Blood Stain escrita por SakyHina


Capítulo 2
Debutar


Notas iniciais do capítulo

Olá! Farei o meu melhor para postar semanalmente, peço desculpas desde já se houver algum erro kkkk'
Espero que gostem e Boa Leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/719186/chapter/2

Para que entenda por completo meu relacionamento com Ane Medeline, primeiro deverá entender meu relacionamento com Neville.

Neville Emanuel Becker. Um alemão morando na grande Paris.

Neville era de completo um esbanjador, um grande excêntrico de gostos exóticos. Só o via com mulheres das mais ricas famílias, ostentando em seus dedos os mais caros e pesados anéis de ouro. Para todos, Neville era um empreendedor, via nas maquinas uma forma de alcançar o futuro e controlar a população vagabunda. Seus discursos faziam dezenas investirem, os olhos purpuras só faziam hipnotizar até o mais sério dos homens. Até mesmo a mim.

Tive com ele uma amizade de 15 anos. Quando nos conhecemos, mal passava de um garoto inexperiente tentando administrar os negócios com o pai a tiracolo.

— Este é Jean. – Apresentou-me ao vampiro, um homem que em poucos anos dominaria o mundo dos negócios.

— É bom ver pequenos afortunados aqui, normalmente só sentimos cheiro de carne velha nessas instalações. – Disse-me ele, sorrindo. Essas foram as primeiras palavras de Neville para mim, e o riso que seguiu seu silencio o tinha alertado: O jovem rico tinha caído de imediato em seus encantos. Ah, mas não fui o único.

Naquele tempo, Neville já era vampiro a mais de 70 anos. Na legião, o consideravam um vampiro jovem, mal acordado para os sentidos de sua espécie. Ele dissera-me que os fragmentos de uma rocha o tinham atingido nos olhos, por isso não aguentava se expor a grandes quantidades de luz. E eu, seduzido pela nossa amizade e por seus gestos graciosos, acreditei.

Como companheiros, nós passávamos a noite inteira enfurnados em bordeis e bares, com ele me apoiando o braço quando estava caindo de bêbado e se alimentando do sangue das meretrizes que o agradavam. Quando voltávamos para casa, leves pelo vinho e pelo sangue, chegávamos aos risos pelos salões.

Um relacionamento com um humano, para um vampiro, é diferente de qualquer outro. Um vampiro sente o amor como nenhuma outra criatura. O que os vampiros sentem quando criam um laço como o que eu e Neville criamos pode ser chamado de amor, mas não é como nosso sentimento humano de amor, eles não sentem os desejos carnais como nós. A consumação de um sentimento para um vampiro é dado pela forma como eles se alimentam. Ou, o mais difícil para eles, quando eles se recusam a faze-lo para nos manter vivos.

Muitas vezes Neville se inclinava para mim na carruagem, escorregando os lábios pelo meu pescoço. Na época, eu apenas ria e o empurrava, encarando esse ato como nada além de um deboche provocativo por parte dele. Mal eu sabia que neste momento Neville cobiçava meu sangue, porém, em todos os anos em que conheci Neville, ele jamais havia me ferido. Isso só mostra a extensão de seu afeto por mim.

Nos anos de nossa amizade, ele costumava me explicar coisas que poderiam por em risco sua cabeça.

— Morrer não é como as pessoas pensam. – Ele contava, enquanto jogávamos cartas em minha biblioteca. – Não há medo ou dor, é como... Dormir.

— E você já morreu? – Perguntava, rindo. Em momentos como esse, Neville se tornava melancólico. Se deixasse, poderia fitar a chama de uma vela por horas a fio.

Por isso, costumava atirar cartas nele. Acordado, começava a cantar alto badaladas obscenas, se esquivado enquanto eu tentava desesperadamente fechar-lhe a boca. Podíamos ouvir os murmúrios ultrajados de minha mãe e irmã no outro quarto.

— Você tem medo? – Perguntou certa vez. Caminhávamos, o cheiro de chuva e o som de risadas na rua nos acompanhavam.

— De que? – Eu mal prestava atenção em suas palavras, me equilibrava como uma criança nas pedras soltas pelo caminho

— Morrer. – Seu rosto era anguloso, corado pelo sangue recém-bebido. Os olhos arroxeados parecendo azuis sobe a lua. O cabelo claro e brilhante lhe caía até o queixo

— Não antes de mais uma rodada, caro Neville! – Eu dizia.

Neville não era um homem triste ou sério, costumava entrar nesse estado depois de matar algumas moças, de me esperar no lado de fora de um bordel por algum tempo, ou quando o sol demorava a baixar.

Fora isso, ele treinava comigo a luta. Nós dois derrubávamos um ao outro como dois camponeses sujos de lama, o crepúsculo em nossas costas. Ele sempre vinha me ver durante o entardecer, o que eu não sabia, mas o machucava intensamente.

Neville sentia por mim algo que Ane nunca sentiu, ele não cobiçava apenas meu dinheiro e meu sangue, aquele homem desejava ter-me para si. Nós nos entendíamos muito bem, chegando a completar as frases um do outro. Mas como homem, ele não poderia fazer nada além de me entregar nas mãos de minha esposa.

Para mim, Neville não era nada além de um bom amigo, um companheiro de bar e um contentamento que me tirava de minha rotina.

Depois da chegada de Ane em Paris e em minha vida, pude presenciar o ciúme que sentiam quando apenas um deles tinha minha total atenção. Ambos jogando um com o outro aquele jogo de ódio e tentação. Quem me corromperia primeiro? Quem faria de mim, um humano ingênuo, se reduzir a nada além de uma casca sem fluído. Se tivesse consciência de tudo na época, teria escolhido Ane.

Para Neville, Ane era uma anciã, e ele a respeitava e odiava com igual ardor por sua sabedoria e frieza. Ela era a vampira mais antiga que a legião conhecia, era adorada e temida por cada um deles e fora ela mesma que treinara Neville quando ele se transformara. Quando Ane chegou a nossa cidade, um verdadeiro banquete lhe fora oferecido. Para nós, um surto de varíola tinha roubado a vida de jovens e mães. Mas foi a legião que os abatera, tudo para lhe dar boas vindas.

Não havia ninguém nesse mundo que não queria agrada-la.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Qualquer critica, comentário ou sugestão é muito bem vinda. Sinta-se livre para dar sua opinião!
Até logo!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Blood Stain" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.