A Piece of Us escrita por Kokoro Tsuki


Capítulo 6
06 — Silêncio


Notas iniciais do capítulo

Oi amores da minha vida, tudo bom? ♥

Bom, primeiro deixa eu falar um negócio aqui: quase que esse capítulo não sai e eu desisto da fic. E acreditem, não foi por falta de apoio porque você são xs melhores leitorxs ever, mas sim por causa de uma criatura que eu chamo de irmã, que me desanimou pra vida -p Ela é de boa e eu adoro ela, MAS as vezes parece que ela me odeia e que tem algo contra mim :/ Tipo, eu terminei o ensino médio ano passado, meu contrato de estágio acabou e eu estou procurando um emprego. Okay, até ai tudo bem. Mas acontece que a criatura começou a querer colocar minha mãe contra mim, dizendo que ela teria que me sustentar até não sei quando, que eu não estava tentando arrumar emprego e chegou até a dizer que eu faria de tudo para não passar em uma entrevista, caso tivesse uma.

Manxs, vocês não sabem como aquilo acabou comigo /3 E pior que, assim como o Yuuri, eu não consigo dizer nada :c Então, se esse capítulo estiver tipo meio pombo, vocês já sabem ♥

Amo vocês ♥



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Silêncio

 

TODO o caminho em direção a creche foi permeado pelo silêncio, não fosse por Yukiteru à frente dos adulto cantarolando algumas músicas infantis com sua voz fina, alegre. A criança estava tranquila, feliz, sem sequer se dar conta dos conflitos internos que ambos os adultos quietos atrás de si estavam passando, e para eles, era bem melhor assim.  Yukiteru não precisava saber de nada daquilo ainda, mas ambos sabiam que, mais cedo ou mais, teriam que contar a ele, afinal, boa parte daquela história dizia respeito a vida do menino.

De um lado, Yuuri estava preocupado com as duas possibilidades que não saiam de sua cabeça: Victor querer a guarda do filho, ou ainda, deixar que o garoto se apegasse para depois partir. Do outro, Victor se remoía com os próprios pensamentos e com as palavras sinceras demais de Mari: ela estava completamente certa. E agora, o patinador russo começava a refletir sobre suas próprias palavras, seu próprio egoísmo em relação aos dois ali.

Não, Victor não achava que Yuuri estava certo em esconder algo dele — mas ainda assim, começava a se sentir mal por tê-lo ignorado —, entretanto, também não conseguia se ver como a pessoa certa em toda aquela história, na realidade, Victor Nikiforov começava a achar que não havia certo ou errado: os dois tinham seus pontos de vista, e um havia ferido demais o outro.

O pouco tempo que estava de volta da Hasetsu, sentindo o vento fresco lhe balançar os cabelos platinados, o fazia ficar refletindo sobre aquilo. O que deveria fazer para consertar seus erros, principalmente aqueles que diziam respeito a Yukiteru? Mais cedo ou mais tarde ele e Yuuri precisariam sentar para ter aquela conversa, mas não se sentia pronto para isso.

E se Victor não estivesse pronto, Yuuri por acaso estaria?

Essa era outra pergunta que não o deixou pregar os olhos durante uma noite inteira, e que agora, não o deixasse pensar de maneira racional enquanto tropeçava uma ou outra vez durante sua caminhada em direção a creche. O que faria dali em diante era um mistério grande demais para si mesmo.

"Victor!" ouviu o chamado da criança, e voltou os olhos claros a ele, que sorria. "Depois você brinca comigo e com meu papai?"

O maior mordeu o lábio inferior, e seus olhos azuis caminharam até os castanhos de Yuuri, que encarava ambos com um olhar triste, vazio. Victor se perguntava o que deveria fazer. Se aceitasse, magoaria Yuuri? E por que se preocupava com essa possibilidade? E se negasse? Não apenas magoaria Yukiteru, mas podeia causar ainda mais danos ao Katsuki, e por algum motivo não queria isso.

"Vou brincar com você e com o Yuuri o tempo que quiser." respondeu, um sorriso se desenhando em seu rosto. "Isso é, se o seu pai aceitar."

"Você quer, papai?" Yukiteru se voltou ao moreno, o sorriso largo estampava o rostinho infantil. "Brincar com o Yuki e o Victor?"

Por um momento, Yuuri não respondeu, estático, inexpressivo. Era como se algo rasgasse seu coração por dentro, enquanto ele tentava colocar em sua cabeça que estava sendo imprudente ao deixar o filho tanto tempo sem resposta, mas por outro lado, o "amor" que o menino começava a demonstrar por Victor lhe feria, talvez estivesse sentindo ciúmes, mas não queria pensar naquilo, não naquele momento.

