Exército do Fascínio escrita por GrangerTorres


Capítulo 2
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

Esse é o penúltimo capítulo, desculpe pelo drama, talvez faça parte.
E ah, tem música no meio deste capítulo, é só clicar no nome dela. ^^



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Dois meses se passaram dentro do batalhão 406. Eu e Daniel estávamos juntos, é. Eu sou fraco demais pra resistir, ele realmente me encheu a paciência e provocou até a última gota depois do nosso primeiro beijo. Eu precisava ter resistido à ele e seus encantos misteriosos, mas, como disse minha mãe uma vez, depois que você prova, você acostuma...Vicia (e ela estava se referindo à drogas). O amor é uma droga, mamãe, me desculpe.


— Amorzinho, não fala mais comigo? - ele sussurrou no refeitório.


— Não me chama assim em público, caralho. - peguei o prato e saí andando até encontrar uma mesa vazia e me sentar.


— Aiden, pelo amor de Deus, para com isso. Ninguém ouviu! - se sentou ao meu lado.


— Mas e se tivessem ouvido? Dan, aqui dentro a gente só corre risco, você leva tudo na brincadeira e não percebe? Eu tento te proteger, só isso. Estou aqui a tempo o bastante pra conhecer cada coisa que acontece. - esbravejei.


— Eu não ligo. Não quero que me proteja, entrei aqui ou pra matar ou pra morrer, amor.


— Você é louco, isso sim! - bati a mão na mesa - E ainda tem que me explicar sobre o que veio fazer exatamente aqui dentro. Eu realmente estou confuso e com medo.


— Vou te explicar quando for necessário. Medo do quê, Aiden!? Você é o cara mais forte daqui depois do general. Você é um dos veteranos mais destemidos e corajosos que conheci, amor, sei que irá me ajudar, sei que irá conseguir...


— Nós não podemos correr riscos, estamos ficando muito juntos, alguma hora eles irão perceber. Alguma hora irão nos pegar. - eu estava muito irritado, olhava para o prato de comida e ela não queria descer.


— A única coisa que eu quero pegar agora é você, emburradinho. - deu um sorriso de canto.


— Teimoso, cara, você não tem medo do perigo. - eu disse e ele bufou.


— É verdade, então, já que vão saber alguma hora...Que seja agora. - e me beijou, voraz mas ao mesmo tempo carinhoso e eu não pude evitar, na frente de todos os outros cabos do batalhão. Puta que pariu, nosso amor foi explanado e eu acabara de crer que Daniel era a pessoa mais sem noção do mundo, o meu sem noção.


O refeitório tomou-se de um silêncio que eu diria até dramático. Me soltei de sua boca, ele começou a rir baixinho porque já sabia o que eu iria fazer...


— Eu vou te matar, amor. - eu estava assustado.


— Nem precisa, eles farão isso por você. - riu e eu vi o general estático na porta do lugar.


Ele me olhou furioso, Deus, e agora? Os soldados ali presentes começaram a nos xingar e zombar de coisas horríveis que eu não vou citar porque não quero que você chore. Acho que não contei sobre o meu querido "amigo" Half, chefe do pelotão 12, que era um cara extremamente fútil e conservador (em todos os piores sentidos possíveis). Ele era braço direito do general e tinha uma tropa de mais de 50 soldados rasos e claro, sempre teve uma enorme rixa comigo. Eu me levantei da mesa e não consegui fazer mais nada a não ser ouvir aquelas calúnias e fazer meu coração de tenente forte doer muito... Daniel me olhava confiante, mas se analisasse de perto, ele estava assustado.


— Temos aqui dois doentes nojentos, pessoal. - disse Half voltado para seu pelotão.


— Que belo exemplo, não é tenente Aiden? Tisc, tisc... - ironizou um outro rapaz.


Aquilo estava uma confusão de risadas e gente com muita raiva de nós dois, o casal anormal. Half veio em minha direção, que estava com a cabeça baixa, agarrou meu queixo com uma das mãos e o levantou para cima fazendo meu pescoço esticar e doer. Eu não estava nada bem para revidar algo, estava aéreo pensando nas consequências de tudo aquilo, eu precisava daquele trabalho.


— Vem cá, Roddie - chamou um dos soldados dele - vamos dar uma lição nesse daqui, pessoal. - e prenderam minhas mãos para trás para que eu não fizesse nada. E começou novamente uma confusão, de pessoas querendo ver a linda cena de um gay apanhando.


