Arkadia escrita por Fibe


Capítulo 5
Uma orelha não nos diferenciará.


Notas iniciais do capítulo

DICIONÁRIO DA FIC:

Valkyria = Mundo.
Illiaria = Nome do reino
Merlin = deus dos magos
Eika= deusa dos magos
Azula = rainha das fadas
Lughtar = rei e herói dos elfos
Shagar= filho do rei
Féerico = como é chamado a raça mística em Valkyria, por causa da sua magia.
Teons = moedas de Valkyria.
Kili = pai de todos os anões

(Capitulo ainda não betado)



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/719516/chapter/5

Um arrepio tomou conta do meu corpo quando o elfo de pele negra acenou para dois daqueles que estavam com ele e, então, antes que eu mesma pudesse tentar correr, eles vieram. Suas passadas automáticas me alcançaram em segundos e suas mãos me segurara. Cada um deles enroscados em um braço meu.

Fui arrastada por ambos os elfos até ficar de frente do seu líder - o elfo negro - e continuei sendo segurada por eles enquanto o outro se inclinava e tomava meu queixo num aperto duro.

Sorriu para mim com seus dentes brancos e eu fiz a mesma coisa para ele, claramente desafiando-o.

— Qual é o seu nome? – Perguntou-me ele um pouco traiçoeiro.

— Caitlin. – Respondi de forma simples e direta.

O primeiro soco me atingiu em cheio na bochecha sem aviso prévio; sua mão se fechou em punhos e encostou em mim gerando alarde daqueles que assistiam a cena, causando murmúrios das vozes.

Minha bochecha latejou e eu quis gritar com o susto. Com a dor. Segurei ainda rangendo os dentes.

— Eu perguntei, escrava, e você deve responder. – Tão sério e composto, voltou a dirigir sua voz à mim enquanto os outros elfos me seguravam. O aperto deles aumentara. – Qual é o seu maldito nome?

— Meu. Nome. É. Caitlin.– Falei pausadamente e mais alto, querendo que ele escutasse com todas as letras e sons.

Outro soco me atingiu com tudo. Dessa vez ele não bateu no meio da minha bochecha; deixou que sua mão deslizasse um pouco mais para baixo e eu senti, com todo o ódio possível, aquela mão acertar o osso que fazia parte do meu maxilar.

Não pude controlar, por mais que estivesse desejando, e as lágrimas caíram.

— Ainda não ouvi. – Sorriu de forma sarcástica e andou de um lado para o outro. Suas mãos foram para a cintura numa pose de superioridade e quando se cansou de andar, parou mais uma vez na minha frente. – O seu nome, vamos.

— Não.

Dessa vez ele não me socou como eu achei que seria. Na realidade, puxou-me os cabelos e acenou para os outros elfos, fazendo-os me deixarem de pé. Mais uma vez os meus fios negros foram puxados e minha cabeça foi para trás.

Senti sua respiração próxima do meu ouvido enquanto encarava seu pescoço, rosto e o céu azul.

— Você não vai me dizer o seu nome?

— Não.

Seu joelho acertou-me entre as costas e o meu traseiro. Gritei.

— Seu nome. – Exigiu muito sério.

Eu não disse.

As lágrimas ainda insistiam em cair dos meus olhos quando ele voltou a me chutar nas costas e não parou por lá. A tortura pública e de graça não parecia ter um motivo exato aos meus olhos além de uma pura vingança que ele estava gostando. Adorando. E prova do quanto amava aquilo fora que girou, mais uma vez, e ficou na minha frente.

Não sei onde o conseguiu ou quando parou para pegá-lo, mas mostrou-me o punho esquerdo com um soco inglês de prata e bateu-me na boca do estômago.

Eu gritei.

Chorei.

Nunca havia sido humilhada em toda a minha vida, nem mesmo quando era escrava e agora compreendia o que aquelas pessoas passavam. Entendi muito mais do que achei saber.

Quando os elfos me soltaram, não me mantive de pé.

Os meus joelhos não tinham força por causa da pancada no estômago e eu cai de bruços, fechando os olhos porque temia o que ainda podiam fazer. Uma coisinha molhada saia da minha boca e nem mesmo precisei tocar para reconhecer aquele gosto de ferro úmido; sangue.

