Forever escrita por MusaAnônima12345


Capítulo 27
Dor & Sofrimento


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoal! :v



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O ar parecia estar imóvel e nenhuma brisa ousava passar entre a cena que acabara de acontecer diante dos olhos dos heróis de Paris. Acontecera muito rápido. A derrota das três cópias de Yalef. A última ameaça de Style Queen. Marinette surgindo para defender sua equipe. Um tiro mágico de seu bastão. O súbito desaparecimento de Chat Noir. E finalmente A Rainha do Estilo mostrando o que realmente era: uma ilusão. A ilusão mais monstruosa e baixa que todos, principalmente a portadora dos brincos de Ladybug, já haviam presenciado. A ilusão que foi o gatilho que Style Queen precisava para acabar de vez com a confiança entre os amigos com um tiro só. Mesmo que aquilo lhes concedesse a pedra do oráculo da proteção e mais um passo a vitória.

Afinal, se a vilã estava certa, só havia uma entre todos da equipe que podia manusear ilusões sobre qualquer tipo de coisa. E era exatamente a que estava mais pressionada em todos os sentidos. Em casa, com seu próprio pai, com amizades em perigo e próximas a se racharem em qualquer segundo. Com sua própria mente.

“- Ao voltar a Paris você colocou em risco a vida de sua família, dos seus amigos e principalmente a sua. – Mestre Fu revelou abrindo os olhos e continuando com seriedade: - Os membros de sua equipe não subsistirão as provas de Style Queen. Se Volpina você voltar a ser, seu destino igual ao deles será. É isso mesmo o que você deseja?”

Essa pergunta martelava a sua cabeça desde o momento em que decidira fugir pela janela de seu quarto no começo daquela mesma tarde. Mas assim que Marinette conseguiu se levantar do chão e encontrá-la a poucos metros de si, a italiana entendeu o que o velho chinês quis dizer com aquilo. Entendeu que seria a principal acusada de toda aquela situação.

— Você. – ela sibilou apontando um dedo na sua direção. A raposa não pôde deixar de estremecer quando a morena deu dois passos na sua direção. – Isso é tudo culpa sua!

A dor da morena lhe atravessara como uma faca em seu ferimento no ombro. Mesmo assim tratou de ser o mais calma que conseguiu naquela situação.

— Eu não tive nada a ver com isso Marinette. – respondeu a acusação enquanto todos lhe encaravam.

— Chega disso sua mentirosa! – a garota gritou, revelando seu péssimo estado emocional. – Esse tempo todo achei que você fosse uma amiga e mais uma vez você me traiu!

— Mari, por favor, acredite em mim. – a raposa implorou, tentando conter os gemidos de dor provocados pela luta. – Eu sou sim sua amiga, por favor...  

— Não finja que é a boazinha Volpina. – a mesma rebateu furiosa. – Você é a única que pode criar ilusões de qualquer coisa e capaz de criar confusões baseadas em mentiras. – acrescentou dando mais dois passos largos para frente.

“E é aqui que todos voltam a jogar pedras em mim. Mesmo quando eu sou inocente”. Lila pensou abaixando a cabeça novamente. Realmente aquela era a única prova capaz de salvá-la e condená-la ao mesmo tempo, que, talvez, fosse exatamente o motivo de a vilã permitir que tudo acontecesse.

Exatamente para tirá-la da jogada.

— Acontece que ela não mente mais Marinette. – Abelle interveio se colocando na frente da italiana. A mesma não pôde deixar de levantar a cabeça e encarar a loira. – Volpina pode ter muitos defeitos, mas você mais do que ninguém sabe o quanto ela mudou em questão a isso. O quanto ela já provou a esta cidade que é outra pessoa.

— Isso não justifica a imagem falsa de Style Queen atacando Paris. – Paon retrucou, cruzando os braços e se colocando a favor da mestiça. – Muito menos o monstro de verdade que causou todos esses estragos pela cidade.

