O Passado Sempre Presente. escrita por Tah Madeira


Capítulo 1
Capítulo 1




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Ela desce as escadas pé por pé tentando não fazer barulho, respira devagar, mas com a gritaria do andar debaixo, ela não seria notada mesmo, consegue descer mais alguns degraus, e vê a silhueta do pai, inconfundível mesmo em meio a penumbra, seu amado pai, dava para perceber estar    abatido, sentado em uma poltrona, cabeça entre as mãos, parecia não chorar, mas lamentar por algo,  ela não conseguia ver a mãe, estava pensando no que tinha acontecido para essa nova briga deles, tenta apurar com o  ouvido para escutar algo, quando ouve a voz da mãe feito um trovão:

一 Saia agora dessa casa Alberto.

一 Vitória eu preciso…

一Não você não precisa de nada 一a mãe o corta gritando o mais alto que pode e ela dá mais um pulo tamanho o susto, nunca ouviu a voz da mãe tão alta tão estridente, mas sabia como ninguém o quanto ela era firme s gritar, e se gritava era porque a coisa era séria demais.一 Eu que preciso, eu preciso… 一 percebe que por segundos a voz de sua mãe falha, a menina não a vê, mas ouve os seus passos forte sobre o piso, percebe que ela se aproxima do pai e o puxa pelo braço, mesmo ela sendo menor que o pai o  faz levantar e vê pelas sombras eles se aproximarem, assustada ela sobe alguns degraus, vê que sua  mãe praticamente arrasta seu pai até a porta e a abre 一 Eu preciso que você vai embora daqui, esqueça de mim, e da minha filha,  a partir de hoje ela não tem mais pai.一 ela percebe a mãe empurrando o pai porta fora, ele olha para ela  quanta tristeza ela viu naquele olhar, a mãe fecha a porta ao mesmo tempo em que sua própria voz ecoa …

一 Pai...Pai volta…一 a mãe enfim nota a sua presença, ela tenta se aproximar, mas a filha é mais rápida,  levanta e começa a subir as escadas novamente.

一 Emília, minha filha espera.

Mas ela não dá ouvidos e  no andar de cima é ela quem bate a porta. 

 

 

一 Dona Emília, Dona Emília 一 o motorista a chama uma, duas, na terceira vez elevando um pouco o tom, ela ouve.一 Dona Emília.

一 Sim seu Ariel?

一 Chegamos.

Perdida em seus pensamentos, em seu passado, nem percebeu que já tinha chegado a empresa e o  motorista a esperava com a porta aberta  estendendo-lhe a mão para que ela possa descer.

一  Obrigada seu Ariel.

Ela entra imponente na empresa que teve que reconstruir pouco a pouco, quando pode assumir o comando,  a empresa estava  a um ponto da falência, sua mãe nunca soube comandar os negócios e deixou em mãos de gente menos competente, ela adorava quando o pai a levava ao trabalho, ver ele em reuniões, comandando um negócio que ele tinha orgulho, ela sempre soube que queria ser como ele, estar no lugar dele, ao lado dele, estudou muito, e quando chegou a sua vez de assumir os negócios,  que seu avô construiu e o pai enquanto esteve presente, conseguiu manter, nunca pensou que seria e estaria em um situação tão difícil, mas ela trabalhou noites sem fim, dias e mais dias mergulhada em trabalho e pouco a pouco consegui erguer novamente a empresa.

 

Já em sua sala, sentada em sua mesa faz a rotina de todo o dia, pegar a correspondências,  com um fino fio de esperança que tenha alguma carta de seu pai, mesmo após esses vinte e cinco anos Emília ainda sente ser aquela menina que com dez anos  viu o pai ser expulso de casa  pela mãe,  sem chance de voltar a vida dela,  pelo menos foi o que ela pensou por alguns anos. 

Mas como sempre não tinha nenhuma notícia dele, e ela lembrava do olhar que ele lançou a ela, estava claro que ele não queria ir, que sua mãe estava sendo injusta.

O telefone toca  a puxando de volta para a realidade.

 

一 Dona Emília, sua mãe na linha.一  seu coração sempre dispara quando ouvia a mãe ou algo sobre ela, parecendo aquela garotinha, mas isso dura pouco tempo,  não é mais aquela garotinha faz tempo. 

一  Diga a ela que estou em reunião.

一 Mas dona Emília eu já…

一 Carola, diga o que pedi, está bem一  ela não espera uma resposta da secretaria e desliga o telefone e foca toda a sua atenção no trabalho, não iria pensar em pai, mãe ou passado.

 

As horas passam rápido demais, era sempre assim quando estava focada em seu trabalho.  Mas  alguém bate a porta, e para não ter sido anunciado só podia ser uma pessoa.

一 Luís, pode entrar.

一 Como sabe que sou eu.一  ele diz entrando em sua sala.

一 E quem mais Carola deixa entrar sem perguntar antes se quero receber.一 ela tira os olhos dos papéis que ainda estava lendo.

一  Sua secretaria tem medo de você…

一  Ela tem respeito ...一 ela olha para ele que está sério olhando-a de volta, Emília tira os óculos e sorri. 一  E também preza pelo seu emprego.

一  Ela também gosta de você, nunca vi uma secretaria durar tanto com você Emília.

— Quem ouve pensa que sou uma péssima patroa.— os dois sorriem, ela podia ser firme, autoritária, mas jamais injusta,  e  tinha aprendido com o homem a sua frente, quando ele foi seu mentor na empresa, ela se encosta na cadeira relaxando um pouco. —Luís  sem rodeios,  veio aqui novamente tentar fazer com que eu fale com ela?

—Direta como sempre, mas não vim falar sobre sua mãe —ele finge não ver a careta que ela faz,  em momentos assim esquecia que tinha diante de si a dona das Vinícolas Beraldini conhecida no mundo todo, na sua frente via a menina de dez anos que ajudou a criar,  ele estica a mão para pegar a dela que prontamente segura na sua. —Você sabe que um dia terá que falar com a sua mãe sobre tudo isso que te  corrói por dentro,  por mais que eu e sua tia amamos você como a filha que nunca tivemos,  Vitória ainda é sua mãe.

 

Emília levanta de sua cadeira,  seca uma lágrima teimosa.

—Ainda bem que o senhor não veio falar dela,  se não eu iria cair no choro— ela olha para o tio e sorri,  com o olhos marejados. —Mas então sobre o que o senhor veio falar.

—Na verdade vim com uma missão,  sua tia disse para não sair daqui sem um sim. — Emília olha, não entendendo   onde ele quer chegar — Jantar,  Emília ela me obrigou a vir aqui e fazer você jantar conosco.

—  E quando tia Zilda obriga,  não há como dizer não. 

—Exatamente, você vai?

— Sim Luís,  vou sim.

— Nunca achei que seria tão fácil.

—Estou em um bom dia,  não se acostuma  —ela sorri para o tio

Carola bate a porta, após a autorização de Emília ela entra com a papelada para ser assinada. O tio se despede e sai.


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