— Cidadões de Illiaria.– Dissera o elfo que me surrou. – Este é um exemplo claro de que os humanos são, acima de tudo, um perigo para a nossa sociedade pacífica. Essa jovem que se nomeia Caitlin, é uma fugitiva de alto risco. Desmaiou cinco homens meus e ainda soltou um criminoso, isso significa que a partir de agora ela é uma prisioneira de Shagar e qualquer um que tenha compactuado com ela também poderá responder por atentado ao reino e ao nosso rei.

O silêncio que se propagou desde aquelas falas fora o mais assustador que pude ouvir.

Meus pensamentos correram para Lili, a fada gentil das maçãs e um pouco irritadinha. Correram para Thumos que apesar de ser ardiloso e ordinário, tinha um pouco dos dedos sujos ao me ajudar a conseguir dinheiro em todas as vezes que apareci nesse vilarejo. Correram para o dragão que me esperava numa caverna.

Era isso. Havia perdido uma batalha que nem mesmo comecei.

Fechei ambas as mãos em punhos e abri os olhos que nem mesmo percebi ter fechado.

Enquanto o elfo discursava, arranjei forças na esperança de encontrar minha mãe e me levantei, ainda cambaleando. Fixei meus pés no chão. Passei o braço esquerdo na boca para limpar o sangue que havia deslizado para fora e olhei para aquelas pessoas que ainda não haviam embora. Todas gostavam de um show, não é mesmo?

Ainda tinha duas facas escondidas pelo meu corpo e se o elfo sentiu uma delas enquanto me chutava, nada dissera.

— Você ainda não acabou comigo, elfo. – Eu gritei sentindo meus pulmões doerem com o esforço e ele se virou, ainda sorrindo.

Me encarou. Seus olhos brilhavam de uma maneira que nem mesmo eu sabia o significado e antes que pudesse fazer algo contra mim, uma sombra maior escondeu os raios solares e, aos poucos se aproximou.

Seguindo os olhares, encarei o céu. Vi com ambos os olhos aquele dragão que protegi uma vez. Onyx voava em minha direção e quando encontrei aqueles olhos brancos, soube que não tinha como correr do que estava vindo.

— SAIAM DAQUI! FUJAM! – Gritei para as pessoas e elas levaram segundos até perceberem a ameaça que era aquele enorme dragão. Correram desesperadas para vários lugares diferentes, várias partes do vilarejo.

Os elfos se juntaram, puxaram seus arcos das costas e quando Onyx pousou, quebrando algumas barracas por ter parado justamente em cima delas, senti meu braço ser puxado.

Um dos elfos me fizera de refém, encostou-me em seu corpo e os outros, inclusive o elfo negro, se prepararam para atacar a única criatura que eu podia jurar me importar.

— Você vem conosco.– O elfo negro dissera ao meu dragão e ele urrou enraivecido.

As portas e janelas tremeram por um instante até que o barulho de vidros quebrados preencheram meus ouvidos e eu entendi exatamente do que se tratava: os elfos haviam usado suas habilidades ligadas a terra para controlar as plantas mais perto e todas elas pareceram ter seu caule aumentado ao ponto de que pulassem para fora das janelas e se enroscassem nas pernas e asas do dragão.

Meu cotovelo fora ao encontro da barriga daquele que me segurava e pisei no seu pé como o máximo de força que ainda conseguia produzir.

— Onyx!– Gritei mais do que preocupada e tentei correr em sua direção.

Não deixaram.

Fui segurada antes mesmo de dar mais de dois passos.

— Saia daqui. Saia! Eles não podem fazer nada contra você e sabe disso. – Gritei para ele ainda desesperada. – Ainda estamos no terceiro dia, eu disse que sabia me virar.

— Você precisava de mim, Caitlin. – Sua voz ecoou em minha mente e eu assenti para ele, compreendendo o que dizia.

— Ainda preciso.

Resolvida, empurrei minha cabeça para trás com toda a força que tinha e ao acertar o elfo, girei meu corpo e puxei das costas aquela faca que ganhei de Thumos. Ouvi o dragão rugir naquele momento e quando pude me dar conta, havia fogo para todos os lados. Onyx incendiara as laterais daquele vilarejo assim como se soltara de tudo o que havia lhe aprisionado.

Naquele momento, com tantas chamas me rodeando, senti-me energizada.