— Você realmente acha que eu faria uma coisa dessas Kattie? – a morena de olhos verdes perguntou a ruiva, desacreditada com o que ouvira. – Acha que eu teria prazer em fingir que A Rainha do Estilo em carne e osso estava aqui para acertar as contas? Isso tudo para me aparecer e mentir mais uma vez para vocês?

— Nisso eu preciso concordar com ela. – Tortoise disse se manifestando no meio de tanta tensão. As duas voltaram a encará-lo. – Se lembra daquela vez que nós estávamos perto do Arco do Triunfo?

A heroína de azul concordou pensativa.

— Style Queen também havia aparecido e... Desaparecido de repente. – murmurou abaixando os olhos para o chão. – Ela tinha dito alguma coisa sobre algo tridimensional... E das sete estrelas.

— São cópias tridimensionais da verdadeira Rainha do Estilo. – Bridgette esclareceu alto suficiente para que todos pudessem ouvir e se virassem para encará-la. Engoliu em seco e continuou: – Elas funcionam como distrações enquanto o seu poder total ainda não foi alcançado no prazo das sete estrelas próximas a constelação de Órion. Mostram o quanto ela tem poder sobre o cristal e onde está aprisionada.

— Como sabe de tudo isso? – o moreno indagou desconfiado.

— Não importa. – Marinette interrompeu, zangada com a proximidade da prima. – Isso não prova que tudo é culpa de Style Queen. Não prova que não possa ter sido uma ilusão de um dos nossos.

O silêncio pendurou mais uma vez sobre onde eles ainda debatiam de quem era a culpa de Adrien ter desaparecido, mas não tinha utilidade nenhuma. A heroína de toda Paris não confiava em sua palavra nem que se pintasse de dourado e valesse uma fortuna. Bom, de certo modo o sentimento também era recíproco: nunca mais iria acreditar na palavra de uma Dupain-Cheng. Colocando uma mão no ombro machucado e segurando sua flauta até seus dedos ficarem brancos disse segurando as lágrimas de tristeza:

— E isso também não prova se você está certa ou errada sobre mim, Ladybug.

Logo já havia desaparecido entre as ruínas do centro.

***

O trajeto de onde havia lutado até a sua casa era longo e ainda mais complicado quando aquela que dirigia seus movimentos tinha um machucado pelo corpo. Um machucado que simplesmente impedia grande parte de sua locomoção, tornando a missão de entrar discretamente pela janela de seu quarto havia sido uma missão complemente difícil de realizar com um só braço bom. Mas o que mais doía em todo o seu corpo não eram os ferimentos. Era o seu coração. Havia acabado de ser culpada por tudo o que acontecera nas últimas vinte e quatro horas e seu cérebro se recusava a entender a última frase de Marinette.

“– Isso não prova que tudo é culpa de Style Queen. Não prova que não possa ter sido uma ilusão de um dos nossos.”

Há quanto tempo que ela não acreditava em sua fidelidade? Pior: ela já teria acreditado em algum momento desde a derrota de Hawk Moth?

— Trixx, destransformar. – murmurou assim que conseguiu entrar totalmente dentro de seu quarto.

Segurou o miraculous em seu pescoço esperando sua kwami ressurgir novamente em suas mãos. Não daria trabalho a ela. Assim como também não queria enfrentar mais nenhum trabalho até o fim daquele dia fatídico. Recolheu a pequenina e exausta raposa com o resto de força que ainda possuía, colocando-a em seguida sobre um pequeno travesseiro sob sua cama e a observando descansar do jeito que ficara. Pelo menos aquele ser alaranjado acreditava em algo que a mesma fazia.

 Então Lila chorou. Chorou por tudo que tinha direito para chorar: por Adrien, pelo sofrimento de Marinette, pelos ferimentos que queimavam debaixo de sua roupa, pela culpa que fora acusada, por sua família, por seu pai... Por tudo. Simplesmente não conseguiu controlar as lágrimas que há tanto tempo tentara esconder, que há tanto tempo tentara sufocar, mas que sempre estavam ali prontas para lhe assombrarem com a sua existência. Para lhe assombrarem da escolha que havia feito.

