Em Verde escrita por Radio Floyd


Capítulo 3
03 → Dor, sangue e algo mais.


Notas iniciais do capítulo

OIIII PESSOAS!!!!!

Como estão? Espero que bem.

Esse aqui é o capitulo três e eu estou muito satisfeita com ele, espero que gostem.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/720714/chapter/3

   Naquela noite depois do acidente eu fui acusada de idiota e irresponsável pela minha madrasta. A loira não mediu esforços para me por para baixo e naquele jantar tudo o que fiz foi pegar um copo de água e subir para o meu quarto devido ao meu castigo.
     Apoio o copo em minha escrivaninha e procuro por uma prancheta para desenhos que sempre mantinha escondida debaixo de caixas de sapato.
     Não sei o que eu esperava dela, depois que o único filho dela e o primeiro filho do meu pai morreu nada jamais seria igual, era lógico que a culpa seria minha.
     Depois de algum tempo que eu não faço ideia de quanto foi, ouvi algumas batidas na porta, batidas pesadas e cansadas. Levantei-me lentamente da cama com pouca ou nenhuma vontade de levantar, aquele simples esforço que fiz para alcançar a maçaneta me cansou.
     Uma cabeleira castanha clara guardada dentro de um gorro cinza me confundiu. Por um momento eu pensei que Alex estava de volta, passei as mãos nos olhos abrindo-os e fechando-os várias vezes.
     Fui interrompida de meu devaneio quando ele pronunciou palavras com sua voz grave e levemente familiar.
     — Você me deve um obrigada, e eu não saio daqui sem ele — o garoto falava com certa convicção e ele não parecia estar brincando.
     — Do que você está falando? — Sem querer eu acabei bocejando, demonstrando assim, o meu estado sonolento.
     — Você pegou um caderno, que eu tive todo o trabalho de apanhar do chão, e não agradeceu — ele cruzou os braços fechando a cara. — É disso que eu estou falando...
     — São umas... — ergui os olhos para o relógio de parede que se encontrava no lado oposto ao da porta. — Onze horas e você, seja lá quem for se deu o trabalho de bater na minha porta as onze da noite para pedir obrigada por um ato que eu não dei a mínima?
     — Exatamente. Eu estou aqui cobrando a sua educação — ele entrou no quarto empurrando-me de seu caminho e sem nenhum pedido já foi sentando em minha cama e mexendo em meu caderno de desenhos.
     — Quem você acha que é? — Roubei-lhe o caderno das mãos e o joguei debaixo da cama. — Eu nem deixei você entrar aqui...
     — A sua casa é realmente muito bonita, é exatamente como as especulação alheias e eu estou surpreso com o fato de você falar tanto... — Ele segurou uma mecha dos meus cabelos castanhos claros e em dado momento deu alguns puxões fracos na mesma.
     — O que você está fazendo? — Bati com força em sua mão e o ouvi gemer de frustração. — Saía daqui, eu nem sei quem é você... Deus...
     Empurrei-o com força para fora do meu quarto e tranquei a porta de mogno, escorei-me na madeira e deixei que meu corpo descesse até o chão emitindo um ruído de impacto. Minhas mãos sem que eu percebesse já estavam em minha nuca puxando-lhes alguns fios de cabelo claro, eu não sentia dor alguma com o ato. Ao contrário, eu me deliciava com a pequena fonte de dor que emanava de minha nuca.
     Não sei quanto tempo fiquei sentada, mas em questão de minutos eu estava com Breanna novamente.

     Breanna mantinha os pés enroscados a barra de metal, eu podia sentir o pulsar de seu coração em meus dedos, a adrenalina em seu corpo era visível e quando o brinquedo – chamado Kamikaze – começou a funcionar ela emitiu um grito esganiçado. Ela não estava mais achando a situação divertida, ela estava apavorada com aquilo e tudo o que ela queria é que aquele brinquedo parasse de uma vez.
     — Isso daqui é muito legal! — Gritei com a emoção na garganta e o ar voando dentro dos meus pulmões.
     — Você é louca! Eu quero descer! — Algumas lágrimas brotaram no canto de seus olhos e ela apertava a barra de ferro que nos segurava com força.
     Naquele momento o kamikaze deu uma volta completa e a boca de Breanna se abriu, uma pasta esverdeada saiu e tudo o que consegui fazer para me proteger de seu vômito foi cobrir o rosto.
     Depois de alguns minutos o brinquedo parou e várias pessoas saíram reclamando, muitas estavam sujas de vômito. E outras estavam apenas reclamando do cheiro. Apoiei os braços de Breanna em meu pescoço e a levei para o banheiro.

