A Origem Hant escrita por Mallock


Capítulo 5
Capítulo 4 - O Caçador Parte II


Notas iniciais do capítulo

A finalização para conhecer a trajetória do Caçador e a volta de personagens conhecidos.
Boa leitura!



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  Capítulo 4

      O Caçador Parte II

— Ah, essas garrafas devem estar furadas. — reclamou o homem de cavanhaque.

— Hey, deixe que eu busco mais cerveja pra você. — disse, o outro. — Parar na melhor parte é sacanagem. — brigou.

— Traga mais bebida e eu te conto o resto, "Jatson". — riu, mas sem muito humor.

— Meu nome não é "Jatson". — seu olhar era de desaprovo.

— Você tem cara de "Jatson". — ele olhava fixamente para o sujeito.

— Meu nome é Nicholas. E eu vou pegar mais cerveja. — saiu em direção ao balcão e pela primeira vez, notou um estranho homem sentado em outra parte do bar. Estava meio escuro naquele canto, mas pôde perceber que ele tinha barbas brancas e usava um chapéu marrom. Devia ter cabelos brancos também. Pensou.

— Mais cerveja? — a bela moça ajudante e irmã da dona do bar, perguntou.

— A verdade, eu nem sei o que estou fazendo aqui. Eu deveria estar levando algum turista para conhecer a cidade. — disse, ainda sem olhar para a garota.

— Ah, interessante. — ela disse, enquanto servia um copo de Uísque. — Então você é motorista? — indagou.

Ele sorriu, tomou o Uísque e voltou a olha-la.

— Quanto custa esse aqui? — perguntou, olhando para o copo. — É dos bons.

— Esse é por conta da casa. — respondeu. — Então, duas cervejas, Sr. Motorista? — perguntou, indo em direção onde estavam as bebidas.

— Sim, duas. — respondeu com um breve sorriso. — ela trouxe as cervejas e ele a pagou virando-se de costas para voltar a mesa. — Ah, e eu sou piloto. — piscou um dos olhos. 

A garota sorriu dando uma leve mordida nos lábios enquanto o belo loiro de cabelos curtos, voltava para a mesa de onde veio.

— Demorou hein! — o de cavanhaque riscava algo na mesa com uma enorme faca. — Pelo menos pegou o número dela? — perguntou, enquanto o outro largava a cerveja na mesa.

— Não, vim aqui pra esquecer a minha rotina. — bebeu sua cerveja olhando para o nada. — Agora, se quiser continuar sua historia, eu ficaria muito grato. — ele olhou para a faca do sujeito e ficou impressionado com o quanto, ela parecia afiada.

 — Ok, você merece saber como isso terminou. Vou lhe contar. — desta vez foi ele quem bebeu um gole da cerveja. — Vamos lá outra vez. — continuou.

(...)

Zafira foi atacada e se defendeu muito bem a principio. Cortou cabeças com uma rapidez e genialidade impressionante. O Alfa a observava lutar e não sabia muito bem o que pensar sobre isso. Certamente, ele estava se preparando para uma luta com ela, mas seu principal interesse, não era a luta ou matá-la, mas outra coisa.

Quando derrubou o último vampiro subordinado, ela ficou de joelhos, se segurando com o facão em punho. Respirava rapidamente, ofegante e atenta para se defender do último vampiro no local.

— Não pensei que seria tão fácil. — voltou a provocar, levantando-se a seguir.

O Alfa não disse uma palavra. Apenas a atacou e com um único golpe, a jogou contra a parede.

Zafira gemeu de dor com a batida e possivelmente, fraturou uma ou outra costela.

— Ainda acha que está fácil? — indagou o Alfa. — Se quiser, posso começar a lutar contra você, agora. — ele não expressava nenhuma emoção para a garota.

— Achei que os Alfas fossem mais fortes. — Zafira deu uma breve gargalhada, interrompida apenas pela dor que sentia. 

— Olhe para você. Não consegue nem ficar de pé e eu lhe dei apenas um golpe. — ele se vangloriou querendo aproveitar o momento. — Agora, eu vou sugar seu sangue e serei o vampiro rei. — o Alfa deu alguns passos em direção a garota, mas parou quando ela começou a rir.

 — Vocês vampiros são todos iguais. Alfas, Deformados e tudo... — Com um esforço enorme, ela se levantou. — Diga oi pra minha granada de prata, imbecil. — e quando o Alfa notou, era tarde demais para tirar aquilo da sua blusa. Ela o explodiu.

