Scream - Survival 2 escrita por The Horror Guy


Capítulo 28
Fright Night - Part 3


Notas iniciais do capítulo

Hora do grupo de reunir. O que eles deem fazer? Qual estratégia devem usar? E melhor.. em quem podem confiar? Bem vindo de volta à finale de "Scream - Survival 2"



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—Ed, o que foi?... -Perguntou Kirstin confusa ao sair do banheiro, dando de frente com uma cena inesperada.

Batidas no que pareciam ser numa superfície de madeira levaram sua atenção até um canto do quarto, onde o rapaz retirava com ferocidade todas as coisas presentes numa gaveta do criado mudo de Claire, jogando tudo para o alto de uma vez só. Papéis, batons, colares, anéis, todo tipo de tralha que a Menina guardava naquela bagunça generalizada espalhavam-se pelo chão do quarto ao serem arremessadas.

Kirstin se aproximou com certa desconfiança. Não tinha visto ainda essa característica "Hiper-Ativa" do menino. E Focado do modo como estava, pareceu nem perceber a presença dela e sua estranheza.

Jogou o último objeto restante para trás, por cima dos ombros fitando uma gaveta vazia e escancarada.

—Ed?... -Perguntou ela de novo, hesitando em se aproximar.

A resposta veio na forma de um olhar seco e intenso, quando ele voltou sua atenção a ela sem dizer nada. Agarrando o pequeno e circular puxador da gaveta, trazendo-a a si de modo raivoso. Arrancou a mesma do criado mudo num ato só, quase fazendo o móvel tombar deixando-o balançar por alguns segundos.

Pareceu respirar fundo, preparando-se para algo, o que deixou Kirstin aflita encarando-o de modo preocupada.

—O Que vai fazer?..

Já Segurava a gaveta vazia contra o peito feito um escudo, e palavras finalmente surgiram quando passou a caminhar rápido em passos largos em direção à garota, que se afastou por puro reflexo estremecendo a voz:

—Edward, o que foi?!!
—O Assassino está aqui. Começou. -Respondeu sério passando direto por ela lhe dando uma olhada intensa.

Kirstin ficou imóvel, o medo voltou a bater contra seu ser lhe deixando sem ter o que dizer vendo-o se afastar depressa rumo à saída do quarto, por onde abrira a porta com pressa deixando-a se escancarar desaparecendo corredor à fora.

—Espere!! -Exclamou correndo na mesma direção.

Edward tinha que começar a seguir os passos do "Plano" e ao mesmo tempo nada o pararia até que encontrasse Claire e tivesse a certeza de que ela está bem. Segurando a gaveta com apenas uma das mãos, correu como louco na reta daquele corredor estreito. Determinado como um soldado, passou a golpear as portas com a gaveta uma a uma conforme passava por elas. Seu braço se balançou de um lado para o outro conforme o pesado objeto ia dando as pancadas nas portas de ambas as extremidades do corredor. E sem parar seu ritmo, se aproximava do "Final" sendo acompanhado pelos passos de Kirstin que se esforçou a acompanhá-lo completamente assustada.

Uma a uma, as portas se abriram, como se tivessem entendido o recado. Quinn surgiu de dentro de um dos quartos, olhando em volta temerosa por conta do barulho pois sabia o que isso significava. Estava acontecendo! Esse era o sinal!

E no quarto em frente, Kenny apareceu surgindo de trás da porta igualmente curioso e assustado, procurando pelo autor do barulho. Ele e Quinn trocaram olhares aterrorizantemente desacreditados, mas o vulto de Kirstin que passara correndo diante deles os distraiu, levando seus focos ao final do corredor por onde a menina seguia em velocidade assustadora.

—É agora?... -Questionou Quinn de frente a cara pálida de Kenny, que não conseguiu responder.

Notou como uma certa vermelhidão existia em seus olhos, com olheiras bem visíveis ele parecia não ter dormido por um longo tempo. E o modo como coçou o nariz freneticamente aspirando o ar de modo irregular a deixaram ainda mais tensa.

—Vamos.. -Disse ela passando a correr na direção de Kirstin, que já estava até um pouco distante no momento.

Kenny acenou positivamente com a cabeça meio trêmulo. Algo estava errado. Mas ele assim o fez, seguindo-a sem responder.

Edward já havia parado diante de uma vidraça no fim da reta, onde a única direção a seguir era para a direita e nada mais. Permaneceu parado com a gaveta em mãos observando os que se aproximavam em corrida aflita. Kirstin, claro o alcançou primeiro desesperada já envolvendo suas mãos em seu rosto como se tentasse contê-lo ou segurá-lo de alguma forma.

