A Piece of Us escrita por Kokoro Tsuki


Capítulo 7
07 — Hospital


Notas iniciais do capítulo

Primeiramente, fora temer. E em segundo OLHA QUEM CHEGOU COM UM CAPÍTULO NOVO ♥

Eu espero sinceramente que o título não assuste vocês, e quero que saibam que ele foi baseado em um acontecimento da minha família ~cofcofninhodecobracofcof~ e eu irei explicar isso certinho nas notas finais. E ah! Eu quero agradecera cada pessoinha pelas palavras de apoio no último capítulo, sério. Eu nunca esperei tanto carinho assim ♥ E também preciso dizer que nossa! Quando eu postei essa fic, há menos de três semanas, eu JURO que não esperava todo esse reconhecimento, tipo, são 75 comentários, 26 favoritos e 91 FUCKING ACOMPANHAMENTOS (olá fantasminhas, eu não mordo) EU NUNCA ESPEREI CHEGAR NISSO CARA -p E por isso eu agradeço por todo esse carinho ♥

Eu amo vocês ♥



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Hospital

 

JÁ havia se passado dois dias desde a curta conversa que Victor e Yuuri haviam tido, mas ainda assim o primeiro não conseguia ver qualquer evolução da relação que agora tinham. Durante os dias, iam juntos levar e buscar Yukiteru na creche, enquanto a tarde se revezavam para brincar com o menino. No entanto, em nenhuma daquelas noites Victor havia descido para jantar junto aos Katsuki, e não chegara a responder quando Yukiteru lhe perguntara o porquê.

Ele mesmo não sabia.

E naquele momento, deitado na cama do quarto onde estava hospedado e abraçando Maccachin, começava a pensar nessa sua atitude. Não que achasse que seria só chegar lá, sorrir para Hiroko e se sentar ao lado de Yuuri que tudo estaria certo, porque não era assim que as coisas funcionavam, nem mesmo para Victor Nikiforov.

O homem soltou um longo suspiro, enquanto se revirava na cama. Yuuri estava à algumas portas de distância junto do menino que há pouco descobrira ser um fruto também seu, mas ainda não sabia lidar com aquilo. Na realidade, no pouco que se falaram nos últimos dias não conseguiram entrar em um consenso sobre contar a respeito da outra paternidade de Yukiteru, e apenas pensar nisso fazia o estômago de Victor embrulhar.

Como o menino reagiria, afinal? Ficaria feliz? Triste? Com raiva? Eram tantas possibilidades.

Victor fechou os olhos azulados, e tentou pensar em seus próprios pais, divorciados, que durante o casamento viviam em meio a brigas e discussões, sempre negligenciando o filho. Sua relação com os pais nunca foi das melhores, e que passou a ser completamente inexistente quando assumiu sua sexualidade. Ele não sabia se aquilo advinha da mente fechada dos pais, ou mesmo dos preconceitos de um país de "primeiro mundo" como a Rússia.

Ele se lembrava bem que prometera a si mesmo que, se um dia fosse pai, jamais agiria daquela mesma maneira com seu filho. E agora se encontrava ali, com uma criança de pouco mais de três anos, uns quartos distantes, fruto de um amor do passado, e não sabia que atitude tomar, tinha medo.

Fitou Maccachin em seus braços e o abraçou com mais força, como se sentisse o corpo pequeno do filho ali. Era possível se apegar tanto a uma pessoa em tão pouco tempo? Em três dias e meio que estava ali, sentia que não conseguiria se afastar de Yukiteru jamais, ainda que soubesse que hora ou outra teria de voltar para a Rússia.

E isso era como um forte soco em seu estômago.

Encostou seu queixo na cabeça felpuda do cão, o invejando por dormir com tanto tranquilidade, por mais que estivesse ciente que aquelas eram as marcas a idade, e que em breve, Maccachin já não estaria consigo em todos os momentos que precisasse.

Tomado por pensamentos, naquela noite Victor Nikiforov não conseguiu dormir.

