Um Presente Especial escrita por Carol Costa


Capítulo 1
Capítulo Único:Um Presente Especial




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/720276/chapter/1

 — Tadaima.

Nara Shikamaru solta o ar com lentidão através de um bufo pesado; o cenho fortemente franzido numa carranca nada amigável. Imerso em pensamentos incoerentes, descalça-se das sandálias-ninja masculinas para deixá-las junto à soleira da porta principal da residência espaçosa mergulhada num silêncio aconchegante. Shikamaru arrasta os pés pouco calejados sobre o assoalho de madeira avermelhada em direção à cozinha para servir-se de uma xícara de café preto sem adoçante, quando detêm-se ao cruzar a sala de estar; sua atenção subitamente atraída para um pedaço de papel dobrado sobre a mesinha-de-centro.

Reconhecendo a típica caligrafia infantil trêmula e pouco legível de seu filho de seis anos, Nara toma em mãos a carta escrita a giz de cera coloridos, cuja o endereço destinatário está marcado para o Polo Norte. Ao revelar o conteúdo interno da carta, Shikamaru permite-se suavizar a expressão antes rígida, e o princípio de um sorrisinho terno brinca em seus lábios finos. Na carta, Shikadai insistentemente enfatiza o quão havia comportado-se bem ao dedicar mais tempo à seus treinos diários, resistindo fortemente à genuína preguiça herdada do pai, que limitava-o a ociosidade constante. Tendo utilizado argumentos "suficientemente convincentes" para provar que merecia ser lembrado pelo Bom Velhinho, o jovem Nara enfim revela à 'Papai Noel' o que quer ganhar neste Natal. Shikamaru arqueia a grossa sobrancelha esquerda num indicativo de espanto moderado ao ler que seu filho pede um irmão mais velho como presente. Ele ri da doce ingenuidade do menino, perguntando-se se sua esposa já havia tido acesso á esta carta.

A dita cuja, coincidentemente, surge no campo visão de Shikamaru ao adentrar no cômodo silencioso. Os cabelos naturalmente desgrenhados despencam em cascatas de areia pelo colo e ao redor do rosto em formato de coração. O discreto decote do longuíssimo quimono de seda escura trajado por ela dá à Shikamaru um pequeno vislumbre dos seios medianos desprotegidos pela ausência do sutiã.

Nara Temari sorri ternamente para o marido, a face harmônica ligeiramente enrubescida. Ele suspira, e retribuindo-a de modo quase tímido, abre os braços para aninhá-la junto à seu peito rijo; ansioso para novamente pressionar o corpo delicado contra o seu e ser envolvido pelo calor acolhedor que parece emanar da pele dourada com sardas escuras aqui e ali por conta dos anos à exposição solar.

Okairi. — sussurra Temari, o rosto enterrado contra o toráx largo dele. Shikamaru beija-lhe no topo da cabeça, de repente descobrindo-se totalmente livre da densa nuvem negra de cansaço e frustração que antes pairava sobre si.

— Pode imaginar o que nosso filho quer ganhar no Natal? — indaga ele com um sorrisinho no canto dos lábios, a expressão serena sugerindo tênue divertimento.

Temari afasta o rosto apenas o suficiente para mirá-lo nos olhos, mas não deixa o casulo protetor que seus braços fortes criam ao redor dela. Ela pressiona o indicador direito contra a ponta do queixo pequeno, mostrando-se pensativa por um instante.

— Hum...bom, na verdade, até agora ele não me disse o que quer. 

— Um irmão mais velho. — Nara amplia o sorriso antes de inclinar-se sobre ela para provar dos lábios róseos e úmidos. Ela mantém os olhos abertos, porém corresponde à ele.

Temari ergue a finíssima sobrancelha loira, a expressão dividida entre assombro e escárnio.

— Espero que ele tenha encarregado Papai Noel de presenteá-lo com um irmão mais velho! — diz ela após Shikamaru abandonar-lhe os lábios para recuperar o fôlego perdido. Seu tom era sarcástico, porém beirava ao nervosismo.

Ele ri.

