Ladrões de Coroas Interativa escrita por Safira Lúmen


Capítulo 8
Gregori Belden


Notas iniciais do capítulo

Oi meus leitores, eu realmente demorei dessa vez, mas eu acho que falei com alguns de vocês, aconteceu umas coisas aqui que me deixaram abalada e eu não consegui escrever. Espero que entendam e me perdoem. Tenho algumas considerações a fazer primeiramente:

Consideração 1: Obrigada a todos que continuam acompanhando a historia e sempre comentam, criticam e aconselha. Eu aprendo muito com vocês. Aliás obrigado por se preocuparem comigo, em especial a Delilah que me mandou uma mensagem super fofa.

Consideração 2: Esse capitulo não é de apresentação. Por mais que seja focado na Fanny e no Gregori, se o seu personagem não recebeu ainda um capitulo solo isso virá com o tempo eu prometo que não esquecerei de vocês, mas acho que todos apareceram já nos próximos três capítulos.

Qualquer duvida tirem comigo, acho que vão amar essa nova forma da historia, chega de solo por um tempo é hora de tudo se interligar.

Obs. Obrigado Babs por aquele mapa lindo, logo postarei no grupo, vocês vão amar o mapa que ela fez, ficou lindo ♥



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20/02/788 d.i

«Vila Boa/ norte»



Fanny/Vampira

O local onde a mulher de cabelos castanhos adentrou cheirava a álcool e estava repleto de camponeses,  tudo corria conforme o esperado, o estabelecimento era razoável, tinha espaço para se locomover e tocava uma boa musica além de ter as mais variadas bebidas.  A porta era de uma madeira antiga e tinha varias riscas a embelezando, as mesas seguiam a mesma forma assim como o balcão.

Fanny vestia um casaco grosso de pele de lobo. Sem chamar  atenção para si trilhou o percurso até o balcão. Ela tinha os traços comuns e evitava encarar as pessoa. Tentava ser agradável e sempre tinha um semblante alegre.  

— Esta é a taberna do Draconi? — Fanny especulou quando chegou até o balcão.

— Exatamente, e este minha cara, é o fantástico, maravilhoso, descontraído, inspirador contador de história, dono dessa joça, Draconi. — Um dos fregueses mais antigos de Gregori o apresentou para a mulher. O homem tinha aparência amistosa. Ela se aproximou exibindo um leve sorriso mesmo de lábios fechados, depois de o avaliar Fanny estendeu as mãos e o cumprimentou.   — E ele não fica bêbado, sabia?

A mulher meneou com a cabeça olhando pela primeira vez para o homem por trás do balcão que parecia envergonhado pela forma como havia sido apresentado. Ele tinha os cabelos longos, o nariz se destacava de uma forma diferente, a vampira não soube dizer se era daquela forma naturalmente ou se havia sido quebrado.

— Seu amigo sabe fazer uma boa propaganda. — Ela dirigiu a palavra a Gregori que concordou segurando dois recipientes na mão.   

— Ele só faz isso porque quer beber de graça. — O dono respondeu com o ombro relaxado. Fanny percebeu a forma como ele se portava, parecia estar confortável, mas era observador e sua aparência mesmo desleixada não era de um simples dono de taberna, ela sabia reconhecer um lutador.   — Vinho ou cerveja?

— Hoje ficarei com a sidra, contador de histórias. — A mulher mostrou um barriu no canto escrito o nome da bebida que ela desejava.

— Então reparou em contador de histórias? — Ele comentou indo buscar o pedido, enquanto Gregori virou as costas e dirigiu até o barriu ela notou o andar levemente manco, como se algo gelado encostasse em seu pé o fazendo retrair. Havia hematomas pelo corpo mesmo sendo escondidos por uma camada de produto, ela reconhecia aquele remédio para curar machucados e esconder cicatrizes o recomendara para muitos de outras espécies.

— Talvez mais tarde possa me contar algumas histórias. —   Fanny saiu antes que ele pudesse responder. Ela encontrou uma mesa mais ao canto. Depois de se acomodar retirou da bolsa  uma vela, papel e tinta, escreveria o mais rápido que conseguisse, tudo dependia dela e daquela maldita carta.

