Herói Anônimo escrita por Kevlaf


Capítulo 24
Sobreviva!


Notas iniciais do capítulo

Não, a história não morreu! Infelizmente o tempo está curto e realmente está difícil escrever, mas deixem uma força aí! Vamos até o fim, mesmo demorando!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/719912/chapter/24

Capítulo 24

*Narrativa*

— Tem certeza disso? – Malcom ergueu uma sobrancelha ao ver o mestiço quebrar a janela do primeiro carro que viu.

— Situações extremas requerem medidas extremas – Replicou o rapaz enquanto retirava o dono do carro do banco do motorista – Levem ele pra um canto seguro, vou tentar manobrar o carro na ponte.

Após repetir a ação por mais algumas vezes, finalmente a ponte estava selada com duas fileiras de carros, atrapalhando bastante qualquer um que fosse passar por elas. Os filhos de Atena ainda revisavam seus suprimentos e armas no momento em que um tremor tomou conta do asfalto: Parecia um palpitar ritmado, as batidas de um metrônomo? O exército de Cronos marchava em direção ao Empire State e os semideuses estava exatamente na rota de colisão.

— Bom, parando pra pensar agora, seria legal ter um arqueiro aqui... – Uma das garotas falou – Se algum monstro pular por cia dos carros seria mais fácil de abater.

— Eu deveria ter trazido o arco, não sou exatamente um bom arqueiro, mas acho que daria conta se os monstros fossem grandes o suficiente – Ernest suspirou.

— Não adianta nos lamentarmos agora, vamos fazer o que for possível e manter a ponte segura – Malcom interviu – Estejam preparados.

*Comentários do registro*

— Esse é o tipo de frase clichê que inicia batalhas... Foi só o cara dizer isso que os monstros começaram a bater e pular sobre os carros, tudo virou um inferno: Cães infernais, dracaenas, uma górgona estava lá também, mas constatamos que não era Medusa... Devia ser alguma de suas irmãs. Elas eram três, não eram?

*Narrativa*

Ernest tentava olhar ao seu redor, nas pequenas brechas que tinha durante sua luta com a górgona constatava periodicamente que o avanço de ambos os lados era zero. Os semideuses continham os monstros na medida em que estes apareciam, mas também não conseguiam mantê-los para trás da barricada, que já era mais um amontoado de destroços.

O jovem deu um passo para trás, desviando das garras do monstro e revidando com um corte na diagonal usando uma de suas facas, porém apenas acertando o ar.

— Você não devia transformar as pessoas em pedra?

—Ahhhhhh! – A pergunta pareceu incomodar a górgona – Porque todos me perguntam isso? Maldita Medusa, a queridinha da família!

O semideus aproveitou o momento de distração para acertar um chute na região do abdome da mulher-cobra, lançando-a para trás e surpreendendo-a. Aproveitando a vantagem adquirida, logo o filho de Atena correu para cima do monstro, tentando acertar um golpe vertical na direção do ombro esquerdo da oponente, porém, ela era mais rápida do que aparentava: Com uma velocidade impressionante conseguiu segurar o antebraço do rapaz, tendo apenas um corte superficial no ombro, ao mesmo tempo abrindo três profundos ferimentos com suas unhas onde apertava para conter o golpe do rapaz.

O sangue começou a escorrer lentamente e isso parecia deliciar a górgona, que sibilava:

— Sangue de semideus, ah, isso é melhor do que o néctar dos deuses, com certeza!

Mais uma vez o garoto quis se aproveitar do momento em que a rival se desconcentrou da batalha, sacando com agilidade uma faca de arremesso com a mão esquerda e, com a curta distância que tinha, golpeando a região logo acima do esterno do monstro, transformando o instante de prazer em terror, apenas vendo a expressão da mulher-cobra se transformar em uma pilha de pó, junto com todo o seu ser.

— Bitch – O garoto apertou o braço ferido, fazendo uma careta de dor – Isso vai doer amanhã...

— E vai deixar uma marca, querido – Uma dracaena sibilou, atraindo a atenção do filho de Atena.

— AH SÉRIO? – O jovem não conseguiu conter sua indignação ao ver a cena à sua frente – AGORA VOCÊS TAMBÉM USAM ELES DE MONTARIA?

O monstro sorriu sombriamente enquanto enrolava suas pernas de cobra no pescoço do enorme cão infernal que montava, girando uma rede em uma das mãos e apertando um tridente na outra.

O semideus ergueu a guarda, sentindo um pouco de dificuldade em mantê-la devido aos ferimentos no braço direito, esperando o próximo movimento do adversário.

