The Morgenstern Brothers escrita por Autumn Morgenstern


Capítulo 3
The Another Child of Valentine


Notas iniciais do capítulo

Oh meu Deus! Sinto muitíssimo! Mesmo!
Eu passei por um bloqueio... Um fdp de um bloqueio.
E ainda por cima, o Word estava dando problema, então a vontade de escrever foi pro beleléu
Mas aqui estou eu. De novo
Espero que vocês ainda estejam ai :/
Bom capítulo!



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Capítulo 3

The Another Child of Valentine

 

A vida para Jace Wayland (ou Morgenstern, como ele havia descoberto recentemente) não estava sendo fácil.

Primeiro: ele passou os primeiros dezessete anos de sua vida pensando que era filho de Michael Wayland, e que ficara órfão aos dez anos. Porém, em uma batalha, ele descobre que toda a sua vida fora uma mentira, e que ele é na verdade, filho de Valentim Morgenstern, ex-líder do Ciclo, e principal inimigo da Clave naquele momento.

Segundo: Havia aturado todas as infinitas desconfianças e insinuações da Clave, e toda a história de “Filho de Valentim”. E quando finalmente está começando a “ganhar a confiança” da Clave novamente, e se acostumar com os olhares...

Terceiro: Ele trás um vampiro, um ser do Submundo, para dentro de Alicante, o que era estrita e irrevogavelmente contra à lei.

É, a vida não estava fácil para Jace Morgenstern.

Veja bem, ele não tem culpa que, justo no momento em que ele e sua família adotiva – os Lightwood – iam entrar no Portal, eles fossem atacados por dezenas de Renegados mandados por Valentim.

Ele também não tinha culpa de que o idiota mundano disfarçado de vampiro estivesse junto deles na hora do ocorrido (essa culpa poderia ser posta em Isabelle, já que o vampiro só estava lá devido à quedinha que tinha pela Caçadora de Sombras – que ainda por cima alimentava isso).

Acontece que, Simon Lewis – o vampiro em questão – correu na direção de Isabelle, porque um Renegado estava perseguindo-a, e então tropeçou em um dos Caçadores de Sombras que tinham sido abatidos, fazendo com que o Renegado voltasse a atenção para Simon e lhe cravasse uma faca no peito. Se Jace não o tivesse puxado de lá para dentro do portal, Simon provavelmente estaria morto.

Mas é claro que o Consul não gostou nem um pouco quando Jace chegou pelo Portal com Simon, desacordado e sangrando, a tira colo.

Jace revirou os olhos. O dia de ontem havia sido especialmente desagradável. Além de lidar com o fato de ter trago o vampiro, tiveram os olhares tortos da Clave, os olhares curiosos do resto de Alicante - incluindo os dos Penhallow – e a atitude superior de Alec, que o deixava levemente irritado. E Sebastian Verlac. Jace não sabia o porquê, mas sentia algo estranho vindo daquele garoto.

Agora Jace estava sentado no peitoril da janela de seu quarto, olhando o sol nascer sob as Torres Demoníacas. Estava tão entretido em seus pensamentos que provavelmente não notaria a garota se o sol não tivesse refletido em seu medalhão e o brilho chegado à visão periférica de Jace. Ele olhou na direção e a viu.

Não poderia ter mais de dezesseis anos, os cabelos vermelhos brilhando com o sol em tons de mel e rosas. Olhava diretamente para ele, com certa curiosidade e assombro, mas não similar aos olhares recebidos no dia anterior. Parecia quase que ela estava admirando-o – o que seria natural, já que ele possuía esse efeito nas mulheres. Mas ela era... diferente, e Jace sentia certa familiaridade nela. Como se a reconhecesse de algum lugar.

