TWD - Quarta Temporada escrita por Gabs


Capítulo 11
Onze


Notas iniciais do capítulo

"Eles vão se sentir muito burros quando descobrirem"



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Assim que amanheceu nós seguimos viagem, a pé mesmo, andando sobre os trilhos, o resto do caminho até Terminus. Fiquei o caminho todo conversando com Maggie, colocando o assunto em dia, perguntando como eles passaram aqueles sete dias sem nós, dizendo o quanto senti saudade.

Mas logo que avistamos o prédio vermelho, com letras em cada janela formando a palavra Terminus, todo mundo parou para apreciar o lugar.

Eles tinham cercas, plantações.

Tudo que já tivemos um dia na prisão.

Logo que chegamos no portão, percebemos que estava apenas encostado e assim que Glenn deu uma leve empurrada no portão para abri-lo, nós entramos. Alguns levantaram as armas e apontaram para os lados, para ver se o lugar era seguro, pois não tínhamos visto ninguém até agora.

Seria um desperdício de tempo ter vindo até aqui e não ter ninguém.

Nós atravessamos o pátio e alcançamos o segundo portão, o qual estava com uma placa estrita a mão, com a mesma letra das placas que estavam espalhadas pelos trilhos.

“ABAIXE AS ARMAS E SERÁ RECEBIDO.

VOCÊ CHEGOU AO TERMINUS”

Glenn olhou de Maggie para nós e assim que afirmamos com a cabeça, ele abaixou a arma, assim como os outros e abriu o portão. Por todo o lado que eu olhava, via plantas, as tintas da parede bem cuidadas e se eu não soubesse que o mundo estava um inferno, poderia dizer que o pessoal do Terminus não estava sofrendo com os caminhantes tanto quanto nós.

Caminhei um pouco mais à frente do que Glenn e Maggie, quase confessando que estava maravilhada com a visão que estava tendo. Um pouco mais à frente, havia uma mulher de costas para nós, assando uma carne em uma churrasqueira improvisada.

Ao ouvir nossos passos, a mulher se virou, ela abriu um sorriso, contornou a churrasqueira e se aproximou em passos graciosos de nós.

— Oi. – Ela nos cumprimentou, com um grande sorriso nos lábios – Eu sou a Mary. – A mulher suspirou, olhando atentamente para nós - Parece que estão na estrada faz tempo. 

— Estamos, sim. – Maggie concordou com ela

— Vamos instalar vocês e traremos um prato de comida. – Mary nos disse, ainda com o sorriso amigável nos lábios finos – Bem-vindos ao Terminus.

Olhei para o lugar atrás dela, estava estranhamente vazio, não era possível que só tinha ela ali, pois na churrasqueira, haviam muitas carnes. Me deixei ser guiada com o resto do meu grupo por ela, fazendo questão de olhar em todo lugar, estava fascinada e curiosa, nunca tinha estado em uma estação ferroviária tão grande como aquela.

— Ela sempre sorri daquele jeito? – Escutei a voz de Kylie sussurrar

Quase me virei para fazer parte da conversa, mas continuei seguindo a mulher, a qual estava indo na direção de dois homens que estavam conversando entre si, mas pararam ao nos notar e assim como a mulher, abriram um grande sorriso.

— Esses são meus filhos, Gareth e Alex, eles vão levá-los até seus alojamentos, responder suas perguntas e essas coisas. – Mary nos disse e com outro sorriso se despediu – Tenho que voltar a cuidar das carnes, elas não podem queimar.

— Senão o gosto fica horrível. – Gareth comentou, afirmando com a cabeça

— Exatamente. – Mary concordou, sorrindo para o filho

E assim ela se afastou, em passos largos, em direção ao caminho contrário que estávamos fazendo. Logo que ouvi um dos homens pigarrearem, eu me virei para olhá-los.

— Bem-vindos ao Terminus. – Alex, se eu entendi bem, nos disse - Parece que estão na estrada faz tempo. 

Olhei bem para ele, estranhando o fato dele ter repetido as mesmas palavras de sua mãe logo que ela nos viu. Aquela frase deveria ser um padrão.

— É. – Murmurei, franzindo levemente as sobrancelhas

— Meu nome é Bob. – O médico se apresentou e eu soube que ele apresentaria todos nós também – Essa é a Sasha, Maggie, Kylie, Tara, Gabriela e Rosita. Aqueles são Glenn, Jason, Sam, Abraham e Eugene.

— Como minha mãe disse, esse é meu irmão Alex. – Gareth o apresentou formalmente – E eu sou o Gareth, sou o líder do Terminus.