— Uma ajuda aqui seria bem-vinda – Comentou em voz alta, torcendo para algum dos irmãos estar desocupado, mas sabia que todos estavam travando suas batalhas de vida ou morte naquele momento – Não? Ok...

A dracaena não quis esperar muito mais, jogando a rede para tentar prender de algum modo o garoto, porém com um passo simples para o lado, o filho de Atena saiu do alcance da rede, já lançando uma de suas facas em direção ao cão infernal com a mão esquerda. Este, com rápida movimentação saiu do alcance do ataque e avançou, atingindo Ernest com sua cabeça, lançando-o alguns metros no ar e fazendo-o cari estatelado no chão.

— Uhnf – O rapaz tentou se levantar, mas seu braço direito tremia ao tentar sustentar o peso do corpo, uma leve tontura começava a lhe atormentar pela perda de sangue – Vamos, reaja!

Com dificuldade o rapaz ficou de joelhos, mantendo os olhos fixos no cão infernal à sua frente, quase que ignorando o fato da dracaena estar preparando para lançar o tridente.

Nesse momento tudo ficou cinza, as imagens congelaram, os sons da batalha cessaram, até o cheiro da gasolina que vazava dos carros sumiu. Uma velha cena parecia estar se repetindo: Ernest via uma imagem de si mesmo coberta de tatuagens, um olho espelhado e outro dourado.

— Não vai deixar eu te ajudar? – A imagem disse com uma voz pesada, que fazia calafrios brotarem na espinha do jovem.

— Não sei se confiaria em você nesse momento – O garoto resolveu ser bem direto – Essa batalha é pra sua ressureição completa, não posso dar brechas.

Foi estranho, mas a imagem sorriu e começou a girar a faca entre os dedos.

— Vejam bem, não é que eu não queira ressuscitar, mas não é vantajoso você morrer sem ser pelas mãos de Luke – O titã hesitou, mas resolveu continuar a falar – E não sei se essa parte da minha alma se acostumaria a ficar sem alguém para bater um papo ou atormentar.

— Sem essa, você não tem coração – O rapaz estava chocado com a declaração de Cronos – De qualquer forma, você ainda quer retomar o poder.

— Ah sim, mas existem muitas formas de fazer isso, acredite – Um brilho surgiu no olhar da imagem – Quando tiver minha idade vai entender.

— É, provavelmente isso vai ser... Não sei... Nunca. Eu sou mortal.

— Bom, pena pra você. Quanto à minha oferta, é pegar ou largar, estarei esperando uma resposta.

Tudo pareceu acontecer ao mesmo tempo: As cores voltaram, o tempo começou a se mover e um tridente foi arremessado em direção ao filho de Atena, que teve tempo apenas de se deixar cair no chão de novo, impedindo que a arma fosse ao encontro de seu peito.

— Droga – A tontura parecia piorar a cada momento – Pense, rápido, pense!

As possibilidades corriam na mente do rapaz, isso é, o mais rápido que podiam com a mente entrando no estado de sonolência enquanto a pressão caia.

“Mochila, néctar, muito longe... Sem forças pra me levantar... Comida de cão infernal... Peggy... O cheiro de gasolina é bom...”

— O cheiro de gasolina é bom... – O mestiço pareceu sentir uma tênue luz iluminar sua mente enevoada – Ei, alguém, coloquem fogo em um carro!

O rapaz não conseguiu dizer quando foi que uma explosão consumiu todo o seu campo de visão, a última lembrança foi um clarão antes de mergulhar na escuridão silenciosa da inconsciência.

(...)

Ernest se viu em pé sobre a neve, enquanto observava um garotinho correr atrás de um coelho preto.

— O que... – A cena era estranhamente familiar, o que o assustava de certa forma – Eu..

— Se lembra disso? – O garotinho parou de correr e virou-se para o jovem, os olhos dourados encarando-o fixamente – Eu me lembro bem.

— Cronos – O filho de Atena suspirou – O que está acontecendo aqui?

— Você não quis minha ajuda, desmaiou e achei que seria bom aproveitarmos o tempo que temos juntos.

— Cale-se, não me trate como se fossemos amigos.

— Bom, achei que talvez quisesse saber sobre seu passado... Quem sabe te dar uma motivação pra lutar além daquela garota, não?

— O que quer dizer?

— Ah, seus pais, é claro. Não quer encontra-los? Saber quem eram? Eles ainda devem estar vivos.

O mestiço mordeu o lábio inferior, refletindo até onde essa história podia ser verdade.

— Mostre-me.

Então foi como assistir um filme, Ernest viu tudo? Desde seu rapto até sua convivência com monstros e a noite onde Cronos foi infundido dentro dele.