—Edward, o que tá acontecendo?!

Ele parecia um pouco avoado, a fitava mas parecia não a ver diante de si, desviou seu olhar da garota levantando a cabeça, e usando sua altura avantajada para ver por cima dela, Kenny e Quinn os alcançando enfim, freando os passos e encarando-o com grandes interrogações no rosto.

—Começou gente... -Disse ele de modo distante.
—Olha para mim, olha pra mim!! -Kirstin sacudiu levemente o seu rosto a fim de trazê-lo de volta a realidade ou algo assim. -Cadê a Claire? Por que você tá desse jeito?!
—Ela está com a Rachel.. as duas foram perseguidas..
—Oh meu Deus! -Quinn tampou a boca ameaçando um choro. -Onde elas estão?!
—No prédio, estão vindo pra cá! E o assassino também..
—O quê?! - Exclamou Kirstin retirando as mãos dele.
—Oh, merda!!! -Berrou o garoto pálido dando um soco na parede. -Estamos mortos! Mortos! Eu não acredito que elas estão trazendo o carniceiro com elas!
—Do que você tá falando? -Ed levantou a voz com uma certa raiva. Kenny estava exageradamente ativo e assustado, nem se importou com a dor que devia ter sentido na mão após o soco no concreto, fitou a todos com uma ira anormal enquanto palavras atropeladas saíam de sua boca.

—Isso é uma merda! Temos que sair daqui agora!
—Nós não vamos a lugar algum sem a Rachel!! - Quinn já entregou ao choro, batendo o pé com firmeza em resposta ao garoto pálido.
—Acorda, idiota! Assim que elas chegarem, vão trazer a aberração mascarada com elas! Esse é o nosso fim! Foda-se a Claire! A Gente tem que dar o fora!
—Hey, Hey! -Ed tacou a gaveta no chão fazendo um grande baque, que provocou um leve susto no restante do grupo. -Kenny, fica frio! O que há de errado com você?!
—Comigo? O que há de errado com vocês, palermas?! -Berrou sacudindo os braços e gesticulando de forma cartunesca apontando o dedo a todos. Ele tremia inexplicavelmente. Era assustador até certo ponto.
—Cala essa boca.. cala essa boca agora! -Ed afastou Kirstin de si gentilmente passando a ir na direção dele. Aproximou-se com cautela, porém, confiante.

Levando consigo um tom ameaçador, Graim o encarou de cima, fazendo o pálido e desesperado Kenny se encolher contra a parede:

—Se afaste! -Implorou com olhos cheios d'água.
—Ou o quê?.. o que você vai fazer?
—Estou avisando! -Protestou em tom choroso, fechando os olhos como se temesse Edward. E ainda, continuava com seus estranhos tremeliques.
—Kenny.. o que você fez?
—Eu não fiz nada...
—O que você fez, Kenny?! -Levantou mais a voz.
—EU NÃO FIZ NADAA!! -Gritou em lágrimas mostrando os dentes quando os primeiros soluços de choro lhe surgiram.

Ed o encarava de perto, quase colando o rosto no garoto exigindo uma resposta sincera. E então, entre a vermelhidão dos seus olhos que se abriram por um instante para averiguar se o menino de cabelos nos ombros ainda o intimidava, ele notou algo errado. Estavam escuros demais, enormes feito duas azeitonas pretas. A pele um tanto pálida.. os tremeliques.. entregaram. Edward suspirou de raiva desacreditado enquanto Kenny parecia querer se proteger dentro de uma concha ou retornar a posição fetal que um dia assumiu.

Afastou-se dele por um momento, fingindo livrá-lo de sua ira. Gemidos aflitos apareceram do Rockeiro que abrira os olhos investigando o ambiente a sua volta, percebendo que não estava mais diante de um Edward maior e mais forte que si.

Sorriu de um jeito meio bobo cerrando os punhos contendo algo dentro de si. E assim que seus gemidos de alívio começaram a surgir, veio a surpresa! Num baque, fora pressionado contra a parede, de modo que sentiu como se fosse afundar na mesma. Não conseguiu respirar ou falar, apenas uma rouquidão seca saía de sua garganta enquanto tentava fazê-lo. Era o braço de Ed posicionado contra seu pescoço, e a outra mão o segurava pelo peito, mantendo-o firmemente contra a parede impedindo que escapasse.

