A Piece of Us escrita por Kokoro Tsuki


Capítulo 10
10 — Casa


Notas iniciais do capítulo

OI AMORES DA MINHA VIDA, TUDO BOM??? ♥♥♥

Esse capítulo saiu mais rápido do que eu imaginava, porque eu pensei que ele demoraria séculos, sérião hahahaha, isso porque eu tive uma putx decepção quando descobrir que no prouni da minha cidade não tem o curso que eu quero (nenhuma das quatro opções) e agora eu tô bem triste, mas isso é detalhe. E outro motivo pra ele quase não sair foi o fato de eu quase perder meu computador. Sábado tava eu, mainha e minhas prima de outro estado fazendo pastel. Ok, deu um estalo, um fucking trovão e um clarão na sala, queimou a luz, pc não queria ligar... Enfim, se não fosse painho eu não tava aqui -p (literalmente, pq né)

E aliás, chegamos a metade da fic (sim, ela vai ter só mais dez capítulos ou menos) e eu preciso agradecer por todo esse carinho de vocês, sério. Como eu disse anteriormente, quando eu comecei a escrevê-la eu não esperava ser recebida dessa maneira, tanto por ser um fandom em crescimento, quanto por trazer um tema ousado, com um homem trans (e sabemos bem que o meio yaoi pode ser bem problemático) como protagonista. E hoje, com nove capítulos postados essa minha bb testá com 114 comentários, 112 acompanhamentos e 29 favoritos, nem falo das visualizações! (oi fantasminhas, eu não mordo, só se pedir), isso entre mps e mensagens pelo facebook, sério, eu estou super feliz com todo esse carinho que eu realmente não esperava ♥ Para ser sincera, a minha fic mais famosa com vinte capítulos não teve o que "A Piece of Us" teve, e só ganha em recomendações. Por isso eu digo gente, muito obrigada por continuarem aqui, mesmo com as minhas demoras, meus ataques de tristeza e de baixa auto estima, por me corrigirem quando há algo errado e por todo esse apoio ♥ VOCÊS SÃO XS MELHORES E EU AMO TODO MUNDO ♥♥♥♥♥ Me sinto honrada por ser merecedora de tudo isso, de verdade, mas agora vou parar de digitar porque já estou chorando u-ú

Mas agora vamos a esse cap que foca no nosso casal favorito, espero que gostem ♥ Aliás, eu estou respondendo os comentários aos poucos, então se eu ainda não respondi o seu, mas respondi o da coleguinha, pode acreditar que mais cedo ou mais tarde eu vou, tá bom? ♥



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Casa

 

DOIS dias se passaram desde o diagnóstico de infecção alimentar, e finalmente o menino de cabelos escuros poderia voltar para casa, visto que seu quadro havia melhorado bastante para o alívio dos amigos, familiares, e principalmente dos pais. Victor estava junto dos dois no hospital, enquanto Yuuri arrumava as coisas de um animado Yukiteru. Depois de um tempo comendo a comida do hospital — que basicamente consistia em sopa, muita água para hidratação e coisas verdes que seu pai dizia que ele precisa comer —, não havia nada que a criança quisesse mais que um belo e caprichado katsudon que apenas sua avó sabia fazer.

Victor riu com a animação do filho em seus braços, enquanto que Yukiteru não parava de falar sobre o quanto queria ir para casa e brincar com todo mundo. O russo se sentia contigiado pela alegria do pequeno e até mesmo perdeu as contas de quantas vezes prometeu brincar com ele assim que colocassem os pés em Yu-topia.

E bem, ele não podia negar que toda aquela alegria o contagiava, só queria saber de abraçá-lo e enchê-lo de beijos. Não sabia realmente dizer como havia se apaixonado por ele tão rápido, a ponto de não se ver sem o menino, mesmo que em suas contas, dali a pouco teria de acompanhar os dois patinadores e Yakov até a capital do país para a final do Grand Prix, e se pudesse gostaria de levá-lo junto.

"Victor, você viu se eu deixei meu casaco marrom em casa? Eu jurava que tinha trazido, mas não achei entre as minhas coisas."

A pergunta de Yuuri o fez engolir em seco, era como se o outro questionasse, indiretamente, se havia entrado em seu quarto enquanto estava no hospital, o que não tinha acontecido — até porque, Victor havia voltado todas as noites após o horário de visitas e dormira por ali mesmo. Claro, tapando os cabelos platinados e os olhos azuis para que ninguém o importunasse.

