Capítulo 1.

Minha aula de Química tinha começado e eu peguei meus livros da bolsa a colocando no chão de seguida. Já deu para ver que ela virou bola de futebol, né?

- Me dê minha bolsa! – Gritei saltando para pegar ela. O John, capitão da time de futebol, era duas vezes meu tamanho e segurava a bolsa lá bem no alto.

- Você quer sua bolsa? – Era mais que óbvio, mas tá. – Então vá buscá-la. – E atirou ela pela janela. E lá fui eu, como todas as vezes, buscar minha bolsa ao pátio. Desci as escadas com cuidado. Com o azar que eu tinha ainda partia meus óculos.

Quando cheguei ao pátio me deparei com uma cena, no mínimo, engraçada. Um garoto vestido de preto estava sentado no chão agarrando à cabeça e xingando tudo o quanto era santo. É, John tem pontaria.

Antes de me atrever sequer a rir, corri para ele e o ajudei a levantar.

- Você tá bem? – Perguntei pegando minha bolsa. Ele ainda estava de costas para mim pelo que ainda não tinha visto seu rosto.

- Levei com uma bolsa voadora e você ainda pergunta se eu estou bem? – Nesse momento, o garoto de preto se virou para mim e eu pude ver seu rosto branco e perfeitinho. Oh my god. É mesmo isso gente, eu fiquei com cara de besta a olhar para aquele gato. Os olhos verde oliva, os lábios finos e rosados, a pele demasiado branca e as bochechas coradas pelo frio. – Hum, alô? Tem alguém aí? – Acordei do meu transe idiota e tentei me recompor rapidamente. Senti minha pele esquentar enquanto ele dava uma risadinha baixa.

- Meu nome é Gerard. Gerard Way. – Gerard Way, que nome tão… perfeito. Estendeu sua mão e eu estendi também a minha para ele.

- J-uliet. – E se está perguntando se eu acabei de gaguejar a resposta é: sim. E porquê? Bom, falando a verdade, eu nunca interagi com um garoto assim antes. Um garoto simpático e que se apresentasse sem me zoar. Na verdade, eu nunca falei com ninguém que não me dirigisse a palavra só para me zoar. E naquele momento me senti feliz e nervosa… principalmente nervosa. – Juliet Miller.

- Bom, Juliet, eu sou novo aqui no colégio. Será que me poderia indicar a directoria? – Opa, pera aí. Ele tava mesmo me pedindo para eu o acompanhar até à directoria? Não Juliet, não seja idiota! Ele só disse “indicar” nada mais do que isso.

- Claro, sem problema. Você entra nesse edifício aí, segue em frente, vira à direita…

- Não, eu não queria dizer isso. – Gerard falou entre risos me deixando com cara de bunda. Então ele estava mesmo zoando comigo. Ah, sonhos duram pouco, já devia saber isso. – Eu queria te pedir se me poderia acompanhar até à directoria. – OI? ACOMPANHAR? EU? JULIET? SÉRIO?

- É né… claro que posso. – Dei meu melhor sorriso e logo me lembrei que tinha aquele tipo de ferrinho na boca. A fechei logo e dei um pequeno sorriso de lado. Gerard sorriu com todos os seus trinta e dois dentes perfeitos e estendeu o braço indicando a porta.

- Depois de você. – Entrei dentro do pavilhão e comecei a fazer o caminho pra directoria. Way vinha logo atrás de mim. – Então… me diga uma coisa. Porque você esconde esse maravilhoso sorriso? – Ah, sabia que ele ia falar do meu marav…. MARAVILHOSO SORRISO?

- Ele não é maravilhoso… é horrível. – Sim, eu fiquei sem graça, beijo.

- Ah, eu não acho. Acho seu sorriso o mais lindo que já vi. – Ele sorriu verdadeiramente e se aproximou de mim. Já não estava gostando nada daquela aproximação. Qual é! Não me sinto confortável com rapazes, ainda. Não é que um dia vá ficar, provavelmente vou morrer velha sozinha e com gatos por toda minha casa mas… Onde eu ia mesmo? Ah sim, Gerard Way. – Sabe, não sei como ninguém repara na garota gostosa que você é. – Oi? Primeiro ponto Sr. Way, como você sabe que ninguém repara em mim? Segundo ponto, oi tarado. Não me chama de gostosa porque eu não sou a vadiazinha ali do terceiro ano.

- Como é? O que você quer de mim Gerard Way? – Ele continuava a se aproximar de mim e colocou sua mão na minha cintura. Quando dei por mim, estava entre a parede e Gerard. Tudo o que eu sempre sonhei e o que eu sempre temi, juntos numa só cena.

- Você sabe, gata. – Começou a beijar meu pescoço e me mantive estática. – Você. – Qual é? Não brinca com meu coração que ele não gosta. Não quero ter AVC antes dos meus belos 84 anos, tá bom?

Ele foi subindo os beijos para meu gosto até tocar meus lábios. Não demorou muito para querer mais que um simples toque de bocas. Contornou meus lábios com sua língua e aí… Bom, aí eu acordei né. Dei um tapa forte em seu rosto e saí dos braços dele.

- Nunca, mas nunca mais se tente aproveitar de mim! – E saí dali correndo. Tava perdendo a aula de Química por um cara idiota como ele.

É como eu sempre digo: os sonhos duram sempre pouco. E Gerard não era nenhuma excepção.