— Vocês têm um belo lugar aqui. – Comentei com ele, olhando mais uma vez ao redor – É bonito.

— Trabalhamos duro para tornar esse lugar realidade. – Gareth nos disse, com um sorriso nos lábios – Estou feliz que tenha gostado.

Me senti na necessidade de retornar o sorriso, pois agora, ele estava sorrindo para mim. E mesmo que parecesse meio forçado, eu sorri.

— Mostrarei o lugar para vocês. – Alex nos disse, também sorrindo – E depois, quando o almoço estiver pronto, faremos um prato para cada um de vocês.

— Isso parece bom. – Sam falou, um pouco alto demais

— Mas primeiro, vocês podem colocar suas armas nos seus pés? – Gareth perguntou

— O que? – Abraham perguntou logo em seguida

— Poderão ficar com as armas depois, apenas queremos ver. – Gareth explicou, rindo fraco – Não queremos que aconteçam idiotices aqui.

Tirei a minha pistola e minha faca do coldre e coloquei no chão a minha frente, perto dos meus pés. Meu movimento foi copiado pelo resto do meu grupo e então, quando todas as armas estavam no chão, Alex veio até nós, em passos largos, com um sorriso nos lábios e nos revistou.

— Parece que passaram por maus bocados. – Alex comentou, quando terminou de revistar Bob e notou o ferimento a bala em seu ombro

— É. – Bob concordou – Mas acredito que eles levaram a pior.

— Gostei do poncho. – Alex comentou, assim que veio me revistar – Latina?

— Americana. – Respondi, balançando a cabeça negativamente - O poncho é ridículo, mas fica muito bem em uma pessoa que eu conheço.

Rindo, ele se afastou e foi revistar os outros. Quando ele terminou, pegamos nossas armas do chão e voltamos a guardá-las.

— São militares? – Gareth perguntou, ao notar as roupas camufladas – Ou apenas... – Ele parou, deixando a entender que poderíamos ter roubado as roupas

— Alguns de nós, sim. – Jason respondeu, uns segundos depois

— Estamos em uma missão. – Abraham comentou, cheio de si – Vamos salvar o mundo.

— Uau. – Gareth murmurou, olhando para ele – E como vão fazer isso?

— Eugene é um cientista, vamos leva-lo até Washington. – Abraham lhe respondeu – Encontraremos pessoas importantes lá.

Vi Gareth fazer um movimento com a mão e assim que escutei o barulho de armas sendo destravadas, levei a minha mão para o coldre onde guardava a pistola, mas quando olhei ao redor, parei imediatamente. Se antes o lugar era meio deserto, agora estava cheio até de mais, com homens e mulheres armados, apontando suas armas para nós.

— Que caralho... – Escutei Abraham resmungar

— Ei. – Bob falou alto, levantando as mãos – Não é tarde demais para abaixar as armas. Vamos fingir que isso nunca aconteceu e vamos embora sem problema.

— Entreguem as armas. – Gareth mandou, e desta vez, não estava mais sorrindo – Não façam nenhuma burrice, é melhor entregarem.  

Mesmo tendo olhado ao redor por pouco tempo, pude ver que eles tinham pessoas no telhado, armadas, eu só não sabia dizer se eram snipers ou apenas metralhadoras. Aos poucos, colocamos nossas armas no chão e nos afastamos, como ordenado. Eu estava querendo me matar e matar todo mundo ali, como pudemos esquecer o que as pessoas são capazes?

— Agora as roupas. – Gareth mandou, apontando para nós – Não estou mandando ficarem pelados, eu quero que entreguem seus pertences e isso inclui essas roupas e proteções.

— Os coldres também. – Alex completou, logo que o irmão parou de falar

Xingando todos os desconhecidos ali de todos os nomes, comecei a tirar os meus coldres e as roupas extras que eu estava usando. Ficando apenas com a minha calça jeans, camiseta e bota de combate.

— Que isso aí amarrado na sua calça? – Gareth me perguntou, se inclinando para o lado, tentando ver a manta vermelha presa no cós da minha calça

— É uma manta. – Respondi, num resmungo irritado – É cego ou o que?

— Eu quero ela. – Gareth disse, depois de rir da minha cara

— Não. – Neguei quase que imediatamente, crispando os lábios

— Ela disse “Não”. – Gareth comentou rindo com o irmão, como se aquilo fosse uma grande piada e depois se virou para me olhar novamente – Você não entendeu, bonitinha, eu quero essa manta.

— Vai ter que vir pegar. – Falei logo em seguida, num tom de voz alto

— Gostei de você e pode esperar, porque eu vou mesmo ir pegar. – Gareth disse sorrindo e logo depois se virou para o irmão – Leve eles.