Graim grudou em Kenny com brutalidade, e Quinn logo temeu pela situação:

—Meninos! Meninos, parem!!
—Ed, que isso?! Que foi?! -Indagou Kirstin sem saber o que fazer.
—Eu não acredito que fez isso, Kenny! -Exclamou Graim lhe cobrando algo.
—O quê, cara?... Ha... Há.. Você pirou?! -Disse com uma voz contorcida e esforçada, ficando um pouco vermelho com o aperto no pescoço.
—Olha pra mim! -Exigiu ele, e a resposta veio com os olhos pretos se fechando, se negando a lhe dar o que demandava. -Kenny, eu falo sério! Olha pra mim agora, caralho!!

E entre lutas para pegar fôlego e bochechas que se inflavam na esperança de trazer e soltar oxigênio, ele cedeu, fitando Edward diretamente nos olhos com ódio claro como cristal.

Encarando seus globos negros imensos, os analisava com cautela provando sua certeza. E como se não bastasse, um filete vermelho de sangue escorreu sutilmente de dentro de uma das narinas de Kenny. Quinn se assustou:

—Por favor!! Pare!!! Está machucando ele!
—Ed!! -Insistiu Kirstin.
—Ok, ok, ok!! -Soltou o garoto afastando-se rapidamente do mesmo.

O Rockeiro tossiu fortemente, passando as mãos no pescoço de forma aliviada, limpando o nariz com a manga da blusa, da qual também usava para esconder a tosse agonizante. Após limpar, deu uma boa olhada preocupada na mancha vermelha impregnada na manga, e entendeu o porque da reação extrema de Ed. Tentou limpar sua barra em vão:

—Ed, me escuta... eu.. eu não...
—Você cheirou!.. De novo?! Qual é... que merda, Kenny!
—Me desculpe!! -Implorou aos choros em meio a mais uma tosse aguda.
—"Desculpe"? É isso o que você diz?! Porra.. olha a situação.. -Reclamou decepcionado. -Não sabemos se Claire e Rachel estão bem.. o assassino pode aparecer a qualquer minuto. Eu digo pra vocês entrarem nos quartos aqui desse andar pra que a gente fique próximo e possa avisar um ao outro se algo acontecer... estou eu lá, mega preocupado porque praticamente recebemos uma sentença de morte pra esta noite e você estava lá no bem bom cheirando cocaína como se nada tivesse acontecendo?! Isso é desaforo!
—Eu.. eu tenho meus problemas!!
—AH, não! Não.. você não vai fazer isso agora! Se vier dar uma de coitado pra cima de mim tá fodido, Kenny. Jesus! Cara, não conhece as regras do terror?! Tu já escapou uma vez... não vai ter uma segunda!
—Meninos, parem!!! -Berrou Quinn. -Por favor.. eu.. eu não aguento. Eu não aguento... -Levou as mãos aos ouvidos querendo se distanciar da dura realidade. O medo, a preocupação com Rachel e Claire, lhe consumiram ao máximo.
—Ela tá certa... temos coisas mais importantes agora. -Kirstin lhe tocou gentilmente o ombro, descendo o gesto por sua cintura do qual o segurou de forma leve e acolhida, na tentativa de atraí-lo e encerrar a confusão. Pareceu funcionar, pois Ed se pôs ao seu lado deixando ser recebido por seu abraço de conforto rapidinho. Mas ainda sim, demonstrava indignação:

—De todas as noites pra ele ter uma recaída.. tinha que ser agora?..
—Mas, qual o problema exatamente? -Questionou ela, tentando alcançar uma das suas mãos afim de segurá-la com firmeza.
—O problema.. é Claire... -Desabafou como se isso significasse o fim do mundo.

Kirstin ao que pareceu, não gostou muito do comentário. Sentiu-se ameaçada com o tom de Ed, desistindo de sua investida de segurar sua mão.

—Co.. como assim?.. do que você tá falando?..

E ele continuou a falar como se o mundo caísse sobre seus ombros.

—Claire, teve uma proposta.
—Que tipo de proposta? -O Tom tenso na voz de Kirstin se intensificou. Estaria ele declarando seu "amor" por ela? "Deus, eu devia saber! Como vou competir com a capeta que passou a vida inteira com ele?!"
—O Assassino.. -Prosseguiu Edward. -Tentou uma barganha. Ele disse para Claire ficar.. e lutar. Sozinha. Sem nenhum de nós. Mas ela negou.. então.. ele jurou matar cada um de nós. Esse é o jogo. Agora, se vocês não subverterem as regras do terror.. suas chances de saírem vivos daqui esta noite são mínimas. Ele vai vir com tudo pra cima da gente.
—Ah.. então é isso?.. -Suspirou Kirstin levemente aliviada, mas sem dar muito na cara. "Graças a Deus ele não é apaixonado por ela".
—E caso não saibam.. nessas situações.. quem faz sexo.. ou usa drogas.. ganha de presente uma sentença de morte imediata. -Falou olhando diretamente para Kenny. -Ele já quebrou uma regra.. e só Deus sabe o porque saiu vivo dali. Se o assassino perceber que ele usou alguma coisa.. Será a primeira pessoa de quem irá atrás. A menos é claro, que esteja envolvido nisso.

