Maison in Paris escrita por Leticia Vicce


Capítulo 4
Neve


Notas iniciais do capítulo

Oi amores, tudo bem como vocês?
Desculpem a demora, final de ano/ começo é bem corrido pra mim..
Espero que gostem desse capítulo e comentem ♥



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O dia amanheceu nublado em Paris, o tempo frio no entanto, fazia com que as pessoas da cidade ainda trajassem casacos grossos de alfaiataria, exceto pelas mulheres de classe alta, algumas mais modernas já se arriscavam a vestir as primeiras calças compridas.

Olhando através do vidro da Maison, Rosalie sorria observando uma jovem de talvez dezesseis anos lhe acenar da outra calçada, a jovem vestia uma calça da coleção passada que a estilista lançara, era simples, com bordados na altura dos tornozelos, fazia parte da coleção Inclusione como ela mesma denominara, uma palavra italiana que significa inclusão, ela dava os primeiros passos para a criação da moda acessível, como sempre quis.

—Rose? – Alice chamou-a pela terceira vez, ela sorria ao observar a amiga.

—Me desculpe Alice, estava admirando a vida.

—Você tem muito mesmo o que admirar Rose. – Alice disse olhando em direção a porta por onde um homem passava.

Imediatamente o olhar de Rosalie virou-se para o mesmo lugar, a loira sorriu largamente ao constatar que era Emmett quem entrava, vestido de um jeito diferente, como no dia que se conheceram, não como ela estava habituando-se a vê-lo nos últimos seis meses que se passaram, apenas de terno e gravata, como alguém de sua classe se veste. Mas Rose sempre soube que aquele não realmente seu Emmett, o homem por quem ela se apaixonara era aquele que a encarou no fim daquela tarde, um homem diferente, que não se importava em parecer rico ou fazer papel de garoto mimado, ele nunca fora assim.

Alice afastou-se sorrindo, ainda observava o casal quando adentrou o pequeno espaço que ambas transformaram em uma cozinha para pequenas e rápidas refeições, pois em alguns dias permaneciam horas dentro daquele lugar, apenas desenhando e confeccionando.

A jovem de cabelos negros, já começava a lançar seus próprios modelitos com a ajuda da amiga, esforçada como sempre fora, Alice fazia jus à confiança de Rosalie e estava sempre empenhada em dar o seu melhor, fosse estudando e acompanhando tendências mesmo em suas folgas ou simplesmente dando um ou outro palpite nos desenhos da loira. A garota notou quando Emmett e Rosalie saíram da Maison, o sino da porta tilintou alto, ela não se importou de fechar sozinha naquele dia, o expediente já estava no fim, na verdade, já havia acabado a muito tempo, a noite já havia caído. Ela gostava de ver Rosalie com Emmett, ele a fazia sorrir de maneira que nunca antes Alice havia visto, nem mesmo com Jasper, seu amado irmão, a jovem sorria daquela maneira.

Os croquis que ambas estudavam juntas estavam espalhados pela mesa de Rosalie, Alice subiu as escadas e os organizou de maneira minuciosa, andou alguns metros e alcançou o interruptor, apagando a luz fraca que iluminava o ambiente, desceu as escadas em seguida pegando o casaco grosso que havia deixado atrás do balcão da recepção. Estava distraída observando a faixada da loja quando deixou as chaves caírem no chão, abaixou-se para pegá-las, mas antes que as pudesse alcançar, mão grandes cobertas por luvas escuras as pegaram fazendo com que eu coração desses solavancos no peito.

—Acho que deixou cair. – A voz forte disse em tom ameno.

—Obrigada.- Alice sorriu com a mão ainda sobre o peito, demonstrando o nervosismo, mas tudo passou assim que ouviu aquela voz, era Jasper.

A garota tomou as chaves da mão de Jasper e com um giro trancou a porta de vidro da Maison, virou-se encarou Jasper nos olhos por um longo tempo, esta não era a primeira vez que ele supostamente aparecia àquelas horas na Maison, sempre encontrava uma desculpa como “Vim procurar a Rose” ou “ Avise a Rose que passaria aqui”, o que não passavam de grandes mentiras, já que ele procurava um pretexto ou outro sempre que podia para estar com Alice, afinal, a irmã lhe contava os pormenores sobre os dias que estaria com Emmett, ou os dias em que Alice estaria sozinha.

—Posso acompanha-la até sua casa?

—Claro que sim Jasper, se você não se importar de ir a pé, claro.

—Não mesmo. Mas se quiser podemos ir em meu carro.

—Não creio que seja uma boa ideia, o lugar em que moro fica entre becos e ruelas, carros dificilmente entram. Além do mais, é perigoso deixar um carro luxuoso como o seu à mercê daquelas pessoas estranhas.

