O Passado Sempre Presente. escrita por Tah Madeira


Capítulo 23
Capítulo 23




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Emília sobe ao quarto, sentia um misto de emoções, troca de roupa e deita na cama, lembra dos momentos com a mãe, era interessante ouvir o outro lado, saber que ela também sofreu, claro que ela queria se jogar nos braços da mãe, mas assim como o tempo ajudou elas a terem essa conversa depois de anos, o tempo iria ajudar elas a fortalecerem essa relação, que em um primeiro momento precisava de confiança, e isso levaria um tempinho, ela tem ainda um pouco de medo da decepção, de sofrer, então prefere agir com cautela, Emília olha para o celular vê que é muito tarde para ligar para Bernardo, apesar da imensa vontade que sentia, mas ele assim como ela deveria estar cansada, e deixa para falar com ele no outro dia, afinal iriam se ver na empresa, quem sabe poderiam almoçar juntos, e  com um peso a menos ela poderia falar com ele sobre os seus sentimentos, sobre o que sentia por ele, o que certamente ele já sabia, mas aprendeu que as coisas tem que ser ditas, por fim lembra mais uma vez da mãe, da conversa, do seu olhar sobre ela, sempre firme, sem desviar uma única vez, estimou  isso nela, era como enfrentar os seus erros de frente, mesmo que tenha levado anos para isso, Emília também admite que em muitos momentos aos longo dos anos não foi uma pessoa fácil, aquele “se” chegou a fazendo questionar seus atos, mas não deixou ele muito tempo em sua cabeça, pois não tinha muito o que fazer, tudo já estava se resolvendo, e lembrando do carinho que a mãe tocou em sua mão,quando chorou,  que novos tempos estavam vindo, o sono chegou.



Vitória ficou um tempo ainda ali com suas rosas, sentindo o peito e os ombros mais leves, falar e ser ouvida, foi como tirar um peso de cima de si, olha sobre o balcão a caixa  que deu de presente para Emília, abre vê a carta ali, percebe que há pontos  de gotas ali,  que certamente eram lágrimas, pois manchou as letras e fez escorrer a tinta da caneta, sinal que Emília chorou ao ler,  ela passa os olhos por sobre as palavras que escreveu a anos atrás,  se tivesse agido diferente, poderia ter alterado todo o futuro deles, olha as fotos que por muitos anos foram as suas únicas companheiras, quantas vezes chorou abraçadas aquelas fotos, muitas vezes, lembrava dos momentos em que foram tiradas, analisa uma a uma, coloca elas na caixa, apaga as luzes da estufa e sai, sobe com passos lento as escadas, passou pela porta do quarto da filha, faz uma prece silenciosa ali, mas não entra, aprendeu mais que nunca a saber respeitar o espaço  e o tempo da filha, toca a porta e vai para seu quarto, pela primeira vez dormiu sem aquele sentimento que apertava o  seu coração.

 

Pela manhã, Emília já estava a mesa do café da manhã, quando a mãe desce.

ㅡBom dia minha filha.ㅡ Vitória beija a cabeça da filha.

ㅡBom dia...ㅡ Emília ainda não consegue falar “mãe”, mas também não a chama de Vitória, sabe que ela não gosta e prefere nada dizer, mas sorri. ㅡ Dormiu bem?

ㅡMelhor impossível.ㅡ Vitória pisca para a filha, que mantém aquele sorriso para ela, Vitória suspira aliviada tinha medo que ao acordar tudo tivesse passado de um sonho e voltaria a ter a frieza da filha de volta, Emília deixa a sua mão com a mãe até ela soltar para pegar seu café, Emília também pega a sua xícara, conversam coisas triviais, por fim ao ver a filha levantar Vitória a questionaㅡ Você vem almoçar em casa?

ㅡEu não sei, tenho uma longa reunião na Beraldini, ainda sobre a viagem a BellaRosa, nem sei se terei tempo para isso.

ㅡEntendoㅡ Vitória diz em tom de tristeza, que Emília percebe, ela já de pé se abaixa em frente a mãe.

ㅡEu prometo vir jantarㅡ a mãe sorri e passa os dedo no rosto da filha.

ㅡNão quero parecer que estou forçando, sei que vai levar um tempo para nos acertamos, mas só quero que sinta o meu amor.

ㅡE estou sentindo.ㅡ Emília beija a face da mãe e sai.