Kenny finalmente entendeu a maré, ou melhor, Tsunami de má sorte que caíra por cima de sua cabeça. Era visto como duas coisas: Um alvo certo, e um suspeito. Como pode alguém quebrar as duas mais óbvias regras da sobrevivência ao terror e ainda estar de pé para contar enquanto tantos outros inocentes estavam a sete palmos do chão.

—Então, o que isso significa? Que ele vai ser o primeiro a morrer? O Assassino vai vir direto atrás dele e temos que manter distância dele senão vamos ficar no caminho e virar churrasco?! -Questionou Quinn limpando as lágrimas, recebendo um resposta nada amigável do garoto alterado. 
—Quer saber? Vai se foder garota! -.
—Sim e não. -Ed pegou na mão de Kirstin firmemente. -Significa que.. só poderemos confiar nele quando o assassino estiver morto. Ou quando ele estiver..
—Ah, cara vá a merda!! Você é um fodido, Graim! Você nem me conhece direito, quem pensa que é pra me julgar assim, hein palhaço?! Eu vou acabar com você! -Ameaçou lhe apontando o dedo.
—Vamos. -Graim deu comando para Kirstin e Quinn, dirigindo-se em frente puxando sua "Namorada" pela mão. Ela o acompanhou sem questionar, olhando torto para Kenny que soltava sua ira com as palavras e gestos obscenos.

Quinn mantinha-se abraçada a si mesma, como numa concha pessoal feita de medo e distanciamento da situação, e seguiu o casal na reta trajetória pelo corredor deixando Kenny para trás.

—Onde vocês vão?! Não podem me deixar aqui, seus merdas! Fui eu quem tentou avisar todo mundo sobre o que estava acontecendo! Como podem suspeitar de mim assim?!!!

Ninguém respondeu. O Som dos passos se afastando e aquelas costas que o ignoraram foram tudo o que bastou para que ele ficasse calado em seguida, envergonhado e furioso. O Trio afastava-se normalmente como se ele não existisse.. como se suas palavras fossem mudas e não dignas de sua atenção. O Rockeiro esfregou os olhos ardidos de lágrimas ácidas dando uma fungada, coçando a ponta do nariz como costumava fazer em seus dias de glória no Pó. Dias esses que retornaram no momento mais inapropriado o possível. Praguejou ao céus esmurrando o ar:

—Porra! -E sem ter escolha, seguiu os três indo na direção deles, calado.

Seguiram em silêncio por um trecho da reta estreita.

O Casal ia na frente, com Edward tomando a liderança 100% atento guiando Kirstin que embora estava de mãos dadas com ele, mantinha-se um passo atrás, vendo tudo por cima de seus ombros largos, carregando medo e curiosidade consigo torcendo para que Edward fosse sua fortaleza naquele momento.

Quinn os acompanhava cabisbaixa, segurando os próprios braços de ombros contidos, olhando em volta prestando atenção em tudo com sua respiração aflita. A Garota temia a própria sombra.

E Kenny, com a atenção focada em mil coisas ao mesmo tempo ouvia com intenso desconforto as batidas aceleradas de seu coração por conta do efeito da droga. Sentia que estavam indo devagar demais, que tudo estava calmo demais. Sua Hiper-Atividade narcótica clamava por algum tipo de ação. Tinha que se concentrar em outras coisas na caminhada, ou teria um colapso nervoso. Observou um pouco mais a mancha de sangue já seca na manga da blusa. Levantou o pulso trazendo-o mais perto do rosto dando uma boa verificada. Imaginando se aquela seria a última quantidade de sangue a ser derramada de seu corpo esta noite.

No horizonte da claustrofobia com uma única direção a seguir, Ed observou com cautela o término daquela parte do corredor que se aproximava a cada passo. Uma área ampla os aguardava, como um "Lobby". Um recinto quadrado enorme feito uma sala de espera, porém, completamente vazia e desprovida de móveis apenas uma grande lâmpada no teto. À sua esquerda, as escadarias, que desciam em linha reta por um lance de mais ou menos uns 30 degraus, até chegarem a um patamar que mudava a direção da descida indo para o lado contrário desaparecendo sobre o chão do andar que pisavam, a mesma daria no Lobby do andar debaixo, igualzinho ao que estavam. Em sua frente, havia passagem do corredor que continuava apresentando mais portas de aposentos ambos os lados. Era idêntico. O local mais parecia um cruzamento, o Lobby interrompia o corredor apenas para começar de novo do outro lado.