O jovem coçava a lateral do rosto, sobre a barba negra que vinha crescendo aos poucos:

— New Hampshire... Por que eu? Podia buscar um semideus no lugar de um mestiço como eu.

— Bom, achei que a resistência seria menor... E a oportunidade era boa, eu poderia treinar um soldado desde o início. Pena que você sempre foi meio rebelde com algumas coisas, não deu um bom soldado, apesar de ser um guerreiro excelente.

— Tá, o que eu faço agora?

— Volte, sobreviva... Use meu poderes se necessário.

Um choque pareceu percorrer o corpo do semideus, despertando-o e fazendo com que os olhos se abrissem subitamente.

— Acordou assustado heim? – Uma voz conhecida acalmou o rapaz.

— Onde estamos? – O jovem esfregou os olhos, sentindo as ataduras que estavam firmemente presas ao seu braço direito apertarem um pouco.

— No Plaza – Peggy pôs a mão sobre o peito do namorado, impedindo-o de se levantar – Fique deitado por um tempo, não vai te fazer bem ficar andando por aí com tão pouco sangue. Vocês de Atena podem ser bons em muitas coisas, mas são péssimos curandeiros, nunca vi curativos tão mal feitos quanto os que fizeram em você quando chegou aqui.

Um sorriso cruzou os lábios do garoto.

— Ainda bem que tenho você então – Logo uma expressão mais séria tomou conta do rosto do jovem – E você, está bem?

A garota abanou a cabeça.

— Fisicamente estou exausta... Emocionalmente... Também – A voz da menina começou a embargar – Michael se foi... Mesmo com Percy ajudando... Se sacrificou para derrubar a ponte.

As mãos frias do rapaz seguraram as da namorada, estavam quentes.

— Lamento por isso Peggy – O rapaz não sabia mais o que dizer, estava cansado e esgotado por toda a luta e pela experiência de revisitar seu passado com Cronos.

— Pelo menos você está bem... Descanse um pouco, vou buscar algo pra comer enquanto isso. Já está amanhecendo, a tarde seus ferimentos já devem estar melhores.

Ernest assentiu, vendo a namorada sair do quarto.

(...)

Toc toc.

— Hmm? – O filho de Atena abriu um dos olhos, saindo de seu sono – Entre.

A porta do quarto abriu-se e, surpreendentemente, não era Peggy quem entrava, muito menos Percy ou Annabeth (que Ernest ficou sabendo que também não estava nas melhores condições): Era Jake Manson, do chalé de Hefesto.

— Jake... O que o traz aqui?

— Ernest – O garoto deu um sorrisinho – Vim fazer uma entrega.

— Entrega?

O filho de Hefesto puxou um embrulho de pano roxo, comprido e pôs ao lado da cama do filho de Atena que, com muito esforço, sentou-se e, com um pouco de tontura, começou a abrir o embrulho.

— Não pode ser!

— Bom, tive um pouco de tempo desde o fim de nossa batalha, resolvi terminá-la,

Quando o pano roxo caiu, uma bainha de couro preto brilhante mostrou-se formosa, com uma empunhadura curva, sem guarda, também envolta tiras de couro preto se projetando do topo da bainha. O mestiço desembainhou a espada: Ligeiramente curva, fina o suficiente para não ter muito peso, mas com corpo para aguentar os maiores impactos. A lâmina brilhava com uma cor diferente: Uma mistura entre a cor tradicional do bronze celestial e um dourado que lembrava muito os olhos de Cronos.

— Essa cor é estranha... Mas está linda, perfeita!

— Bom – Jake franziu a testa – Na verdade percebi que faltou um pouco de bronze para ficar no tamanho que me pediu... Então peguei uma arma de algum monstro e derreti junto, testei o material antes e mata monstros tão bem quanto o bronze celestial.

 - Se ainda conseguirei matar monstros, nada de reclamações.

— Que nome vai dar para ela? Posso gravar na lateral se quiser.

— Eu adoraria!

— O que vai ser então?

Um sorriso soturno brotou nos lábios de Ernest, que olhou para Manson e apenas disse:

Spatium.

— Isso não é grego, não é?

— Não, na verdade tenho uma certa dificuldade com o grego, por mais que dê pra entender bem...

— Você é estranho – O filho de Hefesto pegou a espada e se dirigiu à porta – Volto em uma meia hora com a espada pronta.

— Tranquilo, esperarei aqui.

Logo o filho de Atena já havia voltado ao seu cochilo, afinal, depois de uma noite daquelas, não pretendia gastar energia com coisas desnecessárias.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Herói Anônimo" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.