Depois de sermos empurrados e ameaçados, fomos revistados novamente e jogados em um vagão vazio. Minutos depois, alguém abriu a porta e praticamente jogou uma gororoba esbranquiçada para nós comermos. Mas ninguém encostou naquilo, não sabíamos o que tinha dentro, mas cheirava como leite em pó. Após uma discussão entre Abraham, Kylie, Rosita, Glenn e Jason, eles decidiram que não tinha o porquê começarem a se culpar e o melhor que poderíamos fazer, era montar um plano muito bom.

E esperar pelo melhor.

Sentada no chão do vagão com as costas apoiada no metal, respirei fundo.

— Depois de tudo que passamos com o Governador... – Comentei com eles, crispando os lábios – Como esquecemos as coisas que os humanos são capazes de fazer?

— Não adianta choramingar agora. – Abraham resmungou, do outro lado do vagão – Se estivéssemos na van...

— Não começa com essa merda de novo, Abe. – Kylie grunhiu, passando a mão nervosamente pelo cabelo loiro

— Parem. – Glenn resmungou, meio alto – Já decidimos que brigar entre nós mesmos não vai ajudar. Precisamos de um plano.

— Um dos bons. – Murmurei, olhando para ele

— Da próxima vez que aquela porta se abrir, vamos voar no pescoço de um deles. – Jason falou, estalando os dedos – Uma morte rápida e fácil.

— Estarão armados. – Sam comentou, andando de um lado para o outro, passando por mim e voltando – Ei, não toca nessa merda. – Ele disse apressado, ao ver Tara se abaixar para examinar a gororoba que eles tinham jogado para nós – Pode ter veneno ou algo assim.

Tara recolheu a mão e respirou fundo, enquanto se levantava e se afastava do leite em pó duvidoso.

— Vamos nos acalmar e pensar direito. – Maggie falou, depois de alguns segundos de um longo silêncio nada legal – Tem que ter um jeito de sair daqui.

— Claro que tem. – Jason comentou logo em seguida – O jeito é matando cada desgraçado que surgir na nossa frente, começando na próxima vez que abrirem essa merda de porta.

— Olha como fala. – Falei para ele, antes mesmo de Glenn abrir a boca para retrucar alguma coisa – Lembre-se que o inimigo não é ninguém daqui de dentro, são os idiotas do Terminus.

— Ei. – Kylie falou subitamente – Estão escutando isso?

Todos nós nos calamos e não fizemos um barulho sequer. Apurei meus ouvidos e tudo que eu conseguia escutar era uma gritaria meio abafada, mas logo depois veio o tiro e esse foi seguido por muitos outros.

— O que está acontecendo? – Sasha perguntou alto

— Todos para o fundo, agora! – Glenn falou tão alto quanto

Me levantei do chão e praticamente corri para o fundo do vagão, onde o resto do grupo estava. Nós ficamos ali, parados, em pé, tentando escutar o que estava acontecendo do lado de fora.

— Parece que os tiros estão se aproximando. – Maggie sussurrou, ela estava bem ao meu lado – Estão ficando próximos, não estão?

— Eles não metralhariam o vagão, metralhariam? – Sam perguntou para nós, ele estava inquieto – Por que nos prenderiam se iriam nos matar?

— Esperem. – Murmurei, olhando para eles – Os tiros cessaram.

Nós ficamos em silêncio, esperando escutar mais alguma coisa.

— ABAIXEM AS ARMAS! AGORA! – A voz de Gareth estava abafada, mas mesmo assim dava para saber que ele estava gritando – AGORA. – Ele repetiu, depois de alguns segundos – LÍDER DO BANDO, VÁ À SUA ESQUERDA. PARA O VAGÃO.

— Pra esse vagão? – Glenn perguntou

— Parece...

— ...ELE MORRE E VOCÊ TERMINA AÍ DO MESMO JEITO. – Gareth continuava a gritar e ameaçar quem quer que esteja lá fora

— Tem alguém se aproximando. – Jason murmurou

— AGORA O ARQUEIRO. – Gareth gritava e dava alguns segundos entre cada frase que dizia – AGORA A SAMURAI. FIQUEM DIANTE DA PORTA, LÍDER, ARQUEIRO, SAMURAI, NESSA ORDEM.

— Estão aqui. – Abraham disse baixo

— Ele disse arqueiro e samurai? – Perguntei a Maggie, sentindo meu coração começar a bater mais rápido – Quais as chances...?

— MEU FILHO! – Um homem gritou, estava muito próximo de nós

Meu coração quase saiu pela boca assim que reconheci a voz do homem, era o Rick, sem dúvidas nenhuma, era o meu amigo. E se era o Rick... Carl, Michonne e Daryl deveriam estar com ele.

