O Passado Sempre Presente. escrita por Tah Madeira


Capítulo 26
Capítulo 26




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Vitória acordada pouco a pouco, antes de abrir os olhos sente a sua mão segurando algo, sentiu um perfume, e sabia a quem pertencia, então  não tinha sido um sonho, sorrindo  enfim abre os olhos  e vê que Emília ainda se encontrava ali dormindo aconchegada bem junto de si, segurando em  sua mão com as duas dela, como se a mãe  em um segundo, de alguma forma fosse escapar, com a mão livre Vitória passa sobre o rosto da filha  tirando alguns fios de cabelo dali, acaricia de leve a face tão querida, que esboça um pequeno sorriso ao seu toque, era impossível não relembrar quantas vezes quando era pequena a viu assim junto a si,  fica uns minutos com aqueles gestos sobre a filha, como para ter certeza da presença dela, não pode deixar de ter lágrimas nos olhos que vinha acompanhada de um sorriso , com receio que ela venha a acordar cessa os seus carinhos, e devagar consegue tirar sua mão das de Emília, faz com cuidado para que  a filha não desperte, feito isso mesmo sem querer sair de perto dela, sai da cama com cautela, volta a cobrir a filha a beija.

 

Minutos depois já está no andar de baixo, a mesa já está posta.

—Bom dia Anitta— diz com um sorriso que não consegue esconder, nem se quisesse ele sairia do seu rosto.

—Bom dia dona Vitória, vejo que dormiu muito bem.

—Dormi como ou melhor, com um anjo. — Anitta não entende muito o que a senhora quis dizer, mas pelo sorriso que ela carrega deve ter ser algo bom.




Emília abre os olhos devagar, demorando um pouco a compreender onde está, a cama é diferente, as roupas de cama também, assim como a mãe o perfume denuncia onde ela se encontra, está no quarto de Vitória,  e diferente de como achou que estaria sente-se bem, que encontrou exatamente o que precisava na noite anterior:  amor,  dormiu com os carinhos da mãe sobre si, era como ter voltado a infância, antes de todos os problemas de seus pais acabarem com a família, pensar no pai a faz sentar na cama, e olhar para o lado buscando o seu telefone, mas não o tinha trazido, quando pensa em levantar em busca do aparelho, ouviu uma leve batida na porta, que abre devagar, Vitória com calma entra no quarto.

— Bom dia minha filha— Senta na ponta da cama passa os dedos delicadamente no rosto de Emília— Dormiu bem? — Emília abaixa o olhar um pouco, sente sem saber o que fazer, mas por fim pensa que a barreira entre elas não existe mais, que já era tempo de reconstruir essa ponte  na relação dela , e do jeito que tinha que ser, do jeito que sempre deveria ter sido, volta a olhar para a mãe e encontra o mesmo olhar carinhoso da noite anterior.

— Dormi sim mãe.  — ela diz tão suave que uma lágrima escapa do olhar de Vitória que a puxa para um abraço. Emília repousa a cabeça no ombro da mãe que alisa as suas costas, era tão bom estar de volta naquele braços, ter de volta aquele abraço, que o tempo pareceu parar, soltou-se da mãe quando ouviu novamente uma batida na porta.

— Pode entrar Anitta — Vitória autoriza a entrada da empregada, que traz uma bandeja de café da manhã, Emília olha para a mãe que limpa as lágrimas de seu rosto.— Pedi a ela que trouxesse seu café, sei que vai dizer estar sem fome...

— E pedindo a  ela para trazer aqui é uma forma de me obrigar a comer?—  ela perguntou a mãe, Anitta já vai deixando a bandeja sobre o colo de Emília.

— É que você anda comendo tão pouquinho, obrigada Anitta— a moça se retira deixando as duas  a sós, sentia-se tão feliz quanto elas por essa  reconciliação.

— Obrigada — sem ter como argumentar com a mãe Emília se dá por vencida e começa a comer.

