Ladrões de Coroas Interativa escrita por Safira Lúmen


Capítulo 17
Um Oceano de Tormentas


Notas iniciais do capítulo

Nos capítulos anteriores:

O baile¹ organizado pelo rei maior foi uma oportunidade para os ladrões de coroa — seguidores de Mizael — tentar roubar uma relíquia no palácio, por sorte Bellas Yelsatra e Sulamita Nankiel juntos conseguiram impedir os ladrões. No entanto durante o alvoroço a garota foi sequestrada sem que Bellas pudesse impedir.

O paradeiro dela é um mistério, mas sabe-se que uma garota desconhecida² foi encontrada por Kian Wieser na orla da floresta do canto e levada para uma bruxa que atua como curandeira na região.

Enquanto isso Bellas foi convocado para ir junto com a frota real na expedição³ a procura de novas terras pelo oceano cheio.


1[Referencia ao evento do capítulo 16, As Visões de uma bailarina].
2- [Referencia a garota encontrada no capítulo 3, A bruxa, o gato e uma garota quase morta].
3- [Referencia a expedição citada no capítulo 1, Prólogo].



Oi queridos leitores, eu sei que talvez vocês estivessem esperando a aparição de seu personagem no capítulo de hoje, mas isto não foi possível porque eu precisava colocar o enredo pra fluir.

Eu acredito que postarei mais um capítulo ainda este mês, e devo dizer que não colocarei nenhum personagem novo na trama para não gerar confusão e também estarei fazendo nas notas um resuminho de fatos importantes já acontecidos para vocês não ficarem perdidos no capítulo.

É isso meus amores, confesso que estava com saudades de vocês, mas agora que o enem passou tudo fica um pouco mais tranquilo novamente!



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Capítulo 17

Um Oceano de tormentas

 

O som das ondas chocando-se contra a proa do navio fazia o Rei maior sentir-se frágil e enjoado, ele não era um homem adepto ao mar, o detestava para ser mais sincero. No entanto tinha o dever de estar ali, este era mais um inconveniente de seu título. Seus fios brancos já se destacavam no meio do ruivo terroso, no entanto, mesmo com a idade ele ainda não havia se conformado completamente com os inúmeros sacrifícios que devia fazer em nome do império.

Outro inconformado com aquela expedição era Bellas Yelsatra que havia sido forçado a acompanhar o rei, no intuito de protegê-lo de qualquer ameaça. Os soldados viam seu papel como uma honra, mas o feérico só conseguia pensar no tédio de não ter um alvo para matar, era como se ele estivesse sem um propósito de vida.

Mas tirando a rotina previsível e os afazeres banais, o feérico estava desfrutando do tempo livre para dormir como nunca antes, infelizmente seus sonhos eram sempre acompanhados da visão que aquela garota havia lhe transmitido, ele sabia que havia sido ela devido às historias que lhe fora contada pela mãe:

“Existem seres no mundo que são capazes de prever o futuro, eles enxergam com outros olhos, muitas espécies pensam que este dom é um mito, mas nos que vivemos mais de séculos às vezes nos deparamos com este tipo de talento, e acredite, ele parte dos seres mais improváveis”.

Bellas estava ao lado do rei neste momento, por vezes pensava na bailarina perto de si, o cabelo acobreado em um tom de castanho, a pele suada, o cheiro arrebatador, e a forma como ele havia ficado sem reação, mas todas as vezes que se permitia lembrar-se daquela noite também se recordava das criaturas vestidas de preto que procurava a peça dentro do baú. Foi à visão da bailarina que fez Bellas perceber o foco dos invasores, infelizmente ela desapareceu no processo.

  O rei moveu-se com desenvoltura segurando na extremidade do corrimão tirando Bellas de seus desvaneios, sua cabeça pendeu para baixo enquanto ele olhava com mais atenção à água transparente borbulhar devido à colisão com o navio. As ondas estavam mais fortes, vindas do norte cada vez mais altas.

— A maré está subindo. — O rei avisou para o feérico que olhou para baixo na tentativa de descobrir como o rei havia chegado a essa conclusão. —  Hoje pela manha a água estava cinquenta centímetros mais baixa. 

Bellas concordou sem importar com o fato da maré subir.

—Pensei que vossa majestade sentisse enjoou ao olhar para água meu rei maior. — O feérico comentou ansiosos para ser dispensado, pois deste modo poderia retornar para sua cabine e dormir até o escurecer.

