Preguiça. Letargia. Procrastinar. São palavras que nunca entraram no vocabulário do Rei Ladrão, sempre cheio de energia e pronto para qualquer coisa, seja nos tempos modernos ou nos antigos. A ânsia por encontrar problemas e novos desafios o persegue desde sempre, especialmente agora na era atual cheia de tecnologias e oportunidades. Tudo é novidade e ele, como uma criança, está sempre ansioso para experimentar.

Ishizu já sabia disso quando essa relação começou, esperava que um dia ele saísse pela porta e não voltasse mais. Ela por outro lado nunca teve essa paixão pela aventura, por assim dizer, nem mesmo enquanto viveu por anos no subterrâneo teve a curiosidade de saber como era o mundo do lado de fora, só o fez pelo irmão. Não se constrange em admitir que é preguiçosa e até mesmo acomodada. Por que gastar sua energia se o sofá da sua casa é tão cômodo?

É por isso que até agora está surpresa, e teve que perguntar por si mesma, por que ele ainda está ali? Por que viver daquela forma dia após dia, se isso não é o que realmente quer? É sua nova chance e devia aproveitá-la, ela entende essa necessidade, ele é igual a seus irmãos. Então, por que continua voltando para passar seus dias deitado naquele sofá desconfortável junto dela?

Akefia estava genuinamente surpreso e confuso com a pergunta direta, piscou uma, duas, três vezes até compreender o que ela estava perguntando e teve vontade de rir. Rir do quão densa aquela cabeça bonita podia ser para sequer perceber o óbvio. Ishizu é tão inteligente, mas vezes tão ignorante.

— Você está falando sério? – perguntou, erguendo uma sobrancelha divertido.

— Sim, estou. Agora me responda. – ela falou, a expressão determinada. Não tinha medo da resposta, não importa qual seja.

Ele suspirou dramaticamente – Estou desapontado, pensei que fosse mais esperta que isso, sacerdotisa.

— Não começa. – ela adverte lhe empurrando o ombro.

— Quer saber mesmo? – provocou.

— O quê acha? – retrucou já perdendo a paciência.

Ele achou graça – Eu nunca vou me cansar disso. Sim, gostaria de conhecer outros lugares, parece divertido, mas também gosto disto, de estar aqui com você. No Antigo Egito eu nunca tive uma moradia fixa, nenhum lugar para onde devia voltar, estive muito ocupado planejando minha vingança e profanando tumbas pra me importar com algo assim. – fez uma pausa se esparramando melhor no sofá, sorriu de lado – Gosto daqui, da ideia de lar. E como você mesma disse, é minha segunda chance, já passei por coisas demais pra uma existência só, quero aproveitar sendo preguiçoso dessa vez.

Ela sorriu para a resposta, a aprovando, e relaxou contra as almofadas. O peso, que nem sabia carregar, desapareceu do peito. Akefia aproveitou o momento se inclinando sobre ela, as mãos apoiadas no braço do móvel, a prendendo ali.

— Satisfeita agora?

Ela envolveu os braços no pescoço dele e o puxou para baixo – Sim. Muito.