Mad Wolf escrita por Liran Rabbit


Capítulo 2
Capítulo I — Cheshire Cat




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Parecia não ter fim, não tinha um fim para se falar a verdade. A queda a deixava com ânsia e vomitar naquela situação não seria o recomendável, mas ao mesmo que sentia nauseada, o terror dominava cada parte de seu consciente. 

Cansou de gritar, rasgou sua garganta tentando de uma forma inútil pedir por ajuda, parecia mais ecoar naquela infinita toca d'coelho, uma maldita e ardilosa que lhe atraiu apenas para trazer um jantar para o ensopado da vovó.  

O vento da queda lhe bagunçava dos cabelos, sua roupa agarrava a si e sua capa vermelha quase lhe escapou, a tomou e a agarrou como podia. 

 Olhava para o fim que nunca chegava, indagava se tinha um e deixava de temer o impacto, talvez fosse destinada e estivesse numa espécie de maldição, um feitiço sombrio feito pelo mesmo homem que encantou sua capa vermelha, essa que lhe ajudava a controlar seus dons lupinos. 

Mas como era possível tal façanha? Estava já se deixando levar por pensamentos distante e não se concentrava na raiz real de seu problema, nunca voltaria e sua avó ficaria sozinha, a caçaria com a besta e indagaria no vilarejo, atrairia atenção e poderia correr perigo, mesmo que fosse uma senhora de idade durona. 

Então de forma abrupta, sentiu o impacto contra algo, mas não morreu como imaginava, pois se acontecesse, nem seus dons poderiam lhe curar. Era como se tivesse tropeçado e sentido um impacto normal, estranho e achou assustador, levantando devagar e sentando-se. 

A sua volta nada era tão claro, estava tanto escuro e olhou para cima, de onde tinha vindo. Uma luz pequena se mostrava, piscou e cerrou o olhar, tentando enxergar algo além do que poderia, algum ser vivo passando, mas não havia nada.  

Sentiu o pavor tomar conta de si, indagando-se o que faria. 

"Calma, Ruby" pensou "Deve ser um sonho e se não for, alguém pode passar, não tem como ficar pior" pensou, sorrindo consigo mesmo pelo pensamento positivo.  

Ledo engano, a luz do alto sumia aos poucos. Não poderia ser coisa de sua cabeça, seus pensamentos positivos pareciam apenas trazer o que menos queria, a falta de rumo e calma que tentou ter. 

Então parecia que sua voz voltou e o resquício de um grito voltou a ecoar. Então veio o impacto que foi semelhante ao cair da cama e uma dor de cabeça seguida pelo corpo sensível. Falta de orientação e erguendo-se lentamente, a iluminação do lugar razoável para Ruby ter noção de onde estava. 

Era uma sala redonda cheia de portas diferentes, umas que causaram a imediata estranheza dela e que umas eram grandes e de duas portas e outras pequenas que até mesmo um pequeno camundongo poderia entrar sem problemas.  

A sala era cheia de várias e portas e nenhuma delas abria. Tentou chutar a pequena e aconteceu de seu pé doer com o impacto de uma coisa minúscula, a de seu tamanho não abria nem tentando arromba-la e a de duas portas não cedia nem mesmo com um mesmo chute. Era tão inútil que Ruby quase se viu lamentando e resmungando xingamentos em baixo tom. 

Quase por notar uma mesinha em seu meio, uma que passou despercebida em meio a seu desespero e frente a ela uma cortina que deveria ter uma porta escondida e sem ser alvo da tentativa de Ruby. Da atenção para a mesinha, um frasco. 

Do frasco a sua cor era amarelado e um papel amarrado a ele estava escrito "beba-me". Claro que ela não ficou nem um pouco desconfiada, deixou o frasco ali mesmo e andou em direção a cortina, na intenção de puxa-la e a fazendo cair no chão, pensando se mais alguma coisa iria cair sem que ela soubesse.  

Coberto estava um tipo de coisa assemelhando-se a uma janela alta e através dela um enorme jardim ou que parecia ser um, se não fosse por cogumelos gigantes e um inseto que parecia um cavalo em miniatura passar. 

Um mundo novo, completamente cercado de magia se sem sinal de vida hostil a vista. Seria uma bela hora para dar a volta e pensar em uma maneira de escapar, mas todas as portas estavam trancadas e não abririam nem mesmo se usasse sua forma de lobo. 

Se era um mundo assim e sua única opção, olhou de soslaio para a mesinha e respirou fundo, pensando mil vezes no que aquilo poderia causar e trazer danos, fosse uma poção que a mataria a uma que causaria dano a quem chegasse perto dela, mas era essa a ironia, não sabia o que aconteceria se não tentasse. 

