The Hurt escrita por Sienna


Capítulo 1
Try to stand, don't try to flee


Notas iniciais do capítulo

Olá mores! Quem aí assistiu Rogue One e ficou no chão igual a mim? De verdade gente, saí do cinema chorando horrores, e pra preencher o vazio existencial o que a gente faz mesmo? ISSO!! Uma fic bem gostosinha pra ler quando bater aquela bad. Tentei ambientar o máximo que pude nesse ambiente Angst, espero que gostem!

Ps: Novamente repito: Se você ainda não viu Rogue One e não quer spoilers, leia a fic apenas depois que assistir o filme, ok?



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Arrependimentos. Era tudo que Jyn Erso não tinha naquele momento. As batidas de seu coração se aceleraram quando viu o raio límpido e vermelho atingir o mar de Scarif. Aquela era sua sentença de morte, porém pela primeira vez em anos respirou aliviada. Os planos da arma do Império agora estavam em mãos rebeldes. Não seria naquele momento, mas a aliança agora tinha uma chance. Uma chance de parar o lado sombrio, uma chance de reverter aquela guerra. Desde criança, não era apegada à crença dos Jedi e da Força, mas tudo que acabara de viver não poderia ser apenas uma trama do destino.

Deixou a torre apressada, traçou seu rumo à praia, era difícil caminhar, estava cansada, faminta, ferida e quanto mais passos andava mais seu corpo pedia para parar. Ainda assim conseguia suportar o peso de Cassian, que com certeza estaria tão abatido quanto ela. Olhou em volta, e milhares de cadáveres se estendiam no percurso até a praia. Um ou outro se remexia no alento de estar vivo, mas em breve tudo aquilo acabaria. A brisa trouxe a seus sentidos um odor há muito perdido, e que esperava jamais sentir outra vez: o cheiro da guerra. Tantas coisas se passavam em sua mente naquele momento. Olhou para Cassian, e o olhar do capitão se mantinha concentrado na explosão que crescia em meio às aguas claras e límpidas do mar, se perguntou no que ele estaria pensando.

Com dificuldade, alcançaram a praia. Cassian deixou a fraqueza vencer, caindo de joelhos na areia clara. Jyn permaneceu em pé, estática, observando a explosão que se tornava cada vez mais colossal. Então aquele era de fato o fim. O vento balançou as mechas de cabelo que teimavam em cair por seu rosto, mas não havia porquê de tentar retirá-los de rosto, apenas deixou que balançassem, até se deixar cair na areia também. As pequenas ondas trouxeram a água do mar, que aos poucos invadiam seus corpos. Um flash veio à mente da rebelde, lembrando-a de que nunca havia estado no mar. Suas mãos tocaram a areia misturada à água salgada, friccionando entre seus dedos, trazendo certa sensação de paz.

O ato não passou despercebido pelos olhos do capitão. A bola de energia se aproximava cada vez mais, e dessa vez não havia a quem recorrer. Já havia escapado de tantos outros perigos, mas daquela vez seria o fim. Seu espírito estava livre de arrependimentos, pois agora a Aliança tinha o poder de continuar o que ele e os outros começaram. A morte na guerra havia se tornado comum em sua vida desde a juventude. Sabia que seu sacrifício e de todos os outros seria lembrado, mas com o tempo, a memória dele e de todos que também partiram seria perdida. Em breve toda a sua existência desaparecia, mas pela primeira vez em anos, não possuía qualquer lamento de sua missão, sentia que havia feito o que era certo.

A vida sozinho o ensinou a depender apenas de si mesmo, e não esperar nada das outras pessoas. Mas ao observar a bravura e fé de Jyn Erso, pôde perceber que o mundo não era tão obscuro assim, talvez um pouco tarde demais, mas naquele momento nada mais importava.

“A confiança precisa ser recíproca. ”

A voz da rebelde ecoou em sua mente, trazendo as lembranças de como tudo aquilo começou. Percebeu que não havia errado ao ignorar os números de K2SO e conceder a ela um voto de confiança. Agora, confiava nela para abraçar a morte. Sentiu certo vazio em seu peito; gostaria de tê-la conhecido melhor, longe de todo aquele conflito e de toda a Aliança. Queria poder estar a seu lado para ajudá-la a enfrentar toda aquela dor dentro de si. Por um momento pensou em como tudo poderia ser se estivessem fugindo em uma nave roubada de todo aquele caos, e como comemorariam a primeira de muitas vitórias dali para frente, se ela continuaria a ajudar os rebeldes, ou se voltaria à vida de delinquente que estava sempre se metendo em confusões. Era difícil saber.

