Bad Reputation escrita por CherryBomb91


Capítulo 12
Mudanças de Hábito


Notas iniciais do capítulo

Olá meus amores!
Desculpe a demora, mas o tempo corrido não me deixou escrever.
Agradeço aos comentários e favoritos e adiantando que o capítulo não é dos meus preferidos.
Boa Leitura.



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— Abra Caminho

Tá que pariu!

Minha sanidade mental estava em alto grau de risco se eu passasse mais tempo dentro daquela casa que por inocência aceitei dar um voto de confiança e passar um tempo com papai. Não digo isso por causa do coroa, ele era bem legal, e confesso que estava com muitas saudades dele e de nossos momentos juntos que foram arrancados de mim no dia que ele e mamãe se separaram.

Posso dizer que mamãe não gostou muito da ideia de eu passar um tempo com meu pai em sua casa junto com a minha madrasta – que naquele momento eu nunca havia visto, só a conhecia como a “Destruidora de Lares”, palavras de minha mãe -, mas ela não podia impedir. Papai tinha seus direitos sobre mim.

E depois de muito bafafá e algumas rogações de pragas por parte de mamãe, eu finalmente arrumei minhas tralhas e parti para a mansão aonde papai agora morava com a coroa ricaça. Minha boca só faltou cair no chão quando vi o tamanho da mansão que ele morava, tendo consciência de que me perderia naquele casarão. E posso dizer que me perdi, cinco vezes para ser exata. Eram tantas portas, tantos corredores que fazia a minha cabeça dar um ERROR 404 Not Found. A minha salvação foi uma das empregadas que foi minha guia turística pela casa.

A esposa de papai era uma tal de Tsunade, e apesar de sua expressão de rica nojenta, me olhando de cima a baixo como se eu fosse uma delinquente, ela me tratou bem, toda cheia de educação e etiquetas que me deu náuseas. Ela era dona de um hospital particular e, puta merda, que peitos eram aqueles? Parecia duas melancias gigantes de tão grandes que eram. Os meus comparado com os dela, eram simplesmente duas sementes de morango.

Bom, o fato era que Deus havia sido bem generoso com a mulher que exibia uma enorme comissão de frente. E mamãe iria pirar quando contasse que a coroa ricaça que ela imaginou ser uma velha feia e plastificada, tem uma fisionomia de uma mulher quase da idade dela. A esposa de papai estava bem conservada e se ela havia feito plástica, isso eu não sei, mas se ela estava em boa forma, isso ela estava.

Enfim, fazia exatamente dois dias que eu estava na luxuosa mansão que meu pai morava com a coroa que ele chamava de esposa. Dois dias que eu não via minha mãe, os meninos e todos. Dois dias que eu estava dormindo naquele quarto estupidamente cor-de-rosa infestados de coisas frufrus e muito rosa e muito perequetê e mais rosa e Hello Kitty, eu já disse que tinha muito rosa?

Mano, meu pai pensa que eu tenho quantos anos para eu ter um quarto assim? Cinco? Eu sentia coceira toda vez que eu entrava naquele quarto de princesa da Disney. Minha cabeça girava e eu tinha pesadelos com aquelas bonecas com rosto de porcelana que eu detesto. Aquelas bonecas tinham uma expressão assustadora, e havia várias delas para a saúde de minha sanidade.

Porra! Meu pai havia tido uma crise de amnésia e esquecido os gostos de sua própria filha? Desde quando eu gostava de boneca? Fala sério, eu tinha quase dezessete anos e ele decora um quarto com a estampa daquela gata ridícula sem boca como se eu fosse uma criança retardada.

Hello Kitty, mano!

Hello Kitty!

É uma hora dessas que tenho uma crise de consciência e aquela famosa frase passa pela minha cabeça; A gente só dá valor para aquilo que se perde. Essa frase nunca fez tanto sentido na minha vida como estava fazendo naquele momento.

Eu sentia falta do chiqueiro que eu vivia e que eu chamava de quarto, não tinha nem comparação. Aonde fica a minha má reputação nessa hora? Eu, Sakura Haruno, a Pink Demon dormindo num quarto que era perfeito para uma garota como a Ino Yamanaka... acho que nem a Ino gostaria de ter um quarto tão ridículo quanto esse.