Ela não lembrou de manter um olhar no dono do estabelecimento, mesmo reconhecendo o perigo que ele representava, ela precisava fazer aquilo antes que os ladrões chegassem, precisava instruir Willian por aquele maldito papel.

E estar próximo a Gregori era crucial para o decorrer do plano.

{...}

Gregori/ Humano

O norte não era o local ideal para ser um vampiro, local nenhum na verdade, mas o mercenário, que por um acaso sustentava  a taberna como fachada não se importava com a espécie dos bebedores de sangue.   Ele não tinha preconceito com nenhum deles desde que seu sangue continuasse circulando.

Ele sabia o que ela era quando passou por aquela porta. Ele compreendeu o porquê de sorrir com os lábios fechados e entendeu como ela evitava abrir a boca para falar, pessoas comuns não teria notado a forma como ela se limitava a mexer os lábios, mas ele sabia a necessidade que Fanny tinha em esconder as presas.  

Gregori a olhou com cuidado, o cabelo castanho emoldurava o rosto, os olhos âmbar pareciam perdidos e as mãos tremulas não paravam de escrever. Ele temia as palavras naquele papel, a taberna não era o lugar de uma mulher escrever, o barulho, o cheiro, o desconforto, provavelmente ela precisava se esconder e aquele seria o último local que a procurariam.      

O dono do estabelecimento a deixou a sós no canto, suas intuições o mandava se aproximar, extrair informações, mas não queria chamar atenção para si, ele estava sobe o disfarce de balconista e não deveria parecer suspeito.  Por esse motivo continuou servindo bebidas, conversando e limpando o vomito dos embriagados. 

Com o decorrer das horas os fregueses foram diminuindo, os que continuavam a beber eram todos conhecidos de Gregori e trabalhavam para a fazenda próxima ao estabelecimento, os vagões do trem estavam sendo abastecidos de cereais para serem enviados para os outros reinos menores, o que rendia em muitos funcionários empregados.

As vezes o balconista e dono da taberna se imaginava levando aquela vida, indo ao mercado todas as manhãs, contando histórias a noite e sorrindo enquanto via os conhecidos desmaiarem nas mesas de tanto álcool, mas era uma farsa, toda aquela vida era uma fachada. Ele precisava se vingar, tomar o que era seu por direito, nem que isso custasse sua vida.

Ser o dono de uma taberna era legal, mas não o preenchia, se esquecesse a vingança e continuasse trabalhando ali com certeza seria infeliz. E se levasse o trabalho de mercenário pelo resto da vida  seria preenchido pela escuridão, por meias verdades e por segredos que deveriam ser enterrados. Ele não queria nenhum dos dois, precisava se vingar, tomar o que era seu por direito e encontrar o seu lugar no mundo.

Esse pensamento em especifico o fazia se lembrar da infância, das conversas que tinha com o pai durante as corridas, de como era bom viver no Campo das Flores.   

A velocidade em que o pai juntamente com o filho corriam não eram de um humano qualquer. Eles acompanhavam os pássaros como se a qualquer momento o chão fosse se dissolver e eles fossem voar.

Ambos estavam sem camisas revelando uma marca arredondada no peito direito, a marca formava uma coroa em volta de linhas desformes como se algo estivesse derramando, se fosse um desenho em um papel com cores poderia se jurar que era uma coroa ensanguentada, mas sobre a pele era difícil afirmar ao certo.

— Pai porque a mamãe não tem essa marca? — O pequeno Gregori especulou desviando o olhar do peito do pai para encara-lo.

—Porque ela tem a sorte de não pertencer a linhagem dos ladrões de coroa. — O homem disse olhando com ternura para o filho. — Infelizmente você não pode dizer o mesmo.

Os dois estavam a caminho de casa, o terreno se estendia deslumbrante por toda a parte, a grama era de um verde brilhoso e as rosas, tulipas, lírios se destacavam em meio as arvores. Era o local mais lindo de todo aquele império.

