A passos curtos Adrien percorria cada centímetro do gigantesco corredor a sua frente,um aperto tomava conta do seu peito e um medo quase irracional dominava a sua mente...Sua respiração ia ficando cada vez mais falha e rápida,seus batimentos cardíacos aumentavam a cada segundo.

“Porque eu estou fazendo isso?”O mesmo se perguntava a medida em que se aproximava do próximo cômodo,ele não sabia ao certo o porquê de estar sentindo uma sensação muito ruim pairar naquele local e uma energia negativa densa que se fazia presente por lá.Seus pés continuavam o caminho enquanto sua mente queria dar meia volta,era como se seu corpo estivesse sendo levado por essa energia quase hipnotizante que não era perceptível a olho nu,mas pelas sensações.

Depois de algum tempo de caminhada,Adrien percebeu que estava dentro da sala de jantar da mansão.A grande mesa de madeira empoeirada ainda trazia lembranças ao rapaz,junto as cadeiras altas,cortinas velhas que se arrastavam no piso de mármore e por fim um vaso no centro do móvel com flores mortas.

Desde o falecimento de Gabriel Agreste muitos cômodos da mansão permaneceram intocáveis,uma forma de manter as memórias do estilista ainda vivas dentro da moradia...uma dessas lembranças era aquela sala de jantar.Adrien nunca gostou de ficar naquele lugar, até mesmo quando seu pai estava vivo...Toda vez que colocava os seus pés lá se sentia sozinho,mas desta vez em questão a sensação foi bem diferente...Tinha mais alguém naquele lugar.

—Adrien…—Aquela voz soou familiar para o loiro que se encontrava parado de costas para a entrada do cômodo.

—P-pai?-O mesmo sentiu um nó em sua garganta e as lágrimas subirem rapidamente em seus olhos,ofuscando sua visão.

—Sim meu filho...Sou eu…

Adrien se virou para trás imediatamente se deparando com a figura paterna que esperava encontrar, lá estava Gabriel Agreste encostado na porta encarando o filho com um olhar repleto de ternura.Seu típico terno e pose,cabelos loiros quase brancos e um ar ainda autoritário fizeram com que Adrien se desiquilibrasse imediatamente quase desmaiado no local.

—Isso é impossível... Não pode ser!-O rapaz esfregava os olhos ainda tentando acordar daquele sonho,mas cada vez que tornava a abrir seus olhos...O homem ainda permanecia lá o encarando.

—Nada é impossível.

Adrien não pensou duas vezes e se aproximou do pai na tentativa de toca-lo,no entanto assim que chegou mais perto a imagem do seu pai evaporou.

—Ham?!!-O mesmo dera um sobressalto pra trás ainda tentando processar o que aconteceu,mas a única coisa que se passou em sua cabeça fora “Volpina”.Adrien ficou em estado de alerta prevendo o que poderia acontecer, porém assim que estava pronto para se transformar,alguém o atacou pelas costas,arremessando-o para fora do cômodo fazendo com que o mesmo soltasse um grunhido de dor por conta do impacto contra a parede do corredor.

—Isso é só o começo...Gatinho…-Lila surgiu no campo de visão de Adrien com um sorriso sádico,se aproximando a passos curtos do rapaz com aquele mesmo roupão enquanto segurava uma flauta em suas mãos.

—PLAGG MOSTRAR AS GARRAS!!-Adrien não perdeu tempo para chamar seu Kwami,mas a surpresa venho logo em seguida quando o Kwami não retornou ao seu dono.

—Hahahahahahaha você é patético!Acha mesmo que ele acordaria depois de eu ter apagado ele?-A morena dava uma risada estridente como se estivesse se divertindo com aquela situação.-Você não é nada sem o seu rato de estimação né?Seu pai morreu de desgosto por ter um filho tão covarde ao ponto de só ser útil quando sai fantasiado por ai!

Adrien sentiu seu sangue ferver na hora e não demorou muito para que pegasse um dos cabos de uma das cortinas e usasse como bastão,se defendendo dos inúmeros golpes da mulher.

