Go Rogue! escrita por Dani Tsubasa


Capítulo 40
Capítulo 40 – As flores de Lah’mu




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Capítulo 40 – As flores de Lah’mu

— Jyn...

— Nós estamos bem – falou com sinceridade quando o marido apareceu atrás da cadeira do co-piloto onde ela estava sentada, e pousou as mãos em seus ombros.

— Ainda acho que foi muito arriscado viajar assim aos nove meses de gravidez – K-2, acupando a posição de piloto, disse sem tirar os olhos dos controles.

— Eu não podia perder isso. E minha gravidez não é de risco. Há uma equipe médica e recursos em nossas naves prontos pra emergências. E é melhor do que ficar congelando lentamente em Hoth. Se meu filho nascer nesse planeta, eu vou ficar feliz.

— Deve significar muito pra você – ouviram a voz de Bodhi que acabara de chegar, ele ofereceu um sorriso a Jyn.

— Sim – respondeu sorrindo de volta.

— Eu, Baze e Chirrut estamos nos aprontando pra o desembarque. Devemos pousar em menos de uma hora, certo?

— Afirmativo – K-2 falou.

— Acho que o quarto vai ser mais confortável pra você durante o pouso – Cassian a olhou.

— Ele tem razão – o droid disse a olhando brevemente.

— Eu fico no seu lugar agora – Bodhi ofereceu.

— Tudo bem.

Cassian a levou até o dormitório onde apenas os dois ficavam e deitou-se junto com ela, a olhando com aquele sorriso e aquele olhar doce que ela tanto amava.

— O que? – Jyn perguntou com um leve sorriso.

— Você me faz perder o controle das minhas emoções, tenente Erso.

Jyn riu e acariciou o rosto do capitão quando Cassiam se inclinou sobre ela para beijá-la. Um onda de choque agradável percorreu seu interior quando uma das mãos dele começou a passear suavemente por sua barriga enquanto ainda se beijavam.

— Te amo, mi pequeña rebelde – Cassian sussurrou e a beijou novamente.

Ela suspirou no beijo, provocando a mesma reação em Cassian quando uma de suas mãos tocou o peito do tenente, o acariciando ali. Por fim se separaram, trocando um longo olhar apaixonado. Mais um sorriso dele, um beijo em sua testa, e ele estava deitado outra vez ao seu lado.

                - Está ansiosa? – Perguntou ainda afagando o lugar onde estava seu bebê.

                - Sim. Depois de tudo isso... Conhecer o rosto de alguém que vai nascer livre, e que nunca viu a guerra... Não é maravilhoso? E um pouco assustador?

                - Acho que sim. Especialmente porque fomos nós que o fizemos.

                - Mas essa também é a melhor parte.

                Os dois olhares mergulharam um no outro novamente e Jyn pode ver algo no fundo dos olhos castanhos, era tristeza.

                - Cass... O que está te perturbando?

                - Nada preocupante, eu só...

                Cassian refletiu. Homens treinados para a Inteligência se tornavam pedras impossíveis de ler, mas não com Jyn. Todo o seu treinamento se derretia quando os dois estavam sozinhos. Ela conseguia lê-lo mesmo que ele tentasse impedir.

                - Sinto falta deles agora. Queria que estivessem aqui, que vissem o rosto do nosso filho, que soubessem que eles vão continuar nesse mundo de alguma forma, que sentissem essa felicidade também.

                A rebelde acariciou os cabelos castanhos e o olhou profundamente.

                - Eu também.

                Sua outra mão segurou a dela em seu rosto, entrelaçando os dedos, e o silêncio foi suficiente por alguns minutos. Quando a encarou de novo, alívio e esperança se misturavam em seus olhos verdes.

                - Mamãe e papai foram embora, mas estamos aqui pra ele em uma galáxia finalmente livre... E eu tenho certeza que onde quer que estejam eles podem nos ver, ou nos sentir, e eles estão felizes também.

                Cassian pensava em algo para respondê-la quando um chute sob sua mão o fez olhar para baixo e sorrir. Jyn emitiu um murmúrio de felicidade e um pequeno riso escapou de seus lábios.

                - Bom dia, mi pequeño amor – Cassian falou baixinho.