— Pai porque saiu dos ladrões de coroa? — Gregori mais uma vez adentrou no assunto que o pai persistentemente evitava.  Ele não queria ter que explicar para o filho o seu passado, não queria que aquele garoto fosse exposto a tanta maldade, mas também não o devia deixar na ignorância. 

— Dentro dos ladrões Gregori existe uma única forma de fazer as coisas e essa forma é a vontade de um homem ambicioso e assombrado por um passado terrível que não aprendeu a lidar. Esse homem que falamos se chama Mizael, decore o nome, deve odiá-lo.

— Decorarei meu pai, prometo. — O garoto diminuiu o ritmo levantando a mão em forma de promessa. 

—Mizael tem um grande número de seguidores cujo o propósito é destruir tudo com que nos importamos. E eu achava certo essa destruição, roubávamos símbolos, heranças, bandeiras. Tudo para mostrar o quanto o império era frágil. O ideal da comunidade era libertar o mundo do simbolismo exacerbado, queríamos que   não existisse classes sociais ou territórios, todos poderiam ser livres de tudo, mas a comunidade se corrompeu. Mizael se tornou ambicioso e começou a desejar uma coroa.  

— Mas o ideal de liberdade era tão lindo. — A criança lamentou.

— Uns anos antes de eu conhecer sua mãe ouve um caso, um feérico muito poderoso desertou, ele foi o primeiro. Isso me fez perceber que havia uma saída Gregori, esse feérico provou que podíamos nos arrepender das escolhas que fizemos, eu poderia encontrar meu lugar no mundo. Lutaria pela liberdade eu mesmo, sem uma comunidade para ditar as ordens, afinal, é muito contraditório querer destruir a dinastia de um império quando na verdade a comunidade é completamente autoritarista.  

— Mamãe também pensava assim? — A criança perguntou surpreendendo o pai. O antigo ladrão achava o filho surpreendente sábio nas perguntas que fazia, talvez este talento poderia ser aperfeiçoado para outras áreas.  

O pai apontou para a sombra de uma arvore onde logo se sentaram, estava fresco, as flores plantadas naquele lugar eram deslumbrante, principalmente por simbolizar uma vida.  O antigo ladrão apreciou aquela paisagem, deitou o filho no colo e fez carinho enquanto contava outra parte de seu passado.

— Sua mãe ajudava Mizael, mesmo sem saber.  Ela era a única no palácio que ele interagia fazendo os empregados acharem que ela apenas tinha um amigo imaginário. A verdade é que Mizael tem domínio sobre o espaço tempo Gregori, não sei como, mas tem. Ele pode se transportar a qualquer lugar conhecido  e te levar em cenas que ele presenciou.

— O que ele queria com a mamãe?

— Um amuleto, antigamente ele era obcecado por uma coroa, mas depois de séculos a procurando ele finalmente aceitou o fato de que a coroa era uma lenda e que Ellyana jamais havia encomendado aos feéricos que a forjasse, então incutiu com amuletos.

— O que o amuleto fazia? — A criança especulou.

— Não sei, mas ele pertencia a sua mãe, Mizael ordenou que ela o entregasse a ele, mas Amélia recusou-se, então ele ordenou que eu a sequestrasse junto com o amuleto. Só que sua mãe era tão determinada, ela tinha um brilho selvagem que nenhuma aula de etiqueta conseguia esconder. Não consegui Gregori. Ela era igual a mim, não concordava com as regras, queria ser livre da formalidade e lutava por isso.

— Você se apaixonou papai, igual nas histórias?   

— Sim, acabei me tornando o amante de Amélia, ela estava perdida Gregori, não tinha um lugar ali, era como eu. Mesmo sendo a princesa herdeira de todo o império, posição desejada por muitos ela não se sentia cheia, feliz. Nós éramos perfeitos um para o outro e Mizael queria o amuleto, precisávamos fulgir para encontrar nossos lugar no mundo e esconder a droga do amuleto.

— Então fulgiram e encontraram o lugar de vocês no mundo! — A criança afirmou olhando para o olho do pai que parecia tão feliz. — Qual é o meu lugar no mundo papai?

