Neighbors or Lovers? escrita por RafaChase


Capítulo 29
O amor faz as pessoas agirem como tolas


Notas iniciais do capítulo

Já vou avisando que lágrimas cairão.
Obs: o começo vai parecer um pouco confuso, mas vcs vão entender depois.
Bjs



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Delegacia de Nova York - 21h

POV Percy:

Cobri o rosto com as mãos e respirei fundo mais uma vez.

Senti o suor escorrendo por minhas costas, molhando minha camisa. Levantei a cabeça para encarar a minha imagem no vidro espelhado a minha frente. Deparei-me com uma visão desagradável: meus cabelos estavam bagunçados, minhas roupas, sujas de terra.

Eu parecia um traste.

Mas pior que minha aparência era como eu me sentia por dentro...

Vazio.

Era uma dor que nunca havia sentido antes. Como se milhões de estilhaços percorressem meu sangue e chegassem em meu coração.

Um policial adentrou a sala carregando uma prancheta nas mãos. Parando na minha frente, perguntou:

— Senhor Jackson, certo? - sem ânimo, afirmei com a cabeça. - Você está liberado. Sua mãe o aguarda lá fora.

Mas nada importava. Nada importava quando eu sabia que a culpa de tudo aquilo era minha.

Eu fui um idiota. Nunca  deveria tê-la deixado sozinha.

Agora, eu a perdi para sempre.

Algumas horas antes...

POV Annabeth:

Era mais uma manhã de sol na casa do lago. Eu estava bem mais tranquila em relação a nossa estadia na casa, já que ninguém havia aparecido nos procurando desde a noite da casa da árvore. Percy estava certo: aquele homem não estava atrás de nós.

Acho que eu exagerei.

Eu estava tão feliz porque tudo estava dando certo naquela semana. Quando imaginei tudo desmoronando, não aguentei as emoções.

Mas graças aos Deuses esse momento não havia chegado.

O sol brilhava com intensidade no céu, o que só contribuiu com a minha idéia de pegar um bronzeado. Estava muito pálida.

Vesti um biquíni e fui para o pier do lago. Peguei o bronzeador e comecei a passar no meu corpo, até que percebi que uma outra sombra foi projetada no chão do pier. Virei para trás já imaginando quem encontraria.

Ele estava com um calção de banho azul e sem camisa.

— Percy, você pode me fazer um favor?

— O que você quiser.

Ri e continuei:

— Pode passar o bronzeador nas minhas costas?

— Claro. - ele respondeu e se sentou ao meu lado.

Percy foi passando o produto e em seguida, suas mãos subiram até meus ombros. Senti sua respiração na minha nuca e logo depois beijos sendo distribuídos pelo meu pescoço, dispersando meus pensamentos e causando-me leves arrepios.

— Isso é... muito bom, mas ainda quero que passe o bronzeador. - falei me virando para ele.

— Tem certeza? - perguntou com um sorriso malicioso.

— Eu não quero ficar de duas cores sabe...

Ele riu, mas terminou como eu pedi.

— Prontinho, agora se me der licença, vou dar um mergulho.

— O que? Você vai realmente entrar nesse lago? - indaguei surpresa.

— E qual o problema? - ele perguntou se aproximando de mim.

— Ora, vai saber o que tem aí dentro!

— O único jeito de descobrir é entrando! - exclamou empolgado e me puxou pelo braço.

— O que?! Não!

Mas quem disse que aquele cabeça de alga me escutou. Ele me empurrou para dentro do lago e logo depois pulou também.

— PERCY! Olha o que você fez! - gritei me debatendo na água.

Mas ele não estava nem ai, só estava rindo de mim.

— Annie, deixa de ser chata e aproveita a sua vida! - ele disse enquanto boiava nas águas do lago.

— Não adiantou nada ter passado o bronzeador! - gritei mais uma vez liberando minha raiva.

— Ah qual é! Não era tão urgente! Se bronzear pra quê? Você é linda assim. - ele sorriu e nadou até mim.

Mas eu encarava-o com um olhar mortal.

— Você vai pagar...

— Ah é? E como eu vou fazer isso? - Percy questionou me segurando pela cintura.

— Eu ainda estou pensando... - respondi rindo e ele me acompanhou.

— Enquanto você pensa, que tal aproveitarmos que estamos aqui, hein? - Percy sorriu e me roubou um beijo.

