Misguided Angels escrita por Selene


Capítulo 4
Capítulo III - Connection


Notas iniciais do capítulo

EU SEI QUE EU SUMI
Desculpa, mil perdões, sério! Fiquei uma semana sem net, depois alguns dias internada, depois sem net de novo, e acabou que eu não consegui postar por todo esse tempo. Mil perdões! Espero que não tenham me abandonado ♥
Estamos de volta, e agora acho que as atualizações vão ficar pra sábado mesmo.
Espero ver vocês nos comentários. Tomara que gostem do capítulo novo! ♥



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And scars

(E cicatrizes)

Show me all the scars you hide

(Mostre-me as cicatrizes que você esconde)

(…)

Oh, tears make a lot of sculps in your eyes

(Oh, lágrimas fazem muitas marcas em seus olhos)

And hurt, I know you're hurting

(E sofrimento, eu sei que você está sofrendo)

And if your wings are broken

(E se suas asas estiverem quebradas)

Borrow mine so yours can open too

(Pegue as minhas emprestado, para que as suas possam abrir também)

Cause I'm gonna stand by you

(Porque eu vou ficar ao seu lado)

Stand by you – Rachel Platten

 

Selene estava sentada com as pernas cruzadas, em silêncio, como se nada tivesse acontecido. Os olhos fechados e a sobrancelha franzida, enquanto ela murmurava coisas inaudíveis mesmo para os ouvidos bem treinados dos Vingadores.

Elas estão imóveis.— Natasha chamou a atenção de Steve pelo telefone. – Estão murmurando alguma coisa que eu não consigo ouvir. O que está acontecendo?

— Estão todas aqui. – Selene pronunciou-se, finalmente. – Deixem-me vê-las, por favor. Me levem até minhas irmãs.

Os três Vingadores se encararam, desconfiados. Wanda andou até perto da garota, checando rapidamente a camisa de força enquanto se aproximava.

— O que acabou de acontecer, Selene? – A voz dela era calma, mas o olhar demonstrava surpresa.

A menina ruiva sorriu, e pela primeira vez gesto parecia realmente sincero.

— Eu fiquei presa por muito tempo. Na Jaula era impossível sentir a presença das outras. Elas estavam desacordadas até agora, eu imagino. – Wanda assentiu, e Selene sorriu mais uma vez. – Nós despertamos. Foi só isso. Por favor, me deixem ver minhas irmãs.

Na enfermaria, os três Vingadores se juntaram quando as meninas começaram a tentar se soltar, puxando as amarras. Natasha correu até a que antes chorava, segurando seus pulsos. Quanto entrou no campo de visão da amarrada, a menina imediatamente parou.

— Não se preocupem, vocês estão a salvo. – Natasha sorriu, e a menina a encarou confusa. – Tiramos vocês das mãos da HYDRA. Está tudo bem.

— Romanoff... – Stark chamou, e ela virou-se para ele, que estava com as pernas e pés cobertos de gelo. Sam, do outro lado, flutuava de ponta cabeça, uma névoa escura segurando seus pés e tapando sua boca.

A ruiva não teve tempo de se mexer. Imediatamente, teve as duas mãos seguradas pela menina, que era absurdamente mais forte do que parecia.

— Onde nós estamos? – O inglês da garota era fluente, e Natasha concentrou-se para não xingá-la. Eles estavam tentando protegê-las, era difícil perceber?

— Parem. – A voz feminina percorreu a sala, e Romanoff percebeu quando a menina imediatamente a soltou, virando-se como podia para a porta. – Eles estão tentando ajudar.

O baque de Sam caindo no chão e o tilintar do gelo quebrando foi o único som audível por alguns instantes. E então quase todas as meninas começaram a falar ao mesmo instante, tentando se soltar das amarras, confundindo os Vingadores. Selene suspirou e fechou os olhos e as meninas imediatamente se calaram, apertando os olhos como se as cabeças doessem todas ao mesmo tempo.

— Eles nos tiraram das mãos da HYDRA. – Selene voltou a falar, e todas pareciam prestar atenção. – Querem nos ajudar. Mas pra nos soltarem, precisam confiar em todas nós. Se comportem.

— Selene... – Uma das meninas murmurou, imediatamente atraindo a atenção da ruiva. As outras prenderam a respiração ao vê-la andar em direção à oriental, a expressão indecifrável. – Eu sinto muito.

— Se eu estivesse solta, te mataria. – A voz da ruiva era fria como gelo, não parecia em nada com a que falava poucos segundos atrás. – O que você fez é imperdoável, e o que eu mais quero agora é o seu sangue em minhas mãos, pelo que você fez, com ela e comigo. Mas não agora. Nós resolvemos isso depois.