 

Um tempo depois Vitória avistou  Anitta que  passa por ela.

— Anitta algum problema?

— Nenhum dona Vitória, é que Emília tem uma visita e vou chamá-la.

 

Emília ouviu a batida na porta no momento que terminou de calçar os sapatos, e nem acredita quando Anitta diz que alguém espera por ela na sala. Desceu apressada as escadas, algo dizia ser ele quem estava ali, mesmo sem ter certeza. Ao chegar percebe estar certa.

—Bernardo— ela diz indo de encontro ao braços dele, que a aperta forte em seus braços, pareciam que a muito não se viam

 

Vitória que de longe observava o moço, pois não queria invadir a privacidade  da filha ou impor a sua presença,pensa quem pode ser, e se ele é o amigo com o pai doente, com o qual a filha vinha se preocupando,  mas quando a Emília foi até ele e o abraçou, sentia ser mais que um amigo, sentia o carinho naquele abraço e como os olhos do rapaz se iluminou ao ver a filha, mesmo sem saber quem era Vitória parecia conhecer ele. Ela sem querer ao tentar sair despercebida esbarra em algo  despertando o casal, que se soltam e olham para ela.

— Desculpas não quis atrapalhar vocês.— pede um pouco sem jeito por ter sido pega.

— Tudo bem.— Emília fica tensa por ter que fazer a apresentação dos dois mas  o conduz pela mão. — Bernardo essa aqui é Vitória minha mãe, esse é meu amigo, Bernardo— ele estende receoso a mão para a senhora a sua frente.

— Prazer em conhecê-lo Bernardo— ela toca a mão dele, que está fria, sorri ao pensar que o nervosismo dele é por estar diante da “sogra”.

— O prazer é todo meu— ele não sabia que a iria ver Vitória, foi ali somente pensando em Emília, em levar pessoalmente notícias  sobre seu pai, tinha esquecido de que ela estava lá,percebia que ela e Emília pareciam estar mais próximas  e agora temia que ela soubesse quem ele era e  de alguma forma estragar tudo, até então não estava apreensivo com esse encontro, mas agora sente um  nervosismo tomar conta de si. Como que sentindo o que ele pensa Emília seguram em sua mão, Bernardo fica um pouco mais calmo ao sentir o toque dele.

— Vou deixar vocês a sós. com licença — ela fala indo em direção a escada.

 

Emília sorri para Bernardo, um pouco encantada por ele estar ali, mas que é passageiro por constatar que se ele estar ali é porque tem algo sério a lhe dizer.

 

— Vem — ela delicadamente o puxa, vão em direção a porta que dá acesso ao jardim.—  Não sabia que tinha meu endereço.— ela diz mais para quebrar o clima tenso, tanto por ele estar ali, pelo que ele está ali e pelo encontro dele com Vitória.

— Eu sempre soube onde você mora— ela apenas acenou com a cabeça, entendendo que Alberto deve ter tido a ele.— Só não sabia que era um lugar tão lindo.— ele diz encantado pelo jardim, e pela casa em si, Emília apenas sorri, o silêncio como sempre se faz presente, então finalmente ela diz.

— O que o exame concluiu? — ela o olha, sabe que qual for o resultado, deve enfrentar de frente.Bernardo segura em sua mão.

— Esse seu jeito direta às vezes me surpreende, o resultado só venho hoje pela manhã, por isso não entrei em contato antes e quis ver aqui pessoalmente falar com você, é benigno — ele vê que ela suspira, talvez o mesmo suspiro que ele deu quando recebeu a notícia aquela manhã. — O médico pretende fazer uma cirurgia para a retirado do tumor, mas primeiro fará uma avaliação do local onde o tumor  se encontra para saber se Alberto poderá ter alguma sequela, ele fará isso ainda hoje, pois quer fazer a cirurgia o quanto antes, mesmo que o tumor seja pequeno, pela idade avançada e por ter tido a pouco um problema de saúde, o médico quer  tirar logo.— Emília olhava para ele, mas parece não o ver, Bernardo toca em seu rosto,chamando sua atenção.— Oi está aqui?