Após isso, deu alguns passos e voltou a cair. Era o primeiro Alfa que ela havia enfrentado até hoje. E ela sobreviveu a esse encontro. Porém, algo lhe dizia que não era o fim dessa noite. Algo lhe alertava mentalmente. Suas pernas pareciam quererem correr e seu coração estava acelerado. Parecia que diversos avisos estavam ali, estampados para que ela entendesse o recado. Mas, ela não tinha forças pra ouvir.

Pegou seu facão no chão e se reergueu com um esforço que ela tinha ainda. Seu últimos suspiros se encontroavam e se perdiam. Ela o viu. Era ele. Era um... Deles. E ele, um ser com uma roupa preta, com cerca de dois metros e meio de altura, sem rosto, sem alma, e assassino, a matou com uma espada enorme em mãos. Foi uma morte rápida. A garota não teve nem tempo de reação. E mesmo se tivesse, não poderia lutar contra um Deles.

Zafira se foi.

(...)

— Espera. Ela morreu mesmo? — Nicholas estava perplexo. — Cara, ela não podia morrer. A história perde a graça quando os melhores personagens morrem — protestou.

— Sim, ela morreu. — respondeu bebendo mais cerveja. — E amigo, isso foi o que aconteceu. Eu não escrevo as histórias, apenas as conto. — prosseguiu.

— Quem a matou? Quem são esses caras de roupa preta e com espadas gigantes? — Nicholas mostrava muito mais curiosidade do que antes. Algo que fez com que o sujeito de cavanhaque desse um breve sorriso.

— Então, "Jatson"... — o outro o interrompeu.

— É Nicholas. — disse, firmemente.

— Isso, "Jatson". — Nicholas revirou os olhos quando ele voltou a repetir esse nome. — Eles são caçadores e assassinos implacáveis. Não há caça que sobreviva a eles. — respondeu.

— Tanto faz. Isso é só uma história. – disse Nicholas, querendo fugir daquilo que o sujeito lhe contava.

— Isso é o que todo mundo diz antes de acontecer alguma coisa sobrenatural consigo mesmo. — quando percebeu, já havia tomado o último gole da cerveja em sua garrafa. — Droga! Preciso pegar mais uma bebida. — exclamou.

— Não. — disse Nicholas, segurando um braço do homem. — Você primeiro vai terminar a historia e me contar o que aconteceu com o caçador e a filha dele. — comentou.

O homem de cavanhaque olhou para a mão do sujeito em seu braço, apertou firmemente a faca em sua outra mão e passou a língua nos lábios. Ele não gostava daquilo e por um breve momento, seu surto de violência, quase veio a tona. Algo que o faria, cortar a garganta do sujeito a sua frente, sem pestanejar.

— Tudo bem meu amigo. Eu vou te contar o resto da história. — tirou a mão de Nicholas do seu braço, com seu último fio de paciência. Algo que nem ele acreditava que tinha. Mas precisava se controlar por enquanto. Não podia chamar muita atenção naquele lugar.

(...)

O Caçador seguia acelerado voltando para casa. Era tarde da noite e não havia muitos carros nas ruas. Na verdade, parecia um deserto escuro que se iluminava apenas, graças a alguns postes de luz que ainda funcionavam para iluminar as ruas. Outros, serviam apenas para segurar os fios e lâmpadas queimadas.

Não demorou muito para chegar em sua casa, pois não era muito distante do local onde estava e o seu lar. Quando parou o carro, ele abriu a porta e verificou as balas que tinha. Aquilo devia servir. Tem que servir.

Seguiu caminhando entre a grama verde e úmida de seu quintal até a porta de sua casa. Ela estava aberta. Dock entrou calmamente, ou pelo menos, tentou manter a calma para não ser surpreendido com uma bala em seu peito.

Estava tudo no mais completo silêncio e na mesa, havia uma carta. Dockers não hesitou em abri-la enquanto mantinha a atenção para todos os lados. Na carta, havia um desenho.

— Sou eu, você e mamãe, papai. — disse uma garotinha que surgiu quase fazendo Dock atirar contra ela.

— Derby? — ele sorriu ao ver que a filha estava ali, viva. — Meu amor. Senti muito sua falta. — o alívio em seu rosto era nítido.

— Pai, onde esta a mamãe? E por que o senhor tá sangrando? — Derby estava sem entender nada, mas não queria se desfazer daquele abraço. Para Dock não era diferente. Era reconfortante saber que sua filha estava viva.

— Não se preocupe. Estou bem. — respondeu, sem saber como falar sobre Helena.

Naquele instante o telefone fixo tocou. Dock ainda mantinha um, para ligações importantes. Se levantou para atender a ligação.

