Page 23 escrita por JM


Capítulo 3
III - Piece of Pie


Notas iniciais do capítulo

Oii oii pessoas!

Aqui estou eu com mais um capitulo pra vocês. Espero sinceramente que tenha ficado bom, e que vcs gostem!
Obrigaada a Cath Locksley Mills pelo comentario no capitulo anterior, espero que goste desse também miga!

Booa leitura a todos!



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— E então, como foi? – Regina ouviu a voz de Tinker antes de realmente vê-la, e levantou a cabeça de seu travesseiro, nada surpresa de encontrar a fada verde por ali, sabia que era uma questão de tempo até que a verdinha fosse procura-la para saber sobre seu encontro com Robin.

Por um momento ela permaneceu em silencio, pensando no que queria dizer, pensando no que aquele encontro significara, no que ela sentira, os oceanos azuis de Robin voltando a sua mente quase que instantaneamente, e fazendo com que um sorriso brotasse em seus lábios, o que não passou despercebido para a fada que estava de frente para a morena.

Ao notar aquele sorriso, tão singelo e tímido, Tinker teve certeza de que seu plano havia funcionado exatamente como ela previra, Regina fora capaz de sentir algo por Robin uma atração que era apenas a ponta do iceberg de sentimentos que a fada verde tinha certeza que a morena nutria pelo loiro, um sentimento forte e avassalador que estava apenas adormecido, esperando o momento certo para despertar.

— Não precisa me dizer nada, está estampado em seu rosto, no brilho especial que está em seus olhos. Você sentiu algo quando o encontrou, não foi? Eu tinha certeza que isso ia acontecer! Vocês foram destinados um ao outro Regina, e a confirmação disso é o sorriso instantâneo que surgiu em seus lábios só de pensar naquele belo par de olhos azuis. Não tente negar, está tão claro quanto água que você se encantou por ele. – falou a fadinha verde, sem dar chance para que a morena retrucasse ou dissesse qualquer coisa.

Naquele momento Regina percebeu que, mesmo que tivesse tido essa chance, de dizer alguma coisa que contrariasse as palavras de Tinker, teria permanecido em silencio. Afinal, a fada estava certa não é? Ela realmente sentira algo por Robin. Não sabia o que era exatamente, nem se iria perdurar, ou mesmo o significado e implicações do que sentia, mas aquela era a mais pura verdade. Seu coração batera descontrolado quando o vira, e ela tinha certeza que não se importaria nem um pouco de passar a eternidade ali, presa na imensidão azul que eram os olhos deles.

De certo ângulo, a morena sentia como se estivesse despertando de um longo período de hibernação, um período no qual a vida passara diante de seus olhos sem que ela realmente se desse conta disso. Era como se, antes da noite anterior, seus dias tivessem sido todos manchados de um cinza chumbo, grosso e pesado, que tornava tudo ao seu redor triste e sem vida; e agora, as cores estivessem voltando aos seus olhos, como se tudo que a rodeasse voltasse aos poucos a ganhar vida. Ainda sem entender o que acontecia consigo mesma, Regina só fez encarar a fada verde, esperando que ela tivesse alguma resposta para sua pergunta muda.

Tinker, por sua vez, estava feliz em ver que o que ela pensara havia dado certo, feliz por saber que tinha conseguido ajudar Regina. Agora que eles haviam se conhecido, era questão de tempo até que o amor florescesse, tal como uma rosa que desabrocha, e ai, como ela previra, tudo seria diferente, tudo seria melhor.

Notando que a fada permanecia em silencio, esperando que ela se pronunciasse, que dissesse alguma coisa, Regina começou a falar, testando o sabor das palavras em sua boca, e os sentimentos que elas provocavam em seu coração confuso: - Eu....não sei Tinker. Não sei o que está acontecendo comigo. Senti algo muito forte ontem naquela taverna, foi como se o mundo todo tivesse parado de girar apenas para testemunhar nosso encontro sabe? Tudo que eu conseguia enxergar era a figura dele, como se nada mais existisse ao meu redor. Foi mágico, como se algo nos puxasse um para o outro entende? Mas....- a morena parou de falar, sem saber se conseguiria colocar em palavras a confusão de pensamentos que turvavam sua mente.

