To Die With The Sun escrita por MutantProud


Capítulo 65
Capítulo 65 - O Acampamento


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo para vocês! Boa leitura!!



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      Harry se desvencilhou de Rony e se levantou. Tinham chegado, pelo que parecia, a um trecho deserto de uma charneca imersa em névoa. Diante deles havia dois bruxos cansados, com cara de rabugentos, um dos quais segurava um grande relógio de ouro, e o outro, um grosso rolo de pergaminho e uma pena. Ambos estavam vestidos como trouxas, embora sem muita habilidade; o homem do relógio usava um terno de tweed com botas de borracha até as coxas; o colega, um saiote escocês e um poncho. 

 

    - Bom dia, Basílio. - Cumprimentou o Sr. Weasley, apanhando a bota que os transportara e entregando-a ao bruxo de saiote, que a atirou em uma grande caixa de chaves de portal usadas, a um lado; Harry viu, entre elas, um jornal velho, latas de bebidas vazias e uma bola de futebol furada. 

 

       - Olá, Arthur. - Disse Basílio em tom entediado. – Remus, Sirius e Amos, como estão? Não estão de serviço, não é? Tem gente que se dá bem... estivemos aqui a noite toda... é melhor vocês desimpedirem o caminho, temos um grupo grande chegando da Floresta Negra às cinco e quinze. Espere um pouco, me deixe ver onde é que vocês vão ficar... Weasley... Weasley... – Ele consultou a lista no pergaminho. – A uns quatrocentos metros para aquele lado, primeiro acampamento que você encontrar. Sirius e Remus, do lado da do Arthur. O gerente é o Sr. Roberts. Diggory... segundo acampamento... pergunte pelo Sr. Payne.

 

       - Obrigado, Basílio. -Disse o Sr. Weasley e fez sinal para todos o acompanharem. 

 

    -  Boa sorte, Bas. - Disse Sirius batendo no ombro do homem.             

 

     Eles saíram pela charneca deserta, incapazes de distinguir muita coisa através da névoa. Passados uns vinte minutos, avistaram uma casinha de pedra ao lado de um portão. Mais além, Harry pôde distinguir mal e mal as formas fantasmagóricas de centenas de barracas, montadas na ondulação suave de um grande campo, no rumo de uma floresta escura no horizonte. Eles se despediram dos Diggory e se aproximaram da casa. 

 

     Havia um homem parado à porta, contemplando as barracas. Harry soube só de olhar que aquele era o único trouxa legítimo numa área de muitos hectares. Quando o trouxa ouviu os passos do grupo, virou a cabeça para olhá-los.

 

       - ‘dia! - Cumprimentou o Sr. Weasley animado. 

 

        - ‘dia. - Disse o trouxa. 

 

       - O senhor seria o Sr. Roberts? 

 

      - É, seria. - Respondeu o Sr. Roberts. - E quem é o senhor? 

 

     - Weasley e esse aqui é o senhor Lupin, duas barracas reservadas há uns dois dias? 

 

     - Certo. - Confirmou o Sr. Roberts, consultando uma lista pregada à porta. - O lugar é lá perto da floresta. Só uma noite? 

 

      - Isso. - Respondeu o Sr. Weasley. 

 

     - Os senhores irão pagar agora, então? - Perguntou o Sr. Roberts.

 

      - Ah... certo... é claro. - O Sr. Weasley se afastou um pouco da casa com Remus ao lado. - Você sabe como... contar esse dinheiro trouxa?

 

      - Sei, Arthur. Aqui, essa é a de dez. - Remus mostrou o dinheiro para o bruxo que olhava tudo com atenção.

 

      - Ah é, vejo agora que tem um numerozinho... então esta é de cinco?

 

       - De vinte. - Corrigiu Remus percebendo que o Sr.Roberts estava tentando ouvir tudo o que eles diziam. 

 

      - Ah é, é mesmo... Não sei, esses pedacinhos de papel... 

 

      - É estrangeiro? - Perguntou o Sr. Roberts, quando o Sr. Weasley e Remus voltaram com o dinheiro certo. - O senhor não é o primeiro que se atrapalha com o dinheiro. - Disse o gerente, observando o Sr. Weasley atentamente. - Tive dois querendo me pagar com grandes moedas de ouro do tamanho de calotas de automóvel faz uns dez minutos. 

 

       - Sério? - Disse o Sr. Weasley nervoso. 

 

       O Sr. Roberts vasculhou uma lata à procura de troco. 