O menino parou ao adentrar na área ampla, decidindo se levaria consigo todos para baixo, ou em frente... contornar o prédio por seus corredores ou descer direto? O grupo que o acompanhava nem questionou, pararam junto olhando para os lados esperando por uma decisão que viesse dele. Decisão essa que ele não conseguia tomar. Kirstin apertou levemente seu braço:

—Ed, que foi?
—Eu não sei pra onde ir.
—Não temos que esperar a Claire?...
—Sim.. essa é a questão. Não sabemos de onde ela vai surgir.
—Decidam rápido. -Falou Quinn, acoada logo atrás deles.
—Estou tentando pensar na melhor opção. -Edward rodeou o local com os olhos repetidas vezes sem exercer nenhuma ação. Quinn tornou a abrir a boca.
—Cadê aquela garota? A doidinha..?
—Lizzie? -Respondeu ele.
—Ela foi embora mais cedo. -Alegou Kirstin. -Eu ia com ela..
—Você devia ter ido com ela. -Disse Graim em tom de reprovação.
—Desculpe...
—Espera. Sou só eu ou alguém mais acha isso estranho? -Tornou Quinn. -Sério? Por que ela foi embora enquanto a gente fica aqui na Berlinda?
—Porque ela não tinha nada a ver com isso.
—E como você sabe, Edward?
—Poque o assassino nunca a ameaçou. Ninguém foi atrás da Lizzie. Ele talvez nem saiba quem é ela. E não seria justo manter ela aqui.
—Tá.. mas você não parou pra pensar que talvez.. o assassino não fosse assediar a si mesmo? Digo, é possível.. que o motivo dela não ter sido ameaçada em nenhuma ocasião seja porque ela está fazendo isso? Não pensou nisso, cacete?!
—É Claro que eu pensei!! -Exclamou querendo encerrar o assunto. -Mas é que também sei que o assassino é inteligente o bastante para remover todas as suspeitas de si mesmo. Da última vez, o "Assassino" levou uma flechada na perna e passou semanas numa cadeira de rodas. Até o dia em que a máscara caiu.. então, Não, Quinn. Não dá pra saber. Mas geralmente, quem mais tenta disfarçar.. é o culpado. Ou então, quem fica pondo a culpa nos outros....

Ela se calou aparentando estar ofendida com o comentário. Bufou segurando o nervoso fazendo gesto de negação com seu rosto coberto por lágrimas secas.

Pancadas abafadas e distantes chamaram-lhes a atenção. Vinham das escadas. Viraram-se vagarosa e tensamente aguardando o pior:

—Ai, caralho.. -Afastou-se Quinn lentamente.
—Ninguém se mexe! -Ordenou Edward, e a garota parou onde estava.

As batidas se intensificaram parecendo mais próximas. E em pouquíssimos segundo de tensão, vozes femininas surgiram conversando entre si. Ed sorriu de lado reconhecendo o tom cínico da Diaba encarando com fervor as escadas esperando por sua aparição conforme sua voz ficava cada vez mais nítida e próxima:

—Eu disse que tava tudo fodido! Foi o maior horror da minha vida o que eu passei naquela casa. E quando Amelie ficou presa no vão da parede, meu Deus.. quer chamar algo de tenso? Foi aquilo. Agora estou aqui, obrigada a enfrentar essa merda de novo!

Claire surgiu no patamar logo ali abaixo, sendo atacada imediatamente pelas encaradas arregaladas do quarteto paralisado.

—E aí, donzelas.. -Disse um pouco cansada olhando para cima, forçando-se a enfrentar os últimos degraus em direção ao grupo.
—Graças a Deus você está bem! -Suspirou Ed.
—Deus não tem nada a ver com isso. Batam palmas pra heroína aqui... -Estendeu o braço para trás olhando na direção de Rachel que agarrou-lhe a mão, aceitando sua ajuda para subir um pouco mais depressa. E assim que a goleira apareceu dobrando o patamar, Quinn esgoelou-se de emoção:

—Amiga!!!!!

Claire parou fazendo uma intensa cara de assustada, zombando da reação exagerada da menina que feito um Queniano, correu na direção das duas de braços abertos em lágrimas e com a bocarra aberta, ainda no "A" final do "Amiga!".

—Quinn!!! - Exclamou a morena enchendo-se de alegria expressando alívio.