É claro que ela gostara de conhecer Robin, e sim, tinha sentido algo por ele, um sentimento forte que parecia ter sempre estado em seu coração, apenas esperando para aparecer, mas também haviam outros pensamentos, outros sentimentos que obscureciam sua mente e seu coração. Estava com medo.

Medo de sofrer novamente. Medo de se deixar envolver e se decepcionar, medo de que ele não tivesse sentido o mesmo que ela, ou pior, que ele também tivesse sentido algo, por que, se esse fosse o caso, como seria daqui pra frente? Se ela se deixasse envolver verdadeiramente, se ela se permitisse se apaixonar por ele, como seria?

— Mas? – questionou Tinker Bell, arrancando a morena de seus devaneios sobre o que o destino lhe reservava.

— Eu...- começou a falar Regina, mas deixou que sua frase morresse antes mesmo de falar a próxima palavra, sem saber realmente o que queria dizer, ou como expressar o que estava se passando com ela.  

Felizmente, a fada verde pareceu captar na falta de palavras de sua interlocutora muito mais do que esta podia ter imaginado em contar. – Você está com medo. Está com medo de que o que você está sentindo cresça, tem medo de se decepcionar, ou de sofrer uma nova perda. Tem medo de sofrer de novo, não é? – falou, parecendo ler os pensamentos emaranhados e confusos da morena e coloca-los em uma linha lógica, que facilitava a compreensão.

Sim, era exatamente isso. Ela tinha medo de sofrer, de se decepcionar, de perder o amor novamente. Tinha certeza de que não iria aguentar se perdesse o amor novamente, tinha certeza de que não iria suportar se mais alguém que ela amasse acabasse morrendo por sua culpa. – Sim, é exatamente isso. – respondeu simplesmente, sabendo que mais palavras eram desnecessárias naquele momento, afinal, Tinker parecia saber exatamente o que se passava com ela.

— Olha Regina, eu não tenho como te garantir que tudo será perfeito, que sua vida será um mar de rosas, até porque a vida não é assim, nós duas sabemos disso. Não tenho como dizer para você que não haverá mais nenhum dia no qual você não irá sofrer ou se decepcionar, mas tem uma coisa que eu posso te garantir: o amor te trará muito mais alegrias do que decepções. Amor não é uma fraqueza como tentaram enfiar na sua cabeça. Acredite no que estou te dizendo, amor é uma fortaleza, o seu porto seguro, onde você encontrará forças para continuar lutando, para não desistir, mesmo que pareça impossível continuar a caminhar. Se permita amar Regina, de uma chance para você mesma! Se jogue de cabeça, sem medo, e veja o que acontece. – falou Tinker, esperando que suas palavras fossem suficientes para que as duvidas cessassem na mente de sua ouvinte.

O silencio se prolongou entre as duas enquanto as palavras da fada reverberavam pela mente da filha de Cora, que travava uma batalha silenciosa com si mesma, tentando se decidir se dava um passo a frente e se deixava levar por aquele sentimento ou voltava pra trás, trancando o que sentia dentro de si.

— Tem mais Tinker. Não é só o medo do que me espera que trava meus pés aqui neste quarto. Também estou de casamento marcado para daqui a um mês e meio lembra? Se eu me deixar envolver, como vai ser? Não posso me casar com meu coração pertencendo à outra pessoa. Não posso experimentar deixar que este sentimento cresça dentro de mim para depois não poder vive-lo na plenitude, para ter que dar adeus. – Regina finalmente rompeu o silencio, deixando que as palavras exprimissem mais algumas de suas preocupações, de seus temores.

— Você ia fugir com Daniel não ia? No dia em que ele morreu, você ia fugir com ele, não é? – perguntou a fada verde, tomando o cuidado de falar em um tom ameno e rápido, pois tinha perfeita consciência do quanto aquele era um assunto delicado e que machucava a morena.