 

       - Nunca esteve tão cheio. - Disse ele de repente, voltando outra vez o olhar para o campo enevoado. - Centenas de reservas. As pessoas em geral aparecem sem aviso... 

 

      - Verdade? - Exclamou o Sr. Weasley, a mão estendida à espera do troco, mas o Sr. Roberts não lhe deu nenhum. 

 

        O grupo se encarou e deram uma risada baixa.

 

      - É. - Disse pensativo. - Gente de toda parte. Montes de estrangeiros. E não são só estrangeiros. Gente esquisita, sabe? Tem um sujeito andando por aí de saiote e poncho. 

 

      - E não devia? - Perguntou o Sr. Weasley ansioso. 

 

       - Parece que é uma espécie de... sei lá... uma espécie de convenção. - Comentou o Sr. Roberts. - Parece que todos se conhecem. Como numa grande festa. 

 

       Naquele momento, um bruxo de bermudão largo materializou-se do nada ao lado da porta da casa do Sr. Roberts. 

 

     - Obliviate! - Disse ele bruscamente, apontando a varinha para o Sr. Roberts.

 

          Instantaneamente os olhos do Sr. Roberts saíram de foco, suas sobrancelhas se desfranziram e um olhar de vaga despreocupação cobriu o seu rosto. Harry reconheceu os sintomas de alguém que acabara de ter a memória alterada. 

 

        - Um mapa do acampamento para os senhores. - Disse o homem, placidamente, ao Sr. Weasley e Remus. - E o seu troco. 

 

       - Muito obrigado. - Remus agradeceu. 

 

      O bruxo de bermudão acompanhou o grupo em direção ao portão do acampamento. Parecia exausto; a barba por fazer azulava seu queixo e havia olheiras roxas sob seus olhos. Uma vez longe do raio de audição do gerente, ele murmurou para o Sr. Weasley e Remus: 

 

      - Estou tendo um bocado de problemas com ele. Precisa de um Feitiço da Memória dez vezes por dia para ficar feliz. E Ludo Bagman não está ajudando. Anda por aí falando em balaços e goles a plenos pulmões, sem a menor preocupação com a segurança antitrouxa. Pombas, vou gostar quando isso terminar. Vejo você mais tarde, Arthur. Remus, não se esqueça daquele jantar. - Remus sorriu gentil e concordou com a cabeça.         

 

       E o bruxo desaparatou.

 

     - Quem é? - Perguntou Sirius carrancudo para Remus. 

 

        - Carl Line. - Respondeu Remus olhando para o mapa em mãos e não notando a cara do namorado. - As vezes eu vou no Ministério enquanto Sophie e Harry estão em Hogwarts. Carl é um bom amigo.

 

      - Vocês também acham o Sirius com ciúmes engraçado? - Perguntou Harriet para Charles e Sophie que concordaram. 

 

      - Não estou com ciúmes. - Resmungou Sirius para os três que riram. - Só estou curioso. 

 

      - Claro, claro. - Retrucou Sophie em tom zombeiro. 

 

         - Pensei que o Sr. Bagman fosse chefe de Jogos e Esportes Mágicos. - Disse Gina parecendo surpresa para Remus e o Sr.Weasley. - Devia ter mais juízo e parar de falar de balaços perto de trouxas, não devia?

 

       - Devia. - Concordou o Sr. Weasley, sorrindo e após passarem pelo portão do acampamento -, mas Ludo sempre foi um pouco... bem... displicente com a segurança. Mas não se poderia desejar um chefe mais entusiasta para o Departamento de Esportes. Ele jogou quadribol pela Inglaterra, sabem. E foi o melhor batedor do Wimbourne Wasps que o time já teve.

 

       O grupo avançou lentamente pelo campo entre longas fileiras de barracas. A maioria parecia quase normal; os donos tinham visivelmente tentado o possível para fazê-las parecer equipamento de trouxas, embora tivessem cometido alguns deslizes ao acrescentarem chaminés ou cordões de sinetas ou cata-ventos. Porém, aqui e ali, havia uma barraca tão obviamente mágica que Harry não se surpreendia que o Sr. Roberts estivesse desconfiado. Lá para o meio do campo, havia uma extravagante produção de seda listrada como um palácio em miniatura, com vários pavões vivos amarrados à entrada. Um pouco adiante, eles passaram por uma barraca que tinha três andares e várias torrinhas; e, mais além, havia uma outra com um jardim anexo, completo, com banho para passarinhos, relógio de sol e fonte.

