Brasileiros escrita por biatriz


Capítulo 2
Daniel


Notas iniciais do capítulo

Olá galera! Voltei rápido, né não? Bem, hoje é outro capítulo desses de introdução. Dessa vez vocês vão conhecer Daniel. Espero que gostem e continuem lendo!
Beijíneos ♥



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/719352/chapter/2

— Daniel, aquela loirinha polaca* tá olhando pra você já faz um tempão! — O amigo falava animado enquanto olhava para a amiga da garota. 

— Já tô acostumado com isso, piá*! — O amigo revirou os olhos, como é metido! Era algo óbvio quando se tratava de seu signo: Leão. Daniel, um rapaz cheio de si, com um imenso amor incondicional por ele mesmo. 

— Gostei da amiga dela, olha que menina mais linda! 

— Aposta quanto que eu pego essa loirinha em dois toques*? 

— Não aposto nada porque quero a moreninha. 

— Quero ver se consegue —  Daniel riu do amigo que não era tão bonito nem confiante como ele. 

O garoto balançou seu cabelo liso e loiro que batia nos ombros e pousou seu queixo com delicadeza na mão que estava apoiada em uma mesa da boate, e sorriu para a garota. Sabia que essa seria só mais uma, não estava nem aí para relacionamentos e muito menos para qualquer responsabilidade, só queria mesmo curtir a vida e o que ela tinha para oferecer. Daniel deu um gole da garrafa de cerveja e seguiu para a mesa da frente, sentou na cadeira sem pedir licença, sorriu para a garota e se aproximou rapidamente do rosto dela. 

— Oi gatinha, como é seu nome? 

— Gabriela e o seu? 

— João —  Daniel mentia a respeito do nome porque nunca mais iria ver a garota, muito menos ligar para ela. — Tá desacompanhada essa noite? 

— Bem, hoje eu tô com a minha amiga, essa é a Tati — ele apenas acenou para a garota — as duas estão solteiras? — Gabriela assentiu e a amiga deu um sorriso tímido. O celular do piá vibrou, eram mensagens do amigo que pediu uma ajuda com a Tati. 

— Tati, o que acho daquele cara ali? — apontou para o menino com a cabeça e sorriu para Gabi. Um sorriso encantador, os dentes brancos e perfeitamente alinhados. Facilmente apaixonável. A menina soltou um sorriso tímido e olhou para a amiga. 

— A Tati gostou dele sim, só é um pouco tímida. 

O garoto assobiou para o amigo que veio quase correndo até a mesa. Tati estava corada e cumprimentou o rapaz. Daniel pegou na mão de Gabi e sussurrou no seu ouvido para que saíssem dali e procurassem um lugar mais tranquilo. Ele a levou até o seu carro luxuoso o que despertou ainda mais o interesse da garota e saiu em disparada pelas ruas. 

Em uma das ruas movimentadas de Florianópolis havia um motel e uma festa do outro lado da rua, ele ficou indeciso de onde levar Gabi, mas ao lembrar suas intenções, soltou um sorriso apaixonante e virou para o motel. No quarto, ele já despia a garota e dava beijos envolventes e calorosos e então os dois transaram e ele ouviu algo que fez os pelos do corpo arrepiarem. 

— João, essa foi minha primeira vez. Foi muito especial. 

— Pra mim também foi muito especial, Gabi. 

Os dois se beijaram e ficaram um tempo abraçados, ele esperava alguma brecha para sua deixa, mas a menina só o abraçou e fechou os olhos, fazia carinho no cabelo dele e dava alguns beijos no seu rosto. Ele olhou para o relógio e a noite ainda era uma criança, já passava das duas da manhã. 

— Gabi, seu celular está tocando... —  a menina atendeu e era o pai. 

— Filha onde tu está? 

— Papai eu tô na casa da Tati, por que me liga essa hora? 

— Cheguei em casa agora, estava voltando de uma viagem de negócios e não vi você, mas tudo bem! Boa noite filha! — ela desligou o celular e respirou aliviada. 

— Essa foi por pouco, nossa! 

— Seu pai é muito rígido? 

— Ele é, não pode saber disso nunca, meu Deus! Preciso ligar para a Tati e ver onde ela está. — a garota levantou na cama descabelada e suada. Analisou seu estado e pensou alto — acho que eu deveria tomar um banho primeiro. 

A menina foi até o banho e João, ou melhor, Daniel colocou sua roupa correndo e deixou uma taça de champanhe com um dinheiro para o táxi que ela deveria pegar. Saiu correndo para a recepção e pagou toda a conta do motel, dinheiro não era um problema para o rapaz. Em seguida pegou seu carro preto e saiu em disparada pela avenida. Pegou o celular e discou para o amigo. 

— Fala cara! E como tá com a gatinha da Tati?  

— A menina é religiosa mano! Ela disse que sexo só depois do casamento. 

— Não creio! E aí? 

— A Tati só me beijou, passou o número dela pra mim e disse que quer me conhecer melhor. E como está com a Gabi? 

— Nem te conto! Onde você tá que eu passo aí pra gente conversar. 

— No mesmo lugar que você me deixou. 

— Já tô chegando aí, piá! — O rapaz desligou o celular e ligou o som do carro, aumentou a música para o último volume e pisou no acelerador. Ele já estava alterado com toda a bebida que digeriu antes de sair de lá e lembrava de ter tirado toda a santidade da menina, isso foi motivo de muita risada. 