— Sim. – Regina respondeu simplesmente, sentindo uma forte dor lhe atingir o peito, as lágrimas embaçando sua visão e a culpa embargando sua mente. Sim, ela e Daniel iriam fugir juntos, tinham planejado tudo com extremo cuidado. Iriam para bem longe, viver o amor que nutriam um pelo outro, mas ai....ela não conseguia mais pensar sobre aquilo. Toda vez era a mesma coisa, a cena toda voltava a sua mente e ela sentia a dor atingi-la, como se tivesse sido o seu coração, e não o de Daniel, que tivesse sido esmagado pelos cruéis dedos de Cora....

— Pois ai está sua resposta Regina. Se eu estiver certa e o amor de vocês realmente florescer, planeje uma nova fuga. Vá para bem longe e se certifique de que ninguém nunca mais a encontre. Tenho certeza de que Robin irá acompanha-la para qualquer lugar que você for. – foi à resposta de Tinker, que demonstrava convicção em suas palavras, e intimamente torcia para que Regina acreditasse nelas tanto quanto ela própria acreditava.

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Robin estava sentado um pouco afastado dos outros, limpando seu arco e contando as flechas que lhe restavam, mas sem realmente prestar atenção a tarefa. Sua mente vagava para longe, presa naqueles intrigantes olhos castanhos que ele conhecera na noite anterior, imaginando onde aquela bela morena estaria, se estaria bem....

Já fazia algum tempo que ele não se sentia daquele jeito. Tão perdido, distraído, longe do mundo. Fazia tempo que alguém não mexia com ele de um jeito tão intenso, tão forte, tão subitamente quanto aquela morena havia feito.

Bastara um olhar. Um vislumbre dela para que ele perdesse o foco, se esquecesse de tudo que havia ao seu redor e só conseguisse se concentrar em chegar mais perto dela, só conseguisse fitar aqueles lindos olhos, que pareciam igualmente vidrados nos olhos dele, como se nada mais pudesse lhe roubar a atenção.

Tudo que ele sabia era o nome dela, nada mais. Ainda assim, a imagem da bela morena não saia de sua cabeça. Não importava o quanto ele tentasse, simplesmente acabava voltando para ela, seu coração martelando mais forte a cada vez que se via encarando de novo aquele sorriso sincero e brilhante.

— Como isso é possível? Como posso ter me encantado por ela dessa forma, sem que tenhamos trocado mais do que algumas palavras? – perguntou-se o loiro, ainda tentando decifrar o que estava sentindo.

Aquela não era a primeira vez que seu coração batia forte por alguém. Não, isso já acontecera uma vez, mas tudo acabara por se revelar uma grandiosa decepção. A moça em questão, de nome Sarah, fora tirada dele antes mesmo que os dois pudessem desfrutar do que sentiam, vitima de uma peste misteriosa, uma doença para a qual nenhum curandeiro conseguira encontrar a cura.

A verdade era que ele tivera muito pouco tempo com Sarah. Um tempo que fora insuficiente para que ele tivesse certeza do que sentia, tempo insuficiente para que ele tomasse coragem para contar a ela sobre seus sentimentos....ele a vira morrer sem nada ter dito, e essa era uma culpa que ainda estava presente em seu coração, a culpa por não ter se permitido viver o que seu coração pedia.

E agora, justo agora, quando acreditava que havia perdido sua chance de ser feliz, de encontrar alguém que o completasse, Regina aparecera, para turvar sua mente, invadir seus pensamentos e fazer com que ele se perguntasse se aquela era uma nova chance, uma nova oportunidade para o seu coração ferido.

Robin não se enganava. É claro que o medo do desconhecido também o assolava. Tinha medo de sofrer uma nova decepção, uma nova perda...afinal, não sabia nada sobre Regina. Não podia ter certeza se ela sentira o mesmo que ele, se também se encantara naquele primeiro encontro. Mesmo que a resposta fosse sim, que garantias ele tinha de que aquela história iria dar certo? Como podia ter certeza de que não iria sofrer, de que o destino não iria lhe pregar mais uma peça cruel?