Lancei a faca na garganta do elfo que era meu alvo e ela, de forma certeira, cravou-se ali. Balbuciou alguma coisa antes do seu corpo cair e foi a minha vez de urrar. De gritar tão alto que senti o dragão festejando em meu interior.

Não pude ver quando tudo aquilo começou a se tornar algo ao qual eu estava apta a fazer muito bem, mas soube que ainda não era tempo de questionar e por isso corri ao corpo do elfo caído, arrancando a faca e encarando os outros com um sorriso.

Onyx girou sua cauda naquele momento, agarrou dois deles ao mesmo tempo e lançou para longe. Sobrava, agora, só eu e o Elfo negro.

Sorri e de forma infalível, meu dragão soube do que se tratava.

O dragão da Tempestade começou a andar em círculos, rodeando o elfo assim como eu fazia, tendo como única diferença o fato de que eu estava muito mais próxima do que ele.

Todo o meu corpo pedia para que ele sofresse tanto quanto eu sofri, todo o meu corpo exigia que ele me entendesse como queriam que entendêssemos sobre sua raça reinando e o porquê de merecermos a escravidão. Por um momento, meu corpo queria que ele entrasse no mundo dos homens para saber o que sentíamos sempre que éramos humilhados de alguma forma.

Mas eu não podia. E tampouco devia fazê-lo.

Com a faca em mãos, parei no tempo exato em que Onyx o fizera.

— Se deseja continuar vivo, dê um recado ao seu rei.– Grosseira e extremamente rude, cuspi aquelas palavras diante do elfo negro sem poder lhe dar alguma opção de resposta que não fosse aquela. Onyx, naquele momento, enlaçou seu longo rabo nele, certificando-se de que não faria nada comigo. – Escravidão é uma ideia rude e impensada, por isso nós vamos corrigir este erro. A partir de hoje, nenhum escravo dele ser tratado como se fossem lixos, pedaços de carne. Todos eles tem famílias, todos eles sentem dor, fome e medo, assim como vocês. E se a única coisa que nos diferencia é uma orelha…

Deslizei com a faca ao meu lado bem na direção do elfo e ignorando toda a sua carranca e debates, empurrei seu cabelo extremamente liso para o lado e puxei a esquerda direita.

— Não nos diferenciará mais. – Cortei a ponta elevada fora e o ouvi gritar por causa da dor. – Diga que ele deve temer o que vem dos céus porque o tempo dos féericos acabou.

Onyx o soltou naquele momento, empurrando-o para algumas madeiras das barracas já quebradas e eu escalei as escamas do dragão, parando somente quando cheguei em suas costas e pude segurá-lo. Senti-lo.

Entendi nossa ligação naquele momento.

Podíamos ser diferentes em tudo e até mesmo novos em toda essa coisa de combate ao crime e tirania. Podíamos não falar o mesmo idioma algumas vezes e discordar na maioria dos casos, mesmo que isso ainda não tivesse acontecido. Ele podia ter escamas e eu uma pele frágil, mas nossos corações batiam no mesmo ritmo. Nossas mentes eram apenas uma quando juntos. E se eu não tinha asas para voar tão alto, era ele quem voaria por mim. E se seus olhos eram brancos, sem alguma cor, os meus iriam colorir por ele.

Vislumbrei, naquele momento, uma pequena corrente elétrica sair do seu pescoço e andar pelo meu braço, desde o dedo indicador até sei lá mais onde, e notei que não me fazia mal. Que eu não era machucada por ela. E nem por ele.

Sorri.

— Vamos embora daqui.–  Sussurrei baixinho demais para que nenhuma outra pessoa pudesse nos ouvir.

— Segure-se.–  Avisou em minha mente e, então, içou voo.



Diferente da primeira vez que voamos juntos, deixei meus olhos bem abertos. Vi as nuvens brancas tomarem nosso caminho assim como vi aquelas cores bem pequenas lá embaixo, as cidades, as florestas, as pessoas, talvez. Não diferenciei nada, só observei.

Silenciosamente, exigindo uma privacidade que nunca teria, pensei em todas as coisas que vivi até agora.