     As batidas na porta estão mais frenéticas e pesadas do que anteriormente. Levantei do chão percebendo a enorme claridade que invadia o quarto pela janela, já deveria ser seis ou sete da manhã e ao abrir a porta e me deparar com o meu pai já vestido em seu terno habitual eu só tive ainda mais certeza de que provavelmente havia dormido demais.
     — Você não desceu para o café... Achei... achei que deveria vir chamá-la — ele passou as mãos na nuca nervosamente, parecia levemente desconfortável em falar comigo e eu não o culparia, eu causava esse efeito na minha família. Até mesmo Alex dizia ficar desconfortável perto de mim.
     — Acho que dormi demais... De qualquer das formas eu já desço, vou só... — Eu não tinha nada para fazer, poderia descer com ele, mas algo me impediu de descer e eu resolvi enrolar um pouco mais dentro do meu próprio quarto.
     Um silêncio se instalou entre nós dois durante dois minutos até ele se pronunciar.
     — Eu vou esperar você pra te dar uma carona, pode ser? — Ele ergueu a sobrancelha esquerda do mesmo jeito que a minha mãe fazia quando estava esperando uma resposta.
     — Tudo bem — forcei-me a abrir um pequeno sorriso para ele, as vezes ele precisa disso.
     Assim que ele deu as costas eu fechei a porta e fui até a janela, prendi meu cabelo em um coque que apanhava o cabelo inteiro e passei o pente em cima para que nenhum fio de cabelo ficasse solto. Procurei em minha gaveta a blusa com o logo da equipe de natação da escola, aquela blusa não era minha, era do Alex e as vezes eu à usava somente pelo cheiro bom que a blusa emanava.
     Procurei uma calça jeansvazul escura e a vesti por cima do pijama, troquei a blusa que estava a usar e a joguei debaixo da cama, peguei minha mochila debaixo da cama e saí do quarto deixando a porta entreaberta.
     As escadas não rangiam com as minhas pisadas, passos fortes e pesados que proviam de uma pessoa de pouco menos de 48 quilos, uma quantidade abaixo do normal para uma garota de dezesseis anos.
     Entrei na cozinha e lá estavam papai e Margie, assim que a loira me viu ela virou o rosto e se focou em fazer o café. Meu pai estava pegando uma garrafa d'água da geladeira, assim que ele me viu deu um sorriso de canto e me passou a garrafa.
     Depois de alguns minutos meu pai e eu já estávamos de saída.

     Alex estava vestido com a blusa da equipe de natação do colégio, iríamos ter a primeira etapa classificatória para a competição com uma das melhores escolas do município vizinho. Alex tinha certeza de que seria escolhido, era o mais veloz, o que aguentava mais tempo na piscina e sem dúvida o mais bonito. Seu sorriso ia de canto a canto.
     Ele me abraçou com força, senti as pontas de seus dedos tocarem minha nuca e um gemido baixo de dor saiu de minha boca.
     — O que foi isso? — Ele estava visivelmente chocado com o que via.

Suas mãos ágeis abaixaram minha cabeça e seus olhos examinaram minha nuca, eu sentia a sua respiração nas feridas que haviam se formado.

— Você está sangrando — os dedos fortes e ágeis do moreno tocaram minha nuca, o sangue ainda escorria como se fosse uma ferida nova.

— Estou? — Toquei em minha nuca e o sangue vermelho-vivo veio em meus dedos. Meus olhos examinavam a minha mão e os dedos de meu pai, seu olhar estava assustado.

— Achei que você tivesse parado com isso... Você tinha prometido ao Alex que iria parar — a decepção estava estampada em seu rosto e eu me senti extremamente mal por o fazer se decepcionar comigo.

— Não foi por querer... Eu... eu não percebi — baixei a cabeça sem vontade alguma de encarar as íris castanhas dele. — Me desculpe.

— Tudo bem... — Ele esticou os braços e me puxou para um abraço. — Não tem problema, eu não estou magoado com você. Vou levar você a uma pessoa que talvez te ajude com isso.
     Ele abriu a porta do carro e me lançou um sorriso antes de entrar.

— Vamos passar por isso juntos. — Ele ligou o carro. — Não quero perder você, não quero perder outro filho.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Bem, é isso. Espero que tenham gostado.