— Sim, estou— ela pega a mão que ele tem sobre seu rosto e mantêm junto com as suas.— Estou tentando assimilar tudo isso, saber o que sinto— ela vai com ele até um banco que ali tem, sentam  e  olha bem para ele, precisa falar o que vai dentro de si.— Desde que você  contou sobre  o estado  dele, eu só consigo pensar sobre o que você pode estar sentindo, em como posso te ajudar, entende?

— Sim, entendo que você o vê como meu pai, não como o seu, sei o quanto é difícil pra você tudo isso, sei que foi um grande passo você ir até a clínica…

— Queria falar sobre isso também, pedir desculpas por ter falhado...— ele coloca o dedo sobre os lábios dela.

— Você não tem que pedir desculpas por nada, nem a mim, nem a ninguém, só você sabe pelo o que vem passando, e não podemos julgar ou dizer como deve agir.— ele toca o rosto dela, fazendo suaves movimentos, — Eu queria muito que você tivesse entrado lá, mas também não sei como teria sido esse encontro, vocês ainda não estão preparados para tal. — ela apenas concorda com a cabeça sem nada dizer, Bernardo pensa um pouco e completa — Eu nunca vou forçar você a isso, e se não quiser eu nem falo nada sobre ele…

— Mas eu quero que você me diga, eu quero saber.

— Ok, mas só o farei quando você quiser, quando você perguntar.— ela levanta, ficando de costas para ele.

— Você ainda volta a clínica hoje?

— Sim, preciso saber como o médico irá prosseguir .

— Você me liga após saber como vai ser.

— Sim eu ligo.

— Mas liga mesmo, fiquei esperando você ligar e nada.— ela mexe em uma flor que há ali, Bernardo levanta e se aproxima dela, mas sem a tocar.

— Eu sei desculpas, mas não podia ligar sem saber de nada, e no fim apareci aqui, não foi melhor?— ele toca as costas dela, que se arrepia com o gesto, Emília vira para ele.

— Sim foi, nem acreditei quando Anitta me disse.— Emília toca o rosto dele, Bernardo, ele coloca o braço em volta da cintura dela e a puxa, acaricia o rosto dela com o seu, Emília fecha os olhos, sente o perfume dele, então Bernardo a beija.

 

Sentados lado a lado após se beijarem, Bernardo indaga Emília.

— Você e sua mãe parecem ter se acertado?

— Sim, ontem dei mais um passo.

— E nem preciso perguntar como está se sentindo, por esse brilho que surgiu ao ouvir falar dela, está tudo bem.

— Sinto estar encontrando o meu eixo, que está tudo se encaminhando, sei que preciso ainda fazer alguns acertos— ela o olha e Bernardo sabe do que, ou melhor de quem ela diz.— mas estou dando um passo de cada vez.

— E sobre nós podemos fazer algum acerto?

— Como assim?

— O que somos? O que temos?— ele diz, ela cai na gargalhada.

— Ah Bernardo, achei que nessa altura não precisamos disso.— ela ainda sorri, ele fica confuso, Emília passa  a mão sobre o rosto e cabelos dele, e finaliza— Bernardo, você entrou na minha vida em meio aos caos, trazendo mais confusão que eu nem podia imaginar, eu me encantei por você em um primeiro momento e de uma tal forma, que mesmo tentando odiar você, tinha algo que não permitia deixar esse rancor crescer, um amor q demorei a admitir e aceitar, achei que sentia o mesmo.

—E eu sinto, sinto muito mais que você pode imaginar ou como pensa que suportei aqueles tapas.— ela novamente gargalha.

— Você mereceu.— ela é quem o beija.

 


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