O rapaz passou um sinal vermelho, dois sinais vermelhos, três sinais vermelhos. Quando ia passar pelo quarto sinal, algo aconteceu. Tentou pisar no freio mas já era tarde. Só teve tempo de ouvir o cantar dos pneus e barulho de vidro estilhaçado, a batida foi forte. Abriu seus olhos azuis que já estavam cheio de lágrimas e assistiu a pessoa voar pela pista que, por sorte, estava vazia. Daniel suava frio e bebia ainda mais. Ele estava mais branco do que o normal, assustado. Não ousava olhar para a pessoa que estava caída há alguns metros dali. Com as mãos trêmulas, pegou pelo celular e ligou para a emergência que veio em seguida.  

A polícia chegou e a ambulância em seguida. Daniel estava no chão, chorando em posição fetal. Levantaram o menino brutamente enquanto os paramédicos tomavam muito cuidado para mover a vítima. E ele por fim viu que era uma mulher com uns trinta anos, de cabelo preto e estava desacordada. Ou morta. "meu Deus será que está morta?'' ele pensava nervoso. 

— Carteira de habilitação e documento do carro, por favor. —  um dos policiais segurava o bafômetro. 

— Ela está bem? Ela morreu? 

— Você já fez, não tem como desfazer isso. Agora deixa na mão dos médicos. Quero sua carteira e o documento, agora! 

— Moço, você vai me prender? Moço não faz isso por favor? 

— Não me faça falar de novo, posso usar isso aqui se quiser. —  ele pegou as algemas e deu uma risada sarcástica. O rapaz pegou os documentos que estavam nos conformes. 

— Assopra aqui. 

— Moço, quero ver como ela está. 

— Assopra essa merda agora! — Daniel assoprou e o aparelho indicou 1,0. O policial riu e algemou o jovem. 

— Mas moço, o senhor não ia me prender! 

— O mínimo era 0,03. Você está com 1,0. Vamos até a delegacia, moleque! 

Na delegacia, o pai do garoto, advogado muito bem sucedido e famoso por todo o estado de Santa Catarina esperava pelo menino com um desapontamento enorme. De braços cruzados, viu o filho entrando pela porta da frente algemado e sentiu vergonha do rapaz. 

— Pai, foi um acidente! —  o homem apenas abaixava a cabeça e ignorava o menino — Pai me escuta! Pai! — Mas o homem não disse uma palavra. 

A noite foi longa, cheia de burocracias e depoimentos, Fernando Boaventura, o pai de Daniel defendeu e rapaz como um advogado. Conseguiu diminuir as sentenças para o filho mas não queria dar a notícia. Ligou para a esposa para contar o que havia acontecido e ela só sabia chorar. Mais uma vez, o filho tinha passado dos limites e ela já estava farta daquilo. Os dois estavam. A mulher o encorajou e finalmente Fernando resolveu falar com o filho. 

— Daniel — Ele abriu a porta da sala onde estava o garoto.

O rapaz estava cansado, com o rosto suado e um coque no cabelo estava embaraçado. Os olhos vermelhos e a mão trêmula eram o retrato do nervoso dele. Quando viu Fernando, ele imediatamente levantou para falar com o pai. 

— Pai me ouve por favor! Eu não quis fazer isso, foi um acid... 

— Eu sei que não foi um acidente — ele interrompeu Daniel  

— Como ela está? A mulher? 

— Ela quebrou uma perna e teve uma fratura no crânio mas ficará bem com um tratamento intensivo que eu terei que pagar para ela — o rapaz respirou mais aliviado — consegui amenizar a sua pena e será apenas meses de serviço comunitário, chequei os lugares onde poderia fazer isso e achei um muito bom em outra cidade. É no interior do Rio de Janeiro.

— Eu não vou. 

— Ah mas você vai sim! 

— Você tem certeza de que vai ter coragem de me mandar para a roça? 

— Já está decidido, você vai prestar serviços para um lar de crianças abandonadas durante quatro meses e será monitorado por um funcionário meu. 

— Eu não quero ir cuidar de criança! 

— Mas você vai, amanhã já vai estar com a reputação horrível, com essa sua cara de idiota nas telas do da TV local e nas primeiras folhas dos jornais! O pior é que vão falar que o bosta do filho do advogado Fernando Boaventura que fez. Vai sujar o meu nome e não o seu! Você é uma vergonha!

— Por favor pai, não! — ele ajoelhou e implorou para que o pai mudasse de ideia. 

— Já está decidido, Daniel! Semana que vem já estará lá! Vai morar numa pensão e vai precisar trabalhar para saber o real valor do dinheiro e da vida, moleque! 

— Não! Por favor!

— Você vai para Serra do Triunfo!


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Olá pessoal, muita raivinha do Daniel? hahaha segue abaixo o dicionário de dialetos catarinenses:
Polaca: pessoa muito branca.
Piá: menino.
Dois toques: rapidamente.
Espero que continuem acompanhando! Deixem comentários e se puder favoritem hahaha.
Já sabem! Qualquer dúvida, crítica ou correção é só mandar uma MP:)
Obrigada pela leitura e voltem sempre ♥
Beijíneos ♥



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Brasileiros" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.