                - Chuta mais forte quando você fala também. Isso é adorável...

                Jyn já dissera isso várias vezes nos últimsos meses, mas ele adorava ouvir de novo e de novo. Deitaram-se mais perto um do outro e entrelaçaram os dedos de uma das mãos enquanto continuavam sentindo juntos os movimentos de sua criança.

******

                As naves estavam bem acomodadas no extenso gramado do leste de Lah’mu onde haviam pousado. Cassian ficara preocupado que as emoções de ver a praia do planeta e o local onde a família Erso vivera há muitos anos abalassem Jyn negativamente, mas apesar da tristeza em seus olhos, ela pareceu bem. Ele não sabia se ela estava apenas se controlando, ou se ela ficaria bem com aquilo depois, mas estaria lá para ela.

                A derrota do Império algum tempo atrás, como os dois haviam previsto, fazia os rebeldes trabalharem quase tanto quanto antes. Essa missão fazia parte de um acordo de paz e ajuda com vários planetas que de alguma forma tinham sofrido qualquer tipo de dano por mãos Imperiais. Deveriam ficar por pelo menos duas semanas e verificar a situação do lugar. Tinham a confirmação de que o planeta estava livre de Imperiais, agora precisavam falar pessoalmente com alguns habitantes. A noite estava caindo e haviam decido prestar uma homenagem aos rebeldes mortos durante todos aqueles anos, em especial à família destruída naquele lugar por Orson Krennic. Deixaram as naves em segurança e seguiram na direção da praia, que não ficava tão longe.

                - Essa noite é importante – Chirrut falou enquanto andavam – Posso ouvir almas respirando aliviadas e as estrelas brilham tanto quanto kyber.

                - É bom saber disso – Baze falou com um sorriso, e nesse momento não houve dúvida que sua fé na força estava restaurada.

                Jyn se abraçou a Cassian, deitando em seu ombro, enquanto ele envolvia um braço ao redor dela.

                - Você está bem?

                - Estou.

                O grande grupo de rebeldes que viera distribuído em três u-wings e duas x-wings parou na areia diante do oceano azul turqueza. As estrelas brilhavam tanto naquela noite que pareciam comemorar o fim do Império junto com eles. Entre elas uma linha brilhante se destacava, algo que podia ser visto em planetas com anéis.  A brisa fria que vinha do oceano soprava suavemente, e as ondas eram baixas e calmas. Alguns seguravam lanternas e cada um deles tinha uma flor. Um longo momento de silêncio se estendeu enquanto fitavam o oceano. Segura nos braços de Cassian, Jyn deixou sua mente vagar a tempos longínquos onde outros braços a seguravam e aqueciam nas noites em Lah’mu, quando vozes amorosas cantavam baixinho pra ela dormir e os três podiam sentar no gramado e observar as estrelas juntos depois do jantar enquanto ela abraçava Benny, seu brinquedo favorito, junto ao peito, e seus pais a abraçavam. Jyn suspirou. Não sentia mais vontade de chorar, nem a angústia profunda de muitos anos, mas ainda doía. Alguns rebeldes começaram a cantar, uma canção doce de agradecimento, e Jyn agradeceu por não se parecer em nada com as que ela se lembrava de ter conhecido naquele planeta, porque tinha certeza que iria chorar. Um dia encararia aquelas lembranças e conseguiria viver melhor com elas, mas não ainda, não na sua primeira vez ali depois de seus oito anos, não quando tudo em que queria se concentrar agora era a missão e seu filho. Sentiu Cassian apertar sua mão e o olhou, percebendo que ele já a olhava de volta acolhedoramente, como se pudesse ler seus pensamentos.

                - Vou com você – ele sussurrou.

                Jyn assentiu e os dois se juntaram aos que já depositavam suas flores sobre as águas, deixando que o oceano as levasse. Se aproximaram até as ondas que iam e vinham tocarem suas botas, e Cassian ajudou Jyn e a se abaixar.

                - Por Galen, Lyra, Saw, e todos que perdemos em Scarif – Cassian falou baixinho.

                - Por Hope, Tassian, e todos os nossos amigos que não voltaram de Scarif – Jyn falou.