 

    - Sempre os mesmos. Tão loucos como me lembro. - Comentou o Sirius sorrindo. - Vocês podem ver que não conseguimos deixar de nos exibir quando nos reunimos. Ah, lá está, olhem, são as nossas.

 

       Tinham alcançado a orla da floresta no alto do campo, e ali havia uma área livre com dois pequenos letreiros enfiado no chão em que se lia “Weezly” e "Lupin".

 

         - Não podíamos ter ganhado um lugar melhor! - Exclamou o Sr. Weasley feliz. - O campo preparado para as partidas é logo do outro lado da floresta, estamos o mais perto que poderíamos estar. - Ele descarregou a mochila dos ombros. - Certo - Disse excitado -, rigorosamente falando, nada de mágicas, não quando estamos no mundo dos trouxas em tão grande número. Vamos armar estas barracas à mão! Não deve ser muito difícil... Os trouxas fazem isso o tempo todo... tome, Harry e Remus, por onde vocês acham que devemos começar?

      Remus e Harry se olharam e sorriram. 

 

        Os dois, junto com Hermione conseguiram construir as barracas, mostrando para os outros como fazer tudo certo. Havia sido um ótimo trabalho em grupo - apesar do Sr.Weasley mais atrapalhar do que ajudar -. Assim que eles terminaram, se afastaram e admiraram o trabalho que eles haviam feito.

      Ninguém que visse aquelas barracas teria adivinhado que pertenciam a bruxos, pensou Harry, mas o problema era que quando Gui, Carlinhos e Percy chegassem, eles formariam um grupo de dezessete pessoas. Hermione parecia ter identificado esse problema, também.

 

       - Muito bem. Vamos nos separar, que logo Gui, Carlinhos e Percy irão chegar. Rony, Mione, Harry, Gina, Luna, Arthur, Percy, Carlinhos e Gui na barraca um. - Sirius apontou para a barraca do Sr.Weasley. - Remus, eu, Sophie, Charles, Erik, Harriet, Fred e Jorge na barraca dois. Todos concordam?

 

       Todos acenaram com a cabeça.

 

       - Ótimo! Vamos lá! - Nisso Sirius entrou na segunda barraca e Hermione lançou um olhar cômico para Harry.

 

        - Nos vemos logo. - Disse Sophie sorrindo e seguindo Sirius para dentro da barraca.

 

       Todos entraram nas respectivas barracas, e Harry foi o último a entrar.  Ao passou por baixo da aba de entrada, sentiu o queixo cair. Entrara em uma barraca que parecia um apartamento antigo de três quartos, completo, com banheiro e cozinha. E o que era curioso, estava mobiliado no mesmíssimo estilo que o da Sra. Figg; havia capas de crochê nas poltronas sem par e um forte cheiro de gatos.

 

         - Eu adoro magia. - Harry sussurrou para si mesmo olhando toda barraca encantado.

 

       - Bom, não é para muito tempo. - Disse o Sr. Weasley, secando a careca com um lenço e espiando as quatro camas-beliches que havia no quarto. - Pedi a barraca emprestada ao Perkins, lá do escritório. Ele não acampa muito atualmente, coitado, está com lumbago.

 

       O Sr. Weasley apanhou uma chaleira empoeirada e espiou dentro.

 

       - Vamos precisar de água...

 

       - Tem uma torneira assinalada no mapa que o trouxa nos deu. - Disse Rony ficando ao lado de Harry e parecia completamente indiferente a essas extraordinárias proporções internas. - Fica do outro lado do campo...

 

         - Bom, então por que você, Harry e Hermione não vão apanhar um pouco de água... - O bruxo entregou aos garotos a chaleira e duas caçarolas – ... e nós vamos apanhar lenha para fazer uma fogueira?

 

        - Mas temos um forno - Lembrou Rony -, por que não podemos...?

 

       - Rony, segurança antitrouxa! - Disse o Sr. Weasley, o rosto brilhando de expectativa. - Quando os trouxas de verdade acampam, eles cozinham em fogueiras ao ar livre, já os vi fazendo isso!

 

          O trio se encarou e dando de ombros, saíram da barraca. Agora, com o sol de fora e a névoa se dissipando, eles puderam ver a cidade de lona que se estendia para todas as direções. Caminharam lentamente entre as fileiras de barracas, espiando tudo com interesse. 