— Sai! - exclamei rindo e imediatamente comecei a jogar água nele, que também começou a jogar em mim.

Mas, com o passar do tempo, acabei esquecendo que estava com raiva dele e ficamos nos divertindo.

Quando já estávamos cansados de nadar, subimos no pier.

— Sabe o que eu percebi? - perguntei rindo e encostando minha cabeça em seu ombro.

— O que? - ele perguntou calmamente.

— Que você adora me deixar toda ensopada!

— Você já parou para contar? - questionou me abraçando.

— Claro! A primeira vez foi no dia do nosso primeiro beijo, que você pulou comigo na piscina. Na segunda, você fez uma surpresa para mim, no dia dos vagalumes. Estávamos num barco e você caiu. Além de me dar o maior susto, ainda me puxou para a água também. A terceira foi quando estávamos brigados e você simplesmente decidiu cortar sua grama!

Ele começou a gargalhar, mas mandou eu continuar.

— Eu joguei um balde em você e em troca você me encharcou com a mangueira!

— Ah, essa foi uma das minhas preferidas! - exclamou sorrindo.

— A quarta vez foi aqui na cachoeira. Nossa, nunca vou esquecer que eu criei coragem para pular! E bom, a última foi agora...

— Annabeth. - ele sussurou segurando meu queixo - Quero que saiba que todos os momentos que eu estive com você foram os melhores que já vivi. Únicos. Se eu pudesse fazer tudo de novo, sabidinha, eu faria.

— Eu também, Percy. - susurrei de volta. - Eu quero que saiba que eu te amo e quero passar o resto dos meus dias ao seu lado!

— Todos eles? - Percy perguntou esperançoso.

— Cada minutinho! - exclamei sorrindo.

Ele abriu um enorme sorriso e me beijou de novo, mas dessa vez eu não interrompi. Na verdade, foi o frio.

— Você está tremendo! - ele falou rindo e me abraçou mais forte.

— Você não está com frio? - perguntei abraçando meu próprio corpo com os braços.

— Não, mas acho melhor entrarmos. O sol já está se pondo.

Concordei e assim fizemos.

Dentro da casa estava bem mais quente, mas ainda não era o suficiente.

Fui no meu quarto tomar um banho e depois voltei para a sala. Quando fomos ligar a lareira, percebi que não tínhamos mais lenha.

— Não se preocupe, eu posso ir buscar na floresta. - Percy afirmou.

— Sozinho? Não mesmo. Eu vou com você.

— Não é necessário. Além disso, não quero você na floresta, já está escurecendo.

— Mas, eu não quero ficar sozinha nessa casa...

— Sério, Annie. Vai ser rápido, não precisa se preocupar. Quando você menos perceber, estarei de volta.

Bufei, mas acabei concordando.

Só não sabia que iria me arrepender profundamente daquela decisão...

Então, fiquei sentada no sofá esperando. Parecia que o tempo não passava. Estava super entediada, e já estranhava a demora de Percy. Até que ouvi um barulho vindo da cozinha.

Ainda receosa, segui em sua direção.

A porta estava meio entreaberta. Não lembro de ter deixada-a assim. Decidi abri-la completamente. Mas, não havia nada lá fora.

Que estranho.

Enquanto voltava para a sala, percebi um certo movimento em uma das poltrona. Ela estava virada de costas para mim, então não conseguia ver ninguém. Porém, consegui avistar dois pés, ou seja, havia realmente alguém sentado ali.

Ah, que ótimo! Percy já tinha voltado!

— Por que você demorou tanto? - perguntei preocupada e fui me aproximando da poltrona.

De repente, esta se virou, mas isso só contribuiu para eu levar um grande susto.

Um figura se revelou e seu semblante era sério.

— O que está fazendo aqui? - perguntei arregalando os olhos.

— Não vai dizer nem um oi para a sua mamãe? - ela sorriu cínica.

— Mas... não entendo... como você me encontrou? - perguntei confusa.

— Isso é o de menos, Annabeth! Você ficou maluca? O que aconteceu com a sua maturidade? Desde quando fugir é a solução dos problemas? - ela perguntou em tom de voz elevado.

— Foi a melhor coisa que eu já fiz! E saiba que eu não me arrependo de nada!

— Não me importo se está arrependida ou não! Agora que te encontrei faça-me o favor de ir se arrumar. Partimos no avião das 7!

