Zombie apocalypse - You need to survive escrita por Gabii Amorim


Capítulo 29
Eu prometo!


Notas iniciais do capítulo

Demorei muito não é mesmo? Tive um baita de um bloqueio escritor gente, me desculpem. Vou tentar voltar a postar agora kk ♥



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#Scarlett Anders

— Você está maluca? E se tiver mais uma orla de zumbis por ai? - Nefarius grita depois de eu contar a todos sobre o acordo - Como pode fechar um acordo deste nível sem nos consultar?
— Bom, se você prefere ficar neste porão e apodrecer até a morte, posso dizer a capitã Brown que você se disponibilizou para ficar. - Digo sentindo minha raiva aumentar. Quem ele pensa que é para falar comigo assim? Dou alguns passos em sua direção até ficarmos próximos o bastante para sentir sua respiração. Quase num sussurro, digo: - Não preciso consulta-lo para nada aqui, caso tenha se esquecido, sua opinião não nos levou a nada, a não ser que esteja contando com nossa briguinha.
Me afasto dele e volto a falar com o tom de voz normal.
— Já que não confia em mim, como deixou isso extremamente claro - Nefarius abre a boca para discordar, mas eu ergo a mão e o interrompo - O porão está ai, você será útil garantindo nosso acordo. Se for para morrer, prefiro morrer lutando. Vocês não?
Michonne é a primeira a sair do transe.
— Estou contigo. É a nossa melhor chance.
— Eu também - Diz Willie.
Mesmo sendo inexperiente na luta contra zumbis, se comparado ao restante de nós, Willie sempre está disposto a ajudar a qualquer custo. Pela forma como o conheço, ele deve achar que não tem nada a perder ficando escondido num porão velho. Ele prefere morrer lutando, como eu, por isso, não hesita em ajudar na luta. Em sua primeira luta contra zumbis, ele já se mostrou extremamente eficaz com armas e a faca. Não faço ideia de como aprendeu a atirar, mas não temos tempo para pensar nisso agora.
— Está mais do que claro que todos aqui preferimos lutar pela nossa liberdade. - Diz meu pai.
Os outros concordam com a cabeça.
Começamos a montar planos e pensar nos lugares próximos onde poderíamos conseguir suprimentos. Me lembro do mercado próximo a casa em que ficávamos antes e da quantidade de alimentos que eu havia deixado lá. Com sorte, ninguém terá tentado entrar e todos os suprimentos continuarão intactos. Digo isso a todos eles. Meu pai começa a se lembrar dos locais onde haviam uma boa quantidade de mercados e lojas de conveniências.
Assim, passamos o dia planejando e tendo ideias. Mas todos ali sabemos que na hora de agir, não há planejamento algum que possa nos salvar, apenas a velocidade e a habilidade de cada um.
Quando - de acordo com meus cálculos - às 8 horas da noite chegam, começamos a nos preparar para dormir. Até mesmo eu sei que precisaremos estar descansados e dispostos na manhã seguinte. Não sabemos quando poderemos dormir novamente, sem nos preocupar com uma orla de zumbis se aproximando.
Fecho os olhos com mais esforço do que gostaria, deixando minha mente divagar sobre qualquer coisa, menos o mundo lá fora. Adormeço mais rápido do que o esperado.

