olhos. Ela abrigou-se do melhor modo possível mesmo que a curiosidade de abrir os olhos para ver fosse grande quando o clarão iluminou por através de suas pálpebras e os gritos ecoaram pelas ruas junto com o cheiro de ossos queimados no ar.

— É o começo do fim – ela murmurou olhando para a quantidade de humanos que pareciam atormentadas com aquilo.

Não poderia ajudá-los, dizer o que fazer a seguir. As ordens era trocar as pedras e voltarem para Viperon. Agora dependeria da capacidade daqueles humanos de se autoprotegerem, sem vampiros o controle mental que os fazia agir como robôs não existiam, podiam rasgar os documentos que os prendiam á escravatura e partirem para um lugar seguro. Darillium, onde a única magia que existia servia para manter magia do lado de fora.

Um favor á pagar

Nosferatu e Charlotte seguiam a criança que corria e saltava por cima das coisas com a facilidade de um gato, por alguns instantes o vampiro pensara que a menina fosse um sobrenatural, mas era só uma humana criada nas ruas de Sabalom, e qualquer pessoa criada ali aprendia a sobreviver e desenvolvia habilidades difíceis de encontrar em pessoas de outros lugares, exceto talvez por alguém criado nas ruas perigosas de Kremna. Ela parou de repente na frente de uma casa pequena, quase um barraco e começou a bater na porta de madeira. Uma adolescente magricela de volumosos cabelos negros e cicatriz na bochecha abriu a porta, seus olhos verdes não deixavam duvidas de que era um werecat devida as pupilas verticais, a menina abriu e fechou a porta mais duas vezes antes de se pronunciar.

— O que quer Axi? – perguntou para a criança sem olhar para os adultos.

— O vampiro e a fada estão procurando por Morticia.

Sem dirigir olhar pra os visitantes, a adolescente se afastou dando permissão para que entrassem em sua casa. Nosferatu pagou a criança que os guiou até ali antes de entrar na casa que por fora era muito pequena comparada com a imensidade que era por dentro dividida em dois andares, eles seguiram uma escadaria em espiral que levava para baixo e depois por um corredor amplo com várias portas e muitos espelhos. Bruxas eram sem duvida as melhores arquitetas que existiam, uma pena que a grande maioria gostavam de ciências e tecnologias em vez de artes.

— Como você se chama? – perguntou o vampiro com gentileza impressa na voz.

— Zaniah – a moça respondeu, tinha uma voz baixa quase sussurrada.

— Morticia mora aqui?

— Não, ela é como eu, nós não temos casa e moramos em todos os lugares. Mas ela gosta daqui por que aqui tem espelhos.

O vampiro se perguntou de quem seria aquela casa, não havia muitas pessoas em Sabalom que podiam pagar por lugares como aqueles e os poucos que podiam não permitiria a presença de Morticia, o estranho era saber que as pessoas não a aceitariam por perto pelo fato de ser propriedade de um vampiro em vez dela ser quem era. Um problema ambulante.

— Por que ela gosta de espelhos se é cega? – questionou Charlotte.

— Parafraseando aquele escritor amaldiçoado, olhe para um monstro por muito tempo e ele olhará para você. Os espelhos, eles são perigosos. Maléficos. Ela falou que gosta de saber que os espelhos capturam o pior de quem o olha e reflete de volta.

— É bem a cara de ela gostar de coisas malignas – comentou Charlotte.

— De quem é esta casa? – Nosferatu questionou

— Príncipe Viktor e sua esposa. Eles não estão aqui, mas nos deixaram ficar.

Viktor Quasimodo, irmão mais novo de Vincent Quasimodo rei de Aquário, diferente do irmão regente o dono daquela casa era bondoso, generoso e altruísta, não causava surpresa ele receber Morticia assim como ela, ele tinha opiniões contrárias ao dos Libertadores – como Matt chamava aquele grupo que estava lutando pela liberdade dos humanos. Até o dia anterior Nosferatu discordava totalmente deles sobre os métodos usados e suas consequências, mas depois do que aconteceu em Libra talvez não fosse tão má ideia fazer as coisas de outro modo. E foi quase ridículo perceber que apenas Morticia de tantas centenas de milhares de pessoas que ele conhecia no mundo inteiro, poderia servir aos seus propósitos, apesar de não ser confiável.

Morticia estava na sala de musica discutindo com uma harpa, como se o instrumento fosse capaz de entendê-la ou culpado por ela não saber tocá-lo. Ao perceber a presença deles se virou cautelosa. Zaniah, a werecat, mudou de forma se tornando uma gata de pelagem branca com uma grande mancha de pêlos marrons na cabeça que cobria metade do rosto como se fosse uma máscara. E se deitou sobre o piano branco, ninguém ainda tinha lhe explicado o porquê de uma sala de musica se ninguém naquela casa sabia tocar instrumentos musicais. Mas ninguém lhe explicava nada só sabiam pedir coisas e dar ordens, todos menos Morticia que odiava quando alguém dava uma ordem perto dela, mas ela também odiava tudo.