 

—...—

 

Quando o dia de sexta feira finalmente amanheceu, Victor se praguejou mentalmente por ter uma pele branca demais, de modo que as olheiras ficassem bastante demarcadas, e por longos minutos, ficou se encarando na câmera frontal do celular, se perguntando se deveria sair mesmo naquela estado, mas acabou por decidir que sim.

Assim que colocou os pés para fora de seu quarto, percebeu que a porta dos aposentos de Yuuri estavam abertas, mas que o Katsuki não se encontrava ali. Arqueou de leve uma sobrancelha com certo estranhamento. Apesar de não se falarem muito, ele e Yuuri acabaram por combinar que levariam e buscariam Yukiteru juntos, sem a necessidade de falarem um com o outro, contudo, não era o que via ali.

Yuuri nunca estava acordado aquela hora da manhã.

Balançou a cabeça para os lados, de forma a espantar os pensamentos negativos que começavam a invadir sua mente. Prometera a si mesmo que não faria julgamentos errados de Yuuri sem que antes conversassem, já que a falta de diálogo entre dois acabara resultando em infinitas decepções até o atual momento.

Tratou de fazer o que era necessário no banheiro, antes de descer as escadas com calma. Também não tomava o café-da-manhã com os Katsuki, preferindo fazer isso em algum lugar qualquer após deixar Yukiteru na creche, mas se surpreendeu por naquele dia em especial por encontrar Hiroko na sala, falando preocupada ao telefone.

Ao que conseguia perceber, ela conversava com Yuuri em um tom de voz tenso, e chegara a citar o nome de Otabek e o apelido de Yurio. Victor não sabia o que estava acontecendo, mas lhe parecia grave. Ainda demorou para que a mulher de mais idade encerrasse a ligação e olhasse para ele como se não tivesse percebido sua presença, e realmente não tinha.

"Bom dia." ele disse, um sorriso fraco a lhe adornar os lábios e uma má sensação no peito.

"Ah, Vi, já está acordado." ouvir aquele apelido que Hiroko lhe havia dado era um tanto quanto reconfortante para o russo, mas ao mesmo tempo, vindo daquela voz quase desesperada, sentia uma coisa ruim. "Yuuri ligou, ele pediu para avisar que não irá levar o Yuki para a creche hoje, houveram imprevistos."

"Que tipo de imprevisto?" perguntou, e arqueou de leve uma sobrancelha quando viu Hiroko suspirar de forma profunda.

"O Yuki acordou doente hoje, febre o vômito." respondeu e Victor arregalou os olhos azuis. "Yuuri e Otabek foram com ele no hospital, e me pediram para avisar você e o Yurio. Ele me ligou agora, para dizer que entraram no consultório."

"Onde fica esse lugar?" sua pergunta soou de forma quase automática, enquanto um misto de sentimentos se formava dentro de si, e aquela sensação ruim aumentava. Fosse o que fosse, Victor precisava estar lá. Junto com seu filho.

 

—...—

 

Yuuri acariciou os fios escuros tão parecidos com os seus enquanto soltava um longo suspiro em um misto de alívio e preocupação, ao mesmo tempo que não sabia ao certo o que fazer. Yukiteru já havia sido medicado e agora dormir tranquilamente em seu colo, ainda que a febre não tivesse baixado, mas ao menos não voltara a vomitar, por enquanto. Agora, o filho, Otabek, e ele esperavam o resultado do laudo médico.

O cazaque ao seu lado não dizia nada, e apesar de se sentir mais seguro com a presença dele ali, agradecia por seu silêncio, assim ao menos conseguiria colocar seus pensamentos em ordem, mesmo que o calor acima do normal do filho lhe tirasse toda a calma para um possível raciocínio.

Há alguma horas, fora acordado pelo choro fraco da criança, que lhe dissera estar sentindo dor, e quase que imediatamente lhe consultou a testa, percebendo o ardor da temperatura alta, e no mesmo instante pulou da cama para levá-lo a aulgum médico. E antes de saírem, Yukiteru vomitou.

E agora estavam ali, e por mais que soubesse que crianças ficavam doentes a todo momento, Yuuri não sabia o que fazer. Baixou a cabeça, tentando controlar o choro que sabia que uma hora ou outra viria.