 

Na empresa ela era a mesma sensação que voltar para casa, no caso ali a sua segunda casa. Assim que chega Carola já aborda ela, passando a ela algumas informações.

ㅡTodos já estão avisados da reunião? ㅡEmília questiona

ㅡSim dona Emília, todos confirmaram a presença.ㅡ Carola diz e já ia sair quando Emília perguntou.

ㅡE o senhor Boldrin já chegou?ㅡ ela fala não olhando para a secretária.

ㅡAinda não.

ㅡEstá bem obrigada Carola.ㅡ Emília estranhou, pois em questão de marcar presença Bernardo era o primeiro, e ainda mais por ele não ter ligado, mas lembrando que ele esperava por ela mandou uma mensagem, “ Oi, após  a reunião podemos almoçar?”, espera por um retorno na hora, o que não vem, mas não se afligem com isso, logo o telefone toca, Carola volta a sua sala, e as coisas da empresa tomam conta de si, só lembrando dele já na sala de reuniões, quando não o vê, chama Carola de canto e pergunta novamente por ele, a moça informou que tentou sem sucesso um contato com ele, mas diz que tentará mais uma vez. Emília iria começar a reunião quando a porta abre, achando ser Bernardo olha sorrindo, mas para  uma surpresa maior quem entra é seu tio Luís, seu sorriso se desfaz, ela então começa a reunião, passa aos demais  tudo o que viu, o que foi debatido,

repassa os relatórios atualizados da Ventura, novos pontos são debatidos, e por fim a decisão que todos sabiam é tomada, a  compra da vinícola do sul.

 

Emília fica ali ainda assinando uns papéis com Carola, enquanto os outros se retiram, ela sabe que tem olhos em cima de si, mas finge não perceber, que o seu tio não veio só para a reunião, ela dispensa a moça, assim que a moça sai, ela tira os óculos, e pela primeira vez desde que ele está ali.

ー Eu iria procurar vocês para podermos conversar, mas pode falar.ㅡ ele levanta e senta mais próximo dela.

ㅡ Eu vim aqui por não aguentar mais esperar, por cansar de ver sua tia se exaltar a cada toque do telefone com esperança de ser você, eu vim aqui para pedir que me desculpe, quero dizer que sinto muito.ㅡ ele a olha, ela sustenta o olhar dele.ㅡ Emília eu nem sei o que dizer para que você possa me desculpar.

ㅡPoderia começar falando o porque de esconder isso de mim.

ㅡ Para preservar você..

ㅡ Por que você fala em me preservar, como podem ter tanta certeza do que é o melhor para mimㅡ ela levanta de sua cadeira, o tio só acompanha com os olhos, sabendo que isso é sinal de nervosismoㅡ Quando eu era menor até posso entender, mas depois de grande esquecer isso, eu não compreendo.

ㅡ Emília você quer saber mesmo? ㅡ ele também levanta da cadeira, ela confirma que sim que deseja saber o que ele tem falarㅡ Nos meus encontros com seu pai, apesar de ele sempre, sempre perguntar por você, e ficar contente com o que eu dizia, e feliz commas fotos que eu levava de você, ele...ㅡ ele faz uma pausa, criando coragem para o que tem a dizer.ㅡ Ele  não fazia questão de ver você, sempre com o papo de que queria provar a inocência dele, o que por um tempo eu entendia, mas depois de anos ele não querer um contato direto com você. ㅡ ela senta de volta na cadeira, tenta controlar o quanto aquelas palavras a atingem, ele percebe e se aproxima dela, tocando em suas costasㅡ Era isso que eu não queria contar a você, pois você iria querer ir vê-lo, e Alberto parecia não fazer questão disso.ㅡ Emília fica em silêncio, por fim ergueu a cabeça, limpou algumas lágrimas que sem querer caíram e levanta de sua cadeira.

ㅡ Eu já imagina isso, que ele não quisesse me ver, mas ainda assim ouvir isso dói, e muitoㅡ o tio não aguentando vê-la nesse estado a abraça, ela no primeiro momento não retribui, mas por fim cede envolvendo o corpo dele com os seus braços, assim Luís também chora.

ㅡ Minha querida, me desculpa, por favor, eu só tentei agir pensando no seu bem, não querendo que você viesse a sofrer mais.ㅡ ele diz quando a emoção passou um pouco e a faz sentar, sentando-se também, segurando na mão dela.

ㅡ Isso é algo que não importa o tempo que passar sempre vai me fazer sofrer.

ㅡ Sinto muito por isso, por ter de ser assim.