Lembrei de meu pai me dizendo que a única coisa que nos diferenciava dos outros era o nosso desejo de lutar, de liberdade. Lembrei dele me acariciando o cabelo e me pondo para dormir, murmurando palavras doces sobre como o que tudo que tenho é o meu nome e jamais, em circunstância alguma, poderia esquecê-lo. De como sua voz era grossa e cantava bem ao ponto dos nossos Senhores exigirem canções em suas festas e momentos de lazer, ou sobre como ele era bom. Muito bom.

E de como ele morreu por ser exatamente isso: uma pessoa boa.

Tudo estava tão lindo naquele dia que quando ouvimos os gritos, não acreditamos no que acontecia. Minha mãe e eu estávamos dentro da casa, corremos para fora e vimos a pior cena que uma criança poderia imaginar; meu pai havia se jogado contra um dos elfos que contrabandeavam escravos e, naquele dia, levava crianças para o castelo. Seu heróico era inquestionável e morreu com ele naquele dia, quando o contrabandista chicoteou-o tanto e ainda pediu permissão aos Senhores para fazê-lo mais. Eles deixaram.

Meu pai morreu sendo açoitado numa árvore enquanto assistíamos e recebíamos a lição de que não podíamos ir contra o sistema.

E agora eu estava em cima de um dragão, sendo procurada por sei lá o que.

— Sinto muito. – Ouvi a voz de Onyx ecoando em minha mente e fui puxada para fora dos devaneios com aquilo.

— Por? – Perguntei sem saber exatamente a razão daquilo.

— Seu pai…

— Você viu aquilo?

— Tudo. Vi tudo.

— Acontece, ué.

— Por que nunca fala deles, Caitlin?

— É uma história tão longa e complicada que nem mesmo você entenderia. Eu tento entender até hoje.

— Certo. E ao menos sabe para onde vamos?

— Tenho uma ideia, mas preciso cuidar dos meus ferimentos antes. Só pare em algum lugar com água próxima.




Quando Onyx pousa, o Sol ainda está ameaçando se por  - visto que voamos por bastante tempo - e nós voltamos para a cobertura das árvores verdes e de todas aquelas pedras, aqueles matos.

É uma linda visão de cores e o azul do céu dá um bom contraste para todo aquele verde e suas alegrias, mas, ainda sim, não é o que eu mais quero ver no momento. Deslizo para fora do dragão com toda a calma que tenho e me arrasto para o tronco de uma árvore, encostando-me na mesma.

Não é seguro permanecermos aqui nessas condições, mesmo que ele seja todo poderoso.

Onyx relaxa onde pousou, deitando-se e se encolhendo como quem sente frio; suas patas ficam juntas, a cauda se enrosca na sua frente e o pescoço para sumir. Só vejo o seu rosto.

Ele me encara de maneira fixa. Questionador.

— Está tudo bem? – Questionei desconfortável com a maneira com a qual me olhava. – Onyx?

— Seu cabelo está tão branco quanto meus raios...– Eu congelo. Puxo a faca que ganhei de Thumos e miro sua lâmina para os meus fios. Vislumbro no reflexo o que ele queria dizer: todo o meu cabelo estava, de fato, branco. – Nunca vi isso acontecer no meu Mundo.

— O que isso significa? – Devolvi rapidamente ainda tentando lidar com o fato de que meu cabelo havia passado de um castanho muito escuro para um branco parecido com as nuvens do céu.

— Há magia em você, Caitlin. – Esticou seu pescoço e seu focinho gelado bateu em minha pele. Seguiu-me cheirando. – Uma magia recém acordada.

— E quando acordou?

— Não sei, mas você ainda era você quando subiu em mim.

Puxei um punhado de cabelo para ver com os meus próprios olhos e deixei a faca caída ao meu lado. Mais uma vez a prova estava ali: brancos. Havia falta de cor nos meus fios, uma falta que não me deixava parecida nem com a minha mãe ou meu pai.

Respirei fundo e, ao fazê-lo, pude sentir todos os meus ossos doloridos, minha barriga gritando e meu queixo chorando.

Como eu podia estar tão bem há uns minutos e tão horrível agora?

Levantei a camisa que usava, arrancando-a do cós da calça. Em seguida, a calça fora abaixada até que um pedacinho das minhas coxas pudessem aparecer.

Arfei com o que vi.