O pai pensou por um instante. Os dedos percorriam os fios macios de cabelo enquanto a criança se deliciava no carinho paterno.

— O seu lugar é conosco meu filho. — Uma mulher respondeu surpreendendo ambos. — Agora vão já para casa tomar banho que logo anoitecerá e não quero vocês dois jantando tarde.

— Sim senhora mamãe. — Gregori respondeu beijando o rosto da mãe e correndo na frente a caminho de casa enquanto a Amélia conversava com o marido.

Gregori sabia que seu coração estava com a família assim como Amélia havia dito tantos anos antes. Pena que a família era agora apenas memorias deixadas para trás.   Eles haviam sido mortos pelos ladrões e por mercenários da coroa que tentavam destruir qualquer vestígio de traição por parte de Amélia e no caso dos ladrões para recuperarem o amuleto. Deixando o pequeno Gregori com coração mergulhado em um liquido escuro de raiva e luto, ele não sentia lugar para si no mundo, mas precisava se vingar, precisava fazer a morte dos pais valerem a pena. 

Para executar a vingança precisaria porém de aliados e aquela vampira poderia ter informações, como tantos outros de sua espécie. Gregori havia se transformado em  rocha inquebrável, a dor o fez mais forte, ele tinha apreendido a trabalhar na calada da noite realizar serviços lucrativos e manter duas identidades distintas que o protegia do perigo.

Tomando uma dose de vinho ele caminhou desconcertado até a vampira enquanto alguns fregueses cochichavam coisas como “é isso ai draconi”, “Finalmente vai ter companhia a noite” , mas ele os ignorou. A vampira estava em uma mesa afastada. Era hora de encenar.

— Meu amigo mandou vim falar com você. — Gregori mentiu quando colocou sobre a mesa onde Fanny se acomodava um caneco com cerveja. — Ele disse que somos alma gemia.

— Eu não acho que seja minha metade Draconi. — Fanny foi sincera na resposta enquanto imaginava o amado Ariel no sul com um amuleto tão poderoso quanto o que ela protegia. — Mas te achei corajoso e ousado, por isso devo ser verdadeira com você.

— Adoro verdades. — Ele respondeu piscando para alguns clientes que  olhavam furtivamente para a mesa onde estavam. Tudo parecia apenas um flerte, mas Gregori estava jogando, queria saber o porquê tinha uma vampira em seu estabelecimento e se havia  alguma forma de lucrar com isso, queria ainda informação.  

— Você é diferente, não bonito, não que seja feio é claro, mas não é isso que quero dizer. — Ela fez uma pausa voltando a olhar para o homem de rosto angular que sorria como um predador diante da presa. — Mas eu e você sabemos que esse não é você.

Gregori arqueou as sobrancelhas, ele não se abalava facilmente e seu disfarce era infalível. Porém uma sensação de atenção e receio o tocou no fundo da mente, parecia haver algum extinto pedindo para ele ser mais sensato e tomar cuidado com as palavras.    

— E quem eu sou? — A pergunta não saiu defensiva, apenas palavras no ar, ele realmente sabia manter o disfarce. Os ombros relaxados e corpo recostado na cadeira escondia sua agilidade, ele estava pronto para arrancar a faca do sinto e a decapitar se fosse necessário.    

— Você é poderoso, demônio do norte ou mercenário negro? — Ela fez da pergunta uma ameaça. — Ambos são a mesma coisa não é mesmo Gregori ou Draconi? Tantos nomes para uma única pessoa como devo te chamar? Príncipe ou ladrão?

— Não viu nem a metade dos meus nomes. — Ele colocou a mão áspera sobre a da vampira como se o flerte estivesse funcionando, os fregueses deram uns risinhos abafados torcendo para o sucesso amoroso de Gregori. — Mas eu posso conta-los a você antes de te matar, o sangue de vampiro vale tanto, e você parece estar implorando para morrer.

Por mais frio e calculista que Gregori agiu o medo dentro de si era gigantesco, quem era aquela mulher para saber de seu pais, ninguém sabia. Como ela poderia.

