Apenas Amigos escrita por Nicolly Prazeres


Capítulo 2
Reencontros


Notas iniciais do capítulo

Boa noite!
Como foi o Réveillon de vocês? Espero que tudo bem, cercado por pessoas queridas, com boas vibrações e desejo de que 2017 seja melhor!
Voltei com mais um pedacinho da história... Espero que gostem!
Boa leitura! ♥



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A noite já caía e os últimos raios de sol davam o ar da graça sob os pinheiros que formavam a floresta detrás do prédio imponente. Foi aí que percebi como o estacionamento estava cheio e como as próximas horas seriam enfadonhas. Mas ok. Tudo por Abby.

Andamos pelo corredor principal, seguindo as placas que indicavam o ginásio e sorri ao ver que as flâmulas e cartazes do time de futebol continuavam expostas. Abigail só conseguia pensar em encontrar logo a turma e, por isso, apressava o passo cada vez mais.

Ao chegarmos ao grande ginásio, constatei meu primeiro pensamento ao encarar o estacionamento cheio. Mas ok. Tudo por Abby. Bufei e quando dei por mim, minha “melhor amiga” estava quase se misturando com o povo.

— Tá fazendo o quê? — Incrédula, indaguei ao puxá-la pelo braço.

— Vou falar com eles, oras. — Abigail revirou seus olhos azuis e sacudiu o cabelo negro. — Foi pra isso que nós viemos, não?

Seu tom irônico me fez querer socá-la, porém, antes mesmo que eu pudesse planejar uma boa resposta, fomos interrompidas.

— Não acredito! Abigail?

Nos viramos sincronizadamente para o ser extremamente alto e magro que encarava Abby. Aquele era Daniel Brown, o nerd.

— Danny! — exclamou Abigail, já iniciando os trabalhos de falsidade e hipocrisia grátis. — Como vai, querido?

Eu revirei os olhos. Aquilo era nojento. Além de Daniel ter uma aparência suja e desgrenhada, era um dos que mais zoava com Abigail. Pois é! Até o nerd! E o pior de tudo era que Abigail estava determinada a ser excessivamente fofa com todo mundo. Eu já estava ficando irritada sem mal ter chegado. Resolvi, portanto, me afastar para evitar dores de cabeça desnecessárias.

Caminhei lentamente até uma mesa de petiscos e bebidas que havia ali e deixei Abigail e Daniel conversando, falsamente, animados. Mirei bem o ponche e fui até ele.

— Isso aqui está uma droga, né?

Levantei a cabeça, assustada por não ter percebido que havia alguém encostado à parede, ao lado da mesa. Demorei a associar suas características físicas a Eric Marshall, mas quando consegui fazê-lo, suspirei aliviada. Por muitos anos havíamos nos tornado grandes confidentes e os melhores amigos e, mesmo que isso houvesse ficado no passado, pelo menos era alguém “conversável”.

— Eric? — indaguei, ainda surpresa por vê-lo.

— Você não mudou nada mesmo, Eve… — insinuou ele com uma das sobrancelhas erguidas, fitando-me de cima à baixo.

Eu ri, meio sem graça. Quase havia me esquecido de como era aquele garoto.

Eric Marshall era nada menos que um conquistador, um paquerador nato. No passado nós costumávamos compartilhar muitas histórias, incluindo todos os detalhes sórdidos de nossas aventuras amorosas. Não era incomum que ele brincasse comigo também e soltasse algumas indiretas, mas tudo era levado na brincadeira. Nossa amizade era fácil e sincera; era simples e descomplicada. Eu sempre pude contar com ele para rir e conversar por horas, como para desabafar e pedir conselhos sobre os mais variados assuntos.

— Nem você, lady-killer… — brinquei.

Ainda rindo, mirei a mesa em minha frente, estiquei o braço e apanhei um copo vazio; com a outra mão, toquei a concha para servir um pouco de ponche, mas Eric me interrompeu com uma de suas risadas sarcásticas.