Em passos lentos, voltou para pegar o frasco e ainda com medo do que aconteceria, tentou empurrar ou tocar a janela, mas sua mão atravessou e ela conseguiu passar, fechando os olhos para caso de algo acontece e não ocorreu nada. Riu secamente e caminhou na pequena trilha, olhando fascinada para os cogumelos. 

— E eu só estava caçando um coelho... — Falou para si mesma — Caçando e encontrei outro reino... — Sussurrou. 

Tentou ajeitar sua roupa, o vestido e a capa estavam sem nenhum dano, mas o mesmo não poderia ser dito de seu cabelo. Parecia que tinha acabado de copiar a floresta. 

Uma fumaça circular acabou por traze-la de volta a sua situação. Tossindo, olhou para um cogumelo e nele notou algo que poderia ser hostil. Uma lagarta azul fumava algo. Sim, fumava. E seu tamanho não condizia como as lagartas de seu mundo. 

— Quem és tu? — Tragava o que se parecia ser um tipo de fumo sem ser o cachimbo. 

— Eu sou Ruby, você sabe me dizer que lugar é esse? — Perguntou, tossindo com o novo circulo de fumo. 

— Quem? — Voltou a falar, a voz lenta e frustrando um pouco Ruby. 

— Sabe, é inútil falar com ele — Alguém falou atrás de si e virando-se assustada, não encontrou ninguém. 

Seus instintos de lobo falaram mais alto, ignorou a lagarta e farejou o ar ao seu redor, mas sentia apenas da umidade de uma chuva recente sobre a flora. 

— Temos uma lobinha aqui, quem diria — A voz falou novamente, dando uma risada e falando no ombro e passando por Ruby, mas estava apenas ela ali — Não adianta procurar o que se esconde, minha cara. 

— Então se mostre e me enfrente — Ralhou já impaciente, seus olhos brilhando e já afastando a capa. 

Mas não precisou se transformar quando uma figura apareceu na sua frente. Um gato de pelagem preta e listras roxas surgiu, de uma altura que não era de um gato comum e tinha um sorriso estranho e assustador, mas se sorria Ruby não soube definir se era por malícia ou felicidade. 

— Enfrentar você? — Riu, andando ao redor de Ruby e a analisando — Seria uma luta desonesta, eu diria. 

— Então teria medo de perder para mim — Rebateu, erguendo o queixo. 

Estava corajosa demais para enfrentar algo que não conhecia e desafiava sem saber se tinha vantagens, sua avó ficaria decepcionada por sua neta se rebaixar para provocações com uma criatura desconhecida. 

Mas estava entrando em um jogo, poderia saber onde estava, tinha sua licantropia ao favor e era mais forte que um humano normal. Teria de saber com quem poderia estar lidando antes de conhecer o resto, isso se sobrevivesse. 

— Medo? A loucura das maravilhas já está lhe afetando, minha cara? — Brincou e para surpresa de Ruby, o gato saiu do chão e desapareceu para então apenas seu sorriso aparecer na sua frente — Você e e eu temos mais do que temer, loba. 

— O que quer dizer com isso? — Perguntou, cautelosa — Onde estou? 

— No reino das maravilhas — Contou e Ruby encarou aquele sorriso descrente. 

— Eu falo sério — Vociferou em um tom baixo e contido, tendo a forma do gato voltando ao normal. 

— Mas já lhe contei, esse é o País das Maravilhas e você veio através do espelho que antes desse tinha a toca do coelho — Explicava, voltando para o chão e lambendo sua pata. 

— Como você sabe da toca do coelho? — Indagou, surpresa e assustada. 

— Sei da rotina do coelho do relógio e você deve ser a vitima dele depois da nossa perdida e quase esquecida Alice. 

Não faria mais sentido perguntar algo, já sabia onde estava, mas não sabia como volta. Se passasse pela janela, não haveria uma porta para se abrir e o buraco em que caiu era infinito, talvez resultado de alguma magia negra de um poderoso feiticeiro. 

— Como faço para voltar? — Perguntou, cruzando os braços e tendo a atenção e um sorriso macabro do gato. 

— Não sei como, mas posso lhe levar para alguém que sabe — Sugeriu, começando a andar na sua frente — A propósito, me chamo Cheshire e você? — Perguntou. 

— Ruby — Contou, receosa — Ruby Lucas. Quem é essa pessoa e você vai querer algo em troca da sua boa vontade? — Indagou, o seguindo e olhando uma última vez para a lagarta azul. 

— Só gostaria de usar a cartola dessa pessoa se você conseguisse sua confiança — Contou — E ele pode parecer um cachorro sem dono como você — Brincou e Ruby sentiu uma vontade de joga-lo num rio — Ele é o Chapeleiro Maluco.


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Notas finais do capítulo

Eu espero que tenham gostado, no próximo teremos uma pequena confusão pra animar a fic :v e teremos o Jefferson ou Chapeleiro Maluco.

E troquei a capa da fic! o/ até a próxima.



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