O Passado Sempre Presente. escrita por Tah Madeira


Capítulo 4
Capítulo 4




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Na casa dos tios, Zilda também não consegue dormir, olha para o lado e percebe que o esposo está em um sono agitado, a história deles estavam tão entrelaçadas com a de Emília e Vitória muito mais que de qualquer outra família.


 O beija no rosto e com cuidado levanta e vai à janela, e lembra daquela mesma tarde, em que chegou em casa e encontrou a irmã abraçada a sobrinha, a dor que sentiu ao ver aquela cena ter o olhar dela sobre si chegou a perder o equilíbrio.

— Vitória. — ela  acusto consegue balbuciar.
      — Zilda — ela instintivamente segura mais na filha, beija sua testa, diz algo ao seu ouvido, passa uns segundos acarinhando a cabeça da menina por fim diz. —Luís por favor, pode levá-la para o quarto.

O cunhado se aproxima e pega a menina com cuidado e a leva. O silêncio entre as duas irmãs é de pesar. Zilda, senta-se próxima a irmã, que recua levemente, aquilo faz seu coração apertar, sabe que a decepcionou.

—Vitória, você sabe que isso foi preciso...— ela tenta começar a dizer, mas a irmã a corta secamente.
     — Sua incapacidade de ter filhos faz você querer roubar a minha filha.— Vitória diz levantando do lado da irmã, que fica chocada pela forma como ela lhe diz aquilo, a infertilidade de Zilda era quase um tabu para todos.
      — Vou relevar pois sei o quanto está chateada com essa situação toda.— diz Zilda refeita do choque inicial, que a dor que aquelas palavras lhe causaram.
       — Eu não quero que você releve nada Zilda, quero que você sinta a dor que está me causando ao pedir a tutela da minha filha…— Vitória grita.
       — Eu estou fazendo isso para o bem de Emília, eu…— Zilda a corta e rebate a acusação, levantando-se do sofá e aproximando-se de Vitória.
      — Você sempre teve inveja de mim, sempre, ou esqueceu o seu olhar sobre mim quando dei a notícia de minha gravidez.
    — Não fazia uma semana que eu tinha tido mais um aborto último e decisivo, Vitória pelo amor de Deus, como queria que eu estivesse, meu maior desejo sempre foi ser mãe.—Zilda chora.
      — E você vai realizar esse desejo agora, sendo mãe da minha filha, mas lembra-se disso Zilda ela é minha e isso não acaba assim.
 

Vitória deixa a sala, Zilda cai em prantos no sofá, alguns segundos depois o marido aparece a tomando em seus braços, a colocando em seu colo, ele repete a cena de Vitória com Emília, ele afirma que fizeram o melhor para a sobrinha.

— Está tudo bem meu amor, está tudo bem.— aos poucos ela  vai se acalmando.
     — Não Luís não está. Minha irmã me odeia, meu cunhado está preso, há uma empresa que nem sei o que fazer, minha sobrinha dorme sem saber que sua vida nunca mais vai ser a mesma definitivamente nada está bem.
      — Eu pensei em algo.
     — Em o quê ?—  ela afasta o rosto do ombro dele, onde apoia a cabeça, para poder olhá-lo melhor.
      — Viajar — ela olha confusa para o esposo— Sim, veja bem meu amor, não podemos deixar Emília no meio disso tudo, vai estar em tudo o que é lugar que ele foi preso por tentar matar a ex-mulher e a filha, como vamos explicar isso para ela, já é difícil ela compreender o acidente da forma como falamos.—Conseguimos manter as notícias das investigações longe dela, mas agora que ele foi preso, ela logo pode descobrir.
      — Não sei meu bem, penso melhor dizer tudo de uma vez.
    — E esse não foi o único pedido tanto de Alberto, quanto de Vitória, que ficam se acusando mutuamente desse acidente, que Emília não fique sabendo de nada, nada disso que um dos pais possa ter atentado com a vida dela.

— Sim, eles pediram, mas...

A conversa é interrompida por um grito vindo dos quartos, os dois correm para lá. Zilda chega primeiro e senta ao lado da sobrinha, segurando em suas mãos.
      — Tia cadê a minha mãe ?
Luís olha para a esposa que não sabe o que responder, ele se aproxima da cama.
     —Emília, sua mãe está muito, mas muito doente, você sabe que desde que seu pai foi embora….
     —Ele não foi embora, ela mandou ele ir.—Ela solta as mãos da tia e cruza os braços — Eu sei, eu vi.
     — Minha querida, sua mãe precisou viajar e você ficará aqui conosco.— Luís diz.
      — Ela me deixou aqui, ela não me quer é isso ?
      — Não Emília a sua mãe ela precisa….
    — Então foi verdade.— ela levanta da cama, os tios a olham confusos.— O acidente de carro, ela tentou mesmo, acabar com a vida dela e com a minha.— ela diz de uma forma tão sombria para uma criança de doze anos, que os tios se assustam. Zilda vai até ela, se ajoelhando em sua frente, a abraçando.
     — Ela não abandonou ela … Só deixou você um tempo aqui.
     — Sei —ela diz com desdém, e retira a corrente que carregava.
    —Emília o que acha de irmos viajar — disse o tio, com um tom alegre pouco convincente, a garota os olhas e mesmo que fosse contra já estava decidido.

E assim foi feito, eles viajaram para a Europa, onde ficaram quase um ano, nesse tempo, Vitória tinha saído e voltado de clínicas para tratar de sua depressão, Alberto consegui um bom álibi e ser solto, mas nunca acharam o culpado para aquele acidente, ele tinha jurado em um encontro com Zilda e Luís que provaria a sua inocência e neste dia poderia voltar a olhar de cabeça erguida para a filha, depois desse dia os dois nunca mais voltaram a ver ou saber dele.

 

Zilda percebe um toque suave em suas costas, sabe exatamente quem é, sente ser abraçada e deixa, segura com carinho a mão que se junta a sua.
      — O quê não a deixa dormir?— ele diz suavemente em seu ouvido.
      — Vitória, Emília, em como vai ser com essas feridas abertas, se em algum momento elas vão se acertar.
      — Só elas duas precisam se acertar?
      — Luís ?
     — Zilda.— ele a vira.— Você e Vitória também precisam se acertar— ela olha para ele meio sem entender.— E não me olha assim que essa conversinha que vocês têm e tiveram ao longo dos anos não me convence, vocês duas tem acertos a resolverem também.
     — Ela acha que roubei a filha dela, quando eu só quis o melhor para Emília, quis o bem da menina, mantive meu olhos fechados durante os dois primeiros anos após a partida de Alberto e deu no que deu, deixei a menina na inconstância de Vitória e  o pior quase acontece.
     —Eu sei— ele passa os dedos delicadamente sobre a pele de seu rosto— E quando ela chega.
     — Daqui a dois dias, acho eu.

— Então vamos tentar dormir mais um pouquinho— ela faz que sim, ele a beija nos lábios, Zilda estende a mão a ele  vão para a cama.


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