"Yuuri!" assim que ouviu a voz de Victor, o japonês levantou a cabeça para vê-lo se aproximar junto de Yurio — este com cara de poucos amigos — e sentar ao seu lado, quando Otabek lhe deu espaço. "Como ele está?"

O moreno encarou o homem ao seu lado, e uma resposta mal-criada lhe veio a ponta da língua mas a engoliu em seguida. Seu filho estava ali, doente, não era hora nem o momento para brigas. "Está mal, acabou de tomar remédio, mas febre ainda não baixou. Ele estava chorando até quase agora, mas conseguiu dormir um pouco." disse, para em seguida ver os dedos magros de Victor tocarem a face quente do menino.

Se não conhecesse Victor Nikiforov, diria que ele iria chorar a qualquer momento.

"Pobrezinho." o russo murmurou, para em seguida acariciar o rosto do garoto desacordado. "É só uma criancinha, não devia ficar doente desse jeito."

"Sim, realmente não deveria." antes que Yuuri sequer percebesse, estava falando com o Nikiforov normalmente, como dois pais preocupados que eles realmente eram. "Espero que não seja nada, eu nem sei o que dei pra ele para ficar assim, eu..." e como sempre em situações como aquela, começava a se desesperar. Se não sabia lidar com suas próprias enfermidades, sabia menos ainda com as do filho.

Para Victor, foi quase automático tocar nas mãos de Yuuri, de modo a tentar acalmá-lo. Não sabia ao certo o que estava fazendo — e o porquê de estar fazendo — mas não queria que o mais novo se desesperasse mais do que já estava desesperado. Sabia que para Yuuri, seu próprios sentimentos eram seus piores inimigos. Já Yuuri, por sua parte, arregalou de leve os olhos castanhos com o toque, ainda que este não fizesse cair suas defesas como faria há anos atrás.

"Fique calmo." pediu para em seguida sorrir tão preocupado quanto o outro. "Não creio que você tenha... Feito algo para que o Yuki ficasse doente." e sem notar, pela primeira vez chamava o pequeno pelo apelido que a família havia dado a ele. "Tenho certeza que logo ela estará bem."

Yuuri sorriu de volta, ainda que atribuísse o gesto ao sentimento de conforto, e não a Victor em si. Voltou a acariciar os cabelos negros do filho, enquanto uma enfermeira se aproximava.

"Senhorita Katsuki?" perguntou, e Yuuri respirou fundo. Com os nervos à flor da pele, ainda aparecia alguém para renegar sua identidade de gênero.

"Senhor." corrigiu, ainda que não sentisse que tinha forças para aquilo. A enfermeira deu de ombros, como se não se importasse.

"O doutor Shinohara deseja vê-lo, com o laudo do seu filho." ela disse, para sem seguida dar-lhe as costas.

Yuuri se levantou seguido de Victor, e fitou o patinador russo atrás de si, enquanto ajeitava Yukiteru adormecido em seu colo. Com os sentimentos confusos pela preocupação, não sabia se desejava mandar que o outro ficasse ali ou pedir para lhe seguisse.

"Quer eu fique com ele?" o Yuri louro arqueou uma sobrancelha quando o noivo se ofereceu para ficar com a criança enquanto os pais iam ver o médico, ainda que achasse que talvez fosse melhor assim. O japonês suspirou, antes de entregar o menino a Otabek e ajeitá-lo no colo do cazaque, e junto de Victor seguir para a sala do médico. 


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Notas finais do capítulo

O acontecimento em my family: eu tenho um primo que conheceu uma garota, eles namoraram e ela engravidou. Até aí tudo lindo de bunito, eles começaram a brigar porque casal briga mesmo, foi cada um pra sua casa. Mas aí a cria ficou doente e eles precisaram deixar os desentendimentos de lado.

"Ah, mas Autora, isso parece fanfic" minha criança, apois saiba que a minha vida é uma fanfic daquelas zoadas e cheias de erros. E eu não tô brincando.

Espero que tenham gostado, e o próximo já está em andamento, viu? Beijos ♥