Daniel se levantou rapidamente e pulou em cima do brutamontes Half e eu me preocupei, sabia que ele não tinha resistência ainda nenhuma para enfrentar um tenente como ele. Enforcou-o e, pendurado nele por ser mais baixo, tentava chutar suas pernas, no meu interior eu chegava até a achar a cena cômica. Comecei a voltar em mim e fiquei desesperado por saber que ele ia sofrer ali, minha missão era protegê-lo, meu sem noção...

                                          Oceans - Seafret
Half o puxou e o arremessou em cima de uma mesa (como aquilo doeu em mim), mandou um soldado segurá-lo pra não atrapalhar mais, porque quem tinha que pagar ali era eu. Realmente, né. Eu me desprendi de quem me segurava não sei como e percebi que tinha que agir agora. Daniel chorava no canto, eu disse que ele não tinha resistência (física nem psicológica pra isso). Não me lembro de quantos socos eu dei no Half, mas ah, os que eu levei foram muitos. Caí no chão e minha visão embaçou porém eu tinha de continuar lutando, por nós dois, ele colocou um pé no meu abdômen e pressionou, eu tossi um pouco, estava suado e meu rosto pingava sangue. Ouvi Daniel gritar para me soltarem, Half não parava de me chutar e xingar, finalmente consegui segurar sua perna e bater num ponto que o fez cambalear para trás, eu levantei e bati forte em seu tórax, o que o fez ficar sem ar.


Os gritos no refeitório se intensificaram, o general olhou para mim desapontado e com raiva, e deixou o lugar com os braços cruzados sem impedir a confusão de acontecer. Finalmente, quando eu estava novamente no chão e acabado, Half, seu grupo e o resto do batalhão deixou o lugar com certo orgulho. Algumas mesas quebradas, eu não percebi que tinham batido em Daniel enquanto eu lutava, ele estava chorando ainda num canto, o silêncio agora entupia meus ouvidos e tudo o que eu ouvira antes me corrompia por dentro.
Eu estava com raiva e muito triste com meu loiro. Eu não pensei que ele fosse tão sem juízo, realmente não sabia como era aquele lugar.


— D-desculpe, meu amor... Eu... Não sabia que eles iriam... - gemeu de dor vindo em minha direção - nos torturar assim...


— Eu te avisei, Daniel. - respondi seco e ofegante.


— Oh, meu Deus, você está muito machucado... me desculpa, me perdoe... Por favor. - chorava muito mais agora, eu permanecia com a cara fechada e me contorcendo.


— Você é um pirralho que acha que é invencível e que nada poderia te acontecer, não é? Olha aqui, eu vou te avisar novamente, se você está aqui para brincar, foda-se. Mas eu estou trabalhando e preciso disso, eu disse que iria te ajudar porque te amo, mas não banque o herói contrariado, nós estamos juntos nessa. Para de pensar só em você, moleque. - esbravejei.


Ele ficou calado e me abraçou. Entendi aquilo como uma compreensão dele sobre o que eu tinha dito. Eu não consigo ficar com raiva dele por muito tempo, é tão fofo...


***


— Eu te amo mas quero que entenda que preciso fazer isso. - estávamos no meu quarto agora, ele tinha me carregado e agora cuidava dos meus ferimentos.


— Quem matou ele, Dan? - me referi à Pete, seu ex falecido ali dentro.


— Eu disse que ele morreu em combate. - parou de me acariciar na hora.


— Desculpe tocar no assunto, mas você precisa falar. Eu sei que ele não morreu em combate, se não você estaria em casa e não aqui tentando prestar contas.


— Sr. Brandon. Ele morreu por causa do general.


— Como...?


— Ele era fraco... Mas determinado. Sempre fazia algo errado por causa de sua insegurança e falta de atenção, o general não ia com a cara dele pois sabia que ele era homossexual. Quando eles foram para uma batalha no norte da África, ele foi atingido. O general ainda podia tê-lo salvado, ele podia ter evitado, mas foi ele quem disse para Pete ficar naquela área, a de mais risco, mesmo sabendo que ele era indefeso e levava medo. Eu nunca mais o vi, nunca mais o beijei e não pude me despedir. Eu jurei que tinha que fazer algo, para vingar a pessoa boa que ele foi, para mim e para tantas outras pessoas.


— Eu sinto muito, meu bem. Estou aqui pra você, mesmo não sendo muito, mas eu me esforço pra ser o suficiente. - o abracei.


— Aiden, por favor, você é bem mais do que eu preciso, você é maravilhoso... Me perdoe por tudo isso.


— Ainda não acabou, amor...


Nesse momento, ouvimos a porta ser trancada por fora e as janelas travadas.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado deste, até mais e não seja ghost. ♥



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