A resposta para todas estas perguntas era a mesma e muito simples: Não. ele não tinha como ter certeza de nada daquilo, não tinha como saber. Tudo que lhe restava era se decidir se estava pronto para se dar uma nova chance, para se arriscar e ver o que estava reservado para ele. Tinha que escolher entre se levantar e seguir em frente, procurar pela morena que não saia de sua cabeça, ou se deixaria toda aquela história para lá e seguiria sua vida do jeito que ela estava, caminhando sozinho.

— Pensando na Sarah de novo? – uma voz atrás de Robin despertou o loiro de seus devaneios, fazendo com que ele se virasse, ligeiramente sobressaltado, para ver quem lhe falava, acabando por dar de cara com o olhar divertido e o sorriso maroto de seu melhor amigo, Will Scarlet.

— Não exatamente. – respondeu o loiro, ainda se decidindo se contava ou não ao amigo sobre Regina.

— Então é sobre outra garota. Vamos lá, conta ai, quem foi à moça que finalmente fez você parar de sonhar com o que você perdeu. Quero muito conhecê-la e dar parabéns a ela, alguém finalmente fez você esquecer essa culpa idiota e desmedida que carrega ai dentro. – Will voltou a falar, sentando-se ao lado de Robin.

— Deixa de ser besta. Você não vai conhecê-la, nem eu mesmo a conheço direito ainda. – respondeu o loiro, que mais uma vez se surpreendeu com a capacidade que seu amigo tinha de decifrar exatamente o que estava acontecendo com ele. Sempre fora assim, desde que eles eram crianças, e Robin simplesmente não conseguia entender como ele conseguia fazer aquilo.

— Então eu tô certo? Você realmente conheceu alguém? Posso pelo menos saber o nome? – falou Will, sem conseguir conter a empolgação em sua voz. Gostava muito de Robin, e já estava ficando cansado de ver o amigo sozinho e triste pelos cantos. Já estava mesmo na hora de alguém mexer com a cabeça dura e com o coração mole dele, e pessoalmente, Will estava extremamente feliz que isso finalmente tivesse acontecido.

Virando-se para encarar a expressão esperançosa e divertida do amigo, Robin não pode deixar de soltar uma gargalhada diante daquela cena. Will parecia estar mais preocupado com a situação da sua caótica e deprimente vida amorosa tanto quanto ele, ou até um pouquinho mais.

— É William, você está certo. Eu realmente conheci alguém ontem, e simplesmente não consigo tira-la da minha cabeça. Seu nome é Regina, e antes que você comece a me encher de perguntas, isso é tudo que eu sei sobre ela. – respondeu Robin, se esforçando ao máximo para manter um tom de voz neutro, embora sentisse seu coração saltar só de se lembrar da morena.

— Isso é ótimo! Finalmente alguém apareceu para mexer nessa sua cabeça oca. – brincou Will, empurrando o amigo de leve com o ombro em um gesto de animação. – Quando vocês vão se ver de novo?

A pergunta de Will pegou Robin desprevenido. Ele não fazia a menor ideia de quando veria Regina de novo, embora agora que haviam lhe feito essa pergunta ele se desse conta de que esperava que um novo encontro acontecesse o mais rápido possível. O único problema era que tudo que ele tinha dela era um nome, e não tinha ideia de como fazer para encontra-la, para vê-la de novo.

— Eu não sei. – falou para Will, seu tom de voz diminuindo alguns tons, repentinamente desanimado com a constatação de que não tinha como encontra-la de novo.

— Como assim não sabe? – questionou Scarlet, sem entender direito o que o amigo queria dizer com aquelas três palavras.

— Não sei Will. Eu a encontrei num a taverna ontem a noite, só tive alguns minutos ao lado dela, e tudo que consegui foi seu nome. Depois nossos caminhos se separaram, e eu não vi para onde ela foi. Não sei onde ela mora, não sei os lugares que frequenta...portanto, não sei onde encontra-la. – foi à resposta do loiro, que simplesmente não conseguia encontrar uma saída para sua situação.

Com aquelas palavras de Robin, Will pode notar o quanto aquela falta de informação o angustiava. Mesmo que tivesse sido por poucos minutos, aquela mulher, fosse ela quem fosse, realmente fora capaz de despertar algo em seu amigo, e ele não iria permitir que Robin deixasse aquela oportunidade passar. Tinha que fazê-lo sair daquela letargia na qual se encontrava emerso, tinha que faze-lo lutar por sua segunda chance.