Descera os degraus depressa e desordenadamente de encontro a "Best Friend" e Claire, soltou grosseiramente a mão de Rachel, puxando-a de volta a si como se a protegesse do toque da louca, que passou direto por si atingindo a Goleira com um abraço violento e atropelado.

—Amiga!!! Eu fiquei tão preocupada!!! -Choramingava em soluços no ombro de Rachel, que retribuía o desespero exagerado acenando positivamente com a cabeça se repetindo:
—Eu sei!! Eu sei!! -Fungava o nariz no meio do choro que seria hilário se não fosse trágico, uma se afundando no ombro da outra e comendo cabelo de graça no processo.

—Eu hein! -Afastou-se Ripley das duas, encolhendo os braços como se tivesse nojo de tocá-las ou algo assim, subindo as escadas de lado observando a cena com expressão de terror e desdenho. -E eu achava que morrer dava medo...
—Ha ha.. Você não muda! -Comentou Edward cruzando os braços diante dela.
—Eu sei. E é por isso que estou viva. Quer dizer.. no momento estou viva graças a Rachel! Ela me salvou, acredita nisso?
—O mundo dá voltas...
—É.. posso dizer o quê? Nunca vali um centavo mas Hey, ela também não. Então acho que quem se merece acaba se atraindo.
—Dois polos invertidos...
—Chega, Edward. Já perdeu a graça esses comentários.
—Que bom que está bem, Claire! -Sorriu Kirstin passando a mão de modo dramático no ombro de seu amado..
—É.. BEM? BEEEM eu não estou né. Estou naquelas. Viva, pelo menos.
—É, e descalça. O que houve? A perseguição foi tão horrível assim?
—Eu sei.. to parecendo uma mendiga.
—Ha! Vai, me pede um dólar!
—Vai para merda, Edward!
—É sério! Hahaha!!
—Eu vou te bater, eu juro.
—Tá, paro se me pedir um trocado.
—Uma das coisas que sempre admirei em você, é sua capacidade de fazer humor em horas inapropriadas. Mas por favor, voltemos ao "Nós vamos morrer". Pois A única coisa que eu vou querer trocar são satisfações, meu querido. Ah, falando nisso cadê o Paul?
—Ele não estava com você? - Perguntou Edward, confuso.
—Você comeu cocô? O que eu estaria fazendo com o Paul? Não era pra ele estar aqui com vocês?
—Ah.. da última vez que eu vi o Paul, ele estava indo te encontrar. Na sala do Heitor, se não me engano.
—Pera aí. Tá brincando? Ele não apareceu lá. Tem certeza?
—Absoluta.. -Respondeu baixinho e pensativo.

E a reação foi imediata. Logo, Todos os olhos se cerraram numa interrogação infame de rostos que trocavam questionamentos. Rachel saía do abraço com Quinn após ter escutado o final da conversa estando ali ainda na escada. Ergueu sua curiosidade:

—O que isso quer dizer?

Claire tinha a resposta:

—Que a menos que ele tenha uma boa desculpa.. deve ser considerado altamente perigoso.
—Eu disse! -Retrucou Kenny. -Não sou eu!! -Sacudiu as mãos no ar como se comemorasse. Aquilo pareceu estranho e fora de lugar, bizarro pra falar a verdade, arrancando da Diaba um questionamento discreto com Ed:
—O que ele tem? Enlouqueceu?
—Não, Claire. Ele só pensou que seria divertido brincar de Lidnsey Lohan enquanto todos nós esperamos pela Morte! Só isso.. -Falou cínico.
—Hum.. tá melhorando seu sarcasmo, amigo.
—Obrigado. -Respondeu Sarcasticamente.
—Então, oh.. Rei da Coca?! -Chamou ela o garoto pálido e hiper-ativo, que respondeu rude:
—Que é?
—Me diz uma coisa.. -Aproximou-se dele devagar e com cautela, porém confiante. Não dando o braço a torcer perante seu desconforto sobre sua presença. -Você tá sempre por aí.. no meio de todo mundo... depois pega e sai vivo da cena de um massacre pornô sem nenhum motivo.. ainda não entendi exatamente porque o Assassino colocaria seu nome nesse rodeio. Sabe de alguma coisa? Sabe alguma coisa que eu não saiba?