O que? Ela queria me levar a força?

— Pois saiba que eu não vou! Nem para Nova York nem para San Francisco. - exclamei e dei um passo para trás.

Atena encarou carrancuda:

— Annabeth, você nunca foi tão insolente! Nunca me escondeu as coisas! Desde quando você está namorando? - ela gritou chegando cada vez mais perto de onde eu estava.

— Como você sabe? - indaguei surpresa.

— Eu não sou estúpida! Agora, eu não esperava isso de você! Ficar sozinha nesta casa com um garoto qualquer! Você perdeu o juízo?

— Ele não é um garoto qualquer!

— É, está certa! É um idiota filho de outro idiota!

— Quem você acha que é para falar dele assim? Nem o conhece!

— E nem vou! Vamos! Arrume suas coisas agora! Estamos de saída!

— Já disse que não vou embora!

— Ah, você vai sim! - Atena gritou e me puxou pelo braço até meu quarto, onde me jogou na cama. - Arrume suas coisas agora!

— E se eu não quiser? - perguntei desafiadora.

— Não terei outra opção a não ser apertar esse botão. - ela sorriu maldosa e me mostrou um aparelho pequeno, que identifiquei como um walk talk.

— Mãe... pra que isso? - questionei receosa.

— Você realmente acha que eu vim sozinha?

— E não veio?

— Eu te dou duas opções: ou você vem por bem, e me segue até lá fora, ou eu aperto esse botão e a polícia te leva a força.

— Polícia?

— Você realmente não assiste os noticiários? Todos já sabiam que você e esse garoto estavam desaparecidos. E por muita sorte, um morador da região ligou para a polícia informando que encontrou vocês.

Eu estava boquiaberta. Não conseguia acreditar que fomos descuidados e que nos encontraram.

Eu sabia que aquele homem tinha nos visto! Que droga!

E agora? O que me restava?

O jeito era mudar de tática.

— Mãe, você não entende... eu o amo.

— Você não sabe o que é amar, minha filha. - ela falou abaixando a voz - Isso é só uma paixão adolescente. Eu sei o que é melhor para você...

— Não sei o que é amar?! Eu não sei o que é amar?! Como ousa dizer isso?! Olha pra você!

Ela ia falar, mas a interrompi.

— Você não sabe amar! E por isso não se contenta quando ver outras pessoas felizes! Você sempre sabe tudo a meu respeito, mais do que eu mesma! Vive me vigiando como se eu fosse de berço! Não deixa que eu tenha meus próprios sentimentos! Você é um carrasco! Você é! - exclamei já sentindo as lágrimas caindo.

Mas ela continuava com uma expressão inabalável.

— Annabeth, o amor faz as pessoas agirem como tolas. Agora, que já terminou a cena, deça imediatamente para o carro. A polícia já deve estar aqui na frente.

Furiosa joguei tudo o que me pertencia na minha mala e a fechei. Enquanto esvaziava o guarda roupa achei a corujinha de pelúcia que Percy havia me dado no dia em que me pediu em namoro. Isso só me fez chorar mais ainda.

Quando terminei, sai da casa e só joguei minha mala dentro do automóvel da polícia. Os oficiais me olhavam com pena. Mas eu não queria que ninguém sentisse pena de mim.

Frustada, entrei no carro e sentei no banco traseiro.

Atena entrou no banco da frente, junto com um policial. Percebi que a outra viatura ficou para trás.

Então começamos a partir. Estava abraçada a pelúcia, quando ouviu meu nome ser pronunciado. Na verdade, gritado:

— Annabeeeeeth!

Isso só piorou meu estado. Ao virar para trás me deparei com a cena mais triste do mundo. Meu coração acelerou quando vi Percy correndo na direção do carro, desesperado. Mas não conseguiu nos alcançar, pois dois dos policiais o seguraram, impedindo que fosse adiante.

— Percy... - sussurei segurando as lágrimas.

Mas uma hora não consegui mais aguentar. Ele ia ficando cada vez mais distante, pequeno, intocável. Seus gritos substituídos pelo ronco do motor.

Depois que ele desapareceu de vez, afundei no banco, onde desabei a chorar.


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Notas finais do capítulo

Eu sei que muitos com certeza vão querer me matar nos comentários. Mas quero deixar bem claro que tudo o que aconteceu foi extremamente necessário para a trajetória história. Podem desabafar agora!
Beijos amores!