— Sinto enjoou do movimento que o navio faz, a água me agrada, sua imensidão me intriga para ser mais exato. — O rei começou a refletir fazendo com que o feérico lamentasse mentalmente, pois todas as vezes que ele fazia aquela expressão uma longa lista de perguntas viria a seguir. 

— O que vê quando olha para as ondas? —   O rei perguntou sem rodeios. — Digo, o que pensas quando as encara.

— Não sei se compreendo onde queres chegar vossa majestade Maior. — Bellas respondeu encarando a crista de uma onda mediana se quebrar na lateral do navio onde eles estavam  fazendo com que a embarcação chacoalhasse.

O rei negou com a cabeça um pouco decepcionado com o assassino. O feérico não conseguia enxergar que as ondas na ultima hora vinha da mesma direção lançando os navios da frota para o sul, isso significava que o vento estava forte soprando do norte descendo em rumo a eles.

— O que vê no céu Bellas? — O rei tornou a perguntar.

O feérico detestava esse tipo de pergunta, ele não sabia o que ver, era apenas o céu, mas para não contrariar o rei ele descreveu o que viu.  

— Vejo nuvens majestade, o que devemos agradecer ao senhor dos anjos, porque aquele sol estava queimando minha pele. — O feérico respondeu.

— Cuidado Bellas, a morte pode vir em forma de benção. — O rei respondeu recolhendo-se para a cabine do navio no mesmo instante que uma corneta tocou em sinal de alerta no navio mais da frente. Este era o sinal de tempestade.

Só então o feérico entendeu o que o rei tentou lhe mostrar, eles enfrentariam grande tormenta.   

{...}

A chuva iniciou-se dez minutos depois que a corneta foi tocada. O alvoroço foi geral, soldados começaram a guardar os armamentos de treino enquanto outros desciam as velas para que os navios não fossem desviados do percurso desejado. 

A ventania fez com que as madeiras das embarcações rangessem, as nuvens agora tampavam o sol por completo como se a noite houvesse chegado mais cedo, o vento cada vez mais rápido criava ondas de portes maiores, enquanto a frota se aproximava de Samora.

Homens e mulheres correram para os remos e iniciaram uma árdua batalha contra a corrente que se formava em varias direções. O feérico decidiu ajuda-los, a cada movimento seus músculos ardiam, o trabalho não era delicado e preciso como matar, era brusco e dolorido além de não ter nenhuma beleza. Os remos rachavam ao serem submetidos ao mar revolto.

— Mais rápido. — O capitão gritava, mas a voz era apenas um fraco som em meio ao fenômeno natural que ganhava força.  — Não podemos ir para o centro, a ventania estão nos desviando para os sete ciclos de Samora. Não deixem a corrente vencer!

Bellas pode sentir o desespero na voz do capitão, era o mesmo som que suas vitimas usavam antes de serem assassinadas, aquilo era o medo em sua essência.  

Enquanto remava e remava, usando sua força para contornar a pouca habilidade com os remos acabou cortando uma de suas mãos. Ele nem mesmo fazia ideia de como conseguira se machucar, mas continuou rodando a madeira, um outro soldado sentou no banco ao seu lado para ajudá-lo. Sangue escorria por entre o objeto.

— Você partiu o remo. — O soldado comentou olhando para a parte que despontava lascas de madeira, o jovem que se colocou ao lado de Bellas usou toda sua força para auxiliar, mas a água estava tão forte que rachou o remo desta vez na parte achatada que entrava em contato com o mar.

O feérico bradou indignado quando isso aconteceu. Não tinha mais o que fazer, o jeito seria deixar a tempestade direcionar o caminho e torcer para que não sofressem um naufrágio.   Cada soldado e oficial desistiu do remo e se empenhou em retirar a água que se acumulava dentro do navio.

O que mais se ouvia neste período era preces ao senhor dos anjos pedindo para que o mesmo os livrassem do sete ciclos de somora.

{...}

A tempestade ainda fazia o caos quando o rei maior convocou Bellas para dentro de sua cabine particular, o feérico estava com o cabelo preto grudado no rosto enquanto suas roupas encharcadas molhavam por onde ele passava. O sangue de sua mão estava tingindo a pele naquela região, mas não trazia riscos devido à cura acelerada de seu organismo.