— VAI, MENINO. – Gareth gritava e depois de alguns segundos, começou a falar novamente – LÍDER, ABRA A PORTA E ENTRE.

— EU ENTRO COM ELE. – O homem, o qual eu prefiro acreditar que era Rick, gritou

— NÃO NOS FORCE A MATÁ-LO AGORA. – Gareth gritou de volta

Aquilo estava me matando, eu só queria saber se era realmente meus amigos do outro lado da porta do vagão e acima de tudo, ir embora.

— Se preparem para o que vier. – Abraham nos comunicou

A porta do vagão se abriu e eu segurei a minha respiração. Amaldiçoando a luz que veio com a abertura da porta, senti minha visão doer. Vi as três pessoas entrarem e logo em seguida, uma criança entrou, antes da porta do vagão voltar a se fechar.

— Esper...

Mal esperei Jason terminar de falar e dei alguns passos na direção das pessoas que tinham acabado de entrar, sentindo meu coração bater cada vez mais forte.

— Rick? – Eu o chamei, esperando com que meus olhos se ajustassem a escuridão novamente – É você?

O homem se virou, assim como todos os outros que entraram com ele.

Era ele.

E se era ele.... Os outros realmente eram...

— Vocês estão aqui. – Rick disse meio baixo, se aproximando de todos nós, enquanto apertava os olhos para olhar para nossos rostos – Vocês estão aqui.

Daryl atravessou o vagão como um foguete e veio até mim, o abracei apertado, afundando meu rosto em seu peito, sentindo seu coração bater tão rápido e alto quanto o meu. Ele apertou minha cintura e grudou ainda mais nossos corpos, enquanto apoiava seu queixo em minha cabeça.

— Nós vamos ficar bem, querida. – A voz de Daryl saiu baixa e rouca – A gente vai ficar bem. – Ele repetiu e assim que me sentiu afirmar com a cabeça, respirou fundo – Machucaram você?

— Não. – Respondi no mesmo instante, me separando um pouco dele e assim que vi o que tinha acontecido com seu rosto, meu rosto se contorceu em uma careta – O que foi isso? – Perguntei, levantando minha mão até seu rosto, para tocar levemente seu olho roxo e mesmo assim, não deixei de olhar os ferimentos em sua boca – O que houve?

— Isso não é nada. – Daryl me respondeu, balançando levemente a cabeça

Atrás de nós, alguém pigarreou alto, claramente chamando atenção.

Era Jason.

Daryl desviou o olhar e olhou para as pessoas atrás de Glenn, para as pessoas que não conhecia. Me afastei dele e respirei fundo, antes de começar as apresentações.

— Eles são os nossos novos amigos. – Anunciei a eles, enquanto colocava uma mecha de cabelo atrás da minha orelha – Nos encontramos na estrada, a caminho daqui, nos salvaram e nos ajudaram a encontrar Maggie, Sasha, Bob e Sam. Aquele com a cara fechada é o Abraham, - Apontei para o homem ruivo, o qual apenas acenou com a cabeça – ele é militar. Aquele ali é o Eugene. - Desta vez, apontei para o gordinho com o corte Mullet – A loira é a Kylie, - Apontei meu dedo sutilmente para a mulher – ela é paramédica. Aquela é a Rosita. – Indiquei a mulher morena e ela também acenou com a cabeça – E por último, o Jason.

— Então agora eles são nossos amigos também. – Daryl comentou, me puxando novamente para seus braços, para me abraçar novamente

— Claro. – A voz de Jason saiu alta e forçada – Pelo tempo que isso durar.

Ao nosso lado, Rick soltou um riso alto.

— Está rindo do que, cara? – Abraham perguntou abruptamente, como se não acreditasse que alguém poderia rir naquela situação ferrada em que estávamos

— Eles vão se sentir muito burros quando descobrirem. – Rick lhe respondeu, com um sorriso malicioso começando a se formar em seus lábios

— Descobrirem o quê? – Kylie lhe perguntou, parecia confusa

— Não é obvio? – Perguntei, ainda mantendo meu olhar em Rick – Eles ferraram com as pessoas erradas.


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Notas finais do capítulo

Nossa Quarta Temporada acabou e agora estamos cada vez mais próximos de Alexandria e de toda aquela loucura que está acontecendo ali ♥

Obrigada aos velhos leitores, aos novos e aos leitores número 1 (Sentiu a indireta?) por me acompanharem em mais uma temporada e espero vê-los em TWD - Quinta Temporada.



Com muito amor,
Gabs.



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