— E o que você está fazendo aqui parado, alisando esse seu arco idiota enquanto essa tal de Regina está lá na cidade, esperando que você vá ao encontro dela? Anda logo Robin! Vá caminhar pela cidade, ver se consegue alguma informação sobre ela. Quem sabe a sorte não vá com a sua cara e você acaba por encontra-la por uma dessas ruas? Ficar aqui nessa clareira apenas pensando nela não vai ajudar a resolver o seu problema...- falou, esperando que suas palavras fossem suficientes para que Robin despertasse e começasse a correr atrás do que lhe faria feliz.

— Não sei não Will...mesmo que eu a encontre, e se eu estiver enganado? E se ela não tiver sentido nada ontem, se tiver apenas me visto como uma pessoa gentil que lhe ofereceu ajuda em um momento de apuros? Não sei se estou pronto para uma rejeição... foi a resposta do loiro, que pela primeira vez colocava em palavras os temores que passavam por sua mente.

— Isso você só vai descobrir se tentar. Agora anda logo, levanta dai e vá fazer alguma coisa de útil com a sua vida. – falou Will, que empurrou Robin de leve e forçou o amigo a se levantar. – Pense bem Robin, você não vai perder nada se tentar. O não você já tem, só falta correr atrás do sim. Acredite em mim, você pode acabar se surpreendendo.

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Devagar, Regina refez o caminho que a levara até a taverna onde conhecera Robin na noite anterior, na esperança de quem sabe encontra-lo pelo caminho. Depois da conversa com Tinker Bell aquela manha ela chegara à conclusão de que iria arriscar, tentar a sorte e ver onde aquela atração a levaria.

A fada verde estava certa no fim das contas. De nada adiantaria ficar trancada em seu quarto com a imagem do belo loiro girando em sua mente. Tinha que saber se ele também sentira alguma coisa, tinha que ter certeza de que o que estava sentindo não era fruto de sua mente desesperada e solitária. Devia a si mesma uma nova chance, e queria desesperadamente ver de novo o dono daquele belo par de oceanos azuis.

Infelizmente, no entanto, não encontrou nenhum sinal dele enquanto andava, e quando finalmente chegou a taverna na qual Tinker a levara, sua intenção já havia esmorecido um pouco, as duvidas e as possibilidades se somando a sua mente. E se ele tivesse ido embora? Se não vivesse naquela cidade e naquela manhã tivesse retornado para sua terra natal?

Aquelas eram algumas das perguntas que brotavam em sua mente. Pelo que sabia, qualquer uma daquelas hipóteses ou mesmo nenhuma delas, podia ser a verdadeira, já que ela só o vira uma vez e não sabia absolutamente nada sobre ele a não ser o nome. Será que o destino seria tão cruel com ela novamente, fazendo-a se encantar por alguém que não estava disponível, alguém que vivia a léguas de distancia, longe de seu alcance?

Novamente, ela não tinha uma resposta para aquela pergunta, nem para nenhuma das outras que haviam assolado sua mente antes dela. Sentindo-se desanimada e meio boba por acreditar que seria tão fácil encontra-lo de novo, a morena deu as costas para a fachada da taverna que estivera encarando por alguns minutos, e começou a refazer seus passos, sua mente vagando sobre onde o homem que invadira sua cabeça poderia estar naquele momento.

Não foi preciso que ela desse nem dez passos para que suas duvidas fossem esquecidas, para que sua mente se esquecesse de todos os questionamentos de poucos segundos atrás para se concentrar no toque em seu braço, quente e macio, e na voz aveludada e melodiosa que chegava aos seus ouvidos, que antes mesmo de se virar ela sabia perfeitamente bem a quem pertencia.

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— Estava me perguntando como faria para encontra-la novamente milady. – falou Robin, tocando o braço dela de leve, para fazê-la parar de andar. Ele a vira poucos instantes antes, parada de frente para a taverna onde haviam se encontrado na noite anterior.