—Acha mesmo que vai me vencer com essa mísera arma?!Deixe me te mostrar o que uma arma de verdade faz…-Derrepente Lila começou a tocar a sua flauta,terminado a sua transformação como Volpina.

—Eu não vou cair nas suas ilusões!!!

—Você já caiu meu bem…-A Raposa dera um sorriso enorme jogando inúmeros bumerangues de metal na direção de Adrien,que por sua vez acertou todos com o bastão...fazendo-os desaparecer imediatamente.

—Agora é a minha vez de te ensinar a lutar…-O loiro aproveitou um segundo de distração da vilã acertando sua flauta com o cabo e o arremessando pra longe.

—Desgraçado... Você não sabe com quem se meteu..-A mulher rangeu os dentes encarando o homem a sua frente como se fosse seu maior inimigo.Porém, quando Adrien  a encarou de volta sentiu que estava sendo hipnotizado,ele até tentou se desvincular daquele olhar fatal que o “prendia” mas já era tarde demais para escapar.

O pesadelo havia voltado a atormentar o rapaz,o badalar dos sinos de Notre Dame ecoavam em sua mente numa sequência pertubadora de sons que traziam consigo as memórias mais obscuras que Adrien detestava relembrar...Depois disso novas imagens surgiam no seu campo de visão,no entanto ele conseguiu voltar a realidade antes de ser hipnotizado por completo.

A raposa não acreditou ao ver Adrien voltando do transe, será que seu novo poder não havia funcionado?Agora a única saída era tentar ataca-lo novamente...Mas usando outro método.

Porém tudo aconteceu em questão de segundos e de uma forma inesperada e quase fatal para ambos,naquele exato momento Adrien percebeu que a Flauta ainda estava a algum metros de distância da vilã e não pestanejou,correndo rapidamente para quebrar o objeto (mesmo que não pudesse neutralizar o Akuma,tentaria ao menos aprisioná-lo)mas assim que colocou suas mãos na arma sentiu um objeto cortante “rasgando” sua pele,a dor foi imediata e terrível,no entanto não fora o suficiente para fazer o rapaz desistir.

Ele não sabia ao certo quantas facadas estava levando e quantas estaria prestes a ganhar,mas a flauta continuava em suas mãos enquanto ele tentava se arrastar pra longe daquela mulher que o perfurava sem dó.

—ME ENTREGUE O SEU MIRACULOUS E VAI SAIR VIVO DAQUI!!-Volpina perseguia a vítima,por fim o imobilizando.

—PODE ESQUECER!!!-Adrien sentia o sangue quente escorrer por toda a sua roupa e uma dor insuportável que o queimava por dentro lhe dominando por completo mas que não o impediu de quebrar o objeto ao meio.Na mesma hora em que a Flauta foi destruída,Volpina dera um grito de dor se afastando rapidamente do rapaz.Nenhum Akuma havia saído do objeto (o que era bem estranho já que ela não estava com o colar de cauda de raposa em seu pescoço e único amuleto que estava carregando era o instrumento).

—VOCÊ VAI SE ARREPENDER DE TER FEITO ISSO!!NUNCA VAI ENCONTRAR O MEU AKUMA...EU NÃO PRECISO MAIS DELE.-A vilã percebeu que Adrien estranhou a ausência do inseto e abriu o jogo,revelando ao herói que não precisava mais ser akumatizada para ganhar seus poderes.No entanto,mesmo que ela insistisse em confrontá-lo sentia uma dor profunda dominar seu peito,a sua flauta era parte da sua armadura e quando quebrada a sua portadora também seria atingida.

Adrien nem conseguia responder, somente gemer de dor...Depois que a adrenalina havia passado a dor só piorou,seu sangue se espalhava pelo chão do corredor...A única coisa que ele sentia era a morte chegar cada vez mais perto, enquanto se arrastava para longe da vilã na tentativa de sobreviver e procurar por ajuda,até que sua visão começou a escurecer perdendo o foco e deixando o rapaz em completo desespero...Será que sua hora havia chegado?