— Sua clientela dois deve apreciar o meu sangue, dizem que as propriedades curandeiras são incríveis, acredito, mas tenho um trabalho para a você.   — Ela escreveu uma quantidade absurda em Ents no pedaço de papel, o valor foi tão exorbitante que Gregori não conseguiu esconder a surpresa. — E ele vale muito mais do que o meu sangue ou seu orgulho demônio do norte.

— Não negocio aqui, deve fazer o pedido na árvore mais alta da floresta, próximo a montanha do senhor, fica na divisa de Vila Boa. — Gregori respondeu já cogitando a forma como mataria Fanny, ele não deveria deixar ninguém que sabia de seus segredos sobreviver. Mas antes de matá-la precisaria descobrir as intenções da vampira.

— Não tenho tempo para ir em uma floresta ridícula negociar com um homem que usa as roupas do pai e se intitula de demônio do norte, eu estou sendo perseguida e falar com você já é um risco, mas como disse preciso de seus serviços Gregori.

— Como sabe tanto sobre mim? — O mercenário perguntou.

— Os vampiros sabem de tudo, somos criaturas da noite, nada fica oculto a nós, humano.   — Ela desdenhou terminando de assinar a carta e a selando.  

— O que eu preciso fazer? — O mercenário perguntou indignado por ter sido descoberto, nunca em toda sua vida de trabalho havia sido achado, ninguém sabia quem era, mas Fanny provou que ele estava vulnerável. Se ela sabia que ele era o demônio do norte então significava que sua identidade  podia ter sido defasada. Mas ele não podia negar que a quantia em dinheiro lhe despertava interesse.

— Precisa entregar uma carta selada juntamente com um amuleto a Willian Bloodstone. — Fanny disse sem cerimônias.  —Isso deve chegar unicamente a ele, o seu pagamento será efetuado metade agora e o resto após o termino da entrega.

— E se esse tal de Willian Bloodstone se recursar a me passar o resto do dinheiro? — Questionou já pensando em como faria o serviço, o valor proposto era o suficiente para solucionar os seus problemas. Conseguiria comprar um bom número de homens caso não adquirisse aliados.   E obviamente assassinaria Fanny assim que ela saísse do estabelecimento, ele precisava da distinção e vampiros não eram inocentes.

— Ele pagará, se não  o mate. — Ela respondeu simplesmente.  — A carta é essa.

Gregori pegou o papel em que a vampira havia se dedicado arduamente a escrever durante o tempo em que estava ali. Junto a carta tinha uma localização.

— Só uma coisa, o amuleto é igual a este e está nesse lugar descrito no papel. — Ela mostrou uma réplica que pendia em seu pescoço, o pingente era de madeira e tinha desenhado uma gema escura como a noite noturna, em uma das extremidade havia um brilho e pigmentos roxos prateados como se as estrelas estivessem sido atraídas pela gema. — A propósito, o amuleto vai te enfraquecer. Tente não tocar nele e seja rápido na entrega, ele lhe causará fome, sede, frio, calor, moleza, sono, desanimo... Os efeitos são catastróficos, evite encostar nele é minha maior recomendação.        

— E se for uma armadilha? — Gregori se aproximou do rosto da mulher a fazendo ver cada fina cicatriz em sua face. — Você sabe muito a meus respeito, porque deveria eu confiar em você, vampira?

— Não deve confiar em mim, preciso de seus serviços mercenário e você precisa do meu dinheiro se quer retomar o seu lugar de direito, confiança não está sendo negociado aqui.

— Do que está falando? — Ele serrou os punhos tentando parecer pacifico para não assustar a freguesia, mas  a forma como ela o olhava, o jeito decidido de Fanny o fazia querer decapita-la, ela parecia saber de mais. Ele não poderia deixar uma ponta solta, ela tinha que morrer e ele a mataria, só precisava antes pegar o dinheiro e o amuleto, afinal, precisava de ambos.

— Não é obvio Gregori.  — Fanny disse. — Falo de seu desejo pelo trono, os vampiros tem te observado, eu disse, sabemos de tudo.

— Mais uma palavra e mato você. — Gregori falou por entre os dentes.