"Está tentando tirar meu filho de mim?" pela primeira vez desde que havia reencontrado Victor,  tinha coragem de perguntar aquilo, e ainda que tivesse ciência de que não era o momento adequado, sentia como se tivesse tirado um peso de suas costas. "Pare com isso, Victor. É jogo sujo."

"O que?" o russo perguntou, a voz soando extremamente baixa, como se estivesse dificuldades para sair, mas não menos indignada. "Quem você pensa que eu sou? Ou melhor, é isso que pensa mim, Yuuri? Que eu iria ter coragem para tirá-lo de você?"

No entanto, mesmo que sem uma resposta verbal, Victor podia ver a verdade nos olhos castanhos de Yuuri, e não sabia como agir diante aquilo. As reações de Yuuri, desde o momento em que se (re) encontraram, se baseavam naquilo, naquele medo bobo — como assim considerava —?

"Estão brigando?" a pergunta de Yukiteru, em meio a voz embargada e expressão de choro interrompeu seus pensamentos, o fazendo se voltar o pequeno. Eles já não estavam ferindo a si mesmos apenas. "Por quê?" Victor ainda fez menção de se agachar para ficar a altura do garoto, mas antes que o fizesse viu os braço de Yuuri envolverem Yukiteru. O moreno trazia um olhar diferente agora, este que emanava compreensão e carinho.

"Desculpa meu amor, estamos te assustando?" a voz de Yuuri vinha aveludado, enquanto ele secava os olhos escuros do filho, lhe acariciando os cabelos negros. "Não precisa se preocupar, Yuki, nós não estamos brigando, é que adultos são idiotas."

E mais do que nunca Victor soube que precisavam conversar.

 

—...—

 

Fazia pouco tempo desde que haviam deixado Yukiteru na creche, e que Yuuri havia discutido com a diretora do lugar pela grande irresponsabilidade dos professores por liberarem a criança sem a permissão prévia do pai ou de qualquer familiar, como os avós ou a tia do menino. Agora, os dois caminhavam de volta a Yu-topia em completo silêncio, e dessa vez nem mesmo a cantoria de Yukiteru estava presente para findar toda aquela quietude.

Victor tinha algumas palavras presas à sua garganta, enquanto tentava pensar em algo para dizer. Não, o Nikiforov não queria dar o braço a torcer depois das palavras de Yuuri, e não podia negar que havia se sentido ofendido com as acusações, mas ao mesmo tempo, se via obrigado a pensar tanto naquilo, quanto nas palavras de Mari sobre entrar na vida de Yukiteru e depois sair, como se nada tivesse acontecido.

Não seria justo nem com ele, nem com a criança e... Nem com Yuuri.

"Yuuri." chamou, e não se surpreendeu quando ele não levantou os olhos para lhe encarar. "Acho que precisamos conversar. Sério, dessa vez."

"O que você quer?" perguntou, e Victor notou que a voz dele soava baixa, cansada, até mesmo um pouco amedrontada.

"Quero dizer que eu não quero tirar a guarda do Yukiteru de você."

Ao contrário do que Victor esperava, o japonês não esboçou nenhuma reação. Na realidade, o patinador de cabelos platinados esperava que o ex-noivo pelo menos gritasse, dissesse alguma coisa, ou ao menos lhe olhasse. Mas a única coisa que Yuuri fez foi continuar fitando o chão por onde andavam.

"Yuu-"

"Eu concordo que nós precisamos conversar." Yuuri disse, interrompendo o mais velho em meio a sua palavras. Seu coração estava disparado e as palavras que deixavam seus lábios pareciam ter vida própria. "Eu não sei quando, e eu não sei como, mas sei que ainda não estou preparado, Victor." soltou um longo suspiro e, enfim, levantou o rosto para encarar o Nikiforov. "Eu aceito todo o sofrimento do mundo e todas as dificuldades que tiver que enfrentar para estar com o meu filho, mas não vou deixar que ele sofra também."

Naquele momento, Victor sentiu que se tinha algo a dizer, não poderia mais hesitar. No entanto, qualquer coisa que tivesse ensaiado para falar a Yuuri não saiu, e novamente, elas caíram no silêncio. O japonês, como se esperasse que o outro dissesse algo, e o russo sem nada a dizer. Mas apesar disso, Victor agora tinha certeza do que havia lhes destruído há anos trás.

Eles nunca haviam parado para conversar.


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Notas finais do capítulo

Perdoa meus desabafo e não desiste de mim ♥