— Olá Charlie – ouviu Morticia dizer – Bela noite para levar seu vampiro de estimação para passear. Imagino que tenham vindo por causa do que houve na manhã de ontem em Libra. Trágico e previsível.

Charlotte não se importava mais em ser chamada de Charlie ou Carlota ou Mariposa, aceitar era mais fácil que contrariar, pelo menos Morticia nunca a chamou de Inseto como algumas pessoas faziam quando se referiam as fadas. Só queria que ela parasse de pensar que ela se alimentava das emoções de Nosferatu, nunca fizera isso com ele e nunca faria. Ele não era seu bichinho de estimação, era seu amigo. Ela olhou para o vampiro movendo os lábios, pedindo que ele acabasse logo com aquela visita.

— Você me deve um favor, Morte e vim cobrá-lo.

— Não devo não, os vampiros estão mortos, você não os impediu.

— Claro que sim, você disse impeça-os de atacar Capricórnio e eu ficarei te devendo um favor. Capricórnio não foi atacado. Estava certa sobre o modo com que eles estavam conduzindo a situação.

Morticia aplaudiu dando pulinhos como se fosse uma criança e acabasse de fazer algo incrível.

— Às vezes é tão fácil te odiar – disse – E então você me vem com esses pequenos momentos de brilhantismo e esqueço que um graveto afiado é suficiente para matá-lo. É tão maravilhoso quando alguém teimoso admite que eu estou certa e todos os teimosos arrogantes errados.

Três coisas ruins sobre Morticia que Zaniah descobrira nas semanas em que morara com ela. Não era confiável, se ficasse quieta tempo demais era mau sinal e o principal distorcia tudo que lhe diziam. Zaniah que estava com insônia nos últimos dias tentava ficar desperta enquanto ouvia aquela conversa sobre os vampiros queimados em Libra, aparentemente sabiam quem tinha feito aquilo. No dia anterior quando os rumores de uma cidade noturna ter sido destruída ela vira a segunda pior coisa que Morticia fazia, ficou em absoluto silencio e então se trancou na sala de musica. Por um lado era ótimo não a escutar, mas por outro era de causar medo.

— Quais os planos de vocês? – perguntou Morticia para seus visitantes.

— Nenhum um. É você quem analisa situações e cria soluções, foi por isso que Dragomir me impediu de te matar, não foi? Então agora vai analisar toda essa situação e encontrar o melhor modo para ajudar seu povo sem destruir o meu.

— Isso é um reflexo de humanidade inconsciente ou já escolheu como vai morrer de novo e não quer ser pego de surpresa? Devia ensiná-lo que não pode controlar tudo, Charlie, nem a vida e nem a morte. Sabe, Sr. Alucard eu tenho dezenas de teorias sobre o porquê se importa em ajudar meu povo, mas nenhuma delas se encaixa no seu perfil.

Zaniah abriu os olhos olhando com especulação para o vampiro, nunca tinha ouvido aquela palavra antes sendo pronunciado por Morticia, Senhor, e não havia nada de deboche ou desprezo, era o mesmo tom que ela usava para falar com todo mundo. O homem era forte e alto, muito alto mesmo comparado com ela que só tinha 1,65 de altura em forma humana, e tinha cabelos ruivos longos com uma trança fina bem feita e uma curiosa cicatriz que atravessa o olho que ia da testa á maça do lado direito do rosto. E olhos fabulosos. De um lado dourado com algo de verde e o olho por qual a cicatriz passava era carmesim. Algo no tom dele indicava que não gostava de Morticia e só estava ali pó que ela lhe devia. Não estava surpresa pela última observação.

— Meus motivos não são da sua conta, Morte – replicou sem entonação na voz – De qualquer modo me deve um favor e não tem outra escolha se não me servir, até onde me consta você ainda me pertence.

— Até onde me consta o que tem é um pedaço de papel enfeitiçado com umas gotas de meu sangue... Nossa, é realmente muito fácil te odiar.

O que Morticia chamava de pedaço de papel enfeitiçado era um Documento de Posse, antigamente usavam nomes escritos nesses documentos, mas nomes não eram a prova de falhas. Então os lobisomens passaram a usar contratos criados por bruxas para comprar e vender humanos, uma gota de sangue era mais confiável que uma assinatura e tinha mais utilidade, se um humano tentasse escapar era só pagar uma bruxa para que rastreasse o fugitivo através do sangue naquele documento. Por isso poucos humanos se arriscavam á fugir. Como Nosferatu ainda tinha o documento de posse de Morticia, ela ainda pertencia á ele. Quando colocou fogo na casa de Nosferatu, a humana achara que tinha queimado junto aqueles papéis, mas o vampiro guardava-os em um cofre.