— Eu já estou morta Gregori. —Fanny se levantou da cadeira, se aproximou do ouvido do mercenário e sussurrou. — A metade do dinheiro está junto como o amuleto. 

{...}

Fanny/  Vampira

Após sair do estabelecimento Fanny deixou as lagrimas escorrerem pela face enquanto corria na velocidade que sua capacidade física permitia. Ela sentia o peso da morte se aproximando, a dor de estar sentenciada era terrível. Os ladrões já deviam estar perto, eles queriam o amuleto e ela tinha a réplica exata no pescoço.

Ela morreria para proteger o mundo de Mizael, morreria lutando por uma réplica que não havia poder algum, tundo para que os ladrões fossem enganados.  O peso da morte a deixava amargurada, todos esses anos os vampiros eram desprezados sendo que foram os únicos a lutarem de verdade, os únicos a esconderem parte da arma que nas mãos erradas poderia destruir a todos.

Gregori podia pensar que aquele amuleto era apenas mais uma “coisa enfeitiçada” que ele precisava passar para frente, nunca saberia que teve por um instante  uma das joias da coroa nas mãos, a joia retirada do meteoro no norte, aquela gema afetava a matéria. Fanny queria poder ter contado que aquele amuleto havia pertencido a princesa Amélia Montenegro, mãe de Gregori, a mulher que conhecia Mizael, que fulgiu com um ladrão de coroa, a mulher que protegeu o filho e garantiu sua proteção através dos vampiros, mesmo não sabendo do que a aguardava.

Fanny era velha, estava na batalha do cerco, se lembrava do dia em que os exército cercaram os vampiros.  Do dia em que os gigantes os ajudaram a derrotar todo aquele exército idiota que queria recuperar a coroa.  Mizaque e Miçandra eram os comandantes do exército de Parlak e Mizael os seguia, lembrava do jeito que Mizaque morreu, era jovem e inocente, mal sabia o que estava fazendo. Miçandra foi esperta, fulgiu e conseguiu manter a ordem no reino. Mizael irmão de Mizaque e de Miçandra, por outro lado se tornou prisioneiro dos vampiros.

Eles poderiam ter acabado com aquilo ali mesmo, mas Mizael era tão curioso e gentil mesmo sendo torturado, os vampiros apegaram-se ao  prisioneiro, contaram para ele o que era a coroa e porque a roubaram de Ellyana, a rainha. Disseram que a peça havia sido criada para armazenar o poder de todas as espécies e sincronizar corpo, alma e espirito. Os vampiros a roubaram para a destruir. Mas constataram que não era possível.

Mizael só sabia dessa parte da história quando conseguiu fulgir dos vampiros com apoios de alguns traidores do baixo escalão que não tinha informações sobre assuntos sérios.  Por sorte o fundador dos ladrões pensava que a coroa estava inteira, até décadas atrás quando encontrou o primeiro amuleto, o que guardava a joia do sul.

Depois disso ele começou a detectar os amuletos que continham as joias. Os vampiros não conseguiram entender como os feéricos haviam forjado aquela peça de poder singular, mas com ajuda de outros eles separaram as joias da armação.

Cada joia foi escondida dentro de um amuleto e guardada em cada reino respectivo ao poder da mesma. O paradeiro da armação por sua vez era desconhecido ela simplesmente sumiu.  Mas essas coisas haviam acontecido a muito tempo atrás, a joia do sul agora pertencia a Mizael, a do reino elementar estava nas mãos de Ariel, e a do norte logo estaria com Gregori para repassa-la a Willian.

A vampira encontrou um lago, se sentou no barranco e colocou os pés na água enquanto chorava. O cabelo grudava na face. Ela havia conhecido tantas pessoas, havia apreendido a amar, não matava, ela nem gostava do sangue dos humanos, preferia os de cervos, lobos e ovelhas. Enquanto balançava o pé na água perdeu a noção de tempo. Talvez houvesse passado horas  quando um galho estralou atrás de si.

— Quero respostas. — Gregori disse. — E não adianta fulgir ou descobrirá porque me chamo demônio do norte.