— Vejo que salvar o mundo tem lá as suas consequências, não é minha filha?

As lágrimas rapidamente foram limpas com uma mão da italiana e com um susto a garota se virou para trás. Sentiu o chão abaixo de seus pés sumir. Desaparecer junto com a sua respiração.

Não.  

Mário estava ali, diante de seus olhos, sentado numa cadeira ao lado do armário que guardava suas roupas. Pela sua expressão Lila pôde notar que o mesmo deveria estar ali há muito tempo e que, devia ser o único, a perceber o seu desaparecimento suspeito em meio ao ataque de uma super vilã maldosa e que queria destruir toda a capital da França. O único que a mesma não conseguira notá-lo quando entrou pela janela. Ou mesmo quando saiu horas antes. Ou mesmo quando não se preocupou em pensar em uma desculpa para ter saído no meio do caos que estava porta a fora de casa. Falhou vergonhosamente no último item e agora o pior daquele dia acontecera: sua identidade secreta havia sido descoberta. Ainda pior: havia sido descoberta pelo seu próprio pai, a última pessoa que ela desejaria que soubesse.

— O-O que você está fazendo aqui pai? – gaguejou nervosa. – Há quanto tempo você...

— Estava procurando a minha filha. – o italiano interrompeu a encarando profundamente de braços cruzados. Fez um sorriso forçado e continuou: - A mesma garota que salvou as nossas vidas enquanto estávamos no parque e em perigo. A mesma garota que quis ter certeza que a família estava a salvo. A mesma garota que ninguém encontrou em lugar nenhum dessa casa. A mesma garota que é uma super-heroína e que se sacrificou por outros que nem lhe dão valor.

Lila sentiu o corpo estremecer e seus dedos mal fechavam sobre o seu punho. Balançou a cabeça e tentou explicar alguma história sobre tudo aquilo, mas não adiantava. Mário havia visto e acompanhado tudo desde que lhe encontrara suspeita com seu próprio miraculous da raposa.

Ele lhe havia descoberto.

— Porque não me contou antes Lila? – perguntou enquanto os olhos verdes da italiana se encontraram com os seus.

— Porque você jamais iria entender o meu lado. – a morena respondeu rapidamente. – Porque você iria me mandar de volta para a casa da minha mãe e você sabe que ela não liga nem um pouco pra mim.

— Você estava correndo perigo. – Mário ressaltou bufando. – Sabe o que eu faria se acontecesse alguma coisa com você minha filha?

— Eu tenho dezessete anos, não sou criança. – Lila rebateu irritada com o pai.

— Enquanto você morar debaixo do mesmo teto que eu mocinha você vai obedecer aquilo que eu disser. – seu pai retrucou de volta, ainda mais severo do que antes. - Já pensou o que mais poderia ter acontecido com você? E se tivesse se ferido gravemente? Perdido um olho ou a cabeça?

— Eu sabia o que eu estava fazendo, não sou como você que precisa contratar um dublê para viver tudo o que você tem medo! – Lila gritou apontando o dedo para o pai.

O homem bateu com força na parede da porta do quarto e fez um barulho estrondoso. Ela conseguira deixá-lo nervoso ao ponto de tirá-lo do sério, mas não enfrentaria aquela luta sozinha também. Conhecia Francisca muito bem ao ponto de saber que iria aparecer rapidamente em sua porta para saber o que estaria acontecendo ali. Dito e feito: a mulher estava com uma bacia e farinha de trigo no rosto quando apareceu desesperada com Sandro, o namorado de sua bambina aos calcanhares. Pronto! Se o que aquele homem que ainda se considerava seu pai era fazer um teatrinho então lá estava o público diante de ambos.

Mas Mário não estava ligando nem um pouco para sua cunhada lhe dando advertências por tudo o que ouvira do andar debaixo. Já havia perdido sua razão com a adolescente.

— Chega! – vociferou dando passos largos para perto da garota. A mesma recuou assustada com o pai.