Os Vingadores se encararam, em silêncio, Sam ainda no chão tentando entender o que acontecera. Steve não sabia se podia se aproximar das meninas sem assustá-las, e Wanda não sabia se tirava Selene de perto da oriental ou perguntava o que estava acontecendo.

— Vocês podem soltá-las? Acho que já estão todas presas faz tempo.

Stark não precisou nem contestar, todos os outros eram obviamente contra a ideia. Selene suspirou. Ali, frente as meninas, ela não parecia a boneca de porcelana quebrada que eles viram anteriormente. Era uma líder, pronta para lutar por suas subordinadas se necessário.

— Elas não vão machucar vocês. Vão se controlar, eu me responsabilizo por elas.

— Não é como se você fosse segurá-las, estando presa. – Sam murmurou, e levou um olhar feio de Steve. Selene virou-se para Wanda, ignorando o comentário do outro, o olhar intenso na feiticeira.

Wanda respirou fundo e virou-se para Rogers, que assentiu. Eles eram os Vingadores, e estavam em sua casa. Se precisassem lutar, estavam na vantagem.

A Feiticeira levantou a mão, a névoa se espalhando pelo quarto, soltando as amarras das meninas. As seis encararam a substância vermelha, todas voltando-se para a menina mais distante, de cabelos cacheados, que parecia achar graça da cena.

A primeira a saltar da cama foi a que antes parecia controlar o gelo, correndo em direção à que chorava e a abraçando. Em seguida, todas se moveram, correndo em direção umas às outras, checando por machucados e feridas. Todas – com exceção da oriental – correram em direção à Selene, cercando-a, afastando os Vingadores, fazendo mil perguntas, sem obter nenhuma resposta. A oriental foi para perto de Natasha, que era a mais distante da confusão de meninas.

— O que eles fizeram com você? – Uma das meninas perguntou. Ela tinha cabelos escuros e olhos incrivelmente azuis. Era a que segurara Natasha. A menina correu os olhos por Selene, passando pelos cabelos ruivos que chegavam até os joelhos, embaraçados e descuidados. Passou os olhos pelos machucados em seu corpo, o vestido obviamente rasgado e ainda sujo de sangue, o rosto machucado, o corpo preso. – O que diabos eles fizeram com você?

Selene deu um sorriso pequeno, mordendo o lábio inferior. A morena fechou os olhos, e era visível a dor que passou por todas. Natasha, de sua distância, viu os olhos da oriental se encherem de lágrimas.

— Eles são monstros. – A garota de cabelos grisalhos suspirou, enquanto passava a mão na camisa de força em torno de Selene, procurando um modo de soltá-la. – E vão vir atrás de nós. Precisamos fugir.

— Vocês estão seguras aqui. – Steve se pronunciou pela primeira vez, e quase ficou desconcertado ao ver todas elas se virando em sua direção. – A HYDRA não se atreveria a colocar os pés aqui.

— E vocês vão nos proteger, Capitão? – A garota negra, que parecia ser a responsável pela névoa escura que levantara Sam, se pronunciou. – Por que fariam isso?

— Me conhece? – Steve parecia confuso, e Selene fez uma expressão de quem finalmente se lembrava de algo importante.

— Vocês são os Vingadores. – A morena respondeu. – Somos treinadas para destruí-los.

— Vingadores? – Selene parecia confusa. – Eu só lembro do Capitão América.

Uma das garotas, dessa vez com os cabelos tão claros que quase pareciam brancos, sorriu para elas. Ambas ignorando Stark, que parecia inconformado em ter pessoas treinadas para mata-los ali, dentro de casa.

— Os Vingadores vieram depois de você ser trancafiada, Zero.

A menina assentiu, e Sam virou-se para as duas.

— Espera. A quanto tempo você está presa?

Selene deixou a cabeça pender para o lado, como se estivesse pensando.

— Em que ano estamos?

As outras meninas encararam o chão, parecendo tensas. A oriental então, parecia querer enfiar-se embaixo da cama e desaparecer.

— 2016. Maio de 2016.

Selene fechou os olhos, mordendo a boca com força, como se controlasse as próprias emoções. Quando os abriu novamente, não parecia carregar nenhum traço de dor.

— Dez anos. Estou presa a dez anos.

 

 

 

Os Vingadores estavam novamente reunidos na sala, enquanto as meninas foram levadas até o quarto em que Selene estava previamente – forte o suficiente para guardar o Hulk. Não que elas soubessem.