                Juntos, eles deixaram suas flores sobre a água e as assistiram dançar juntas enquanto se afastavam da praia. Cassian a ajudou a se levantar e observaram seus amigos. Bodhi olhava as flores espalhadas pela água com um sorriso triste, mas havia paz em seus olhos. Chirrut estava de olhos fechados e fazia alguma oração para a força. Ao seu lado Baze sorria observando a mesma cena que Bodhi, como se finalmente a galáxia não parecesse apenas um lugar terrível para ele. Kay observava a cerimônia em silêncio, como que procurando algum sentido lógico naquela maneira dos humanos de homenagear e agradecer, mas se o droid pudesse exibir expressões faciais, Cassian achava que eles estaria grato também, ou aliviado, ao menos um pouco feliz. O canto dos rebeldes, as luzes das lanternas e as flores coloridas sendo levadas cada vez mais longe pelo mar era uma das coisas mais lindas que qualquer um dos Rogue One já tinham presenciado, embora nenhum deles soubesse dizer exatamente porque.

                - Você não precisa entender, só tem que sentir – Jyn disse de repente, e Cassian percebeu que ela também observava o droid ao lado deles.

                - Eu não sinto, sou uma máquina.

                - É... Você não tem coração pra bater acelerado, nem sangue pra correr por seu corpo e esquentar sua pele, nem limitações humanas e medos que te confundem. Não pode sentir como nós, mas ainda sente alguma coisa, embora eu não saiba explicar de que maneira.

                - Ponto de vista confuso, mas vou pensar sobre ele – o droid respondeu à rebelde – Posso dizer que me sinto satisfeito, e respeito sua cerimônia humana. Eu não desejaria estar em oitro lugar agora.

                - Isso se chama felicidade, Kay – Cassian lhe disse sorridente.

O droid o encarou por algum tempo e voltou a fitar o oceano, parecendo refletir. Os Rogue One se aproximaram, compartilhando um silêncio que dizia tudo que cada um estava pensando, e observaram juntos a bela cena diante de seus olhos.

Antes de partirem para se abrigar Jyn quis chorar com o que viu, não de tristeza dessa vez, estava feliz. Todos os rebeldes se viraram em sua direção oferecendo um sorriso gentil, e ela viu a esperança que brilhava em todos os olhares, a esperança nascida do desastre em Scarif, a esperança que brilharia com o nascimento de seu filho, a primeira criança que eles veriam nascer livre dos horrores do Império.

******

                - Cassian... Cassian!

                Ele acordou ao sentir uma mão de Jyn apertar a dele com mais força que o normal e a outra bate de leve em seu rosto. Havia um tom de choro em sua voz.

                - Estou acordado – falou sonolento, mas logo despertou completamente ao ver as lágrimas correndo pelo rosto da esposa – Jyn! – Chamou se sentando – O que há de errado?! – Perguntou tentando não parecer nervoso e afagando os cabelos dela.

                - Está vindo. Vai ser agora.

                O capitão arregalou os olhos, mas respirou fundo e tentou se controlar.

                - Eu vou chamar Kay, os droids médicos e as médicas presentes, vamos levar você pro centro médico da nave. Tente não ficar agitada demais – ele pediu lhe dando um beijo nos lábios, secando suas lágrimas e levantando da cama.

                Ela assentiu e assistiu Cassian trocar de roupa o mais rápido que podia e sair correndo pela porta. Ele trocou algumas palavras com K-2 e seus passos se afastaram.

******

                - O que houve? – Bodhi perguntou aparecendo no corredor – São três e meia da manhã. Estamos sendo atacados?

                Os dois guardiões de Jedha surgiram atrás dele, observando intrigados um Cassian nervoso e com cabelos desalinhados correndo pela nave.

                - Jyn está em trabalho de parto – K-2 informou – Estou indo preparar a sala médica. Cassian foi chamar a ajuda.

******

                Jyn tentava controlar a dor através de sua respiração. Tinha certeza que não fazia nem dois minutos que Cassian se fora, mas pareciam horas. Alguém se aproximou da porta e ela teve a esperança de Cassian estar de volta, mas eram Baze, Chirrut e Bodhi. Ela sorriu ainda assim e os chamou para sentarem ao seu lado.