Kenny engoliu seco tentando desviar sua atenção, levando de presente um repentino estalar de dedos próximo ao rosto vindo de Claire:

—Acorda! Não vai pra Lua agora não, "Apollo". Eu quero respostas.. anda!
—Eu.. eu sabia desde o começo.
—Sabia o quê?
—Que isso ia acontecer acontecer.
—Ah tá.. entendi "Alex Browning". Mas olha só, isso aqui é "Stab", e não "Premonição".
—Você não entende. -A Fitou com desmerecimento.
—Então faça eu entender. -Ficou frente a frente com ele, em tom frio e exigente.
—Há algumas semanas. Eu estava no meu quarto... -Parou de falar tendo a atenção interrompida pelos movimentos que sua visão periférica captaram de Rachel e Quinn terminando de subir a escada, chegando ao piso encarando-o diretamente com estranheza. - E então... aí... e depois..
—Hey! -Claire deu outro estalo. -Se concentra!
—Então.. eu estava no meu quarto.. dormindo. Quando, acho que eram meia-noite ou quase isso.. eu acordei. Ouvi gritos. Gritos de socorro. Eram baixinhos mas como eu tinha acordado e estava escuro e não tinha pra onde olhar, acabei prestando atenção no que ouvia. Reconheci que era a voz da Gigi mas fiquei assustado e não sabia o que tava acontecendo. Então espiei pela janela, e só consegui ver o carro lá na "Pista" que passa em volta do pátio. Tava escuro e de repente eu não ouvi mais nada. Levantei pra acender a luz e acordar o Paul, mas ele não estava. Me lembrei que ele tinha ido para a Zeta Beta mais cedo, tinha dito que ia dormir com a Clarice. Aí tive que passar o resto da noite em claro, sozinho, e meio assustado. O Dia foi amanhecendo e toda hora eu olhava pela janela. O Carro ainda estava lá e dava pra ver que tinha uma mancha vermelha de sangue do lado. Então chamei a polícia.. e não demorou pra tudo se encher de curiosos. Naquele dia, assim que fiquei sabendo do que realmente tinha acontecido, fui falar com o Professor Matt, pois uma vez ele me contou sobre o que houve aqui em Pendleton a alguns anos.. os assassinatos. Eu sentia nas minhas entranhas que isso não cheirava a coisa boa.. mas ele não me ouviu. Tava óbvio pra mim que isso não ia parar ali.
—Tá... tirando essa parte super sinistra do seu instinto bizarro, exótico e nada realista de observador, cheguei a conclusão de que você é muito estranho e que me contou isso sem nenhuma necessidade a não ser que você é... estranho.
—Você não entendeu.
—Então alivia aí pra tia, amor.
—Tem uma pessoa nessa história que foi mencionada e que você nem se tocou.
—Paul?.. -Perguntou tendo uma luz se acendendo em sua consciência.
—Sim.
—Ele não estava no quarto...
—Porque estava supostamente "Dormindo" com a Clarice.
—Tá, e daí?
—Idaí.. Que naquela manhã, Claire... Ele apareceu com o Timmy no pátio. E não com a Clarice. Eu os vi no meio da multidão. Estava com o Timmy no maior arco-íris e depois a Clarice apareceu, ele disfarçou e correu pra ela. E pelo modo como se abraçaram e tals.. não parecia que tinham passado a noite juntos.
—E Você tirou essa conclusão só de ver o galinha mudando de time em poucos segundos? "Uau, estou impressionada".
—Pode fazer piada o quanto quiser. O Fato é que que se nem a "Namorada" dele pode confiar nele.. quem dirá a gente.
—Faz sentido? Faz! Você é esquisito? Muito. Eu me importo? Não. Agora vamos parar de apontar o dedo antes que isso tudo vá pro brejo!

De modo súbito como o terror gosta de chegar, um susto pegou a todos de surpresa quando de repente tudo sumiu. Claire, Kenny, Edward, Kirstin, Quinn e Rachel desapareceram numa infinita escuridão. Os gritos, foram tão automáticos e ensurdecedores quanto as disparadas de uma AK-47.

—Ahhhhhhh!!!!
—Que isso?!!
—Meu Deus!!
—Ninguém se mexe!!
—O Que tá acontecendo?!!
—Ahhhh!!!

Não se distinguía qual escândalo vinha de quem. Batidas secas de costas contra paredes, movimentos podiam ser sentidos e roupas se raspando umas nas outras com braços sem donos que agarravam uns aos outros foram sentidos.

—Me solta!!! Não encostem em mim! -A Voz de Kenny surgiu na escuridão.
—Ai credo, foi mal! EU REALMENTE não queria! -Respondeu uma Quinn assustada.
—Calem a boca! -Ordenou Claire.
—Acabou a força?! -Kirstin aparentou pavor.
—Não! O Desgraçado deve ter cortado a merda da energia, garota! -Retrucou a Diaba.
—Peguem seus celulares! -Exclamou Edward.

Respirações intensas surgiram onde nada se podia ver. Os ruídos de roupas e bolsos sendo remexidos veio depressa.