Stark andava de um lado para o outro, e Steve jogava seu escudo para cima e para baixo. Wanda não sabia o que fazer, e Visão estava longe – tentando destravar as caixas encontradas no covil da HYDRA. Sam fazia mais café, e Natasha estava sentada ao lado de Steve, parecendo completamente perdida.

— Nós literalmente trouxemos o inimigo para dentro de casa. – Stark, que parecia prestes a explodir, finalmente se pronunciou. – Quão estúpido é isso?

— Elas não trabalham para a HYDRA. – Steve rebateu. – Eram prisioneiras.

— Prisioneiras que eles transformaram em super soldados. – Sam voltou com uma xícara de café, sentando-se ao lado de Wanda.

Era palpável a tensão. Não muito tempo atrás, uma briga entre Stark e Rogers praticamente gerou uma Guerra Civil. Agora que os ânimos estavam bons novamente e eles finalmente voltaram a se entender, uma bomba como essa caía no colo dos Vingadores.

— Talvez nós devêssemos chamar o raiozinho e pedir pra ele levar todas pra Asgard. – Tony murmurou.

— Elas não são uma ameaça. – Wanda parecia irritada. Sabia que as meninas eram perigosas, isso era óbvio, mas não acreditava que elas se voltariam contra eles.

— Barnes também não era e quase destruiu um complexo de segurança do governo, ou vocês esqueceram?

— Não coloque Bucky no meio disso tudo. Ele estava sobre controle mental, elas não estão.

Stark revirou os olhos. Concordara em não arrancar a cabeça do Soldado Invernal se o visse novamente, mas isso não significava que passaria a gostar dele.

— Elas são bonecas da HYDRA. O que garante que não vão nos matar durante a noite?

— Você viu o jeito que Selene estava. Viu como elas estavam quando as encontramos. Acha mesmo que vão agir em nome da HYDRA?

— Eu não posso ter sido o único a ouvir a ruivinha querida de vocês ameaçar a outra de morte. Ou vocês estão surdos?

— Alguma coisa aconteceu. – Natasha revirou os olhos para Stark. Estava começando a se irritar. – Só precisamos descobrir o que é e fazê-las se acertarem.

— Seja o que for, envolve terceiros. – Steve suspirou. – Vocês ouviram. A japonesa fez alguma coisa contra outra menina, e Selene não a perdoou ainda.

— Coreana.

— Não importa.

— Acho que ela machucou a irmã de Selene. – Wanda se pronunciou. – Ela me disse que conhece a dor de perder um irmão. Você estava junto, Steve. Talvez seja isso.

Os outros assentiram, era uma explicação plausível.

— Do que será que elas são capazes?

— Precisamos colocar todas no Índex, vocês sabem disso, certo?

— Depois. Por enquanto precisamos descobrir o que fazer com elas.

— E como soltar Selene.

— Acho que pra isso eu tenho uma ideia. – Steve comentou, pegando o celular. Stark revirou os olhos. Já sabia o que, ou melhor, quem viria. De novo: só por que prometera não arrancar sua cabeça, não significava que Tony gostaria de ver Bucky Barnes em sua frente novamente. Principalmente no lugar que ele considerava sua casa.

 

No quarto super protegido, as sete meninas conversavam. Seis, na verdade, já que a oriental mantinha-se em silêncio. Todas sentadas em um círculo no chão, com exceção da loira, que tentava escovar os imensos cabelos de Selene.

— Me lembre de pedir uma tesoura para algum deles. Precisamos cortar essa juba.

Selene revirou os olhos, já com dor de cabeça de tanto que seus fios eram puxados. Estavam cheios de nós, quase irreparáveis. Por ela, cortaria tudo. Mas quem disse que as outras deixavam? Nisso se assemelhavam e muito a irmãs, sempre opinando uma na vida da outra.

— Como foram esses anos sem mim? – Ela perguntou, recebendo momentaneamente o silêncio.

— Caóticos. – A menina de cabelos grisalhos, Diana, se pronunciou. – Eles nos forçaram a treinar mais, nos castigaram mais também. Katerina virou uma megera.

— E ela já não era? – A loira, Ísis, riu. – Nunca acreditei naquela falsidade dela.

— Eles começaram a nos prender na caixa pelos motivos mais estúpidos. – A negra, Hanwi, jogou parte dos cachos para trás. – Eu derrubei um dos frascos do Pyke e fiquei dois dias na Gaiola.

— E... – Selene parou, já sentindo os olhares de desaprovação das meninas. – Barnes?

