— Por que você está chorando? – Nicolas perguntou, mas ainda mantinha os olhos fechados. Gabrielle nem havia percebido que tinha começado a chorar, mas, tinha certeza de que, desta vez, não era pela tempestade.

— Não é nada. – ela se afastou dele, mas sua voz entregava que havia algo.
Ela estava se levantando quando sentiu um das mãos de Nicolas em seu braço.

— Ninguém começa a chorar descontroladamente no meio da noite por nada. Diga-me o que houve. – Nicolas disse e levantou para olhá-la nos olhos. Gabrielle não sabia definir se aquilo na voz dele era curiosidade ou preocupação, ou ambos.

— Nicolas... por que você me trata desse jeito? O que eu te fiz? – ela deixou sair em meio às lágrimas.

— Eu te trato do meu jeito. Sou assim. – sua voz saiu mais fria do que de costume, o que só fez o choro de Gabrielle aumentar.

— Não é. – ela disse e sua voz falhou em meio às lágrimas. – Você não é assim. Isso é apenas um disfarce que você usa pra todo mundo. – Gabrielle passou novamente a mão no rosto dele, mas ali já não era mais macio. Era duro. – Cristo, Nicolas, eu sou sua mulher! Você não precisa ser assim, não comigo.

— Era por isso que estava chorando? – ele afastou a mão dela do seu rosto.

— Estava chorando porque quero que meu casamento dê certo. Que funcione. – Gabrielle já continha as lágrimas. Não queria mais parecer uma menina imatura. – Nick, vamos tentar. Olhe Victor, o amor dele por Melissa é tão grande que supera a distância. Louis e Elena se dão absurdamente bem. Nós podemos ser assim também. – ela tocou o peito dele. – Eu sei que tem alguém aqui dentro. Alguém capaz de me fazer feliz, não de me tratar como uma estranha.

— O que quer que eu faça? Que te olhe com os olhos brilhando como se estivesse doente vinte e quatro horas por dia, como Louis? – Nicolas falou, o tom de deboche na sua voz era mais um tapa que Gabrielle sentia. – Quer que eu te mande para Londres pra dizer que sou capaz de superar a distância?

— Só quero poder dizer que amo você sem me sentir uma idiota por isso. – ela soltou de uma vez e o encarou com a expressão cansada.

Nicolas não estava esperando por aquilo. Por um único momento, sua máscara caiu e ele não sabia o que dizer. Uma pontada de esperança surgiu no coração de Gabrielle; talvez estivesse dando certo.

— Você está se sentindo uma idiota? – ele ainda estava com a expressão fria, mas se levantou e foi até ela, que recuou. – Responda, chérie.

— Estou me sentido uma completa idiota, feliz? – Gabrielle já havia parado de chorar. – Pode ser diferente, Nick. Vamos tentar?

Ela se aproximou dele, hesitante, e, colocou as duas mãos no peito dele com cuidado. Seu coração parecia que ia saltar pela boca. Nicolas a encarava, sem expressão alguma. Seu coração também não estava como deveria.