— Bom, foi exatamente isso que ele fez. — Nara estende a carta encontrada na sala à sua mulher. Temari passa rapidamente os olhos pelo parágrafo escrito em linhas tortas enquanto Shikamaru se curva sobre seu colo exposto, deslizando a língua cálida pela estreita passagem entre os seios parcialmente à mostra. Ele ergue a cabeça para traçar um caminho de beijos molhados pelo pescoço alvo até a clavícula. — E que tal se nós dermos à ele um irmãozinho caçula, amor? — sussurra ele contra a pele arrepiada, de repente partilhando do mesmo desejo que Shikadai de ter mais uma criança.

Temari, no entanto, não parece nada maleável em relação a isso. Com um suspiro longo, ela o afasta com as mãos sobre seus ombros largos antes que Nara tenha a chance de apossar-se dos seios nus dentro do quimono. Ele detêm suas mãos à caminho da cintura delgada, e a olha confuso.

— Acho que Shikadai terá de se contentar com outros presentes.

Temari lhe dá as costas e caminha para a cozinha para servir o jantar. Shikamaru, porém, não está disposto a permiti-lá encerrar este assunto tão facilmente. Ele a segue, apanha pratos e talheres nos armários para dispô-los na toalha estendida sobre o tampo da mesa retangular, e questiona:

— E por que? Se existe um bom momento para começarmos a planejar a chegada de outra criança, este momento certamente é agora. Ainda somos jovens para sermos pais novamente. E por que negar um irmão à nosso menino? 

Shikamaru não tem de olha-lá para saber que está tensa. Ele a ouve inspirar altamente através dos lábios entreabertos; e embora sua sensatez grita-lhe para que não perca a oportunidade de ficar quieto antes que seja tarde demais, Nara ousa persistir no assunto.

— Você sequer se perguntou como me sinto em relação a isso? — diz ela finalmente, o tom vocal sugerindo certa irritação.

— Sei que você jamais se negaria a dar o que quer que ele quisesse. E isto já não é apenas sobre o Shikadai. Também quero mais uma criança, Temari.

— Mas eu não sei se quero, Shikamaru.— ela dá forte ênfase a palavra "eu".

— E por que não? 

— Não sei se conseguiria lidar novamente com um bebê depois de seis anos. Ainda que, diferentemente de como aconteceu com Shikadai, estejamos falando abertamente pela primeira vez sobre termos um filho, não sei se conseguirei arcar com tanta responsabilidade.

— O que está dizendo não faz sentido algum para mim.Você é a melhor mãe que alguém poderia querer. Por que isso seria diferente agora? 

— Porque desta vez, não terei você ao meu lado. Terei de cuidar de uma criança praticamente sozinha. Desde que se tornou assessor do Hokage, você têm estado tão ocupado quanto nunca. E não posso pedir que abdique de seu trabalho para me ajudar a cuidar de um bebê.

Shikamaru faz de menção de novamente trazê-la para seus braços e sussurrar-lhe que jamais deixaria-a lidar com tamanho fardo por conta própria, ainda que seu trabalho consuma boa parte de seu tempo e disposição física e mental. Ele franze as sobrancelhas, olha-a com carinhosa compreensão e aproxima-se da esposa com os braços estendidos.

— Temari...

— Papai...?

A figura miúda, porém rechonchudinha de Nara Shikadai surge no penúltimo degrau das escadas que levam para o segundo andar. Seu chamado pelo Nara mais velho interrompeu o diálogo que à princípio mostrou-se um tanto instável e com grandes indícios de terminar numa discussão. Temari suspira e em silêncio, retoma à sua atividade anterior.

Shikamaru vira-se para a criança sorridente que corre para si. Ele ajoelha-se para receber seu menino, e o ergue nos braços ao se levantar. 

— Ei, menino prodígio! — Shikamaru beija a testa do filho e sorri-lhe abertamente. 

— Venham jantar, meninos. — chama Temari após pôr a mesa.

Shikamaru ocupa o assento a esquerda da mulher após acomodar Shikadai na cadeira a sua frente. 

— Então meu menino prodígio quer ganhar um irmão mais velho neste Natal...— comenta Shikamaru casualmente com um sorrisinho entre uma injeção e outra do conteúdo morno posto por Temari em seu prato.

Shikadai detêm o par de hashis à caminho da boca e ergue os olhos para o pai.

— Como soube?

— O próprio Noel veio até aqui pessoalmente para me contar. 