Havia uma marca vermelha onde o elfo me acertara e soava como sangue preso. Passei, então, o indicador por cima da marca desejando saber se havia acontecido algo mais sério do que aquela escoriação e só pude sentir a ardência que meus dedos causavam. Se eu realmente queria cuidar daquilo, seria melhor arrumar algumas sanguessugas para chupar aquele sangue. Contudo, não podia andar por hora e nem exigir que Onyx soubesse o que elas eram.

— Uau, acho que essa foi a melhor surra que ganhei em toda a minha vida.

Silêncio.

Parecia que havíamos voltado para a etapa inicial do nosso relacionamento onde eu vivia num monólogo constante.

— Preciso descansar, Onyx. Não sou tão forte como você e nem tão alta ou esperta, preciso dar um tempo para que meu corpo se acostume com essa dor antes de voltarmos a andar.

Mais silêncio.

Não falei mais nada. Deixei-o quieto em seus pensamentos quando resolvi forçar meus olhos a se fecharem, mesmo que por alguns poucos minutos. Ainda havia tanta coisa para conseguir captar e aceitar direito que nem mesmo podia forçar meu corpo a se arrastar para o mais fundo da floresta ou o mais alto das árvores. Dessa vez, não poderia esconder um dragão.

 

Quando acordei, encontrei minha camisa rasgada no meio e aqueles bichinhos pretos ali, em cima da minha ferida. As sanguessugas trabalhavam quietas, grudentas e geladas em minha pele, e havia um pouco de ervas molhadas  grudadas em meu maxilar.

Sem me mover e ainda com cuidado para não demonstrar que havia acordado de absoluto, girei o pescoço com bastante cuidado para checar se Onyx ainda estava do meu lado. Continuava parado, mas encarava outro ponto na floresta.

Segui o seu olhar e quando parei, não pude acreditar no que estava vendo.

Havia uma fogueira acesa ali e junto dela, aproveitando o fogo, um homem. Seus fios eram negros e iam até o início dos ombros, também tinham cachos leves. O rosto era enfeitado por uma barba e olhos cansados, escuros, além da sua pele ser tão pálida quanto o próprio gelo. E se vestia como quem realmente estava preparado para um inverno duradouro, rigoroso.

“Quem é ele?’’ Questionei mentalmente para Onyx.

O dragão bufou e precisei segurar o riso quando fechei meus olhos novamente.

‘’Não sei, mas está te seguindo desde que me deixou na caverna.’’

Contei do um ao dez enquanto formulava alguma coisa. Nunca, em nenhum momento, deveria confiar em outra pessoa que não fosse esse enorme dragão.

— Quem é você? – Indaguei pausadamente enquanto abria os olhos e busquei a faca que estava no mesmo lugar: ao lado do meu corpo.

— Samwell. – O homem me respondeu com sua voz rouca e nem mesmo devolveu-me o olhar.

Analisei-o outra vez para ver se portava armas e vi aqueles dois machados presos em sua calça. Todos os dois tinham tamanho médio como se fossem portáteis e fáceis de levar para todos os lugares.

— Por que estava me seguindo, Samwell?

— Poderia me agradecer por ter te dado uma pequena ajuda com seus machucados quando seu animal não soube fazê-lo, uh?

— Já estou agradecendo a partir do momento em que Onyx não está lhe atacando. – Cuspi de forma feroz, não escondendo a vontade que tinha dele saber o perigo que corria.

— Você tem um ponto, admito, mas se ele não me machucou antes, por quê o faria agora?

Com raiva, girei o pescoço para encarar meu dragão.

— Por que não o atacou? – Perguntei em voz alta à Onyx.

— Ele não tem cheiro de ameaça, Caitlin.

— Oh, não tem cheiro de ameaça? E desde quando você cheira as emoções das pessoas ou o que elas representam, Onyx?

— Caitlin! Ele só não tem cheiro de magia como aqueles que queriam nos fazer mal e também te ajudou. Estive do seu lado todo o tempo, se ele tentasse fazer algo, eu o mataria.

— E como o rapaz cheira então?

— Bom… Cachorro molhado, talvez.

 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Galerinha! Eu prometi que iria postar essa semana e aqui estou, então... É isso. Por ter um novo projeto de fic sendo trabalhado, o próximo post sai dentro de até dez dias, tudo bem?? E se gostou, pode comentar ai embaixo, pode conversar comigo, deixar os toques, o deslike, tudo. Só me digam o que estão achando porque eu sei que estão ai u.u
Até a próxima semana. ♥