—Não se importe com isso, um carro é apenas um carro, sua segurança é muito mais importante.

Alice revirou os olhos e sorriu para o rapaz, admirava-se sempre que mantinha uma conversa com ele, pois notava o quão justo e humilde ele era.

Ambos caminharam juntos e em silêncio por algum tempo, ouvia-se nas ruas frias apenas o som dos passos deles, o céu já não continha estrelas, e a brisa soprava fortemente, um sinal de que o inverno rigoroso francês começava a despontar. Os primeiros flocos de neve começaram a descer do céu, trazendo consigo um frio que  fez Alice arrepiar-se da cabeça aos pés, por um momento fazendo-a se arrepender de ter negado ir de carro de para casa, ou perto dela.

Sentindo o desconforto de Alice, prontamente, Jasper tirou as luvas e as estendeu, em seguida passou as mãos pelos ombros dela e a guiou rapidamente através das ruas parisienses. Jasper sabia de cor o caminho da casa de Alice, foram muitas as vezes que ele a acompanhou até sua casa, ambos conversavam por longos minutos enquanto caminhavam pelas ruas estreitas de um bairro de classe baixa em que a garota havia alugado um apartamento relativamente grande por um preço acessível.

Os jovens aceleraram ainda mais os passos quando uma tempestade foi anunciada por trovões e raios que clareavam os céus, a neve que antes caí em pequenos flocos, misturou-se com o vento, caindo furiosamente, a ventania forte fazia com que os cabelos de Alice chicoteassem contra seu rosto de fada. A jovem mulher deu graças quando alcançou a porta que dava acesso as escadas que levavam ao seu apartamento, abriu-a rapidamente e puxou Jasper pela mão antes que o mesmo pudesse reclamar de algo, afinal, ele era um homem muito honesto e correto, sempre tratara Alice com muito respeito e entrar na casa de uma dama solteira àquelas horas da noite não lhe pareceria certo.

—Alice, o que está fazendo? - Ele disse contrariado enquanto ela ainda o arrastava escada a cima.

—Levando você para minha casa antes que decida enfrentar uma tempestade de neve a pé e sozinho.

—Não é certo.. – ele ponderou.

Alice virou-se para ele no meio das escadas, encarou-o no fundo dos olhos azuis e sorriu docemente, passou as mãos ainda cobertas pelas luvas grandes que lhe sobravam nos dedos e acariciou o rosto do rapaz.

—Shiii, não precisa ficar assim Jazz, está tudo bem. Se tem algo que você deveria aprender com sua irmã, é que todos nascem para serem livres e tomarem as decisões que quiserem.

Quando terminou esta frase, era nítido que algo estava acontecendo entre eles. Os olhares não se desviaram por um segundo sequer. Jasper estava nutrindo sentimentos por Alice havia muito tempo, isto era óbvio para qualquer ser humano que convivesse com eles, o modo como se olhavam ou sorriam dizia mais que tudo. Mas pudica como Alice era, ela nunca havia tido coragem para tomar uma atitude ao notar que ele a correspondia, mas não tinha coragem de lhe dizer ou demonstrar, nessas horas queria ser mais como Rosalie, queria ser corajosa e poder lhe beijar, lhe contar sobre seus sentimentos.

Jasper abriu e fechou a boca várias vezes, não sabia se deveria dizer o que estava prestes a dizer. Pensou na conversa que havia tido com a irmã naquele mesmo dia, pensou em como ela lhe achava um bobo por não dizer a Alice o que ensaiava na frente do espelho como um adolescente apaixonado. Quando Rosalie o flagrou fazendo aquilo, se retorceu de tanto rir, o que deixou o irmão extremamente envergonhado, mas quando o ataque passou e depois dos dois se engalfinharem no chão fazendo cócegas um no outro, Rose lhe deu conselhos valiosos sobre o amor e sobre a vida, o fazendo repensar sobre que rumo tomar.

Sem mais delongas, ele acariciou os cabelos de Alice, estavam soltos e molhados por causa da neve, sorriu quando a viu fechar os olhos e suspirar, foi o sinal que ele precisava para prosseguir com o que tanto queria, tomou-a em um beijo lento, cheio de carinho e ternura, queria demonstrar a ela toda sua devoção e respeito, queria que ela sentisse o amor que abrigava há tanto tempo em seu peito.