       Harry estava começando a se indagar quantos bruxos e bruxas devia haver no mundo; ele nunca pensara realmente nos bruxos de outros países. Seus companheiros de acampamento iam acordando aos poucos. 

 

      Os primeiros a dar sinal de vida foram as famílias com crianças pequenas; Harry nunca vira bruxos tão pequenos antes. Um pirralhinho, que não tinha mais de dois anos, estava agachado do lado de fora de uma barraca em forma de pirâmide, empunhando uma varinha com a qual cutucava, feliz, um caramujo na grama, que ia ganhando lentamente o tamanho de um salame. Quando se emparelharam com ele, a mãe saiu correndo da barraca. 

 

       - Quantas vezes, Kevin? Não pode... mexer... na... varinha... do papai, putz!

 

        Ela pisou no enorme caramujo, estourando-o. A bronca acompanhou os garotos pelo ar parado, se misturando aos gritos do garotinho: 

 

        - Você acabou caramujo! Você acabou caramujo! 

 

      Um pouco mais adiante, eles viram duas bruxinhas, pouco mais velhas do que Kevin, cavalgando vassouras de brinquedo que se elevavam o suficiente para os dedos dos pés das meninas rasparem a grama orvalhada. Um bruxo do Ministério já as vira; quando passou correndo por Harry, Rony e Hermione, murmurava agitado: 

 

       - Em plena luz do dia! Os pais devem estar cochilando, suponho... 

 

      Aqui e ali bruxos e bruxas adultos saíam das barracas e começavam a preparar o café da manhã. Alguns, lançando olhares furtivos para os lados, conjuravam fogueiras com as varinhas; outros acendiam fósforos com ar de dúvida, como se tivessem certeza de que aquilo não ia funcionar. Três bruxos africanos conversavam sentados, trajando longas vestes brancas, enquanto assavam uma carne que parecia coelho sobre uma fogueira púrpura berrante; um grupo de bruxas americanas de meia-idade fofocava alegremente sob a bandeira estrelada que elas haviam estendido entre as barracas, na qual se lia Instituto das Bruxas de Salém. Harry captava fragmentos de conversas em línguas estranhas que saíam das barracas pelas quais passavam, e embora não conseguisse entender uma única palavra, o tom das vozes era de excitação. 

 

     - Hum... são os meus olhos ou tudo ficou verde? – perguntou Rony. 

 

     Não eram os olhos de Rony. Os garotos tinham entrado em uma área em que as barracas estavam cobertas por uma camada de trevos, dando a impressão de que morrotes de formas estranhas haviam brotado da terra. Viam-se rostos sorridentes nas barracas com a aba da entrada erguida. Então, às costas, os garotos ouviram alguém gritar seus nomes. 

 

      - Harry! Rony! Hermione!

 

       Era Simas Finnigan, um colega quartanista da Grifinória. Estava sentado diante de uma barraca coberta de trevos, em companhia de uma mulher de cabelos louro-claros que só podia ser sua mãe e com Dino Thomas, também da Grifinória. 

 

      - Gostaram da decoração? - Perguntou Simas sorrindo, quando Harry, Rony e Hermione se aproximaram para cumprimentá-los. - O Ministério não está nada feliz. 

 

      - E por que não deveríamos mostrar nossas cores? - Perguntou a Sra. Finnigan. - Vocês deviam ver o que os búlgaros penduraram nas barracas deles. Vocês vão torcer pela Irlanda, naturalmente? -Acrescentou ela fixando Harry, Rony e Hermione com insistência. 

 

     Depois de terem tranquilizado a senhora de que realmente iam torcer pela Irlanda, os garotos seguiram caminho, embora Rony tivesse comentado: 

 

      - Como se a gente fosse dizer que não ia, com aquela turma em volta da gente. 

 

 

      - A cama de cima é minha! - Disse Jorge animado ao ver a beliche na barraca.

 

      A barraca que eles estavam era de Sirius. Tinha uma cozinha, um canto com duas beliches e no outro canto tinha uma cama de casal. O banheiro, ficava ao canto das camas de beliche. Era mais espaçosa que a do Sr.Weasley.

 

      - A vontade. - Retrucou Fred rindo. - Vai ficar com qual cama Erik?

 

     -  A de baixo. - Disse Erik olhando maliciosamente para Charles que ficou vermelho, Erik riu. - Você fica uma graça com vergonha querido.

 

       - Vai se... - Charles foi impedido por Harriet que lhe jogou um travesseiro no rosto.