O homem que se passava por dono de uma taberna vestia uma roupa toda preta de couro e pele, o rosto estava envolto da escuridão e o cabelo levemente preso para não cair no olho tinha um caimento invejável. A lamina da adaga curta refletia a luz do luar.

— Gosta de contemplar seus inimigos morrendo de perto Gregori. — Fanny falou mais melancólica do que pretendia, a voz estava rouca como resultado de tanto choro.

— Para ser sincero, sim. — Ele respondeu se aproximando da vampira. — mas não vamos falar de mim.  

Ele arremessou uma estaca contra o braço da mulher antes que ela pudesse notar. Mas Fanny não resmungou.

— Pergunte o que quiser, mas seja rápido, eles não podem saber que você existe.

— Como sabe tanto sobre mim, qual foi o meu erro? — O mercenário se expressou de forma fria segurando uma nova estaca em forma de ameaça, ele não sentia prazer em torturar ninguém, mas sabia que naquele caso provavelmente seria necessário.

Fanny balançou os pés na água e sorriu.

— Não cometeu nenhum erro, sua mãe fez uma aliança conosco. — Fanny disse simplesmente. — Amélia sabia que os ladrões estavam atrás deles, por isso pediu que cuidássemos de você e em troca ela nos forneceria o amuleto que Mizael queria.

— Porque ele queria o amuleto? Meu pai já havia tocado no assunto quando eu era criança mas ele não sabia a intenção de Mizael.

— Nós também não sabemos, mas se o líder dos ladrões o quer boa coisa não faz. — Fanny mentiu, ela não poderia contar para Gregori que aquilo fazia parte da coroa, se o mercenário soubesse jamais entregaria  para Willian e o vampiro era o únicos ser  que poderia ficar com o amuleto, pois ele não seria rastreado pelos ladrões por estar com sangue de anjo no organismo, mas Ariel o encontraria, afinal foi Ariel que o transformou e ambos tinham uma ligação de criador e criação.

— Como minha mãe confiou em vampiros? — Gregori não fez a pergunta com desprezo pela raça, ele apenas queria entender o que passava na mente da mãe, ele sabia desde a infância que sua vida seria atormentada, deveriam fulgir, pois sempre seriam perseguidos, mas porque fazer uma aliança com vampiros.

— Nós vampiros tentamos ao máximo não prometer nada, pois uma vez prometido considere cumprido. — Fanny se arrependeu no mesmo instante por dar essa informação para um mercenário que a poderia vender.   — Se prometemos não podemos descumprir Gregori, e um grande numero de vampiro prometeu te manter a salvo  dos ladrões em troca do amuleto.

— Quer dizer que eu tenho guarda costas? — Ele pareceu histérico com a nova descoberta, mas ainda tinha suas duvidas com relação a Fanny.

— Precisa ir embora os capangas de Mizael estão se aproximando, posso sentir o cheiro, se eles sentirem sua presença através da marca o considerará um desertor e lhe mataram.

Gregori olhou intrigado, mas uma quentura começou a formigar contra a marca da coroa ensanguentada em sua pele. Fanny pareceu ordenar com os olhos para que ele fosse embora o mais rápido possível.

— Entregue a carta e o amuleto para o Willian Bloodstone. — Ela ordenou antes de Gregori correr rápido  e se perder na vegetação para não ser detectado.

A vampira perdeu o cheiro do mercenário um pouco antes dos ladrões a encontrarem, todos estavam vestidos da mesma forma que Gregori, pois a roupa que o mercenário usava era o uniforme dos ladrões que o pai dele por um acaso havia mantido intacto. Fanny entendia o motivo de se apegar ao uniforme principalmente quando era a única forma de lembrar do passado, mas ela odiava a comparação com a comunidade.

Mizael havia enviado atrás do amuleto mais de dez capangas, entre eles dois eram anãos, uma fada, um feérico, uma  mago invocadora, e outro que ela não sabia descrever ou identificar.

— Cadê o amuleto? — A fada perguntou com seriedade. — Você deixou o senhor supremo muito aborrecido.

— Dê uma poção ante estresse para ele, pode resolver. — Fanny debochou tentando desfrutar ao máximo daquela situação antes de morrer.