Que situação constrangedora!

Mas não tinha como evitar, nem contestar e muito menos fazer uma pirraça com minha rebeldia e mandar tudo para o caralho e voltar para a minha pequena e simples casinha aonde eu morava feliz com minha maravilhosa mãe. Eu não tive coragem de fazer isso com papai – mesmo estando a um passo de ficar maluca – por que o coroa estava cumprindo o que falou à risca e havia tirado esses dias para me entupir de atenção. E confesso que estava gostando de ficar com ele. Kizashi era um homem muito bom, e mesmo com a distância e por ainda está chateada por ele ter esquecido de mim aquele tempo, a nossa conecção de pai e filha era incrível.

Papai transbordava felicidade no olhar e fazia quase todas as minhas vontades, me mimava. Fomos ao cinema, ao parque de diversões – quase vomitei as tripas quando andei de montanha russa -, e ao shopping. Ele me comprou várias camisas personalizadas das minhas bandas favoritas – não terei que roubar as camisetas de Sasuke para poder ostentar um pouquinho – e vária outras coisas.

Eu sabia que aqueles mimos todos eram puro remorso de sua parte por ter passado tanto tempo longe de mim. Eu sentia falta dele, mas de alguma forma eu suprimi aquele sentimento, distraindo-me com os meninos e a banda. Evitei ao máximo de pensar muito em papai para que assim a falta que ele fazia em minha vida não fosse tão dolorosa. E eu não tinha ideia o quanto eu morria de saudades dele até o momento que ele apareceu de paraquedas lá em casa.

Mas diante do nosso tempo junto que estava sendo legal, com o passar do tempo estava me sentindo pouco sufocada com aquela atenção redobrada. Acredita que eles têm seguranças como sentinelas nos portões da mansão? Eu tinha a impressão que estava sendo presa em cativeiro, por que quando eu inventei um passeio qualquer, tipo, ir ao cabelereiro – foi a primeira coisa que me passou pela minha cabeça -, papai fez questão de ir junto. Sério, ele não estava falando com todas as letras, mas as suas atitudes diziam: Você pode sair sim, mas tem que ser acompanhada.

Fala sério!

Bom, tive que ir a droga do cabelereiro, e depois de quase três horas eu havia saído de lá uma outra pessoa, fisicamente claro. O pessoal de lá fizeram uma hidratação, retiraram toda aquela tintura horrorosa e cortaram os fios estragados – quase todo o meu cabelo estava estragado. O tamanho ficou na altura do meu queixo, e fiz questão de colorir com a cor rosa novamente, minha marca é claro. Papai deu sua opinião, dizendo para manter a cor loira, mas uma coisa era eu segurar a minha onda para não o magoar, e outra era opinar meu cabelo. Ninguém opina no meu cabelo.

Depois do cabelereiro, andamos mais um pouco no shopping e almoçamos num dos restaurantes chiques. O ruim dessas pessoas ricas eram as frescuras do tamanho do mundo, e não era diferente naquele restaurante, eu já estava de saco cheiro dessas regras todas sobre talheres, prato inicial e prato principal. E sinceramente, eu preferia a comida da minha mãe.

Quando cheguei em casa me soquei naquele quarto ridículo e me joguei na cama – pelo menos o colchão era maravilhoso e a cama espaçosa -, mas não antes de jogar o resto daquelas bonecas assustadoras para debaixo da cama. Dormi o resto da tarde toda e acordei quando já era noite.

Entediada dentro daquela droga de quarto apenas de calcinha e sutiã estava procurando naquele closet – nunca pensei que iria ter um closet – o que vestir. O som de Make Room do My Chemical Romance tocava alto naquele cômodo, estremecendo qualquer objeto de enfeite em cima dos móveis. Dane-se se eu estava incomodando, já estava puta com tudo aquilo e louca para voltar para casa. Eu cantava junto com a voz do Gerard Way enquanto deixava minha marca de bagunça naquele closet que também era cor-de-rosa:

 

Make room! Make room!