                - Eu não sei o que dizer, mas estamos com você Jyn – Bodhi falou.

                - Vai ficar tudo bem, irmãzinha – Baze disse gentilmente segurando uma de suas mãos.

                - Que a força esteja com vocês, Jyn – Chirrut rezou.

                Jyn sorriu. Ela tinha uma família, outra vez. Já sabia disso, mas não se importava em confirmar aquilo para si mesma de novo e de novo de vez em quando.

******

                Cassian segurava sua mão e acariciava seus cabelos, pois palavras não pareciam ajudar muito. Com a dor que ela estava sentindo devia ser difícil até mesmo se concentrar em entender o que era falado. Tentava esconder sua própria dor por vê-la daquele jeito e sua preocupação a cada vez que ela demonstrava sofrimento ou qualquer sinal anormal, embora desconfiasse que não estava conseguindo. Se sentia angustiado cada vez que Jyn apertava sua mão com força e fechava os olhos chorando com dor. Ela respirou profundamente quando a dor desapareceu por um instante, olhou para ele e lhe deu um sorriso cansado.

                - Deve estar aqui em pouco tempo – ela sussurrou.

                - Como pode saber? Não devíamos perguntar sobre isso?

                - A dor está cada vez pior e já posso senti-lo. Nosso bebê está perto.

                - Ela tem razão. A criança deve estar aqui em menos de duas horas – um droid médico falou.

                - Respire bem quando puder, vai precisar de muita determinação quando o momento final chegar – uma médica falou para Jyn com gentileza.

                Ela assentiu.

                - O que acha que está acontecendo lá fora? – Jyn perguntou.

                Cassian riu baixinho.

                - Bodhi deve estar andando de um lado a outro arrancando os cabelos de preocupação, Chirrut está rezando pra força, Baze meditando em seus próprios pensamentos, enquanto Kay dá a todos eles as piores probabilidades possíveis.

                Jyn riu junto com ele tanto quanto seu estado permitia.

                Kay já assustara Cassian lhe informando de que o primeiro parto era sempre o mais complicado, demorado e doloroso, além de algumas probabilidades não muito felizes. Para a infelicidade dele, os droids e as médicas haviam confirmado quase tudo isso quando Jyn falara séria e assustadoramente que queria a verdade. Ela já esperava por aquilo. Não tivera nenhuma chance em sua vida de estudar tal situação, mas conhecia a teoria.

                - Jyn... Está com medo? – Cassian perguntou quando os demais se afastaram para que conversassem sozinhos.

                - Estou. Mas eu tenho você. Vamos ficar bem – disse estendendo a mão para acariciar o rosto dele, vendo o mesmo medo em seus olhos – Vem aqui.

                O tenente se aproximou e a beijou suavemente, sentindo os dedos de Jyn acariciarem seu cabelo. Um murmúrio de dor escapou dos lábios da rebelde, fazendo-o se afastar. Os olhos verdes estavam cheios de dor outra vez, mas Cassian também podia ver a chama feroz que nunca deixava os olhos de Jyn. Segurou sua mão nas dele e logo a equipe médica estava ao lado dela outra vez.

******

                Jyn ria e chorava ao mesmo tempo enquanto um sorridente Cassian beijava sua bochecha.

                - Quero ver – ela pediu com a voz fraquinha.

                - Calma – Cassian riu baixinho beijando seu rosto outra vez, o choro do recém-nascido parecia música em seus ouvidos.

                Os olhos de Jyn brilharam com mais lágrimas quando o bebê foi colocado em seu peito, ainda ligado ao cordão, e parando de chorar instantaneamente quando se encolheu sob as mãos de sua mãe. Nem ela, nem Cassian se importaram que a pequena criança ainda estivesse um pouco manchada de sangue. Uma das médicas colocou um pequeno cobertor em volta do bebê para aquecê-lo e Jyn o segurou com devoção. Era tão pequeno, a coisa mais linda que os dois já tinham visto sem nenhuma dúvida.

                - Tenente Erso, tenente Andor... É uma menina – uma médica sorridente informou.