O rei por sua vez estava com um semblante reflexivo enquanto arrastava um baú trancado para o centro da cabine. O objeto dentro do móvel vibrava de uma maneira tão intensa que o feérico era capaz de escutar as ondas elétricas.

— Ela está instável, é por isso que faz o som. — O rei comentou abrindo o baú. Os olhos do feérico foram banhados por uma luz dourada. A peça era feita de ouro antigo, e os entalhes ao seu redor faziam com que Bellas desejasse toca-la e ao mesmo tempo sentia-se impuro em sua presença.

O rei parecia temeroso quando fechou novamente o baú. Ele olhou para o ser diante de si e fez sinal pra que o mesmo senta-se.

— Esta é a coroa das cinco joias, talvez você já tenha ouvido falar dela em historias para crianças, os contos dizem que ela foi feita por Grael um ourives feérico dos tempos remotos que foi obrigado a conter o poder de cinco joias celestiais nesta peça, tornando seu portador invencível.

Bellas concordou com a cabeça, estava estupefato com o brilho da coroa e a sensação que ela causou-lhe.

— Sim, nas historias dizem que a primeira Rainha Maior, sua descendente o obrigou. — O feérico mencionou  um pouco mais do que era contado.

— Tudo é verdade, mas minha descendente antes de morrer percebeu que era um equivoco manter todas as joias juntas, esse poder  só traria maldição para o império, por isso ela retirou as joias da coroa e as colocou em amuletos.

O feérico sorriu, aquilo parecia uma pegadinha. Afinal a historia da coroa das cinco joias não passava de lendas e mitos a respeito da realeza. Não poderia ser verídica.     Mas houve o ataque no palácio no dia do baile, e os ladrões queria um objeto que estava na sala em que todos deveriam proteger. Sem falar na visão da garota que envolvia exatamente a peça que ele havia acabado de ver.

— A historia é verdadeira Bellas, e existe um ser sobre essa terra que quer essa coroa e todas as joias, o nome dele é Mizael, se pesquisar a genealogia da família real descobrirá que ele faz parte da quinta geração. Todos pensam que ele morreu nas mãos dos vampiros após a batalha do cerco no norte, mas ele vive, pois de alguma forma ele contornou a morte, seus poderes são imensuráveis e o nossos dever é manter esta coroa longe dele.

— Está me dizendo que a coroa das cinco joias é real, assim como as historias a seu respeito? E existe alguém que a procura! — O feérico pareceu mais estridente do que gostaria, mas ele realmente não gostou das descobertas.

— Eu acredito que esta tempestade não seja uma coincidência, e sim um aviso de que Mizael está chegando. A historia de que estamos procurando novas terras é uma mentira, na verdade eu procuro um lugar para esconder a coroa.

O rei apontou para um mapa amarelado que indicava uma região que não existia nos mapas convencionais.

— Que lugar é esse? — Bellas perguntou.

—Esse lugar é as terras de Blair, onde o pirata mais famoso escondeu seu tesouro, essa informação foi escondida pela família real durante anos, para que pudéssemos ter um ponto seguro no mundo, é pra lá que desejo esconder a coroa.  

O rei ia continuar a explicação do plano quando um baque foi acompanhado de gritos e pedidos de socorro. Em sequencia o navio começou a balançar enquanto as ondas adentravam pelo convés e se esparramavam pelas câmaras de dormir até descerem para as galerias.

O soar de alerta tocou mais alto enquanto comandos de guerras eram dados.

— Estão preparando os canhões, posso escutar daqui! — Bellas avisou ao rei. — Estamos sendo atacados!

O rei abaixou a cabeça com pesar, só havia uma saída, ele lutaria até conseguir matar Mizael ou morrer no processo.

— Mizael está aqui, ele deseja a coroa. Sua ordem Bellas Yelsatra é protegê-la, faça de tudo para que ela não caia na mão do inimigo, mas se a coroa cair então trate-se de recuperá-la!  

O feérico não teve tempo de concordar, pois o rei desembainhou uma espada de lamina rocha e saiu para a batalha.

{...}

O feérico usava uma lamina de dois gumes para matar os adversários, no entanto o que ele encontrou não estava de acordo com sua preparação, durante todo o treinamento ele nunca havia sido exposto a essa confusão de corpos se chocando enquanto tentavam criar uma barreira, as técnicas militares eram confusas.