 

      - Olha a língua. - Disse a loira fazendo Sophie rir. 

 

       - A cama de casal é nossa. - Disse Sirius apontando para si mesmo e para Remus. 

 

      - A gente já sabe, não precisamos de detalhes. - Resmungou Sophie fazendo careta. - Cara, hoje vai ser demais!

 

       - Vai ser incrível! - Exclamou Jorge animado. - Ei Erik, Viktor falou com você sobre hoje? Seila, perguntou se você viria..?

 

       - Quatro dias atrás ele disse que faria o possível para me encontrar depois do jogo. Talvez você consiga um autografo dele. - Respondeu Erik arrumando a cama em que ele e Charles iriam dormir. 

 

       Charles revirou os olhos e Sophie puxou o cabelo dele fazendo o mesmo resmungar com um bico fofo.

 

      - Ainda acha que esse Krum pega o pomo? - Perguntou Sirius para Sophie.

 

      - Vão por mim. Irlanda ganha mas Krum pega o pomo de ouro. - Disse Sophie confiante. - Se existe algo que eu entendo, é apostas. 

 

       - O que? - Perguntou Remus se virando para a ruiva de braços cruzados.

 

      - Brincadeira, sou evangélica. - Disse Sophie ficando atrás de Charles que riu.

 

      - Glória, glória aleluia. - Charles cantarolou fazendo Harriet, Erik, Fred e Jorge rirem. 

 

      - Remus, Sirius? - Arthur entrou na barraca. - Venham aqui fora, vamos fazer uma fogueira!

 

      - Mas temos um for... - Sirius ia lembrar Arthur mas Remus negou com a cabeça.

 

     - Esquece, ele se anima quando é algo relacionado com os trouxas. - Disse Remus rindo. - Coloquem uma roupa mais quente, o sol já deve estar forte.

 

       - E está mesmo. - Comentou Arthur voltando para fora. 

 

 

       O trio já estavam voltando com a água, iam caminhando mais devagar agora, por causa do peso da água, os garotos tornaram a atravessar o acampamento. Aqui e ali, eles viam rostos mais familiares: outros alunos de Hogwarts com as famílias. Olívio Wood, o ex-capitão de quadribol do time de Harry, que terminara os estudos em Hogwarts, arrastou o garoto até a barraca dos pais para apresentá-lo, e lhe contou cheio de excitação que acabara de entrar para o time de reserva do Puddlemere United. E fez questão de fazer Harry mandar um longo beijo para Sophie e um abraço nos gêmeos Weasleys. Depois os garotos foram saudados por Ernesto Macmillan, um quartanista da LufaLufa, e, mais adiante, viram Cho Chang, uma garota muito bonita que jogava como apanhadora no time da Corvinal. Ela acenou e sorriu para Harry, que derramou um bocado de água na roupa ao retribuir o aceno. Mais para impedir Rony de caçoar do que por outro motivo, Harry apontou depressa para um enorme grupo de adolescentes que ele nunca vira antes.

 

     - De onde você acha que eles são? - Perguntou Harry. - Eles não frequentam Hogwarts, frequentam?

 

      - Devem frequentar alguma escola estrangeira. - Sugeriu Rony. - Sei que há outras, mas nunca encontrei ninguém que estudasse nelas. Gui teve uma correspondente em uma escola no Brasil... isto foi há anos... e ele quis ir para lá numa viagem de intercâmbio, mas mamãe e papai não tiveram dinheiro para bancar a viagem. A moça ficou toda ofendida quando ele disse que não ia e mandou para ele um chapéu enfeitiçado. As orelhas dele murcharam.

 

      Harry riu, mas não manifestou a surpresa que era saber que havia outras escolas de magia. Supôs, agora que via representantes de tantas nacionalidades no acampamento, que fora muito burro por jamais ter imaginado que Hogwarts não poderia ser a única. Ele olhou para Hermione, que não demonstrara a menor surpresa com a informação. Sem dúvida, ela devia ter visto referências a outras escolas de magia em algum livro.

 

        - Vocês demoraram uma eternidade. - Comentou Gina, quando eles finalmente chegaram às barracas.

 

        - Encontramos alguns conhecidos. - Disse Rony, pousando as vasilhas de água. - Você ainda não acendeu a fogueira?

 

          - Arthur está se divertindo com os fósforos. - Disse Sirius. - E ele não aceita ajuda do Moony.