Nesse instante, a garota se virou e correu na direção oposta, como se estivesse fugindo. Jace imediatamente saltou da janela, caindo graciosamente no chão, como um felino e se pôs a correr atrás dela. As ruas de Alicante começavam a se encher com visitantes recém-chegados ou caçadores indo para alguma reunião no Gard. Isso dificultou um pouco a perseguição de Jace pela garota, mas o cabelo vermelho era um sinalizador entre a multidão. Ele viu quando ela subiu pela lateral de uma casa em direção ao telhado, não notando que ele a observava. Ele parou por um momento, observando a graça de seus movimentos, como se não tocasse nada ao subir. Quando ela chegou ao telhado, Jace foi atrás dela, subindo pela exata parede a qual ela subiu, lentamente, para que ela não percebesse. Espiou quando sua cabeça chegou ao telhado e encontrou-a empoleirada em cima da chaminé, observando as pessoas abaixo.

— Você é ágil – disse Jace em alto e bom tom, fazendo-a olhar rapidamente para ele e quase perder o equilíbrio – Mas eu sou mais. – Ele foi até ela, sentando-se ao seu lado, enquanto esta o olhava de forma estranha. Ela suspirou e voltou a olhar para as pessoas na rua.

— Sempre faz isso? Persegue garotas que não querem ser perseguidas? – disse ela. Sua voz era fina, como sinos ao vento, mas ao mesmo tempo passava uma força que surpreendeu Jace. Ele pôs seu sorriso irônico para responde-la.

— Na verdade, geralmente é o contrário: Elas que me perseguem. – Ele piscou para ela, que revirou os olhos e sorriu minimamente.

— Você nunca ouviu falar que a modéstia é um traço atraente? – Ela perguntou, abraçando os joelhos.

— Só para pessoas feias –Ele disse, passando a mão pelo cabelo. – Mas era você quem estava me observando, na ocasião. Então, pode-se dizer que foi você quem começou, garotinha.

Ela olhou para ele, quase indignada. – Meu nome não é “garotinha”. E foi você quem me seguiu até aqui.

— Porque você saiu correndo. Não se observa alguém e depois sai correndo. Isso a torna uma pessoa muito suspeita, sabia? – Jace estava se divertindo com aquela garota. O jeito com que ela estava levemente ruborizada pelo sol quente da manhã, como seus cabelos brilhavam, a malícia escondida em seu olhar.... Parecia algo novo para ele. Indescoberto. – E já que seu nome não é garotinha, e para torna-la menos suspeita... Qual é o seu nome? – Olhando de soslaio, ela parecia ponderar se respondia aquilo ou não. Por fim, ela suspirou minimamente.

— Clary. E você? – Ela arqueou uma das sobrancelhas.

— É um nome bonito. Como uma erva. Sabe o que é Clary Sage? É um tipo de sálvia e antigamente as pessoas acreditavam que comer a semente faria com que enxergassem o Povo das Fadas. Você sabia disso?

— Posso saber de alguma coisa ou outra sobre ervas e o Povo das Fadas – ela deu de ombros. – Mas você não disse o seu nome.

— Jace. A seu dispor. – Ele piscou um olho para ela, galanteador, o que a fez rir. Ele indicou para a rua de trás – Quer sair daqui? – Clary olhou-o desconfiada.

— Você poderia ser um psicopata. Um caçador de sombras psicopata. – Isso o fez rir.

— Posso assegurar, Clary Sage, que não sou um psicopata. – Ele abriu um sorriso que fez seus olhos brilharem, reparou Clary. Ela se levantou, seguida por ele. Ele foi até a borda do telhado e deu uma cambalhota de costas. Clary se aproximou da borda, somente para vê-lo pousar confortavelmente no chão e abrir um sorriso desconcertante para ela.

— Exibido! – Ela gritou para ele, que pareceu dar uma risada e dar de ombros. Clary se posicionou para descer. Ela saltou alto, dando uma cambalhota no ar, e girou seu corpo, como aquelas ginastas mundanas. Aparando seu corpo na calha de uma das casas, deu um salto mortal, caindo ao lado de Jace, graciosamente, com um sorriso convencido. Ele se aproximou dela.

— Exibida. – Falou perto de seu ouvido, fazendo com que Clary desse uma risada alta. Ela o cutucou com o cotovelo.