— É mesmo?

— Sim. E infelizmente, filho, ele não poderá te dar o que pediu. 

— Por que não? 

— Bom, por que o estoque de irmãos mais velhos da oficina de brinquedos dele se esgotou. E ele disse que não haverá reposição até o Natal. Mas ele encarregou eu e sua mãe de te darmos um irmãozinho em compensação.

Temari come em silêncio porém está atenta à conversa de seu marido e filho.

— Mas eu quero um irmão grande, e não pequeno! — exclama o menino, sabendo que a palavra "irmãozinho" implica diretamente que não se trata de um irmão mais velho.

— Bem...é que irmãos mais velhos custam muito caro, e não podemos pagar por isso agora.

— Tsc...— Shikadai franze o cenho fortemente, o olho esquerdo quase fechando-se inteiramente ao resmungar; a carranca rabugenta torna-o ainda mais parecido com Shikamaru.— Papai Noel problemático! 

— Mas antes de encomendarmos o seu irmãozinho, sua mãe me disse que gostaria de saber por quê você escolheu isso como presente de Natal.

Temari encara o marido de soslaio; o rosto curioso. 

— Bom, eu sei que o papai e eu cuidamos bem da mamãe.Mas às vezes isso não parece ser o bastante. Papai está sempre muito ocupado, e logo eu irei me formar na Academia Ninja e sairei em missões. Mas com um novo bebê, mamãe não se sentirá sozinha e isso também nos manterá sempre unidos. 

Shikamaru expande as laterais de sua boca num sorriso que por pouco não escapou para fora do rosto.Ele vira-se para Temari, e ela é pura perplexidade; os lábios formando um perfeito "O". Seus olhos encontram os do marido e ela mira-o com desconfiança. Ele dá de ombros e levanta os braços num gesto defensivo antes que ela tenha a chance de acusá-lo de ter induzido Shikadai a fazer esta revelação—o que não é verdade, pois Shikamaru está tão surpreso quanto a esposa pelas palavras do filho. A inteligência precoce e atenção genuína às quais Shikadai dá à detalhes que em certas ocasiões podem passar despercebidos—foram uma das principais razões que levaram Shikamaru a apelidar o filho de "menino prodígio".

Temari desvia a atenção de Shikamaru para o Nara mais jovem, a expressão que antes beirava à impaciência agora é plácida. Sensibilizada pelas reais e puras intenções do filho ao fazer tal pedido, Temari dá à seu menino um vislumbre parcial de seus dentes frontais, e lança-lhe um olhar amoroso.

— Bom, neste caso, Shikadai, seu pai e eu logo estaremos encomendando um irmãozinho para você. — diz ela e apoia a lateral da cabeça no antebraço do marido, direcionando-lhe um sutil sorrisinho malicioso e acariciando a pele morna da coxa masculina oculta pelo tecido pesado das calças largas. Ele a corresponde, aproximando o rosto do dela para beijá-la de leve nos lábios.

Shikadai gargalha ruidosamente e salta da cadeira para correr até o colo da mãe. Temari o aperta contra seu peito caloroso e afaga o rostinho corado do menino risonho. Shikamaru circunda as costas esguias da mulher e beija o filho no rosto, descansando o queixo no ombro dela; o cavanhaque desgrenhado acariciando a pele sedosa.

— Obrigado, amor.— disse ele próximo a seu ouvido, baixo o suficiente para que apenas ela consiga ouvi-lo. — Este é um presente muito especial. — E beijou-a no pescoço.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Realmente espero que todos tenham tido um ótimo Natal, e que em 2017, todos os sonhos de vocês deixem de ser apenas sonhos! Que Deus abençoe à todos vocês abundantemente!
KL, fiz e dedico esta história especialmente à você.Confesso que inicialmente tive dificuldades em escolher quais gêneros iria acrescentar na fic e como iria trabalhar o enredo. Mesmo estando incerta, optei por algo que acreditei que poderia agrada-la de alguma forma, considerando o que sei sobre você através de suas fanfics.
Diga-me o que achou no comentário.
Feliz Natal atrasado!
Próspero ano Novo!
É obrigada à todos por ler e comentar!
Bjs!! ^_^



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Um Presente Especial" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.