 

          O Sr. Weasley não estava tendo o menor sucesso em acender a fogueira, mas não era por falta de tentativas. Fósforos partidos coalhavam o chão ao seu redor, mas ele parecia estar se divertindo como nunca.

 

           - Opa! - Exclamou ele, ao conseguir acender um fósforo, mas largou-o na mesma hora no chão, surpreso.

 

         - Deixa comigo. Chegue aqui, Sr. Weasley. - Disse Hermione bondosamente, tirando a caixa das mãos dele e começando a mostrar como fazer fogo direito.

 

 

 

        Finalmente, eles acenderam a fogueira, embora levasse no mínimo mais uma hora até ela esquentar o suficiente para cozinhar alguma coisa. Mas havia muito que ver enquanto esperavam. A barraca deles estava armada ao longo de uma espécie de rua de acesso ao campo de quadribol, por onde funcionários do Ministério corriam para cima e para baixo, cumprimentando cordialmente o Sr. Weasley, Remus e Sirius ao passar. O Sr. Weasley fazia comentários contínuos, principalmente para benefício de Harry e Hermione; seus próprios filhos, Sophie, Erik, Charles, Harriet e Luna já conheciam bastante o Ministério para se interessar.

 

          - Aquele era Cutberto Mockridge, chefe da Seção de Ligação com os Duendes... lá vem Gilberto Wimple, ele trabalha na Comissão de Feitiços Experimentais, já usa aqueles chifres há algum tempo... Alô, Arnaldinho... Arnaldo Peasegood, ele é um obliviador, trabalha no Esquadrão de Reversão de Feitiços Acidentais, sabe... e aqueles outros são Bode e Croaker... são dois inomináveis...

 

        - São o quê?

 

        - Do Departamento de Mistérios, ultrassecretos, não tenho a menor ideia do que fazem...

 

        Finalmente, a fogueira ficou pronta e eles já haviam começado a preparar salsichas com ovos quando Gui, Carlinhos e Percy saíram caminhando da floresta para se reunirem à família.

 

          - Acabei de aparatar, papai. - Disse Percy em voz alta. - Ah, que excelente almoço!

 

         Sophie e Erik fizeram caretas enquanto Charles e Harriet reviravam os olhos e Fred e Jorge zombavam do irmão.

 

         Já haviam comido metade das salsichas com ovos quando o Sirius se levantou de um salto, acenando e sorrindo para um homem que vinha em sua direção.

 

        - Ah-ah! - Exclamou ele. - O homem do momento! Ludo!

 

        Ludo Bagman era, sem favor algum, o homem mais chamativo que Harry já vira na vida, até mesmo incluindo nessa conta o velho Arquibaldo com sua camisola florida. Usava longas vestes de quadribol com grandes listras horizontais amarelas e pretas. Uma enorme estampa de uma vespa tomava todo o seu peito. Tinha a aparência de um homem corpulento que parara de se exercitar; suas vestes estavam muito esticadas por cima da enorme barriga, que certamente não existia na época em que ele jogava quadribol pela Inglaterra. Seu nariz era achatado (provavelmente quebrado por algum balaço errante, pensou Harry), mas os redondos olhos azuis, os cabelos louros curtos e a pele rosada o faziam parecer um menino de escola que crescera demais.

 

         - Sirius Black seu abençoado! Sabia que te veria aqui! - Exclamou Ludo abraçando Sirius. - Muito bom te ver, seu idiota! Remus como está? Essa barba te deixa mais belo, meu caro amigo! Arthur! Meu velho, que dia não é mesmo? Será que podíamos ter desejado um tempo mais perfeito? Uma noite sem nuvens... e quase nenhum problema na programação... quase nada para eu fazer! Ah, alô pessoal! 

 

         Por trás dele, um grupo de bruxos do Ministério, de cara exausta, passou apressado, apontando para a evidência distante de algum tipo de fogueira mágica que disparava faíscas violetas a seis metros de altura.

       Percy adiantou-se rapidamente com a mão estendida. Pelo jeito o fato de desaprovar o modo de Ludo Bagman dirigir o departamento, não o impedia de querer causar boa impressão.

 

       - Mais falso que os Malfoy. - Resmungou Erik fazendo Sophie rir baixo.

 

       - Ah... sim - Disse o Sr. Weasley, sorrindo -, este é o meu filho, Percy, começou a trabalhar no Ministério agora, e este é Fred, não, Jorge, desculpe, esse é o Fred... Gui, Carlinhos, Rony... minha filha, Gina...