Com um puxão sem conversa o mesmo arrancou o colar da raposa envolta do pescoço da italiana e a segurou pelo pulso esquerdo com força. Seu rosto estava tomado pelo ódio e pela mágoa da filha ter escondido tantas coisas de seu saber. Era uma advertência para tudo que aquele homem havia guardado dentro de si e que estava prestes a liberar.

— Enquanto você não agir como uma garota direita e responsável você não sai desta casa. – avisou entre dentes e calando a todos, mesmo os protestos mais internos da morena. – Nada de caminhadas, nada de amigos e nada de sair salvando o mundo em cada esquina que tem um ladrão. Até você aprender a não esconder as coisas e não se arriscar pela vida dos outros, você estará confinada neste quarto. Fui bem claro? – indagou ameaçador com o pequeno acessório que tanto lutara para reconquistar nas mãos do monstro que virara seu pai.

Mas Lila também já não estava ligando para mais nada. Se desvencilhou do aperto do pai com um puxão raivoso e só então reparou a tia e o seu namorado encolhidos na porta enquanto Mário saia dali como um furacão de uma pilha de nervos. Só então ela reparou o rosto encharcado de lágrimas.

— Eu te odeio! – berrou o mais alto que pôde, deixando sua garganta doer o máximo que conseguiu.

Com toda a força e fúria que tinha bateu a porta do seu quarto e se jogou na cama em seguida. Seu mundo havia acabado de ser totalmente destruído naquele momento junto com a sua última esperança: sua própria liberdade.

***

Num lugar e num momento muito distante dali, a verdadeira Style Queen ria da desgraça alheia e se divertia com o caos que havia espalhado. Sentada em seu trono no centro de todo aquele chão de granito negro e brilhante, a vilã assistia repetidamente tudo o que uma cópia falsa de sua pessoa tinha conseguido realizar com a equipe de Ladybug e com a Herdeira do Cristal através de imagens criadas, como num filme onde ela tinha total comando sobre tudo. Mas aquilo era mil vezes melhor. Lentamente, um sorriso saboreava o progresso de seu plano finalmente surtindo efeito entre aquele grupo tão unido de amigos.

— Logo a minha vingança estará completa e meus poderes reestabelecidos graças as brigas que estão prestes a surgir no meio dos seus amigos. – a mulher anunciou se aproximando de onde o seu mais novo prisioneiro estava ao seu lado em seu esconderijo. – Eles serão a fonte dos meus poderes e trarão o fim sobre o seu mísero planeta novamente. E então o mundo se curvará aos meus pés!

Uma risada fez com que todas as cenas diante de seus olhos se transformassem em pó novamente. Areia dourada.

— V-Você está enganada... – o prisioneiro protestou chamando a atenção da vilã. – Eles são muito mais fortes do que voc... Você pensa...

Style Queen se levantou e com passos lentos se aproximou de onde estava seu opositor. Há poucos metros de distância e dentro de uma esfera feita de cristal dourado impenetrável se encontrava Adrien, ainda tentando lutar e escapar de sua jaula. A Rainha do Estilo não estava no ápice de seus poderes, mas seria fácil acabar com um simples garoto com apenas um movimento de seu bastão mágico. Fácil demais. Não, aquele infeliz poderia lhe servir para alguma coisa no final das contas. Lutando com a vontade de ser contrariada a vilã agarrou o loiro pelo pescoço e o aproximou de seu rosto.

— A força também é uma fraqueza Agreste. – zombou com um sorriso cínico. – E se a sua força está neles, então você é sem dúvidas o mais fraco de sua equipe.

— Parecemos fracos aos seus olhos, mas... As coisas nem sempre são o que parecem ser... – o mesmo respondeu com a respiração dificultada pela mão da mulher em seu pescoço.

Style Queen não pôde deixar de encontrar graça na esperança ridícula do jovem herói de Paris. E antes de largá-lo de volta a sua jaula de gato selvagem continuou:

— As únicas palavras capazes de derrotá-los são a dor e o sofrimento.

E o deixou sozinho. 


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