—____________________________________________________

 

No outro lado da cidade, Rosalie e Emmett estavam em um agitado bar de jazz, o mesmo em que haviam ido meses antes. Cercados por homens e mulheres de todos os estilos, os dois sorriam e gargalhavam de tudo que era dito, estavam altos pelo álcool que já haviam consumido, fumavam como nunca haviam fumado antes, de tempos em tempos trocavam olhares insunuantes, o que não passava despercebido por ninguém na mesa. Com o passar das horas se podia notar que além de Emmet, outros homens também observavam Rosalie, mas não com a adoração que ele mantinha por ela, um desses homens era um rosto notório na sociedade, banqueiro rico dos Estados Unidos, herdeiro de uma das maiores fortunas da história, Royce King II era seu nome, estava em uma mesa só de homens no centro do lugar.

Com um estalo, as luzes do lugar se apagaram, fruto da tempestade que caí do lado de fora, um poste havia caído próximo ao local, interrompendo o fluxo de energia e fazendo com que o lugar caísse num breu total. Emmett tomou instintivamente, a mão de Rosalie entre as suas, jogou algumas notas em cima da mesa redonda e anunciou aos amigos que estavam indo embora. Royce que ouvia tudo atentamente, levantou-se silenciosamente do lugar em que estava e tentou seguir em direção  porta de saída por onde imaginou que ambos sairiam.

Emmett puxava uma Rosalie trôpega até a porta, quando a alcançou, retirou o isqueiro do bolso e procurou pelo lugar onde havia deixado seu carro estacionado, rapidamente o avistou, mas antes que pudesse prosseguir, sentiu uma mão lhe tocar o ombro, imediatamente passou Rose para trás de seu corpo e virou o isqueiro na direção do rosto de quem pudesse ter lhe chamado a atenção.

—Posso ajudar?- Ele perguntou ríspido quando notou que era Royce, o homem que não tirava os lhos de sua Rosalie a noite toda.

—Se me permite dizer, acho que não deveria dirigir neste estado de embriaguez em que se encontra.- Ele disse com certo cinismo na voz, era mais do que claro que ele a queria.

—Estou bem, e garanto que posso leva-la para casa em perfeitas condições.- Emmett respondeu estufando o peito na tentativa de intimidar Royce, o que não funcionou.

—Emm, quero ir embora, estou... cansada. – Rosalie pediu enquanto um bocejo interrompia a frase.

—Vamos.- Ele disse a pegando no colo e deixando Royce com seu olhar superior para trás.

Mesmo estando aliviado por saírem de perto daquele homem, Emmett não pôde conter a raiva que se apoderou de si ao rever as imagens dos olhares cobiçosos dele em direção a Rosalie durante a noite. Enquanto andava na neve rapidamente com a garota adormecida em seus braços, ele sorriu ao vê-la dormindo tranquilamente, quando chegou ao veículo, colocou-a deitada no banco traseiro e dirigiu sem saber ao certo para onde ir, não sabia se deveria leva-la para casa dela que ficava relativamente longe do bar, tinha medo que o carro não aguentasse passar pela tempestade, então dirigiu rumo a sua casa com visibilidade quase nula, nem o limpador de para-brisas era capaz de retirar a neve que caía ferozmente.

Ele dirigiu por poucos minutos, a velocidade era bem reduzida, pensava primeiramente na segurança da mulher que estava consigo, e foi assim que ele avistou em meio ao branco que caia do céu os portões negros da casa dos Cullen. Emmett correu até eles e os abriu ruidosamente, entrou com o carro sem ter o cuidado de coloca-lo na garagem como sempre fazia todos os dias.

—Rose, vamos, acorde.- Ele chacoalhou o ombro da garota assim que parou desajeitadamente em frente ao pequeno lance de escadas que dava acesso a sua casa.

Rosalie apenas choramingou um pouco e se remexeu no banco, Emmett suspirou e revirou os olhos vendo como ela parecia uma criança mimada fazendo birra para não acordar, talvez a culpa fosse dos inúmeros drinks que tomara durante a noite, ou talvez fosse apenas ela fazendo manha. Velozmente ele saiu do carro e a pegou nos braços retirando-a do banco do carro e correndo em direção a porta, abriu-a com um baque surdo a fechando logo em seguida. Não foi surpresa quando ele viu seu irmão sentado na sala, estava lendo um livro grosso já com roupas de dormir.

—O que aconteceu?- o mais novo perguntou com uma sobrancelha arqueada.

Emmett fez sinal para que o irmão ficasse em silêncio e subiu as escadas da mansão com a jovem ainda adormecida em seus braços, quando chegou em seu quarto, depositou-a sobre a cama espaçosa, retirou os sapatos, o cinto e soltou o rabo de cavalo que prendia os cabelos loiras dela, por um segundo a admirou enquanto dormia tranquilamente, sorriu retirando uma mecha de cabelo que caiu no rosto da jovem.


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Notas finais do capítulo

Comentem sobre o que acharam..
Logo tem mais, que é a conclusão/ final desse capítulo ♥



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