 

        - Você de fato é um coelho, Arthur. - Comentou Ludo rindo. - Esses outros, são seus Remus?

 

       - De certa forma, são. - Brincou Remus sorrindo. - Sophie e Harry Potter, você já sabe muito bem de quem eles são filhos. Harriet e Luna Lovegood, filhas do Xenofílio, Erik Lehnsherr filho de Richard Lehnsherr e Charles Francis filho do Brian Francis. - Apresentou ele apontando para o grupo.

 

        - Deus, conheci Richard, Brian e James! E olhe só, vejo réplicas deles aqui! Harry Potter, é uma honra e um prazer lhe conhecer. Sophie, é como se eu estivesse olhando para Lily. Ah doce Lily, era uma fera. Erik Lehnsherr, você é cara de Richard, digo com toda sinceridade do mundo. Assim como você Charles! Eu conheci ambos seus pais, homens incríveis assim como James! Harriet, certo? Onde está aquele loiro louco que adoro, vulgo, seu pai? Pensei que ele estaria aqui também.

 

         - Ele não pode vir, senhor Bagman. - Respondeu Harriet sorrindo.

 

         - Sem essa de "senhor". Me faz parecer um velho. - Retrucou Ludo rindo. - Querem arriscar uma apostinha no jogo, seus velhos? - Perguntou ele ansioso, sacudindo, ao que parecia, um bocado de ouro nos bolsos das vestes amarelas e pretas. - Já aceitei a aposta de Roddy Pontner de que a Bulgária vai marcar primeiro, ofereci a ele uma boa vantagem, levando em conta que os três jogadores avançados da Irlanda são os mais fortes que já vi em anos, e a pequena Ágata Timms apostou meia cota da fazenda de enguias de que a partida vai durar uma semana.

 

        - Ah... vá lá, então. - Disse o Sr. Weasley. - Vejamos... um galeão na vitória da Irlanda?

 

        - Um galeão? - Ludo Bagman pareceu ligeiramente desapontado, mas se recuperou: - Muito bem, muito bem... mais alguma aposta?

 

         - Eu estou fora dessa vida. - Comentou Remus bebendo água. - E Sirius não vai...

 

       - SESSENTA GALEÕES! - Gritou Sirius fazendo Remus suspirar. - Eu aposto sessenta galões de a Irlanda ganhará mas Viktor Krum pegará o pomo. - Piscou para Sophie que concordou com a cabeça.

 

        - É assim que se fala, meu amigo! - Disse Ludo animado. - Quem mais?

 

         - Eles são um pouco jovens demais para andar jogando. - Disse o Sr. Weasley. - Molly não gostaria...

 

         - Nós apostamos trinta e sete galeões, quinze sicles e três nuques - Disse Fred, ao mesmo tempo em que ele e Jorge juntavam rapidamente todo o dinheiro que tinham - que a Irlanda ganha, mas Viktor Krum captura o pomo. Ah, e damos uma varinha falsa de lambujem.

 

          - Vocês não vão querer mostrar ao Sr. Bagman esse lixo. - Sibilou Percy, mas o bruxo não pareceu achar que a varinha era lixo; muito ao contrário, seu rosto de colegial iluminou-se de excitação ao recebê-la das mãos de Fred e, quando a varinha deu um cacarejo e se transformou em uma galinha de borracha, Bagman caiu na gargalhada.

 

         - Excelente! Não vejo uma varinha tão convincente há anos! Eu pagaria cinco galeões por uma dessas!

 

        Percy ficou paralisado, numa atitude de indignada desaprovação. Sophie, Charles, Erik e Harriet deram risinhos da cara do Weasley.

 

         - Meninos - Disse o Sr. Weasley entre dentes -, não quero vocês jogando... isto é tudo que economizaram... sua mãe...

 

      - Não seja estraga prazeres, Arthur! - Trovejou Ludo Bagman excitado, sacudindo as moedas nos bolsos. - Eles já são bem grandinhos para saber o que querem!  Vou dar uma excelente vantagem nessa... e acrescentar mais cinco galeões por essa varinha marota, concordam...

 

         O Sr. Weasley ficou olhando sem ação enquanto Ludo Bagman puxava um caderninho e uma pena e começava a anotar os nomes dos gêmeos e de Sirius.

 

        - Tchau. - Disse Jorge, apanhando o pedaço de pergaminho que Bagman lhe estendia e guardando-o no peito das vestes.