(Abra Caminho! Abra Caminho!)

Down on the coffin there's a coffin or two,

(Abaixo a tumba há um ou dois caixões,)

Dead chick, so cool

(Garota Morta, tão legal)

The cannibals are starving

(Os canibais estão morrendo de fome)

 

Agarrei uma regata branca do Evanescence, uma calça preta rasgada nos joelhos, uma jaqueta de couro e os Converse preto de cano nos pés.

 

When they're looking at you

(Quando eles estão olhando para você)

Tank tops, jet stream,

(De tanque cheio, correntes de jato,)

Karate lessons with a killing machine

(Aulas de Karatê com uma máquina de matar)

White lines, nose bleeds

(Faixas Brancas, Hemorragia nasal)

I know you get excited when

(Eu sei que você se anima quando)

The cameras go ra-ta-ta-ta-ta

(As cameras vão ra-ta-ta-ta-ta)

 

Delineei meus olhos com lápis preto e dei uma bagunçada em meus cabelos curtos e rosas e gostei do resultado final, bem Rock’ n Roll. Eu não sei por que gente rica se arrumava para poder comer, fala sério, estávamos em casa e não havia mais ninguém, além de uma dúzia de empregados que nem iria reparar, eu acho. Quanto mais ricos, mais frescura tinham.

 

Me, you and all of these living dead

(Eu, você e todos esses mortos vivos)

Burning up in the sun where the party's at

(Queimando no sol onde é a festa)

Sitting here with the kill in misery

(Sentado com a matança e a miséria)

Anybody gonna come and rescue me?

(Alguém vai vir e me salvar?)

Alright...

(Tudo bem...)

 

Quando a música iria entrar na segunda parte, bateram na porta do meu quarto – lê-se; esmurram - e automaticamente eu abaixei o volume da caixinha de som bluetooth e fui atender a porta, dando de cara com a mesma empregada que me guiou ontem pela casa. Acho que o nome dela era Guren, não lembro, mas ela era bem legal.

— Senhorita, seu pai e a senhora Tsunade lhe esperam na sala de jantar.

— Tá bom... err, eu já estou descendo.

Ela apenas assentiu, educada e foi embora e eu fechei a porta do quarto com o pé. Desliguei a caixinha de som e peguei meu celular que estava em cima daquela cama. Esses dias haviam sido tão cheios que eu mal tinha tempo de mexer no celular. E minha nossa, havia muitas mensagens dos meninos e algumas ligações, só do Sasuke havia cinco perdidas.

Havia falado com ele no dia que vim para casa com papai, dizendo que iria passar uns dias com o coroa, mas depois disso perdemos o contato e a culpa era minha, em partes. Tentei ligar para ele, mas só dava na caixa postal, insisti umas duas vezes antes de desistir.

O que será que ele estava fazendo?

Desci para jantar e quando cheguei tanto papai como a Tsunade estavam sentados em seus lugares na mesa, me esperando. A mulher peituda vestida com roupas brancas de costume ergueu as sobrancelhas para cima. Eu já havia notado que ela só me aturava ali por causa de papai, mas pouco me importava, não fui muito com a cara dela também.

— Nossa... – ela própria se interrompeu, os olhos em meu cabelo mais curto e mais rosa.

Sorri falsamente e balancei minha cabeça para os lados para movimentar meus cabelos.

— E aí, gostou? Realcei mais a cor.

— Quando Kizashi disse que você tinha ido ao cabelereiro pensei que iria trazer sua cor para o original.

Minha cara se retorceu numa careta e me sentei na cadeira, de frente para ela.

— Nem morta faria isso. Detesto gente loira... – e quando dei por mim eu já havia falado, notando que meu comentário afetava diretamente aquela mulher, já que seus cabelos eram compridos e de um loiro claríssimo. – O papai, gostou da cor.

— Combina com a cor verde dos olhos dela, querida. – Papai tentou apaziguar o clima estranho que ficou no ar, me olhando de um jeito repreendedor.