                Cassian abriu um enorme sorriso, assim como Jyn, e a beijou demoradamente nos lábios.

                - Há um nome em mente? – Um droid perguntou.

                - Hope Lyra Erso Andor – Jyn lhe disse.

                - Vou preparar os registros – o robô respondeu se afastando.

                - Você finalmente está aqui – Jyn falou baixinho, sua voz misturando choro e sorriso, e beijou a cabecinha da filha – É o seu cabelo – disse a Cassian.

                - Ela é linda, Jyn!

                Cassian também tinha os olhos cheios se lágrimas e Jyn estendeu a mão para secar as que escorreram por seu rosto, tomando um segundo para observar o quanto ele ficara lindo não sabendo o que dizer, apenas olhando para sua filha com adoração. Os dedos dele acariciaram os poucos e macios fios de cabelo, iguais aos seus.

                - Ela é você – Cassian sorriu – Tem até suas sardas. É igual a você.

                Jyn olhou mais uma vez para o rostinho da pequena, vendo-o adornado por algumas sardas como o seu, e se espantando mais uma vez ao pensar que podia estar olhando um espelho que a refletia quando criança. Cassian tinha razão, embora também pudesse vê-lo claramente ao olhar para Hope. A pequena piscou algumas vezes e abriu os olhos, revelando um verde tão belo quanto os de Jyn. Ela sorriu, fazendo o casal rir junto mais um a vez.

                Alguns momentos mais tarde quando tudo acabou Hope foi separada dos pais para ser pesada, examinada e banhada, chorando audivelmente outra vez. Os sinais vitais de Jyn foram checados e um tubo de soro foi colocado em uma de suas mãos. Já eram quase nove da manhã. Logo Hope foi trazida de volta, já vestida. Jyn a amamentou e as duas adormeceram.

                Quando Baze, Chirrut, Bodhi e Kay foram autorizados a entrar uma hora depois, encontraram o Cassian mais radiante e sorridente que já qualquer um deles já tinha visto. Ele estava sentado na cadeira ao lado da cama de Jyn, ainda dormindo, e não conseguia tirar os olhos do pequeno embrulho em seus braços.

                - Cassian – Kay chamou, e o tenente os olhou ainda sorrindo.

                - Elas são iguaizinhas, Kay.

                - De fato – Chirrut sorriu – Eu posso sentir a força. Como Jyn, ela brilha.

                - Então é uma menina?! – Bodhi perguntou baixinho e feliz.

                - Nossa tripulação está crescendo – Baze falou com alegria.

                - Sim, são muito similares. Espero que ela tenha o seu gênio, Cassian – K-2 falou se aproximando para ver Hope, e arrancando risadas dos demais.

                - Como ela está? – Baze perguntou olhando para Jyn.

                - Ficamos preocupados – Bodhi falou.

                Cassian esperava por isso. Como homens de guerra nenhum deles estava acostumado a tal situação, e ouvir sua líder rebelde gritar e chorar dentre alguns intervalos de tempo, mesmo com o conhecimento teórico do processo, era algo preocupante.

                - Está bem, só exausta. Ela não teve complicações. As médicas e droids disseram que com o primeiro filho é sempre mais demorado e difícil, por isso devemos ficar aqui mais algumas horas antes de movê-las pra o quarto. Ela não pode fazer esforço físico por duas semanas e nada extravagante demais por dois meses.

                Todos se assustaram ao ouvir K-2 rir pela primeira vez na vida. Uma risada curta e irônica, mas uma risada.

                - É melhor você colocá-la numa camisa de força.

                Os quatro homens riram divertidamente, mas baixinho para não incomodar Hope e Jyn. Um murmúrio da bebê os fez se calarem e os olhinhos verdes se abriram. Ela sorriu ao ver seu pai, e voltou sua atenção aos demais em volta. Ela contorceu o rosto e ameaçou chorar quando Kay se aproximou demais pra vê-la. Cassian a balançou de leve e beijou sua testa.

                - Shh... É só Kay – dizia baixinho com a voz mais doce que já tinham ouvido dele – Vai se acostumar com ele, querida.

                - Ela tem os olhos de Jyn – o droid informou.