— Certo, se queres minha ajuda o ajudarei.

Nosferatu se sentou ao lado de Morticia a observando. Quando seus olhos viam, não costumavam a refletir a expressão que ela mantinha no resto do rosto, não importava o quão feliz ou infeliz ela se sentia, os olhos sempre estavam alheios. Perdidos.

— Não vai fazer nenhum discurso sem sentido ou reclamar por ter que cumprir minhas ordens?

— Não. Em vez disso vou te pedir uma pessoa.

— Outro favor? Já me deve muito, não acha?

— Eu pediria para sua amiga mariposa, mas desejar algo para fadas é... Insensato. Além de que você é rico, acho que a segunda pessoa mais rica que eu conheço.

— Quem você quer? – questionou impaciente, podia se livrar de Morticia de vários modos, mas ter a liberdade dela em uma folha de papel combinava mais com ele, a jovem humana podia odiar á si mesma, mas não podia cometer suicídio enquanto pertencesse á um senhor.

— Quero uma humana chamada Wendy Taylor que é escrava de uma família bruxa em Sagitário.

— Wendy Taylor? Que importância essa escrava tem para você?

— Meu senhor, eu sei que vai achar uma brecha mais tarde e usar minha palavra contra mim, vou me sentir mal por ter sido manipulada e cometer os mesmos erros em um futuro próximo. Sou humana, sei perdoar. Mas não me pergunte sobre coisas que não precisa saber, não quero mentir.

Trapaça. Era a palavra que o ruivo usaria para definir a mulher. Charlotte balançou a cabeça negativamente, sendo uma fada da terra ela tinha a capacidade de ver as emoções das pessoas refletidas na aura, mas aqueles dois não tinham nenhuma emoção perceptível, o que ela via era uma aura branca. E nesse caso branco não era uma cor positiva.

— Atualizem-me dos acontecimentos dos últimos seis meses e pensaremos no que vamos fazer – pediu Morticia.

— Tem certeza que é uma boa ideia falar sobre isso aqui? – perguntou Charlotte olhando para a gata sobre o piano.

— E por que não seria? – retrucou Morticia alheia á presença da werecat que miou incomodada com a fada – Ah! É por causa da Z? Não se preocupe com ela Charlie, ela é silenciosa como... como... um gato. Sabe guardar segredos.

Zaniah cogitou a possibilidade de sair da sala, da última vez que escutara uma conversa alheia acabou ficando presa contra sua vontade á Morticia. Mas a curiosidade falou mais alto e ela permaneceu ali tentando compreender quais interesses aqueles três tinham em comum. Fez uma anotação metal para perguntar depois a razão por qual uma humana escravizada se importava tanto com os vampiros, nem mesmo ela que era uma sobrenatural com hábitos noturnos se incomodavam com a ideia de todos os vampiros e dragões e lobisomens e bruxas deixassem de existir. O mundo seria um lugar melhor sem esses monstros. Um vampiro querendo ajudar os humanos não seria a primeira vez, eles tinham o mal habito de se apegar. E se ela não estivesse confundindo espécies de novo, fadas tinham mania de herói e fazer o certo era quase uma regra para eles.


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Notas finais do capítulo

Lord W.W me fez uma pergunta que responderei aqui para o caso de futuramente alguém querer saber a mesma coisa. O que aconteceria com um vampiro se ele bebesse sangue de outros sobrenaturais.

Resposta: Para vampiros o sangue de Dragão e Fada e Sereias são fatais, bebeu morreu.
Sangue de Fênix, Werecats, Lobisomens, Enfeitiçados e outros vampiros – se humanos comem carne humana, então vampiros bebem sangue vampiresco – são evitados por que tem gosto mais metálico, amargo. Além do fato de que humanos são obrigados á serem saudáveis tornando seu sangue muito mais saboroso e nutritivo.
Sangue de Bruxas tem gosto de sangue humano normal, mas a maioria das bruxas usa o próprio sangue para feitiços e proteção, é bem capaz de um vampiro beber sangue de uma bruxa e morrer envenenado no segundo seguinte.


Também me perguntou o que aconteceria com uma fênix se todo seu sangue fosse bebido.

Resposta: Supondo que bebam todo o sangue de uma fênix ou qualquer outro sobrenatural, a vitima morrerá do mesmo modo que um humano pode morrer quando tem todo o sangue de seu corpo drenado. No caso das fênix que podem ressuscitar, há duas possibilidades. Se já ressuscitou antes então permanecerá morto. Se nunca ressuscitou então vai sofrer de combustão espontânea e resurgir das cinzas.



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