Ah, velho, já estou aturando por demais essa vida perfeitinha de gente rica e engolindo seu péssimo gosto por decorar aquele quarto.

— Sakura tem um gosto bem excêntrico.

— Deu para perceber – ela murmurou, desviando os olhos de mim.

Os empregados começaram a nos servir e, minha nossa, que miséria era essa no meu prato? Sério mesmo que pessoas ricas que tem tanto dinheiro só comem essa pequena porção minúscula de comida que mal dá para entrar no buraco do dente? Não era atoa que eles são ricos, guardam todo o dinheiro que é para gastar com comida. E por falar em comida, já fazia dois dias que eu não enchia minha barriga para valer, só não passava fome de verdade por que faço uma boquinha na cozinha todas as noites antes de dormir.

Quando estava quase terminando de comer minha refeição meu celular que estava em cima da mesa começou a tocar. Era uma mensagem do Sasuke.

 -

Quero falar com vc.

Revirei os olhos e comecei a digitar a resposta.

Agora que vc me responde?

Aonde estava?

— Sakura, nada de celular na hora das refeições, já falamos sobre isso. – Papai havia me reprendido, o cenho levemente franzido.

— Foi mal – e coloquei o celular em meu colo.

E o mordomo adentrou a sala de jantar de repente.

— Senhor, tem um garoto querendo ver a senhorita Sakura.

— Garoto? – Perguntou a minha madrasta peituda, curiosa.

— Ele disse que é afilhado do senhor – respondeu o mordomo, fitando papai.

— Sasuke – disse, já ficando de pé e saindo com passos rápidos da sala de jantar.

Podia sentir que meu coração acelerava a cada passo que eu dava em direção aonde possivelmente ele poderia estar, e quando o vi parado no meio da sala de estar observando distraidamente todo o local luxuoso, um frio circulou meu estômago.

Usava jeans escuro, uma camiseta cinza com uma estampa de uma caveira em linhas pretas e uma jaqueta preta por cima com as mangas arreganhadas até a metade dos braços deixando à mostra o relógio num braço e uma pulseira de couro na outra – que eu peguei emprestado uns cinco meses atrás e que ele quase me estrangulou quando deu por falta. Usava também uma touca preta na cabeça e converse nos pés.

— Sasuke – chamei sua atenção, fazendo-o virar seu corpo em minha direção e seus olhos quando me fitaram arregalaram consideravelmente.

— Sakura! – Sua expressão era quase que incrédula, me fitando de cima a baixo, parando os olhos em meus cabelos.

— O que faz aqui? – Perguntei, parando a sua frente, suprimindo aquela sensação feminina de orgulho por tê-lo deixado embasbacado com a minha imagem.

Seus olhos fitaram os meus e automaticamente prendi a respiração, o infeliz estava lindo de morrer.

— Eu...

Ele havia sido interrompido com a voz de papai que havia surgido ao lado da minha madrasta peituda:

— Sasuke, olha quanto tempo.

Ele desvirou os olhos de mim para meu pai que parou a nossa frente.

— Padrinho – e apertou a mão estendida de papai. – Faz muito tempo mesmo.

— Você cresceu, rapaz, está maior do que eu.

— Boa noite – minha madrasta o saudou com aquela simpatia dela, e o olhando de cima a baixo.

Revirei os olhos e papai logo se apressou em fazer as apresentações:

— Ah, querida, esse é Sasuke, meu afilhado. Sasuke essa é a minha esposa Tsunade, madrasta da Sakura.

— Prazer, senhora. – Sasuke a cumprimentou educadamente com um aceno de cabeça.

— O prazer é todo meu – e depois sorriu. – Você é muito bonito, Sasuke.

— Obrigado.

E logo fui alvo de seus olhos castanhos avaliadores.

— É seu namorado?

— Ah... – o que eu digo? Sasuke e eu nunca decretamos nada, apenas ficamos e só, e foi. E além do mais estávamos no lance as escondidas, nem minha mãe sabia. – Ele...

— Eles são simplesmente amigos – disse papai inocente para a minha salvação. – Foram criados juntos, são praticamente irmãos.

Irmãos?