—Que ótimo! -Reclamou Claire lembrando-se que perdera o seu durante a fuga no estacionamento.

O primeiro brilho surgiu em seu rosto, do qual a mesma pôs uma das mãos sobre os olhos negando a intensa claridade repentina:

—Ai, vira essa merda pra lá!
—Foi mal... -Respondeu Rachel, a autora do delito. E assim a epidemia de lanternas de celular apareceu. Uma a uma, as luzes brilhantes e que ironicamente eram de dar cegueira na escuridão, foram erguidas por mãos trêmulas sendo apontadas para rostos nada felizes.
—Bom.. pelo menos tem alguma coisa. Rachel vem comigo fazendo o favor?
—Pra quê? -Perguntou seguindo Claire com a Lanterna. A Diaba saíra do meio da rodinha amedrontada, seguindo sozinha pelo corredor anterior ao grupo.
—Vem logo! Não consigo enxergar minhas coisas nesse breu. Preciso colocar um tênis. Não vou fazer essa finale descalça, né querida.
—Ah tá.. to indo! -Agitou-se a garota acompanhando-a agilmente posicionando a Luz de modo que as duas conseguissem ver o caminho até o quarto de Ripley, seguindo em frente distanciando-se um pouco da galera.

O Grupo observou mirando suas lanternas nas duas, enquanto desapareceram rumo à dentro de um dos quartos escuros. E após um breve silêncio, um círculo instintivo se formou entre os quatro. Com Edward os entre olhando ao dar o gatilho a mais conspirações:

—Ok. Cheguem mais. -Disse baixinho, vendo o grupo se aproximar quase que de imediato. -Lizzie saiu do campus, mas, eu e Claire temos um plano de fuga....
—E qual é o plano de fuga?!! -Interrompeu Quinn sussurrando alto demais para seu próprio bem.

E após uma expressão descontente e impaciente, Ed retrucou:

—Se você deixar eu terminar de contar, saberá.
—Ah, tá. Ok! Vai..
—Enfim. Se algo acontecer durante essa fuga, algo que vocês sabem quem pode impedir.. a Lizzie será um plano de apoio. Nesse momento ela está num motel de beira de Estrada a poucos quilômetros da facul. Ela pode chegar aqui rapidinho pra buscar a gente se tudo der errado.
—Se tudo der errado? -Kenny pareceu inconformado. -Pretendem fazer o quê? Usar a gente de isca? Apostar corrida até os portões?!
—Não, imbecil. E desculpe mesmo falar assim de vocês. Mas como não podemos confiar em ninguém, fica o aviso. Quem sair de vista. Quem sequer for dar uma mijada será considerado suspeito por mim. E eu não terei piedade. Então fica o aviso. Se eu notar qualquer coisa estranha em alguém, vai levar porrada primeiro e ouvir perguntas depois. Agora, alguém tem algo a dizer?
—Não.. -Kirstin respondeu firme.
—Nem eu.
—Eu só não quero cagar nas calças! -Completou Quinn.
—Ok.. ótimo.


Mais um silêncio constrangedor. A espera por Claire e a falta de seu sarcasmo diabólico faziam falta, afinal. E na tentativa de quebrar o gelo mas de modo errado, Quinn puxou os lábios e levantou o braço para falar como se estivesse numa aula ou algo assim, balançando a mãozinha implorando por uma chance de desembuchar alguma coisa. Graim percebeu e bufou, concedendo-lhe a "Permissão" fazendo sinal positivo:

—Ahm.. especifique "Estranho" e "Suspeito", por favor?
—Bem... -Antes que pudesse falar, uma voz ao fundo chamou:
—Gente?!! -Uma voz masculina e leve. Um pouco preocupada mas acompanhada de um certo cansaço.

Todos se viraram ao mesmo tempo estendo os braços apontando os celulares ao horizonte, tentando de alguma forma iluminar o ser parado no final do corredor do outro lado do Lobby. Inclinado para o lado tentando enxergá-los, estava ele: Paul.

—Podem me responder, por favor?! Isso já não é ruim o suficiente?
—Paul? -Chamou Kenny.
—Sou eu!
—Não.. -O Rockeiro ia dizer algo, mas:
—Sabemos que é você! Só me faz uma coisa? -Interrompeu Edward.
—O quê?
—Fique onde está! E Não se mexa!
—Ué, por quê?!
—Porque não confiamos em você!

 


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado! Desgraças a caminho! Quem é o próximo? Quem é o assassino? O que você faria ali?.. curioso... muito obrigado por acompanhar! E por favor, comente o que achou! ♥



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