"Sua mãe comentou algo sobre você ter deixado em cima de sua cama." deu de ombros ao responder. Durate os curtos intervalos na pousada dos Katsuki sua relação com a ex-sogra melhorara bastante. "Mas eu não olhei para checar..." e aquilo não era mentira. "Aliás, tem certeza de que já está tudo bem para a alta do Yuki? Ele não está mais ruinzinho, não é?"

"Eu já assinei a alta e o médico disse que eu preciso manter a alimentação dele e dar muito líquido. Sem contar que ele me pediu para voltar aqui caso ele vomite, nem que seja um pouquinho." deu de ombros para rir baixo em seguida. Victor parecia um papai super bobo e... Bem, de certa forma ele era o pai do garoto — não apenas de certa forma, mas eles ainda precisavam acertar isso — e um bobo incorrigível.

"Eu fico alivíado, ainda que a minha preocupação não tenha passado." soltou um suspiro, e mesmo sem saber a causa do riso de Yuuri, ele o seguiu. "E... Yuuri, será que quando chegarmos a sua casa, podemos conversar? Sobre aquilo?"

O de cabelos escuros arqueou uma sobrancelha, parando no meio do caminho enquanto levantava a bolsa amarela do filho e olhou para Victor com surpresa estampada em seu rosto, ainda que assentisse em seguida. Sabia que mais cedo ou mais tarde aquela hora chegaria, e de certa forma estava feliz por ela não demorar tanto assim para chegar. Eles precisavam dar logo um fim aquela história de brigas, porque a felicidade de Yukiteru dependia disso.

 

—...—

 

"Ah, Yurio! Há quanto tempo!" o louro sorriu quando ouviu a voz de Yuko, assim que adentrou o Ice Castle. Desde que havia chegado ao Japão não praticou uma vez sequer, e não queria de maneira alguma ficar enferrujado para a final. Desejava mais que qualquer outra coisa ganhar mais um ouro. Se bem que desejava também que o Velho e o Porco se acertassem. "Ah, então você é o famoso Otabek Altin? É mais bonito do que na televisão e nas revistas."

Yuri arqueou uma sobrancelha de pelos dourados, e fez uma careta, ainda que a face transparecesse divertimento e deboche. "Está dando em cima do meu homem, é? Você é casada!" cruzou os braços e aproveitou para mostrar a aliança que adornava seu anelar. "E nós quase somos."

Yuko revirou os olhos de um castanho avermelhado, rindo com o mau humor — que sabia não ser exatamente mau humor — do russo, para em seguida mostrar a própria aliança. Se lembrava muito bem o quanto tempo tanto ela quanto Takeshi trabalharam para comprá-las. "Não se preocupe, como você disse eu sou casada e muito bem casada... E amo o meu homem."

Os três ainda conversaram um pouco antes de entrar, e a mulher fez algumas perguntas sobre o estado de saúde de Yukiteru. Naqueles dias sequer tivera tempo para poder visitar o pequeno, e sequer vira os patinadores depois da chegada deles ao Japão, mas havia aceitado de bom grado que praticassem em seu rinque, pelo menos até irem à capital.

Lá dentro, Takeshi conversa com as trigêmeas enquanto tratavam de limpar o chão, e estes sorriram aos dois visitantes. O homem mandou que as meninas parassem o trabalho um pouco, e foi caminhando até sua esposa e os outros dois.

"Ah, então era verdade que vocês vieram junto com o Victor." foi longo dizendo, assim que cumprimento o russo e o cazaque. "Deixe eu advinhar, foram trazidos aqui por causa do vídeo?"

"Sim." Otabek respondeu, antes que Yuri o fizesse, este só encarou o noivo enquanto ele falava. "Foi você quem postou, não é?"

Diante as palavras do cazaque, tanto a mulher quando o russo soltaram exclamções de surpresa, enquanto que o de cabelos escuros apenas deu de ombros, em meio a uma gostosa risada. Bem, ele realmente não esperava que alguém fosse descobrir ele fora o autor da postagem, ainda que todos suspeitassem que aquilo não fora obra das trigêmeas.