— Ele foi pra criogenia por um tempo, depois que alguns soldados morreram em uma missão em que ele era o líder. – Hécate, a morena de olhos azuis que se parecia tanto com Diana, comentou. – Fez mais algumas missões depois que acordou e sumiu. Parece que perderam o controle sobre ele também.

Selene assentiu, escondendo a surpresa. Virou-se para a menina que estava à sua direita, de cabelos castanhos um pouco acima dos ombros e olhos estranhamente esbranquiçados.

— Úrsula? Tudo bem? – Selene sorriu ao ver os olhos claros virando-se em sua direção.

— Eu acho que vi algo. – Ela murmurou, baixo demais. – Sobre você, Sel. Sobre seu tempo na Jaula. E o que eles fizeram com você.

— Achei que você só visse o futuro. – A voz de Selene parecia distante.

— Eu não conseguia ver nada sobre você. Talvez esteja tudo vindo agora. Achamos que estava morta.

Selene sorriu.

— Não vão se livrar de mim tão cedo.

— O que eles fizeram com você, Sel? – Diana perguntou, o olhar passando rapidamente por Hina, a oriental, que estava mais afastada das outras. – O que eles fizeram com você lá dentro?

Selene olhou para baixo, como se de repente seus joelhos fossem a coisa mais interessante do mundo. Suspirou fundo, por uns instantes querendo a máscara novamente.

— Eles me torturaram. Fizeram milhares de experimentos para tentar assumir o controle da minha mente. – Selene suspirou, fechando os olhos. – E deixaram os soldados me usarem da forma que quisessem. Talvez estivessem tentando me enfraquecer assim, talvez só tenham desistido de mim.

Um silêncio se instalou entre as meninas. Além de Selene, só Diana e Hanwi haviam sido presas na Jaula, nenhuma por tanto tempo quanto a ruiva. Era aterrorizante.

Selene gostou de ter a companhia das meninas de novo, depois de tanto tempo. Mas vê-las todas ali, sentadas em um círculo como faziam desde pequenas, fazia seu coração arder. Pelo fato de que, da última vez que se sentaram daquela forma, a mais velha delas não tinha mais que dezesseis anos. E Ártemis estava entre elas.

Pensar em Ártemis tornava quase impossível o impulso de pular em Hina e matá-la com os dentes. Mas Hina era forte. Não estava presa em uma coleira que contraía seus poderes. E, mesmo que estivesse realmente arrependida pelo que fizera, não se deixaria morrer. Não agora que estavam livres.

— Nós podemos mesmo confiar neles? – Ísis finalmente terminara de escovar os imensos fios ruivos de Selene, e sentou-se ao lado da ruiva. – Stark não parecia muito feliz em nos ter aqui.

— Nós não podemos confiar em ninguém.

— Wanda. – Úrsula chamou a atenção das outras. – E a Viúva Negra. Rogers também. Podemos confiar neles.

— Você viu algo?

— Não tenho certeza. – Úrsula cruzou as pernas, ajeitando-se melhor no chão. – Não sei se era um sonho ou uma visão. Mas tenho uma sensação boa perto deles. De todos eles, na verdade, mas com esses três é maior. Eles não vão nos machucar.

As outras assentiram.

— Mas vocês sabem que eles vão vir atrás de nós, não sabem? – Hina se pronunciou pela primeira vez. – Principalmente de vocês três. – Ela completou, indicando Selene, Úrsula e Hanwi.

— Nós lutamos, se for preciso. – Ísis parecia obstinada. – Eu não volto para as mãos da HYDRA. Morro, se for preciso, mas não volto.

Isso era consenso entre as sete. Apesar das brigas internas, sabiam o que cada uma passara dentro da cruel instituição. Nisso todas concordavam: não voltariam para lá. Não vivas.

Enquanto isso, a quase três estados de distância, um homem de cabelos relativamente longos deixava seu celular sobre a mesa, desligando a ligação do amigo de infância. Se o que ouvira era verdade, então elas estavam livres. E ela precisava dele.

Barnes só não sabia se ela gostaria de vê-lo novamente. Na verdade, tinha quase certeza de que não. Afinal, fora ele que a prendera após seu surto. E ele sabia muitíssimo bem o quanto Selene era rancorosa.


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Notas finais do capítulo

Então, é isso! Desculpa não fazer um capítulo gigante pra compensar, é que eles já estão escritos faz tempo hihi
então... críticas? conselhos? elogios? Estou aberta a todas as opções haha
até sábado!
vejo vocês nos comentários?



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