A Grande Peça escrita por Mrs B


Capítulo 3
Leda foi embora


Notas iniciais do capítulo

Apresento-lhes Anselmo.



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Daniel chegou ao final da tarde e Glória já o esperava. Era a única que não estava no quarto.

— Já viu a nossa prima? – perguntou.

— Claro que não. Cheguei agora.

— Você tem que ver. É linda e além de tudo, solteira.

— É? – perguntou demonstrando interesse.

— Você tem que vê-la, sério! Não tem igual.

— Muito me surpreende você falar isso de outra menina... Mas onde é que tá a prima?

— No quarto de hóspedes. O primeiro.

Ele subiu as escadas e bateu à porta do quarto de Cecília. Demorou um pouco para que a menina fosse atender.

O primo não conseguiu dizer uma palavra sequer. Ficou estagnado diante de tanta beleza. Sim, Glória já havia dito que era muito bonita, mas quando a viu... Bonita era pouco comparado ao que Cecília realmente era. Parecia ter sido desenhada pelos Deuses e esculpida em cada detalhe.

— Você deve ser o Daniel! – disse, quebrando o silêncio.

— Sim, sim... Como vai, prima?

— Um pouco cansada por conta da viagem.

— Então descanse. Falamo-nos outra hora.

Ele desceu as escadas incrédulo diante de tanta beleza. Glória o esperava.

— Eu não te disse?

— Eu preciso ficar com essa menina. Que linda, Glória! Estou realmente encantado.

A menina estava satisfeita. Sentia-se segura com o idiota do irmão interessado na prima. Daniel era um rapaz bonito e Cecília facilmente ficaria interessada. Rezava para que tudo desse certo e José Carlos passasse longe da moça.

O jantar foi servido e nem sinal de Anselmo. Sandra estava preocupada. Ligara várias vezes para o seu telefone e sempre parecia estar desligado. Glória e Daniel estavam calmos.

— Estou muito preocupada com Anselmo. Ele não dá nem sinal! O que será que aconteceu?

— Mamãe, – disse Daniel, revirando os olhos – não finja que não sabe onde o papai está porque todos nós sabemos muito bem.

Ela olhou desconfiada para a sobrinha presente na mesa. Levantou-se e foi para o seu quarto.

— O papai teve mais um de seus casos descobertos. – Daniel explicou à prima.

— Daniel! Não devemos contar nossos problemas a uma estranha. – interveio Glória, fitando Cecília com olhar desafiador.

— Não, gente... Tudo bem. Não é de meu interesse saber dos dramas familiares de vocês.

Acabou o seu jantar e subiu para o quarto. Aquela família era louca, pensava. Se não estivesse na casa da mãe de Glória, já teria mandado seu pai tomar alguma providência com aquela menina. Ninguém a desafiava daquela maneira. Ela faria alguma coisa para colocá-la em seu lugar, e para isso, precisaria da ajuda de Daniel.

Faltava meia hora para uma da manhã quando Anselmo chegou. Embriagado para variar. Entrou em casa resmungando. Subiu as escadas cambaleando. O único acordado era Daniel, que estava em seu quarto usando a internet. Quando notou a luz do quarto do filho acesa, o homem entrou aos gritos e aos prantos.

— Eu não vou dormir com a porca da tua mãe!

— Papai, não diga isso... Sabe o quanto ela estava preocupada com o senhor?

— Sabe o que eu fui fazer hoje? – ele se aproximava do filho com hálito de álcool – Eu fui encher a cara! A Leda me largou! E o que me resta? Aquela porca azeda da tua mãe. Pele enrugada e aquele perfume enjoado, seios flácidos! Eu quero minha Leda de volta!

— Pai, deite aqui na minha cama e procure dormir.

Anselmo começou a choramingar.

— Eu não posso nem desabafar com o meu próprio filho? Eu não posso dizer que a mulher da minha vida pegou tudo que eu dei a ela e foi embora? Depois de ter te dado tudo do bom e do melhor, é isso que eu ganho? Pois saiba que se for assim, eu vou embora! Vou embora amanhã mesmo! Sabe por que, Daniel? Porque eu tenho nojo da Sandra.

O rapaz parecia agoniado.

— Fale baixo, por favor. Não deixe que ela escute isso. Além do mais, temos visitas.

— É verdade! – disse, batendo palmas – Aquela sobrinha da tua mãe. Mais um Lins aqui em casa. EU ODEIO OS LINS!

Com muito esforço, Daniel conseguiu fazer o pai dormir. Anselmo gritara tão alto que Sandra escutou do seu quarto. A mulher estava digna de pena. Desolada ao saber que o marido não gostava mais dela. Pior: tinha nojo. Era o preço que ela teria que pagar quando tinha dois filhos para criar: aguentar a rejeição do marido. Ela era uma idiota. Achava que, se separando, ficaria sem nada e com fama de divorciada. Ficava preocupada com o que as amigas pensariam quando descobrissem que o marido não a amava mais. Naquela noite, abafou o choro com o travesseiro para que os filhos não escutassem. Gritava, soluçava, sentia-se inválida. Não era mais a esposa, era apenas uma pessoa que morava de favor na casa de um homem apenas por ser mãe dos filhos dele.

Daniel estava triste por conta do que acabara de ouvir. Não era o tipo de pessoa que se importava com alguém, entretanto, o que Anselmo havia dito era pesado. Tentou afastar os pensamentos e foi para o quarto de Cecília tentar alguma coisa.

Bateu à porta e escutou que podia entrar. Apenas a luz do abajur iluminava o quarto. A prima estava acordada mexendo no celular.

— Posso entrar?

Logo, a menina pensou que seria a oportunidade perfeita para saber como agiria contra Glória, além de matar sua curiosidade a respeito do caso extraconjugal do tio, sendo assim permitiu sua entrada.


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Notas finais do capítulo

No próximo capítulo, saberão um pouco a respeito de Leda.



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