"Eu não sei como descobriu, mas é. Fui eu." o mais velho deu de ombros, e soltou um longo suspiro quando a esposa pediu uma explicação, ainda que sorrisse. "Aqueles dois mesmo longe estavam se auto destruindo demais, e eu achei que o melhor a ser fazer era dar um jeito para que se encontrassem. E bom, se o Victor veio correndo para cá só porque viu o Yuuri fazer o programa dele, eu imaginei que faria o mesmo se visse o Yuki."

Naquele momento, Yuko só pensou que tinha ganas de esganar o marido por ele não ter contado aquilo antes, e Yuri soltou um palavrão em russo, se perguntando como o noivo havia descoberto. Enquanto que Otabek fez apenas dar de ombros e foi conversar com as famosas trigêmeas.

 

—...—

 

Quando Victor, Yuuri e o Yukiteru chegaram a Yu-topia foram recebidos com imensa alegria, principalmente pelos pais do japonês que fizeram questão de tomar o neto nos braços e fazer tudo aquilo que a criança queria, desde brincar, ir para as termas e até um enorme prato de katsudon, ainda que Yuuri tivesse dito que o pequeno não deveria ingerir coisas muito pesadas, mas, no fim, não havia muito o que fazer.

O ex-casal apenas riu de forma contida de tudo aquilo, resolvendo por subirem, afinal, estavam ambos cansados e precisavam de um bom banho. Sem contar que na manhã seguinte Yuuri iria acompanhar Phichit até o Hasetsu Castle, como o mesmo havia pedido ainda no hospital, e tudo o que o japonês mais desejava agora era poder se jogar em sua cama e dormir até um novo dia amanhecer, mas sabia que não seria assim.

"Yuuri." ouviu a voz de Victor lhe chamar, e levantou os olhos castanhos para fitá-lo. Notara que nos últimos dias ele e o russo haviam se aproximado bastante, e cedido bastante também. "Então... Acho que agora podemos conversar, certo? Claro que se você não estiver confortável para fazer isso está tudo bem, afinal o nosso filho acabou de sair do hospital e..."

Os olhos de Yuuri se arregalaram levemente antes que sua expressão voltasse completamente ao normal e ele não sabia o que pensar. Parou de escutar as palavras de Victor quando ele se referiu a Yukiteru como "nosso filho". Quantas e quantas vezes sonhara com aquilo antes do menino nascer, quando tentou contar ao russo sobre a gravidez? Nem que contasse nos dedos das mãos e dos pés eles seriam suficientes.

Mordeu o lábio inferior para comprimir o choro, e Victor não pôde deixar de notar esse detalhe quando o menor assentiu, e o convidou para que falassem em seu quarto. O russo aceitou porque sabia que seria apenas uma conversa e nada mais, e também porque jamais admitiria, mas sentia falta do cheiro que as cobertas de Yuuri emanavam, e assim seguiu junto dele para o pequeno cômodo, este organizado apenas porque Hiroko tivera a boa vontade de fazê-lo durante a ausência do filho mais novo.

Victor olhou para as paredes, seus olhos azuis levemente arregalados com os pôsteres que as decoravam, dos tempos em que era o maior patinador artístico reconhecido mundialmente, fotos desde a época em que começara até suas apresentações em eventos sociais depois da aposentadoria e sabia bem que tudo aqui pertencia a Yukiteru, seu filho, e isso o emocionava e o abalava da mesma maneira.

O Katsuki se sentou na borda cama, e convidou o Nikiforov a fazer o mesmo — claro, com uma distância considerada segura caso eles começassem a brigar — um longo suspiro deixou os lábios rosados, enquanto ele resolveu que era hora de encarar o outro, e deixá-lo falar.

"Quando acha que devemos contar ao Yuki?" a primeira pergunta em nada surpreendeu o japonês. Na verdade, durante as noites ele havia ensaiado sua resposta mil vezes na frente do espelho no banheiro do hospital, mas ainda assim, não se sentia pronto para ela.

"Para ser sincero, eu não sei." disse, depois de um longo suspiro. Victor notou quando ele uniu ambas as mãos, apoiando os braços nas pernas e olhou para baixo. Claro sinal de que estava nervoso. "Mas eu prefiro que seja o mais breve possível e de preferência, hoje ou amanhã."