Eu tive que morder o lábio para não soltar uma gargalhada com a baboseira que papai estava dizendo, e Sasuke apenas coçou o pescoço desviando os olhos para o lado.

Na moral, meu pai era um cara muito sem noção.

— Para falar a verdade – ele continuou -, eles são três. E o Naruto?

— Está bem.

— Hm.

— Mas mesmo assim vocês se combinam, fazem um belo casal.

Sabe aqueles comentários desnecessários que as pessoas fazem para te deixar numa saia justa? Então, o comentário da minha madrasta era totalmente desnecessário, e eu sabia que seu olhar avaliador de cobra havia captado algo entre mim e Sasuke. Não é à toa que madrasta leva o nome de má logo nas iniciais, a peste estava colocando o veneno para fora.

— Querida, a Sakura é uma menina ainda – e novamente papai bancando o inocente. – Ela não pensa em namorados, não é filhinha?

— Claro, eu não penso nessas coisas não – respondi, com a atenção toda naquela peituda venenosa. E meu cinismo era digno de um Óscar.

Hollywood aí vou eu.

Em seguida o celular do meu pai começou a tocar, ele apenas tirou de dentro do bolso do blazer e olhou o display.

— Com licença, crianças, preciso atender essa ligação – ele disse antes de se afastar, sumindo nos interiores daquela mansão.

O silêncio se formou entre nós três, e quem quebrou foi a cascavel peituda:

— Então, o que traz você aqui, Sasuke?

— Creio que isso não seja da sua conta, madrasta – eu disse, já agarrando o pulso de Sasuke e o rebocando em direção as escadas. – Vamos lá para o meu quarto.

— Mantenha a porta aberta, querida.

Na moral, minha mão coçou para levantar o dedo do meio para aquela mulher.

Como eu detesto madrastas.

Subimos as escadas e no meio delas Sasuke puxou seu pulso de meu agarre e entrelaçou nossos dedos, e aquele pequeno gesto havia me desconcertado e deixado meu interior numa verdadeira bagunça.

— O padrinho não tem ideia da filha que tem – ele disse próximo ao meu ouvido, causando arrepios na nuca. – Uma verdadeira diabinha.

Soltei uma pequena risada sarcástica e o fitei de lado, ignorando as sensações turbulentas que ele me fazia sentir.

— Como se você fosse algum tipo de santo do pau oco.

— Santo nunca fui.

— Eu sei - e revirei os olhos. – E parece que a mulher do meu pai gostou de você.

— Está com ciúmes?

Soltei a sua mão quando chegamos no andar de cima e entramos no corredor.

— Eu com ciúmes daquela velha? – E parei, voltando todo o meu corpo para a sua frente. – Fala sério.

O sorriso nojento que estava em sua boca começava a me irritar.

— Ela não é de se jogar fora, tem uma ótima – e fez um movimento com as mãos em volta de seu peito.

E aquilo foi a gota d’água para mim. O empurrei com minhas duas mãos, fazendo-o dar uns dois passos para trás.

— Então vai lá para perto dela, quem sabe ela não curte um maternal.

E dei as costas para aquele idiota e quando comecei a dar os primeiros passos, ele agarrou a minhas mãos e me puxou, fazendo-me virar automaticamente para sua frente e minha boca se chocar com a dele em seguida. No começo eu comecei a me debater em seus braços que me apertava com mais força, mas a saudade que eu senti daquele quengo havia ganhado a minha raiva, acabei retribuindo aquele beijo. Agarrava seu pescoço, o puxando para mim enquanto sentia sua língua na minha.

Eu realmente estava lascada, pois meus sentimentos por aquele garoto estavam crescendo de um jeito que eu não conseguia controlar. Eu tinha medo e receios de me entregar por completo e perceber que tudo não passou de uma ilusão. Não queria ter um choque de decepção por pensar que nós estávamos na mesma vibe, mas na verdade era só eu. Não quero fingir para todos que estava tudo bem depois de nosso rolo não ter dado certo como aconteceu quando perdi minha virgindade. Nem ao menos o rosto do cara eu me lembrava. Na verdade, eu não me lembrava de nada, só o fato de ter acordado pelada numa cama de casal na casa de Kimimaru. E por mais que eu agisse como se aquilo não fosse nada, e menosprezasse aquele detalhe importante, lá no fundo eu me importava, por que eu era uma garota, e queria que a minha primeira vez fosse com alguém que eu gostasse de verdade, não com um qualquer.