— Se eu fosse você, não beberia isso, não… — Eric cruzou os braços. — A menos que esteja ansiosa para se deliciar com o sabor inigualável do bigode da senhora Thompson…

Eric gargalhou da careta que eu fiz, ao passo que soltava a maldita concha de ponche e o copo vazio. Eu é que não ia arriscar tomar aquela porcaria feita pela cozinheira mais escrota da América. Recolhendo as mãos para junto do corpo, eu virei o rosto em direção a ele, mas me surpreendi ao perceber que ele estava bem na minha frente.

— Que bom te ver! — Eric me disse ao se aproximar ainda mais e estendeu os braços.

— Bom de ver também! — Respondi sinceramente, retribuindo o abraço de urso.

Apenas quando envolvi seu tórax, percebi que ali havia mais músculos do que eu me lembrava. Quando o soltei, me senti uma completa anã, visto que minha cabeça batia na altura de seu peito.

— Quando foi que você cresceu desse jeito? — Estreitei o olhar ao encarar seu rosto quase nada modificado pelo tempo.

— Sei lá… Você sempre foi tampinha. — Eric riu. — A tampinha mais gostosa do colégio!

Dei-lhe um tapa de leve no braço.

— Você sabe que as suas cantadas não funcionam comigo. — Relembrei, piscando.

— Eu sei… Mas eu adoro ver você envergonhada com os meus… Elogios…

Naquele exato instante, minhas bochechas esquentaram e eu me senti traída por meu próprio cérebro, o que desencadeou vários risos e gozações por parte de Eric.

— Eu disse! — Quando se recompôs, Eric bagunçou minha franja, da mesma forma que fazia quando me encontrava nos corredores do colégio. — Prometo que vou parar, tampinha…

Cruzei os braços e levantei uma sobrancelha em sinal de desconfiança.

— Sei…

— Pelo menos vou tentar… — Assumiu ele.

Nós rimos e passamos a encarar o ginásio. Havia mesmo muita gente ali e, assim que percebi que não precisava mais me sentir tão deslocada, consegui reconhecer alguns rostos.

— Nem acredito que você veio… — disse Eric.

— Nem eu! — gargalhamos. — Coisa da Abby… Você sabe o que acontece quando ela põe uma coisa na cabeça, né?

Eric assentiu.

— Sim… Como naquela vez em que ela decidiu que ia se tornar uma líder de torcida?

— Exatamente! — concordei lembrando-me da situação.

Aquele fora um episódio estressante para Abby, pois ela havia se esforçado muito e treinado algumas piruetas e passos para surpreender as abelhas-rainhas que formavam o corpo de cheerleaders. No entanto, toda sua dedicação não superou sua falta de jeito para a coisa. Eu disse a ela que achava que não estava pronta e que ela poderia tentar entrar para o grupo na próxima temporada, mas, como era de se esperar, ela nem me deu ouvidos.

Eric fora testemunha das nossas conversas e, inclusive, era com ele que eu desabafava quando Abby me chamava de “pior melhor amiga do universo” pela falta de motivação e apoio a seu “sonho” de ser cheerleader e pertencer a um grupo.

O que ocorreu foi que, durante seu teste, Abby se desequilibrou e se estabacou no chão daquele mesmo ginásio. Da arquibancada eu corri para ampará-la, ao passo que as vadias de pompom riam e ridicularizavam-na. Naquele mesmo dia, ela prometeu seguir e ouvir meus conselhos, mas isso nunca aconteceu.

Risonha, vasculhei o local a procura de Abigail. E lá estava ela, rodeada não mais apenas por Daniel, mas também por Leah e Chelsea, duas das antigas líderes de torcida, além de outras pessoas que eu não pude identificar. Sorri orgulhosa de minha melhor amiga e senti que finalmente ela estava concretizando a vingança tão desejada por todos esses anos.


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Notas finais do capítulo

Fiquei feliz de já ter acompanhamentos! :)
Nada motiva mais um autor do que ser visto e apreciado... Sempre que quiserem, estou aberta a comentários, elogios e, principalmente, críticas... Tudo o que for me fazer crescer e me aprimorar com minha escrita!
Meu objetivo é postar um "mini capítulo" desses todo dia até o final... O que acham? Podem me mandar mensagem provada também!
Beijos! Até mais!