*   *   *

Ouço o clique, já conhecido, da fechadura girando e só aquilo já é o bastante para me fazer acordar de um pulo.
O rosto pálido de Aaron aparece na porta e seus lábios logo se abrem num sorriso. Não consigo entender como aquele garoto pode sorrir tão facilmente sabendo das circunstâncias.
— Qual a graça? - Pergunto, esfregando os olhos e passando os dedos pelos cabelos ruivos para desfazer alguns nós.
— Eu te acordei? - Ele pergunta - Você está horrível.
— Obrigada. Terei um aumento considerável na autoestima agora. De que precisa?
— De você.
Inclino a cabeça tentando entender seus pensamentos. Não é tão fácil decifrar a sua mente, mas suas emoções estão sempre à mostra em seu rosto.
— A capitão Brown quer falar com você antes de partir. - Ele completa.
Me viro para olhar o restante dos habitantes do porão. Willie e Chrystal são os únicos acordados.
— Digam aos outros que volto logo, caso acordem. - Digo para Willie.
Ele assente.
Novamente, saio do porão ao lado de Aaron, percorremos todo o caminho até a sala da Capitã Brown em silêncio, não há nada que precise ser dito antes de eu sair para enfrentar novamente o mundo lá fora. De repente, o peso do meu acordo com Brown parece multiplicar a cada passo, à medida que o tempo passa e nossa partida se aproxima. Podemos comprar nossa liberdade dessa forma, mas também sei que muitos de nós podemos morrer. Já não aguento mais ver pessoas morrerem tão jovens. A expressão no rosto de seus amigos e familiares me parte ao meio toda vez. A morte não é algo que possamos nos acostumar. Ela virá sempre, sorrateira e silenciosa, mas quando atacar, nunca nos acostumaremos à dor, nunca ficaremos prontos o bastante para não sentir o corte que ela deixará em nossa alma quando partir, apenas para voltar dias depois e fazer tudo de novo. A dor é inevitável. Ainda assim, não temos escolha que não, correr até ela.
Aaron bate na porta da sala da capitã e após meio segundo, ela a abre. Entro sem pestanejar. Percebo imediatamente que a sala está mais cheia do que se julga possível. Apenas 5 pessoas a mais são o suficiente para lotar o pequeno cômodo. Assim que passo pela porta, a sala barulhenta torna-se silenciosa. Brown toma seu lugar na poltrona do outro lado da mesa, eu me sento no sofá logo a frente e Aaron se junta ao restante das pessoas ali presentes.
— Vocês estão prontos? - Brown pergunta.
— Tão pronto quanto um grupo de pessoas podem estar antes de enfrentar a morte. - Digo olhando-a nos olhos.
— Ótimo. Preciso escolher alguém de seu grupo para ficar aqui e nos garantir que voltem.
— Um dos nossos se ofereceu para ficar, caso não se oponha.
— É um membro efetivo do grupo? - Ela pergunta.
Sei o que está fazendo, e não a julgo. Poderíamos muito bem escolher o mais fraco e deixa-lo aqui, a mercê da piedade desta mulher, matar qualquer pessoa que ela mande conosco, e fugir. Seria uma boa ideia. Mas não há ninguém tão fraco e indispensável que possamos simplesmente larga-lo aqui. Não é do meu feitio abandonar alguém que um dia possa ter ajudado, mesmo que minimamente.
— Todos são - Respondo, firmemente.
— Preciso garantir que vocês voltem. Quem se ofereceu para ficar, Scarlett?
— Nefarius. Ele será sua garantia. Eu certamente voltarei. - Digo.
Sempre faço o possível para esconder minhas emoções. Desta vez, faço o contrário. Olho a capitã nos olhos e me esforço para deixar transparecer tudo o que eu sinto por Nef, apenas pelo olhar, simplesmente para não precisar dizer aquilo em voz alta. Ela consegue enxergar meus sentimentos e vejo o canto de seus lábios se contorcerem num pequeno sorriso de desdenho.
— Vocês brigaram? - Ela pergunta deixando seus lábios se alargarem num sorriso ainda maior.
Fecho a cara e volto a esconder meus sentimentos. Ela aceita meu silêncio e muda de assunto.
— Estes são alguns dos meus que irão os acompanhar. - Ela diz, apontando para as pessoas que continuam de pé, observando atentamente a nossa conversa.