Os homens não se importavam em morrer, os cortes que eles executavam não tinha uniformidade, era uma carnificina sem sentido. O rei estava no meio de todos, ele dava ordens e ajudava os companheiros,  mas somente sua presença já era incentivo o suficiente para os homens não desistirem.

Os adversários adentravam no navio através de uma tora de madeira colocada pelas tropas de Mizael para unir as embarcações formando uma ponte, possibilitando a locomoção.  Os soldados reais tentaram retirar a madeira porem o que a firmava no navio era magia.

Bellas percebeu depois de um tempo que aqueles homens eram apenas a infantaria de Mizael que tinha por intuito cansar os homens para que depois os batalhões de magos e bruxos fizessem o resto. Talvez os dominadores de magia estivessem procurando a coroa nos muitos navios enquanto a infantaria intertia as tropas.

Horas se passaram, as munições dos canhões foram  usadas todas. Barris de óleos foram lançados contra os inimigos, mas todas as medidas causaram um estrago mínimo.

A chuva continuava forte, porém o vento havia cessado como era do agrado do mago que  o controlava. Bellas ainda lutava quando um homem de cabelos vermelhos e olhos do mesmo tom sobrevoou a água.

O silencio se estabeleceu quando o ser voador paralisou todos os soldados com um único estralar de dedos. O homem parecia humano, mas tinha as presas de um vampiro, porém a sombra que o rodeava sugeria que ele era um mago. Bellas concluiu por fim que ele era as três coias.  

— Meu caro descendente, é lamentável que tenha tentado fulgir com a coroa ao invés de entrega-la a mim quando meus homens foram ao palácio busca-la — Mizael disse em um tom manso enquanto aterrissava no piso do navio se direcionando ao Rei Maior que tentava resistir ao controle físico. — Você teria evitado inúmeros prejuízos e  mortes se a tivesse me entregado na noite do baile.

O Rei tentou invocar magia, mas Mizael era tão superior que conseguia impedir os mais de mil soldados e ainda controlar o poder do Rei Maior.  

— Não seja tolo Mizael, sabes que a magia que almeja alcançar só trará destruição para todos! — O rei maior disse. — Nossa descendente  separou a coroa das joias, pois ela sabia que essa magia não era para seres como nós.

Mizael desviou o olhar do rei e encarou Bellas.

— Vá buscar a coroa para mim feérico e eu pouparei sua vida, resista e morra como todos. — As palavras de Mizael atingiram Bellas como um soco, ele não morreria por causa de coroa nenhuma, aquela batalha já estava perdida, o mínimo que ele poderia fazer era salvar a própria pele.

— Sim senhor. — Bellas respondeu se direcionando para o baú que o rei maior o havia mostrado anteriormente.

{...}

Quando o feérico retornou para o convés o que ele encontrou foi a pior cena que já havia visto, vampiros se alimentavam do sangue dos soldados vivos, bruxos sorriam enquanto jogavam os corpos mortos ao mar para que criaturas marinhas se alimentassem e a expressão no rosto de Mizael que era o de mais puro prazer.

O Rei maior havia sido decapitado e sua cabeça agora estava na mão de um dos servos do Ruivo poderoso.

— Você fez uma boa escolha feérico! — Mizael disse abrindo o baú que Bellas havia colocado aos seus pés. Mizael pegou a coroa e cuidadosamente retirou do bolso uma pequena pedra esverdeada e a encaixou na peça. Uma explosão de magia passou por todos causando uma leve dormência.— Você me servirá feérico?

— Sim senhor! — Ele respondeu no repente.

— Ótimo, porque ainda faltam quatro joias, e eu sei que uma está no norte!

— Quem são os alvos? —Bellas perguntou determinado a não morrer. — Eu sou o melhor assassino  do Império!

— Pois bem, de acordo com meus informantes você deve procurar o demônio do norte! — Mizael fez uma pausa. — Eu desejo a cabeça dele e minha joia! Mas antes temos que te ensinar algumas coisas sobre a comunidade!

Bellas concordou se curvando diante do seu mais novo rei.


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Notas finais do capítulo

Bem não elaborei perguntas para este capítulo, mas deixo em aberto para que vocês me digam as maiores duvidas de vocês com relação aos acontecimentos e caso queiram que eu faça um resumo dos capítulos para vocês lembrarem é só me dizer.

Beijos de guloseimas *-*



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