A ceia de aniversário escrita por Lyare


Capítulo 1
A pergunta




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— Mamãe, mamãe. O que é natal? – Susana indagou enquanto eu arrumava a mesa. Eu a olhei curiosa por alguns segundos.
— Como assim? – Continuei a arrumar os talheres.
— É que o Arthur me disse que natal é a comemoração do aniversário de um bebê! – Ela tinha uma ruga na testa. – Ele disse que... Era... Nasceu um bebê muito importante... Ele era filho de alguém importante também! E é por isso que nessa data a gente comemora o aniversário dele!
— É... Na verdade é uma data simbólica, sabe? Não sabemos ao certo a data que esse bebê nasceu, alguns dizem que foi perto do mês de março, no meio do ano quase. – Fui até a cozinha tirar o peru do forno.
— E o que ele fez pra ficar tão famoso?
— Quem nasceu foi o Cristo, meu bem. Jesus Cristo. O Salvador do mundo, o filho de Deus. Ele morreu em uma cruz por toda a humanidade há muito tempo. – Coloquei o arroz na mesa e vi o rostinho chocado.
— Ele morreu? Em uma cruz? Mas por quê? Ninguém gostava dele? – Ela colocou as mãozinhas no rosto horrorizada. Eu quis rir.
— Não muito. As pessoas não receberam muito bem as coisas que ele queria ensinar... Às vezes nós, humanos, não gostamos de sair da nossa zona de conforto... Preferimos continuar olhando pro mesmo lugar. – Hesitei com a seriedade do assunto. Ela era nova demais.
— Mas fique tranquila, ele ressuscitou depois de três dias. – Ela arregalou os olhos mais surpresa ainda.
— Ressuscitou? Ele era tipo um super herói, então? – Ela parou de repente. Eu a vi me olhar como se tudo fizesse sentido. – Mamãe! Estamos fazendo tudo errado!
Meia hora depois estávamos voltando pra casa com um bolo da padaria que tinha perto de casa. Susana tinha um sorriso enorme no rosto.
— Sara, onde você estava? – Ouvi Anderson gritar da cozinha. Ele apareceu preocupado.
— Ah, Susana quis comprar um bolo de aniversário pra Jesus, achei que não faria mal. Por que, meu bem? – Ele suspirou e apontou pra cozinha.
Quando eu e Susana entramos no cômodo, o peru de natal que eu tinha preparado estava com um buraco no mínimo suspeito em uma das coxas. Eu demorei alguns segundos pra entender, foi aí que eu vi o senhor Bigodes lamber as patinhas sujas de molho e me olhar inocentemente.
— Eu não acredito... – Murmurei incrédula. – ELE MORDEU O PERU?
— Meus pais chegam em meia hora. Alguma ideia genial pro jantar? – Anderson riu escorando-se na porta. E agora? Era rir pra não chorar.
— Seus pais vão me matar, amor. – Gemi indo até a geladeira. Algo rápido que servisse como jantar. Eu vi algumas caixas de pizza e de nuggets no congelador. – Ok meus amores, mãos à obra.
Meia hora depois estavam os meus sogros no mínimo surpresos encarando a mesa de jantar. Na mesa, salgadinhos, nuggets, pizza, pães, pastas de patê, pipoca e o bolo de aniversário com uma vela.
— O que é isso? – Renata perguntou divertida.
— Hoje vamos comemorar o aniversário do Cristo, vovó!


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