ㅡ Mas não posso ficar magoada com você, que ensinou tudo o que seiㅡ  faz um gesto em torno da sala, ele entende ㅡ  Tudo o que sei aqui devo ao senhor e sua boa paciênciaㅡ  sorri ao lembrar de alguns momentos deles na empresa, ele acaricia a mão dela.

ㅡ Obrigado.ㅡ  beija o seu rosto.

ㅡ Mas tio não esconda mais nada de mim, por favor.ㅡ  ela também beija a face dele.

ㅡ Não há mais nada, eu prometo.ㅡ  ele levanta e fica olhando para elaㅡ  Emília como está você e sua mãe?

ㅡ Conversamos ontem, foi uma boa conversa, ela falou o seu lado, o seu porque, eu ouviㅡ  o tio levanta as mãos para cima, ela revira os olhos, os dois dão risadas.ㅡ  Estamos tentando, é estranho, mas estamos tentando.

ㅡ É  bom ouvir isso, mostra que sempre temos uma segunda chance.

ㅡ Sim todos temos.ㅡ ela sabe exatamente onde ele quer chegar.

ㅡ Então quando irá falar com sua tia?

ㅡ Eu irei falar com ela eu prometo, o senhor sabe …

ㅡ Eu sei que ela errou, eu errei, sua mãe, todos erramos e quem não erra por amor? E quem não perdoa por amor? ㅡ ele sabe que a pegou de jeito, ela fica calada, ele levanta, beija a testa delaㅡ Digo a sua tia para ficar esperando por você.ㅡ e sai da sala.

 

Emília sorri por ter sido pega de jeito, mas sabem bem que não poderia e não queria ficar chateada com ele por muito tempo, se não tivesse prometido a mãe que iria jantar com ela teria ido a casa dos tios, a conversa com a tia seria difícil, mas qual conversa não tinha sido nos últimos tempo, talvez só a conversa que um dia teria com o pai, isso é se algum dia eles iriam se encontrar, neste momento sabe que sua resposta é não. Carola a chama, que o almoço que pediu já estava pronto, no caminho para a sua sala lembra de Bernardo, em seu telefone não há nenhum retorno dele, começa a ficar irritada, pede a Carola que tente mais uma vez contato com ele.

 

Luís chega em casa com uma alegria imensa por ter se entendido com a sobrinha, mas receoso por ela não ter dado um bom retorno sobre falar com Zilda, mas que ela virá em algum momento virá. Abre  a porta do quarto e ela está deitada, de costas no meio da cama, tira os calçados e aconchega de mansinho do lado, ele faz um carinho em sua cabeça, ela suspira e sente a presença dele, vira para olhar para ele, que a abraça,  ela apoia a cabeça sobre ele.

ㅡ Oi ㅡ Zilda fala com uma voz ainda de sono. ㅡ Como foi lá? Consegui falar com ela? ㅡ ele sorri por ver  que certas coisas dela não mudam, como a ansiedade em saber das coisas. Luís beija seu rosto.

ㅡ Oi, foi melhor do que eu pensava, falei com elaㅡ Zilda senta totalmente o corpo na cama, Luís mantém seu braço em volta do corpo dela. ㅡ Primeiro ela estava toda durona, distante, aquele jeitinho dela, mas o olhar dela, ah Zilda esse não muda, conseguimos conversar, tive que contar a verdade para ela, por mais que doeu em mim, não temos mais que esconder as coisas.

ㅡ Falou que Alberto, nem demonstrava interesse em ver ela? ㅡ ela quis saber, o marido diz que sim, ela põe a mão sobre a boca, e fica com os olhos espantada.ㅡ Tadinha dela Luís, não sei se deveria ter dito.

ㅡ Zilda  foi doloroso, mas ela disse que chegou a essa conclusão, mas isso é algo que os dois terão que resolver, não podemos mais nos meter.

ㅡ E de mim, ela disse algo? ㅡ ela abaixa a cabeça, ele gentilmente levanta.

ㅡ Sim falei, ela disse que virá conversar com vocêㅡ ele vê um brilho de esperança, mas tem que ponderarㅡMeu bem ela não disse o dia, mas creio que é breve, ela está acertando os ponteiros com todosㅡ a esposa fica sem entender, ele completaㅡ Ela confessou que falou com Vitória, e estão se permitindo um entendimento.

ㅡ Nossa isso me deixa muito feliz, por mais que minha irmã acha que eu quis o lugar dela, tudo o que sempre quis foi um entendimento entre as duas.