Um dos seres que ela não conseguiu identificar deu um passo a frente estendendo a mão esquerda. A Vampira sentiu uma força esmagando os seus órgãos, uma repentina falta de ar a atingiu juntamente com uma crise de tosse.

— Cadê o amuleto? — Ele perguntou.

— Se continuar machucando a coleguinha eu vou avisar o senhor dos anjos para não te dar presente de aniversario bebe. — A vampira debochou antes da força pesar mais e ela cuspir sangue. A pressão dentro de si era tão imensa que ela parecia preste a explodir

Um dos anãos sorriu enquanto fazia uns gestos com as mãos como se chamasse algo. A vampira sentiu a replica do amuleto em seu pescoço balançar, os ladrões logo perceberam que o anão havia encontrado o amuleto.

Para  ser realista e os convencer de que aquele era realmente o amuleto ela avançou contra o grupo fingindo proteger o objeto. Fanny sabia que havia acabado de assinar a sentença de morte.

A bruxa invocou uma criatura horrenda com escamas e garras, era um monstro do tamanho da vampira, mas muito mais ameaçador. Os ladrões saíram em sequencia deixando Fanny com aquele ser horrendo que não passava de magia negra.

A vampira sorriu, eles a subestimaram. Ela conseguiria lutar com aquela besta, continuariam viva e ainda teria o amuleto seguro, além de poder voltar para Ariel. Fanny projetou as presas e avançou contra  a invocação da bruxa.

Mas tudo se desfez, ela não percebeu quando atravessou a longa espada, o sangue escorreu de suas entranhas caindo na terra. Tudo que ela viu não passou de uma ilusão de ótica feita pela bruxa maligna enquanto um dos metamorfos segurava a espada.

Os ladrões ainda estavam ali e sorriam enquanto ela morria. Uma única lagrima escorreu de seus olhos antes de perderem o brilho, ela imaginou uma ultima vez o rosto iluminado de Ariel sobre a luz de velas, como o marido reagiria ao descobrir que ela não estaria ao lado dele pela eternidade. Fanny desejo poder beija-lo uma ultima vez, mas estava feliz em morrer pelo bem do império por mais que ninguém jamais reconhecesse isso.

{...}

Enquanto isso... Três ilhas/ Oeste

Helena Jazmin Deveroux

A pirata caminhava atordoada pelo escritório em terra firme localizado em seu bordel na ilha central das três ilhas. O som de uma musica marcante tocava ao fundo distante de seus ouvidos. Ela preferia ficar longe das garotas e dos fregueses quando precisava se concentrar em uma estratégia.

— Você continua evitando corujas certo? — Helena perguntou para o amante  Erion.

— Você sabe que eu sou um bruxo e sei detectar um metamorfo a distancia né? — ele arqueou as sobrancelhas, a pirata apenas deu de ombros, ela não estava em clima para brincadeiras. — Eu não abaixaria a guarda perto da Aileen.

Erion ficou serio e olhou para os desenhos que a capitã havia feito, ela os encarava estudando cada traço no mapa. Mas sua mente vagava no que falaria para a capitã mais louca dos mares.

—Aileen abriu a carta?

— Sim capitã, eu pude sentir quando ela abriu. — O amante disse percebendo que aquela conversa era formal e não tinha nada a ver com o relacionamento.    

—Ótimo, tudo deve estar conforme o planejado quando aquela maluca chegar aqui. — Helena disse. — Diga para os outros continuarem monitorando os gigantes, eu quero saber quando eles invadiram o império,  a informação vale muito.


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Notas finais do capítulo

Eu sei o capitulo ficou grande, mas acho que todos serão assim, pois agora serão vários personagens por capítulo.

Esse enquanto isso da Helena é uma previa do próximo capitulo, mas ele acontecerá em três lugares diferente então teremos também o Willian e o Leon, talvez a Ellah apareça no final, mas será mencionada.

Pergunta:
Vocês já perceberam alguns traços de uma possível linha que está caminhando para aquela visão? Eu estou começando a tecer essa teia ;)

Bem é isso, beijinhos de guloseimas *-*



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