— Olá Sr. Caçador. — a voz era do loiro. Ele reconheceria essa voz em qualquer situação. — Vejo que conseguiu sobreviver a um Alfa. — comentou. — Estou impressionado.

 — O que você quer de mim? Já levou tudo o que eu tinha. — lamentou Dock.

— Não, meu caro amigo. Ainda tem sua filha. Não a levei porque estou disposto a te dar mais uma chance. — ficou alguns segundos calado antes de continuar. — Venha para o nosso lado. Você não precisa saber de mais nada e sua filha ficara segura conosco. — concluiu.

— Minha filha ficara segura comigo. — respondeu Dock nervoso com a situação.

— Isso foi a mesma coisa que você disse sobre sua esposa e nós dois sabemos o que aconteceu com ela. — seu tom de voz era bem provocativo e Dock estava com sede de vingança.

— Não importa o dia ou o local, eu vou te caçar e vou fazer você pagar por isso. — o loiro riu da ameaça.

— Estou com tanto medo agora que acho que terei que trocar a cueca. — risos eram ouvidos ao fundo. — Você fez sua escolha, Sr. Caçador. Lide com isso. — e encerrou a ligação na sequencia.

Dockers estava tremendo e ao perceber sua pequena filha lhe olhando, ele a levou para o quarto, pegou um livro e contou-lhe uma história, a fazendo dormir. Pelo resto da noite, ele não dormiu e não conseguiu sair do lado dela. E assim, durante dias, também.

(...)

— Um final feliz. — disse Nicholas. — Adoro finais felizes. — comentou

— É... Um final... Feliz. — o homem de cavanhaque seguia olhando para sua faca afiada.

— Você merece mais uma cerveja por minha conta. Sua história melhorou meu humor. — Nicholas se levantou e foi em direção ao balcão para pegar mais uma cerveja.

O homem de cavanhaque observava o velho homem com barbas brancas no canto do bar. Um outro sujeito assentiu a cabeça quando ele olhou em sua direção. Os dois se levantaram ao mesmo tempo e um terceiro e quarto homem, também seguiam a mesma direção até o velho no canto. Um deles tinha uma corrente em mãos, o outro um revolver calibre 38, o terceiro tinha uma 12 e o de cavanhaque estava apenas com sua enorme faca.

— Ai meu Deus! — a garota que atendia sorridentemente Nicholas, colocou a mão no peito. Ela trabalhava a anos naquele bar e sempre sabia quando uma briga estava para começar.

Nicholas se virou e mesmo não tendo experiência em brigas de bar, já podia prever o que iria acontecer. Acostumado a sempre ajudar, ao ver o velho prestes a ser morto por quatro covardes homens, ele se moveu em direção, onde eles estavam. Porém, tudo aconteceu tão rápido, que ele nem se quer teve tempo de ser útil.

— E aí velhote. Temos um recado pra você. — disse o primeiro, que estava com a 12 em mãos. — Diga oi pra minha amiguinha. — e então, quando ia puxar o gatilho, o velho homem, que estava com uma das mãos em baixo da mesa, atirou nas pernas do sujeito, o fazendo cair.

Rapidamente o outro armado mirou no velho, mas não conseguiu apertar o gatilho antes de levar uma bala na cara. Caiu morto. O da corrente, teve tempo pra surpreender o velho colocando-a, ao entorno do seu pescoço deixando ele imóvel.

— Parece que esta ficando lento, Sr. Caçador. — disse, sem parar com seu vicio de olhar para lâmina de sua faca. — Sabe, meu pai sempre dizia que o maior erro dele, foi ter te deixado com vida. Maldito caçador, ele dizia. E agora, posso vingá-lo. — olhou para o velho com os olhos firmes e expressão de ódio.

— Você é igualzinho a seu pai. — disse o velho, dando um breve sorriso.

— Astuto e inteligente? — indagou o homem.

— Burro e covarde. — o velho cravou uma pequena faca no sujeito a suas costas, o fazendo lhe soltar por alguns instantes. Tempo suficiente para que ele pudesse o matar e ficar no "mano a mano" com o sujeito da faca afiada. — Onde estávamos mesmo? — perguntou, apontando sua pistola na direção do inimigo.

— Isso não vai acabar aqui, Sr. Caçador. Você já esta morto e ainda não sabe disso. — praguejou dando alguns passos para trás.

— Avise seu pai, que eu estou chegando. — o velho guardou a arma sem atirar no homem que fugiu da luta no bar.

— Quem é você? — Nicholas estava surpreso com a cena que acabara de presenciar.