                A pequena se acalmou e olhou curiosa para Chirrut, Baze e Bodhi. Os três homens se abaixaram ao redor para vê-la mais de perto. Ela franzia o rosto de vez em quando e às vezes pensavam que fosse chorar novamente, mas logo ela parecia bem outra vez, e Cassian ficou feliz por sua filha aceitar bem os três amigos.

                - Qual é o problema dela comigo? Se parece mais com Jyn do que pensei.

                Cassian riu.

                - Você é um droid imperial gigante. Ela ainda não exerga bem, mas sua forma é algo estranho pra ela, mesmo sem a total consciência da diferença entre humano e droid. Em poucos dias ela vai se acostumar com você.

                - Kay está rindo... Eu só posso estar sonhando.

                Todos se levantaram e arrodearam a cama de Jyn ao vê-la acordar.

                - Como se sente, Jyn?

                - Ainda meio entorpecida – ela respondeu a Chirrut – Me deram um anestésico. Está tudo bem lá fora?

                - A missão está proseguindo normal dentro do possível. Nós contatamos a base e Mon Mothma está muito feliz. Ela quer muito falar com vocês quando você estiver melhor, e nos pediu que transmitisse seus parabéns – Bodhi falou.

                Jyn sorriu.

                - Ficamos com medo, é um alívio vê-la bem – Baze lhe disse.

                - Vocês ficaram mesmo acordados esperando?

                - Sim, todos nós.

                - Ela é adorável, Jyn – Kay falou.

                A rebelde abriu um sorriso maior ainda ao ouvir aquilo justamente de K-2.

                - E já começou estranhando ele, vai ser mais parecida com vocês do que imaginamos.

                Jyn riu. Os dois não se importaram que os outrs estivessem olhando quando Cassian deitou Hope ao lado de Jyn e trocaram um beijo.

                - Olá, Estrelinha – ela sussurrou para a filha.

                Hope sorriu, deixando seu rostinho sardento ainda mais lindo. Jyn beijou a testa da filha e a abraçou. A mão de Cassian começou a fazer afagos suaves e amorosos no topo de sua cabeça, fazendo Jyn fechar os olhos e emitir um suspiro que demonstrava tudo que sentia naquele momento.

******

                A pequena Hope seguiu a tripulação dos Rogue One até a praia de Lah’mu de mãos dadas com sua mãe. Fizera oito anos algumas semanas atrás e sabia que tinha nascido naquele planeta, embora depois disso tivesse passado apenas algumas semanas nele.

                - Por que não viemos antes, mamãe?

                - Não houve muitas chances, mas sempre cuidamos desse planeta de longe, querida. Eu tinha oito anos da última vez que estive aqui antes de você nascer. Vou te contar daqui a pouco.

                A criança olhou em volta. Seus tios Baze, Chirrut e Bodhi colocaram as flores que carregavam sobre o mar, e deixaram que a água azul turquesa as levasse. Kay e BB8 observavam.

                - É a nossa vez, Estrelinha – seu pai falou abaixando-se para ficar na sua altura e beijando sua testa – Vamos.

                Os três andaram juntos até o mar, abaixando-se para colocarem suas próprias flores na água e vendo-as dançar nas pequenas ondas.

                - Quem criou essa cerimônia?

                - É um jeito que os rebeldes encontraram de agradecer e homenagear aqueles que não estão mais aqui – Cassian falou.

                - Houve uma dessas nessa mesma praia na noite antes de você nascer – Jyn lhe disse.

                - É uma história triste, não é?

                Ambos ficaram em silêncio com a pergunta da filha. Hope era muito inteligente, às vezes até mais do que sua idade sugeria. Ela sabia que algo terrível acontecera no passado de sua tripulação, pois conhecia em parte a história de Scarif, mesmo que agora estivessem todos bem.

                - Sim – Cassian lhe disse – Mas você é o final, o final mais feliz que nós poderíamos desejar.

                - O final que fez a nossa esperança brilhar ainda mais, querida – Jyn falou.

                Ficaram satisfeitos em ver a filha sorrir. Cassian a ergueu nos braços e Jyn abraçou os dois, enquanto cada um beijava um lado do rosto da criança sorridente.


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