Mas em fim, não podia mudar o passado e a vida que segue, assim como a lição que levaria para toda a vida e evitar de cometer os mesmos erros.

— Sabe que só estou brincando com você, nervosinha. – Sasuke murmurou contra a minha boca.

Mordi o seu queixo como resposta.

— Você é um idiota – disse dando o último beijo estralado, e Sasuke tentou aprofundar, mas fui rápida em desviar.

— Não sei o que caralhos está fazendo comigo, mas senti uma puta falta de você.

Aquela declaração havia feito meu coração acelerar nas batidas enquanto sentia sua boca em meu pescoço, minhas mãos em seus cabeços e meus olhos fechados desfrutando daquelas sensações gostosas.

— Eu sei que você não vive sem mim.

— Convencida – e me beijou a boca mais uma vez. – Está diferente.

Sorri me afastando de seus braços, dando alguns passos para trás.

— Isso é o que acontece quando se tem um pai “rico” que se lembrou de repente que tem uma filha.

Ele apenas arqueou as sobrancelhas.

— Não parece mais uma sem teto, mas a língua venenosa continua.

— Adoro – sorri. – Vamos.

Sasuke me seguiu até o meu quarto e quando abri a porta, mostrando a aberração cor-de-rosa que estava vivendo, seus pés colaram no chão, observando tudo com uma careta no rosto.

— Puta que pariu...

— Eu sei – fui logo cortando, passando por ele e entrando naquela droga de quarto -, sem piadas ou eu te mato com aquele travesseiro da Hello Kitty.

Ele desviou seus olhos para mim e arqueou as sobrancelhas adentrando mais o quarto e fechando a porta.

— Quero ver você tentar.

— Não me desafie por que sabe que eu faço.

— Que merda, acho que estou com pena de você – e pegou a boneca Hello Kitty que estava no chão, soltando uma risada debochada. – Se Naruto ver isso, você será zoada até a quinta geração.

— E você não vai contar nada para ele – apontei o dedo em sua direção. – Meu pai esqueceu os meus gostos, acha que eu tenho cinco anos. Porra, nem quando tinha cinco anos quis ter um quarto assim, fala sério.

Sasuke se jogou na minha cama, folgado.

— Pelo menos a cama é boa.

— A única coisa boa aqui – e subi de joelhos na cama, e debrucei sobre ele, minhas mãos espalmadas em seus ombros -, mas isso não me livra dos pesadelos.

— Já está querendo me tarar? – Ele me olhava com malícia, sua mão subindo por minha coxa.

Quem estava me tarando era ele, safado.

— Idiota – fitava seus olhos negros que me olhavam de volta, e a droga do meu coração não parava de bater rápido. – Mas me ajuda a meter o pé daqui, estou pirando nessa casa.

Sasuke ergueu as sobrancelhas.

— Por que simplesmente não vai embora, isso nunca te impediu.

Suspirei, caindo ao seu lado na cama, fitando o teto.

— Por que não é tão simples. Meu pai está sendo legal comigo desde que vim para cá, mas eu sinto que estou sendo vigiada – e virei meu rosto para ele. – Você já viu os seguranças lá no portão?

— Quase não consegui entrar aqui.

— Meu pai me mima de todas as formas, mas ele não me deixa sair sozinha se não acompanhada e isso está acabando comigo. Odeio me sentir presa, é sufocante.

— Não sei o que você pretende fazer, mas hoje temos um show.

Franzi o cenho e me virei de lado, de frente para ele.

— Show?

— Te liguei várias vezes para te avisar, mas você não atendeu – e virou para minha frente também, a mão em meu quadril.

— Estava no silencioso, passei o dia todo fora de casa com meu pai.