— Nem queira saber, filho. — respondeu pegando a bela 12 carregada no chão. — Oi, Srta 12.— disse para a arma, a encarando.

Nicholas ficou olhando para o homem de barbas brancas, enquanto ele saía do bar, lentamente. A garota que o atendeu, já estava ali, ao seu lado.

— O nome dele é Azzy Dockers. Ele é uma lenda. O maior caçador que já passou por aqui. — ela comentou, já respondendo o que o caçador não respondeu.

— Azzy Dockers? — indagou, lembrando da história que o sujeito de cavanhaque havia lhe contado. — Então, é verdade... — Suspirou.

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Alana estava com toda sua atenção voltada para a garota de cabelos azuis parada a sua frente. Manna franziu a testa com a situação e Cézar estava boquiaberto.

— Muito bem, Alana. Eu sabia que você conseguiria. — A estranha garota de cabelos azuis, bateu algumas palmas com o mesmo sorriso amistoso de antes.

— O que eu sou? — perguntou-se a jovem.

— Você faz parte de uma linhagem muito antiga e isso te faz diferente de qualquer outra pessoa que você conheça. — respondeu sem sair do lugar. — Você pode usar esses dons a seu favor ou esperar que mais deles te cacem. — ela apontou para o vampiro sem cabeça, caído ao chão.

— Me explique tudo. Quero entender. Eu... Eu tenho que saber o que tenho de errado. — Alana estava assustada demais e Lila, sabia que seria assim. Com ela não foi diferente no começo.

— Eu explico tudo que você quer saber, mas por enquanto, o melhor a fazermos é sair daqui.— respondeu, já sabendo o que estava chegando.

— Por que não agora? Por que devo esperar? — Alana segurou na camisa de Lila, meio que por extinto e logo soltou ao perceber.

— Posso explicar tudo agora para você. Mas, espero que seja ótima em luta e que seus amigos sejam ninjas ou algo assim. Porque tem um exercito de vampiros se aproximando e eu não posso lhe dar com eles, sozinha. — Alana ficou perplexa, assim como Manna. Cézar estava em duvida se sorria ou se ficava assustado.

— Você está falando sério? — perguntou Alana, dando alguns passos para trás.

— Ela está falando muito sério. — disse alguém que se aproximava.

— Dockers? — indagou Lila. — Um caçador. — ela sorriu, pegando sua espada.

— Wow, garota. Vá com calma aí. Não estou aqui para lutar com você. — disse, levantando as mãos para mostrar que veio em paz. — Você é igualzinha a sua mãe. — comentou.

— Gandalf é você? — indagou Cézar que foi ignorado por todos naquele momento.

— O que você sabe sobre minha mãe? — Lila colocou a espada no pescoço do Dock, ameaçando matá-lo.

— Você é a sensitiva aqui. Pode muito bem ler a minha mente. — respondeu sem rodeios.

Lila fez exatamente isso, mas na mente de Dock, não dava para saber o paradeiro se sua mãe.

— Tome. Ela deixou isso pra você. — Lila pegou o canivete nas mãos do caçador e ameaçou derramar uma lagrima. Dock sorriu. — Você é durona como ela. Tal mãe, tal filha.

— O que você quer? — Lila abaixou a espada e ficou o encarando.

— Preciso da sua ajuda. — ele respondeu sem tirar seus olhos dela.

— Eu não posso lhe ajudar. Sinto muito. — a garota guardou a espada e seguiu até a porta. — Tenho que manter Alana segura. Essa é minha única missão, agora. — disse, abrindo a porta para verificar se estava seguro.

— Eu sei me cuidar muito bem. — disse Alana, cruzando os braços.

— É, eu percebi isso quando aquele vampiro ali quase se alimentou do seu sangue. — Lila sabia que tinha que ir. Chamou os três num sinal com o dedo para irem, ignorando o fato do Caçador estar ali. — Vamos! Temos que sair daqui.

Manna pegou Alana pelo braço e Cézar sem questionar, seguiu as garotas.

Dock a observou sair, mas não disse mais nada. Ele olhou para o chão, no centro do armazém, e lembrou da perda de sua esposa e do sofrimento que passara ali. Observando o local, ele viu algo brilhando no canto e sua curiosidade o fez ir até lá. Era uma corrente de prata. A corrente de Zafira. Ele a pegou em mãos e a apertou. Algo no seu interior lhe dizia que ele não poderia deixar que nada acontecesse a Lila. Até porque, ela é a sua última esperança. 


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Notas finais do capítulo

E aí, o que achou? Gostou da equipe que parece estar se formando?



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