Estava linda, banhada pela luz do sol que estava forte naquele dia, e bastou que seus olhos a encontrassem para que Robin sentisse seu coração se acelerar, como se gritasse para que ele se aproximasse, para que chegasse mais perto e falasse com ela.

E ele estava prestes a fazer isso, prestes a se aproximar, quando ela se virou, parecendo ligeiramente cabisbaixa, um pouco desanimada, e começou a andar na outra direção, afastando-se da taverna, afastando-se dele.

Decidido a não permitir que aquela distância aumentasse, Robin começara a andar em passos acelerados, alcançando-a rapidamente. Agora ela tinha se virado e os dois estavam frente a frente, o azul novamente perdido no castanho.

O silencio por um instante entre os dois, uma expressão de confusão e surpresa passando pelo rosto de Regina. Depois de um ou dois segundos ela pareceu se recompor o suficiente para voltar a falar, e abriu um largo sorriso, parecendo estar realmente contente em vê-lo de novo, o que só serviu para que o loiro também sorrisse, de imediato sentindo seu coração se aquecer com o calor que emanava daquele sorriso.

— Eu estava me perguntando à mesma coisa. – começou a falar Regina, em um tom de voz alegre, que evidenciava seu contentamento em vê-lo ali. – por isso voltei aqui, pensando que talvez pudesse encontra-lo de novo. – confidenciou, esperando para ver qual seria a reação de Robin a suas palavras.

— Parece que você acertou não é? – respondeu o loiro, encontrando dificuldades em articular as palavras, de tão perdido que estava na imagem da mulher a sua frente.

— Sim, parece que hoje é meu dia de sorte. – falou a morena, seu sorriso aumentando ainda mais.

— Que tal se fossemos dar uma volta? Estou com a tarde livre, e soube que há uma feira acontecendo na cidade...- falou Robin, repentinamente desesperado para que Regina aceitasse seu convite, ansioso para passar mais algum tempo na companhia dela.

— Eu adoraria. – foi à resposta da morena. Ao ouvir aquelas palavras, Robin lhe ofereceu o braço em um gesto galante, e ela aceitou a oferta, sentindo seu corpo se arrepiar com a proximidade na qual se encontravam.

—------------

— Você é sempre assim? – Regina perguntou, sem conseguir conter sua curiosidade. Ela e Robin já caminhavam há alguns minutos, e a conversa entre os dois fluía com facilidade, como se fosse a coisa mais natural do mundo, como se eles já se conhecessem a anos e não a apenas algumas horas.

— Assim como? – questionou o loiro, lançando a ela um olhar intrigado e divertido, que escondia a inquietação e a curiosidade que aquelas palavras haviam provocado. Estava louco para saber qual era a opinião da linda morena sobre a sua pessoa.

— Tão...- Regina parou de falar, sem conseguir decidir qual palavra era a melhor para descrever Robin. – Tão gentil, tão cavaleiro? – tentou novamente, desta vez conseguindo fazer com que as palavras deixassem seus lábios, mesmo que sentisse que aqueles dois adjetivos não fossem suficientes para descrever o homem que caminhava ao seu lado.

Por um momento o silencio se fez presente, enquanto Robin revirava as palavras de Regina em sua mente. Então era isso que ela achava dele até aquele momento? Aquela era uma noticia realmente muito boa, um começo promissor, que só fez com que o loiro sentisse seu coração se aquecer com o elogio que recebera.

— Nem sempre milady. Só quando há uma bela dama envolvida. Tento fazer com que ela goste de mim pelos meus modos, já que pela aparência é um pouco mais complicado. – brincou o loiro, sendo acompanhado em sua risada pela morena, que revirou os olhos e bateu no braço dele de brincadeira, como se o reprendesse pelas palavras.

— Não seja bobo. – ralhou Regina em resposta. Teve vontade de dizer o quanto gostava da aparência dele, o quanto o achava bonito, atraente, mas se conteve. Eles não se conheciam direito, não era a hora de falar tudo assim, tão abertamente.

Eles continuaram a caminhar, sem pararem de falar em nenhum momento. Andaram por toda a feira, parecendo cada vez mais à vontade para conversar com o outro. A certa altura, pararam diante de uma barraca onde uma senhora vendia pedaços de torta de maçã.