"Tem certeza?" não era como se Victor não quisesse que Yukiteru soubesse sobre sua paternidade, queria muito, para ser sincero, porém o medo de Yuuri tivesse um ataque de pânico e não conseguisse contar era grande.

"Absoluta." afirmou, e tomou coragem para encarar os olhos azuis do russo. Tão bonitos quanto se lembrava. "Olha Victor, eu sei que faz o que... Uns cinco ou seis dias desde que a gente se reencontrou? Uma semana? Não importa realmente..." fez um pausa, procurando as palavras certas enquanto Victor o observava com atenção, esperando que falasse. "Eu sei que o Phichit falou com você, sobre você estar cedendo e eu precisar ceder também, e eu acho que ele está certo..."

"Sou obrigado a concordar." o Nikiforov deu de ombros, interrompendo o mais novo. Era a primeira vez naqueles dias que tinham uma conversa completamente franca, e queria poder mantê-la daquela maneira. "Quando nos encontramos, concordo que não foi da melhor maneira, porque eu não tive a melhor ideia do mundo. Tirar o Yuki da creche foi errado, desculpe." Yuuri apenas assentiu com o pedido, ocupado demais em prestar atenção para pensar em qualquer outra coisa. "E confesso que não reagimos da melhor maneira, cheios de acusações... Cada um tinha seus motivos, mas nada justifica, não é? Tinha uma criança no meio e nos estávamos agindo como se essa criança não importasse."

"O Yuki quem tem três anos e nós é que fomos infantis." Yuuri disse, e seus olhos uma vez mais fitaram o chão. "Desculpe, Victor."

Por um momento, tudo ficou em silêncio enquanto o rubor e a vontade de chorar tomavam conta de Yuuri e Victor sentia como se tivesse levado um belo soco no estômago. Ele estava preparado para um longa conversa, até mesmo para um briga, mas não para um pedido de desculpas.

"Pelo que?"

"Por não ter te contado, ter te dito coisas horríveis e também... Também não ter cedido, quando você começou a ceder." sua voz soou de forma fraca, a voz um tanto quanto embargada.

"Se você precisa se desculpar por isso, eu também preciso pedir desculpas por ter ignorado suas ligações, tirado o Yuki da creche sabendo da sua ansiedade, e por ter te falado coisas que..." deu de ombros, como se as palavras não viessem a sua mente. "Coisas que eu não deveria ter dito nem a pior pessoa do mundo. E você está mais perto de ser a melhor do que a pior."

Yuuri cerrou os punhos por sobre o tecido da calça, ao passo que baixava a cabeça e deixava as primeiras lágrimas correram por suas bochechas. Estava cansado de segurá-las, de guardá-las apenas para si. Desde a decisão de manter a gravidez, havia colocado em sua cabeça que precisava ser forte, mas agora via que precisava ter seus momentos de colocar tudo aquilo para fora.

Victor observou a maneira com que o moreno se deixava chorar, e fez menção de tocá-lo, recolhendo a mão logo em seguida. Tinham conversado, de certa forma deixado de lado as coisas ruins que disseram e fizeram, mas ainda assim continuavam sem ter nada, e lembrar disso era, de certa forma, doloroso.

Ele viu o japonês secar os olhos castanhos, para em seguida lhe encarar novamente, um sorriso decorando os lábios e o Nikiforov sentiu o peito aquecer. Era como se finalmente após quatro anos, as coisas voltassem a fazer sentido.

"Então... Está tudo certo entre a gente?" perguntou e Yuuri assentiu em seguida. "Sem ressentimentos?"

"Não tem motivos para ter algum." o mais novo respondeu, e mordeu o lábio inferior com força moderada. Não sabia dizer ao certo o que eram todos aquelas sentimentos misturados, mas sabia que era bom. "Sem ressentimentos, mas agora, nós precisamos falar com uma certa criancinha antes que coma todo o katsudon daqui, certo?"

"Espero que ele deixe para mim." Victor riu, sem graça. "Afinal, eu amo katsudon." disse, e logo se levantou junto ao Katsuki. Sua vida havia mudado muito com aquele vídeo, e agora iria mudar mais ainda, quando finalmente contaria ao filho sobre sua paternidade.

E ele só desejava que tudo desse certo.


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Notas finais do capítulo

Poise, foi o Nishigori -p
Até o próximo meus amores ♥