— Vamos, Morgenstern. Aonde quer ir? – O rosto de Jace ficou sério.

— Como sabe que sou um Morgenstern? – Ele disse, com a voz sombria. Ela olhou dentro dos olhos dele, passando segurança.

— Todos sabem qual é o nome e a aparência do filho de Valentim. Foi só juntar dois mais dois. – Ela virou a cabeça levemente para o lado, avaliando-o. – Você está preocupado com isso?

— Você está? – Ele retrucou.

— Eu deveria? – Ela arqueou as sobrancelhas – Sei mais que ninguém que não devíamos ser julgados pelos atos de nossos pais. Valentim é um monstro, mas não significa que você também o seja. E como você já disse que não é um psicopata... E se você for também, tenho certeza que posso lidar com você – Ela indicou para o resto da rua, dando de ombros. – Podemos ir? – Quando ele não respondeu, ela começou a andar, deixando-o para trás.

Jace piscou, saindo de seu transe embasbacado. Quem era aquela garota? Ele correu atrás dela, alcançando-a segundos depois.

— Espere. Quer dizer então que não liga? – Ele perguntou a ela, que somente deu de ombros.

— Não. E você também não deveria, se soubesse realmente quem você é. – Jace ficou chocado pelas palavras dela. Eram poucos quem conseguiam extrair essa reação dele.

— Quem, pelo Anjo, é você?

Ela olhou para ele, dando um de seus sorrisos mais brilhantes.

— Clary. Agora você vai me levar para um “encontro” ou não?

 

 

Os dois acabaram indo para a Praça do Anjo, sentando-se nos degraus do Salão dos Acordos. Afinal, como diziam: Todos os caminhos levam até o Salão.

Clary estava relaxada, mas Jace parecia estar sempre olhando em volta, procurando olhares curiosos. A menina pôs uma mão em seu antebraço, para conforta-lo.

— Relaxe. Eles não irão reparar em você se não deixar. – Jace sorriu ironicamente.

— Impossível não reparar em alguém como eu. – Ele gesticulou para si mesmo. Clary bufou e revirou os olhos.

— Já entendi. Você usa uma armadura para isso. Mas uma hora, Jace Morgenstern, vai perceber que não precisa usar mais ela, especialmente comigo. Eu vejo além dela. – Com isso, os dois ficaram em silêncio, observando a Praça do Anjo e a grande estátua de bronze do Anjo Raziel. Clary já estava pensando em diversas maneiras sobre como poderia desenha-la quando a voz de Jace quebrou o silêncio:

— Fale-me sobre você. Pelo que parece, estou em desvantagem aqui. Você parece saber muito mais coisas sobre mim que eu sobre você. – Ela deu uma leve risada.

— Bem... O que há para saber? Tenho dezesseis anos. Tenho um irmão, mais velho. Meu pai... é meio eremita. Recluso da Clave, na verdade. Foi ele quem nos educou, ao invés de nos mandar para algum Instituto. – Ela deu de ombros. – Sou uma guerreira. Uma boa. Gostaria de ser melhor. Meu pai diz que só não sou melhor por eu me dedicar a coisas inúteis. Basicamente, sou quase a ovelha negra da família. – Ela apoiou uma mão no queixo e sorriu levemente, com ar de quem diz: “O que mais posso fazer?”

— E sua mãe? – Jace perguntou, e assistiu ao rosto de Clary ficar mais sombrio.

— Meu pai nos contou que ela nos abandonou, logo após que eu nasci. Somente isso. Nunca mais falou nada dela. Eu esperava poder encontra-la, ou ao menos conseguir alguma pista dela, com essa confusão na cidade. Eu sei que ela era, é Caçadora de Sombras. Mas não faço a mínima ideia de como ela seja.

Jace assentiu. – Entendo. Minha mãe morreu quando eu era pequeno. E meu pai... bem, você já sabe.