Observou as feições de Jyn, percebendo certo desespero. Seus olhos seguravam lágrimas que queria cair. Até naquele momento ela tentava demonstrar rígida. Em um ato de compaixão — e por que não de afeto? —, calmamente segurou sua mão, despertando-a de seu transe.

— Seu pai teria orgulho de você, Jyn. — Apertou a mão da rebelde com força. Queria que ela soubesse que não precisava mais estar sozinha.

Jyn levou seu olhar a ele, em meio à respiração acelerada, esboçou um meio sorriso. Andor mantinha sua imagem de capitão e piloto severo, mas naquele pouco tempo que esteve a seu lado, pode enxergar o tamanho da bondade e compaixão que ele guardava. Sentiu-se grata por ter vivido tudo aquilo ao lado de alguém que confiava em seus instintos. Seu coração acelerou ao sentir ele apertar sua mão, era uma sensação que não sabia descrever. Ele esteve ao seu lado em momentos mais difíceis, para alguém que nunca experimentou a reciprocidade, aquele ato era o mais humano que já havia vivido.

— Ele teria orgulho de todos nós. — Apertou a mão do capitão e fitou-o profundamente, esperando que ele entendesse o quanto era importante para ela.

Chirrut, Baze, Saw, K2SO, seu pai. Todas as pessoas que se sacrificaram para que os planos chegassem às mãos rebeldes, todos eles foram essenciais para aquele momento.

O barulho estrondoso da explosão despertou-os de seus agradecimentos finais. A bola de destruição estava ainda mais próxima, trazendo consigo destroços e pedaços do planeta, matando aos poucos a base do Império. Agora não restava mais nada a não ser esperar. Uma onda de medo percorreu o espírito de Jyn ao ver a devastação se aproximar, era o medo da morte. Já havia passado por tantos momentos em que esperava sua morte certa, mas a percepção de que aquele era realmente o fim, fez o equilíbrio se esvair de seu corpo. Com sua outra mão, segurou firmemente o colar dado por sua mãe, o único resquício de esperança que havia sobrado em seu coração.

Jyn Erso e Cassian Andor, duas crianças nascidas da guerra, duas vidas que cresceram vendo o pior lado da existência. Eles aprenderam a viver da pior maneira possível, mas ainda assim sempre mantiveram sua esperança intacta, aquilo que os fez seguir em frente e lutar pela liberdade de toda uma galáxia. Ambos perceberam o quão grande era aquele feito, pois esse era o primeiro passo para uma nação igualitária, e morrer por uma causa tão nobre, não seria de todo ruim.

Ao perceber o calor da explosão em seu rosto, Jyn sentiu os braços de Andor envolverem-na em um ardoroso abraço. Não pôde deixar de abraça-lo também. O calor dos braços do capitão a deixou mais segura. Apertou-o com todas as forças que ainda lhe restavam. Cassian fechou os olhos, e se afundou em seu ombro, sentindo a leve fragrância de grama que emanava de ser corpo, se lembraria daquele cheiro em qualquer lugar que fosse. Longe das vistas de Andor, Jyn deixou as últimas lágrimas escaparem, enquanto o brilho da explosão cegava seus olhos.

Ao serem atingidos pelo calor destrutivo da bola de destruição, puderam sentir a queimadura de suas peles, mas ainda assim mantinham o aperto do abraço, e daquela forma permaneceram até tudo acabar. Naquele momento tudo havia passado, e não eram mais ninguém; nem rebelde nem capitão, nem Andor nem Erso, apenas Jyn e Cassian. Agora estavam unidos à força, de ninguém poderia apagar a esperança que deixaram para aqueles que nunca desistirão de lutar.


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Notas finais do capítulo

É isso amorecos! Espero que tenham gostado da minha one. Ela foi bem curtinha, mas foi muito simbólica e agradeço a todos que tiraram um tempinho pra ler!

Se eu vou escrever outras one-shots de Rogue One? Talvez! Amei muito o filme, e com certeza é um ambiente ótimo a ser aproveitado para as teorias e fics loucas!