— Vamos tocar no Luminous Bar daqui – e olhou o seu relógio – a meia hora. Merda, se não sairmos agora, o pessoal vai ficar bolado.

Saímos da cama ao mesmo tempo que meu pai abria a porta do meu quarto e olhava para nós com o cenho franzido.

— Por que você está com a porta fechada? – Ele perguntou, me fitando ora para mim, ora para Sasuke.

— Acabei esquecendo – sorri amarelo -, força do hábito. Pai, eu vou sair com o Sasuke, tá?

Suas sobrancelhas franziram mais.

— Sair a essa hora?

— Padrinho, temos uma banda e vamos tocar hoje.

— A Sakura disse que tem uma banda – e em seguida me fitou. – Mas já está tarde para ficarem na rua.

— Fala sério, pai, eu sempre saí a noite, minha mãe nunca me proibiu.

— É por isso que você está rebelde desse jeito – ele retrucou, a voz soando fria e cortante.

Cadê o pai amoroso de minutos atrás?

Eu o olhava incrédula.

— Vai me proibir de sair?

Papai aproximou mais de mim, me olhando com seriedade.

— Você pensa que esse tempo que passei afastado, eu não procurava saber o que anda acontecendo com você? Eu sei de tudo, das notas baixas até as detenções por desrespeitar os professores e diretores do colégio. Sua mãe não está tendo o pulso firme em educá-la...

— Não fala assim da minha mãe! – Gritei, apontando o dedo para ele, puta da vida com aquele velho. – A culpada aqui sou eu. Minha mãe faz tudo para me pôr na linha, mas eu sempre escapo. Ela é uma mãe maravilhosa que está sempre comigo, não um pai ausente que some do nada e aparece de reprende me comprando de presentes para tampar o buraco de sua ausência.

— Olha o tom que está falando comigo, menina – ele também alterou a voz, abaixando o meu dedo. – Eu sou o seu pai, e você me deve respeito.

— Respeito – sorri, incrédula. – Respeito se conquista, não se compra.

Aquilo pareceu calá-lo por alguns segundos, me fitando com os olhos apertados. Já havia aturado por demais, tentado ignorar a sua ausência e lhe dar uma chance. Eu não iria admitir que ele falasse mal da minha mãe que sempre batalhou duro para terminar de me criar sozinha, enquanto ele estava no bem bom com aquela mulher rica. Não iria ficar calada, não mesmo

Em seguida papai desviou sua atenção para Sasuke que estava um pouco afastando, observando calado toda a nossa briga.

— A Sakura não vai sair à noite, Sasuke. Se quiser ficar para fazer companhia, fique à vontade, a casa é sua, mas sair à noite não.

— Você não pode me proibir de sair! – Retruquei, sentindo todo os meus poros em tempo de explodir.

Kizashi me olhou ainda sério.

— Posso e vou fazer por que sou o seu pai, e enquanto estiver sob esse teto terá que me obedecer.

— Eu trago a Sakura para casa depois do show, padrinho, dou minha palavra – disse Sasuke, tentando arrumar uma solução.

— A resposta fica sendo não – ele disse o fitando, e novamente o celular tocou.

Ele pegou de dentro do blazer e atendeu, dando uma última olhada na gente antes de sair do meu quarto.

Bufei, puxando os meus cabelos, engolindo um grito irritado.

— Ai que raiva – bati o pé. - Eu não acredito que ele está fazendo isso comigo.

— O que você vai fazer? – Sasuke perguntou, se aproximando de mim.

Soltei os meus cabelos e respirei fundo, tentando me acalmar. Ergui meus olhos para ele.

— O que eu deveria ter feito a muito tempo – e ele ergueu as sobrancelhas, e concluí sorrindo sarcasticamente: - Vou fugir.


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Notas finais do capítulo

Sakura vai fugir, já era de se espera, não é?
E essa madrasta?
E o pai? Depois de mimar, está puxando a corda da Sakura.

Música do capítulo é Make Room do My Chemical Romance - https://www.youtube.com/watch?v=jq0GmUaJM-w

Espero que tenham gostado e nos vemos semana que vem, a história está na reta final, e adianto que tem segunda temporada.



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