Corro os olhos por cada um deles. 4 homens, fortes e experientes. 2 mulheres igualmente amedrontadoras. Não deixo que eles vejam em meus olhos o que penso e volto a encarar a capitã.
— E as armas e suprimentos? - Pergunto.
Com apenas um gesto da capitã, 1 dos homens pegam em algum lugar próximo, 2 mochilas grandes e pesadas e as coloca próximas a mim. Me abaixo e abro a primeira mochila. Está cheia de armas, a segunda contém  suprimentos em geral. Quase deixo escapar um suspiro. Quase. Volto a sentar corretamente no sofá e encaro a capitã.
— É o suficiente? - Ela pergunta, orgulhosa de si mesma.
— Terá de ser. - Digo.
Involuntariamente, começo a imaginar o quão fácil e produtivo seria trair ao acordo. Uma vida, para salvar várias. Nefarius, pela liberdade de todos os outros. Não me parece um mal negócio, embora meu coração grite e ameace estourar só em pensar na opção de deixa-lo ali para apodrecer sozinho. Sacudo a cabeça para afastar aquele pensamento. Não sou capaz de trai-lo desta forma, não sou capaz de trair meu coração desta forma.
— Algo de errado? - Pergunta Brown, notando minha confusão.
— Não - Nego, rápido demais. - Irei chamar meu pessoal.
A capitã assente mas continua me avaliando com aquele olhar afiado.
Me levanto, abro a porta, e saio. Deixo para trás as mochilas de suprimentos e armas e todas aquelas pessoas desconhecidas que, em breve, passarei a conhecer tão bem.
Enquanto caminho à passos rápidos em direção ao porão, tento controlar minha respiração e minhas mãos que já começam a tremer. Todo o controle que tentei criar para mim mesma, ameaça ruir. Dúvidas e perguntas começam a surgir em minha mente sem que eu possa fazer qualquer coisa para evitar. Uma delas se repente o tempo todo. E se eu falhar? E se eu acabar matando mais alguém? E se eu falhar? E se eu não conseguir voltar para Nefarius? E se eu falhar?
E se. Malditas sejam essas palavras.
Chego no porão mais rápido do que o necessário. Salto pelos degraus que rangem a cada passo e abro a porta de madeira velha. Meu coração bate forte no peito, louco para sair de toda esta confusão que nos metemos. Um simples olhar para Nefarius é capaz de me destruir por inteira, mas de alguma forma, consigo manter as aparências. Um rosto impassível, quando na verdade, minha mente está desmoronando e minhas pernas ameaçam ceder. No fundo da minha mente, respiro fundo. Conto até dez. E repito tudo isso, até sentir meu controle voltando pouco a pouco.
Toda minha confusão interna demora 2 minutos que mais me parecem 2 anos.
— Estão prontos? - Pergunto.
Todos ali assentem com a cabeça e começam a se levantar, indo em direção a porta. Assim que todos já estão subindo as escadas, ouço a voz de Aaron lá em cima organizando a todos. Apenas eu e Nefarius ficamos no porão. Meu falso controle já foi reconstruído e nem mesmo minhas mãos ousam tremer. Paro de frente a ele, tentando gravar seu rosto em minha mente, caso alguma coisa venha a acontecer.
— Me descul... - Ele começa, mas eu o calo.
Quando nossos lábios se encontram, lentamente, sinto nós de tensão se desfazerem em todo o seu corpo. Demoro mais do que deveria e menos do que gostaria.
Quando me afasto, sinto meu corpo voltar a esfriar.
— Vou ficar aqui - Ele diz, passando a mão pelo meu cabelo.
Deixo escapar um suspiro de alívio.
— Obrigada - Digo.
— Não me agradeça. Vá.
Demoro meio segundo para saber que realmente tenho que ir. Por mais que me doa deixa-lo ali, sei que sua independência necessita disso. Viro as costas para sair mas paro na porta por um milésimo de segundo.
— Vou voltar - Digo - Eu prometo!

Mais promessas, Scarlett? Mais promessas que você talvez não possa cumprir?


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Notas finais do capítulo

Ta aí o novo capítulo, espero que gostem.
Ah, muito obrigada pelos comentários e mais uma vez me desculpem pela demora. Minha mente as vezes trava kk ;-;



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