ㅡ Então pode mudar essa carinhaㅡ ele alisa aquele rosto que tanto ama.ㅡ Ela vai vir.ㅡ ele a beija.

 

Emília chega em casa com um pouco de dor de cabeça, pensa em subir diretamente ao quarto, mas é abordada por Anitta.

ㅡ Oi Anitta, sei que quando me espera assim é que alguma coisa aconteceu, o que foi.ㅡ ela diz tirando os calçados, adorava fazer isso e sente que uma porcentagem de sua dor de cabeça passou.

ㅡ Dona Emília…

ㅡ Já vi que é grave mesmo por vir com esse “dona”,  que a muito eu já pedi para não dizer.

ㅡ Eu sei desculpas, Emília, eu juro que quis te avisar, mas ela não deixouㅡ Emília levanta a sobrancelhaㅡ Fui falar com Dona Vitória na estufa, ela sentiu uma tontura muito forte, só não caiu porque eu a segurei e…

ㅡ E porque não ligou para mim? Que horas foi isso? Onde ela está?

ㅡ Ela não deixou, eu tentei,vai  fazer uns minutos,  não mais que uma hora, ela está  lá em cima...ㅡ Anitta diz, mas Emília nem a deixa terminar e já está subindo as escadas, rumo ao quarto da mãe, deixando suas coisas ali, calçados, bolsa, pastas.

Em segundo já está no quarto de Vitória, abre a porta a mãe está na penteadeira, ajeitando os cabelos, a mãe a olha pelo o espelho, Emília sentiu uma emoção tão grande por vê-la ali assim, como na sua infância, passada uma primeira emoção, Emília indaga.

ㅡ Anitta disse que você não passou bemㅡ ela olha para a mãe pelo espelho, que olha de volta para a filha, Emília pensa que antes fugia dos olhares da mãe, mas neste momento não consegue mais se ocultar.

ㅡ Ela exagerou. ㅡ Emília cruza os braços e ergueu sobrancelha, Vitória sorri por ver uma característica tão sua em outra pessoa.ㅡ Não foi nada demais, apenas quando ela foi falar comigo, estava a muito sentada, quando fui levantar fiquei um pouco tonta só isso.

ㅡ Não acha que precisa ir ao médico?

ㅡ Não precisa,  está tudo bem, foi só um leve mal estar.ㅡ Vitória termina de pentear os cabelos, Emília fica observando os gestos da mãe, lembra quando era pequena, ela sentava naquele banco junto a mãe,e a olhava se arrumar para sair, para festas, achava tão lindo, as vezes a mãe passava o seu perfume nela, ou pousava um colar sobre o seu pescoço, Emília ficava encantada, tinha esquecido dessas lembranças. ㅡ O que me diz filha? ㅡ Vitória a chama, Emília tinha se perdido em lembranças.

ㅡ Desculpas mas não ouvi.

ㅡ Estava pensando em fazer um jantar com os seus tios o que acha?ㅡ Vitória vira o corpo no banquinho, ficando de frente para Emília.

ㅡ Ainda não, falei hoje com Luís, mas não falei com tia Zilda.ㅡ Emília dá uns passos e senta na cama da mãe.

ㅡ Não deixa passar tempo demaisㅡ Vitória toca o rosto da filha, parece que não pode passar muito tempo sem fazer isso, era como querer ter a todo instante certeza desse recomeço das duas.

ㅡ Eu sei, eu vou tomar um banho para irmos jantar.ㅡ Emília levanta e olha para trás.ㅡ Anitta vai ficar de olho na senhora, qualquer coisa ela tem sim que me avisar.ㅡ e sai deixando uma mãe boba por seu ato de cuidado, mesmo não sendo da forma como ela queria, queria Emília em seus braços, a chamando de mãe, mas para um primeiro dia estavam indo bem.



Na manhã seguinte, Emília olha para o telefone com esperança de ter algum sinal de Bernardo, teve um sonho horrível com ele, e tudo o que queria era alguma notícia dele, mas nada, nenhuma ligação ou mensagem, nem retorno das que mandou para ele no dia seguinte, seu telefone, antes que só chamava, agora caia direto na caixa postal, mas ainda tem esperança que ele vá a empresa, promete para si que se até a hora do almoço ele não desse retorno, tomaria uma atitude, com essa decisão tomada, levanta da cama para começar de fato seu dia.


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