— Huuuummmm, adoro torta de maçã. – confidenciou a morena, seus olhos brilhando de vontade enquanto analisava as fatias de torta que estavam a venda.

— Eu nunca provei sabia? – respondeu Robin, repentinamente sentindo vontade de saber qual seria o gosto daquela torta, tendo certeza que provavelmente seria muito boa, só porque Regina gostava.

— Eu não acredito nisso! Como você pode ter passado a vida toda sem comer um pedaço de torta de maçã? Isso é quase um crime Robin, você tem que provar! – falou, dirigindo uma expressão de indignação para o loiro, que só conseguiu gargalhar da reação dela como resposta.

Antes que Robin pudesse protestar, ou mesmo ter qualquer outra reação, Regina tirou algumas moedas de um bolso de seu vestido, e pediu a mulher que lhe entregasse dois pedaços de torta.

Ao ver aquelas moedas, e constatar que havia ainda algumas no bolso de Regina, o loiro se perguntou se ela seria uma moça rica, uma sombra de preocupação escurecendo a bela tarde de sol da qual estava desfrutando. E se ela fosse realmente de uma família rica? Será que o dinheiro se tornaria um empecilho? Será que ela se importaria de estar na companhia de alguém como ele, um ladrão que roubava de quem tinha muito para dar a aqueles que não tinham quase nada?

 Os devaneios de Robin foram interrompidos pelas palavras da morena, que agora estava com um pedaço de torta em cada uma de suas mãos. – O que acha de sentarmos em algum lugar para comer? Meu pai sempre me disse que não é bom comermos em pé...- falou, parecendo completamente alheia a todas as questões que dançavam na mente do loiro.

Ao notar que Robin parecia distante e não lhe respondia, Regina tentou de novo, na esperança de que suas palavras trouxessem o loiro de volta de onde quer que ele tivesse ido parar. – Robin? Está tudo bem? Aconteceu alguma coisa?

Notando que a morena o fitava com uma expressão preocupada, Robin tratou de colocar um sorriso no rosto. Deixaria pra pensar naquelas questões de dinheiro depois. Por hora, iria apenas aproveitar a companhia agradável que tinha consigo, sem pensar no que aconteceria depois, concentrado apenas no agora.

— Não aconteceu nada, está tudo ótimo. Vamos sentar sim, também não gosto de comer de pé. – falou, enquanto guiava a moça até uma escadaria próxima, a melhor opção de acento de que dispunham naquele momento.

Sentados ali, em uma escadaria de pedra, os dois saborearam os pedaços de torta as gargalhadas com a reação de Robin, que ficara realmente surpreso e maravilhado com o gosto que o doce tinha.

— Você tinha razão Regina, não sei como passei minha vida toda sem provar uma fatia dessas. É realmente incrível! – falou o loiro, espalhando farelo pra todo lado enquanto falava e fazendo com que a morena risse ainda mais auto.

— Você fala isso porque ainda não provou a torta que eu faço. – respondeu Regina, ainda rindo.

— Tenho certeza que é ainda melhor do que essa daqui. – continuou a falar Robin, intimamente desejando poder provar um pedaço de uma torta de maçã feita pelas mãos da morena.

— Qualquer dia faço uma pra você provar, só não vá com as expectativas muito altas está bem? Não sou nenhuma grande chefe de cozinha. – falou Regina, que em sua mente já tinha planos de levar uma torta para o loiro na próxima vez em que se encontrassem. Porque sim, ela tinha certeza de que haveria uma próxima vez.

— Você promete? – foi à resposta de Robin, feliz porque as palavras da morena abriam uma brecha para que eles se vissem mais uma vez, o que era realmente muito bom do seu ponto de vista, já que se dava conta de que poderia passar horas e horas na companhia dela sem se sentir entediado nem por um instante.

— É, eu prometo. – disse Regina, sem conseguir fazer com que o sorriso de contentamento deixasse seus lábios.


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Notas finais do capítulo

E então, como me sai?
Espero ansiosamente por reviews, quero muito saber o que estão achando!
Beijoos