Foi ali que Clary percebeu o quanto seria difícil ficar perto de Jace. Pois quando ele falou da mãe, a voz de seus pensamentos falou: “Ela não morreu. Ela se matou porque seu pai morreu num antro de vampiros, por culpa do meu pai, inclusive, e você ainda estava em seu ventre. ”

— Sinto muito. – disse ela. Mas Jace não sabia que ela sentia tanto pelo que ele falara quando pelo que estava em sua mente. Por ter que omitir para ele.

— Seu pai... Ele não está em Alicante então. – Ele afirmou. Ela confirmou com a cabeça.

— Não. Nem ele, nem meu irmão. Ele era contra eu vir. Dizia que eu não ganharia nada vindo para essa guerra. E meu irmão... ele faz tudo que meu pai manda, então... E ele não sabe que estou em busca de minha mãe. Nem sei o que ele faria se eu soubesse.

Na verdade, ela provavelmente sabia. Mas não era de bom tom dizer que seu próprio pai a destruiria e também o mundo.

— Que outras coisas você se dedica? Que seu pai acha inútil? – Clary riu, sem nenhum gosto.

— Arte. Eu gosto de desenhar e de pintar. Fico tão animada com um pincel e tintas quanto fico com uma lâmina nova. Sendo uma atividade tipicamente mundana, meu pai acha uma estupidez. – Ela indicou para a Praça do Anjo. – Vejo isso aqui e imagino o que eu faria para retrata-la à perfeição, seja em aquarelas ou em rabiscos. Tenho um pouco do que os mundanos chamam de “alma de artista”, mas também sou uma caçadora de sombras, até as cinzas de meus ossos que farão parte da Cidade dos Ossos um dia. – Ela suspirou. – Desculpe-me. Às vezes tenho o talento de deixar um papo pesado. Ou talvez seja todo esse clima de guerra no ar. Faz-me mais melancólica. Mas estamos sempre em guerra, não é? De uma forma ou de outra.

— Facilis Descensus Averni.

— A descida ao Inferno é fácil. – Traduziu Clary. – Nunca essas palavras foram tão certas. – A menina balançou a cabeça, como se para amenizar o clima pesado que se instalara.

Ela se apoiou em seus cotovelos, colocando a cabeça para trás, de olhos fechados. O rosto dela se iluminara com o sol, deixando todos os detalhes à mostra: O rosto pálido, salpicado de sardas claras, as pálpebras arroxeadas, com cílios longos e curvos. A boa pequena, como duas pétalas de rosa.

Naquele instante, Jace sentiu vontade de beijá-la.

Ele balançou a cabeça, para clarear seus pensamentos. Por que aquela garota o afetava tanto? Ele já ficara com outras garotas antes. Aline Penhallow, por exemplo, estava constantemente flertando com ele no momento. Então porque aquela pequena desconhecida, Clary, o deixava confuso e fazia-o experimentar amostras de sentimentos que ele nem sabia que podia sentir?

Ela era diferente. Parecia saber o peso do mundo lá fora, e inclusive, parece já tê-lo carregado nas costas. Comparando-a com Isabelle, por exemplo, que era uma excelente Caçadora de Sombras, mas que também tinha seus momentos de uma garota de dezesseis anos, Clarissa parecia anos mais velha. Além disso, ela possuía um nível de familiaridade que fazia com que Jace sentisse que a conhecia por anos, e não horas.

— Jace? – A voz de Clary o fez sair de seus pensamentos. Ele balançou a cabeça e olhou para ela, gesticulando para que continuasse. – Sei que acabamos de nos conhecer, mas... Vou lhe fazer uma pergunta estranha.

— Que pergunta? – perguntou Jace, um pouco tenso. Será que aquela menina adivinhara a direção que seus pensamentos tomaram, momentos atrás?

Ela pareceu suspirar. Preparando-se.

— Você sabe alguma coisa sobre um feiticeiro chamado Ragnor Fell?


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Notas finais do capítulo

Tcharaaaam!
Como recompensa, eu prometo, mesmo, postar um novo capítulo até o final de semana.
Nome do próximo capítulo: Ragnor Fell



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