 

         Bagman virou-se animadíssimo para o Sr. Weasley, Remus e Sirius.

 

       - Daria para me fazer um chá, suponho? - Perguntou ele sorrindo.

 

        - Tu és folgado, viu. - Resmungou Sirius.

         - Fique quieto, homem! Estou de olho para ver se localizo Crouch. O meu contraparte búlgaro está criando dificuldades e não consigo entender uma palavra do que ele diz. Bartô poderia resolver o problema, fala umas cento e cinquenta línguas.

 

       - O Sr. Crouch? - Disse Percy, abandonando subitamente o seu ar de impassível desaprovação e quase se contorcendo de óbvia excitação. - Ele fala mais de duzentas! Serêiaco, grugulês, trasgueano...

 

        - Qualquer um sabe falar trasgueano - Disse Fred fazendo pouco -, é só a gente apontar e grunhir.

 

        Percy lançou a Fred um olhar feiíssimo e atiçou os gravetos da fogueira vigorosamente para fazer a chaleira ferver.

 

       - Já teve notícias de Berta Jorkins, Ludo? - Perguntou Remus quando Bagman se sentou na grama ao lado deles.

 

         - Nem um pio. - Disse Bagman à vontade. - Mas ela vai aparecer. Coitada da velha Berta... tem a memória de um caldeirão furado e nenhum senso de direção. Perdida, se quiserem me acreditar. Vai aparecer na seção lá para outubro, pensando que ainda é julho.

 

      - Você não acha que já estava na hora de mandar alguém procurá-la? - Sugeriu, hesitante, o Sr. Weasley, quando Percy estendeu a Bagman o chá pedido.

 

        - É o que o Bartô Crouch não para de dizer - Respondeu Bagman, arregalando inocentemente seus olhos redondos -, mas o fato é que não podemos destacar ninguém no momento. Ah... é falar no demônio! Bartô!

 

          Sirius congelou. Remus olhou para o namorado rapidamente e percebeu que o mesmo não estava bem com a ideia de ficar no mesmo espaço em que Bartô Crouch. Discretamente fez um sinal para o moreno ir para a barraca e Sirius fez isso, indo devagar, com a cabeça baixa, ele entrou na barraca. Harry observou tudo isso e ficou confuso, quando olhou para Remus procurando resposta, o padrinho só negou levemente com a cabeça e se voltou para o homem que havia acabado de chegar.

 

       Bartô havia aparatado ao lado da fogueira e não poderia oferecer um contraste maior a Ludo Bagman, estirado na grama com as vestes velhas do Wasp. Bartô era um homem mais velho, formal, empertigado, vestido com um terno e uma gravata impecáveis. A risca nos seus cabelos grisalhos e curtos era quase absurdamente reta e o bigode fino de escovinha parecia ter sido aparado com uma régua. Seus sapatos eram exageradamente lustrosos. Harry percebeu na hora por que Percy o idolatrava. Percy acreditava piamente em obedecer às regras sem fazer concessões, e o Sr. Crouch obedecera à regra de se vestir como trouxa tão rigorosamente que poderia ter passado por gerente de banco. Harry duvidava que seu tio Válter pudesse ter descoberto quem ele realmente era.

 

      - Estrague um pouco a grama, Bartô. - Disse Ludo animadamente, batendo no chão.

 

        - Não, muito obrigado. - Respondeu Crouch, e havia um vestígio de impaciência em sua voz. - Estive procurando-o por toda parte. Os búlgaros insistem que coloquemos mais doze cadeiras no camarote de honra. Bom dia, Remus. Bom dia, Arthur.

 

       - Ah, é isso que eles querem?  - Exclamou Bagman. - Achei que o sujeito estava pedindo uma pinça emprestada. Sotaque forte o dele.

 

       - Sr. Crouch! - Disse Percy sem fôlego, curvando-se numa espécie de meia reverência que o fez parecer corcunda. - O senhor aceita uma xícara de chá?

 

       – Ah – exclamou o bruxo, olhando surpreso para Percy. – Claro... obrigado, Weatherby.

 

       Fred e Jorge se engasgaram dentro das xícaras de que bebiam. Harriet escondeu o riso por trás das mãos, Charles escondeu o rosto no pescoço de Erik enquanto o mesmo olhou para Sophie e ambos riram. Percy, as orelhas muito rosadas, ocupou-se com a chaleira.

 

        - Ah, e tenho querido dar uma palavra com você, também, Arthur. - Disse o Sr. Crouch, seu olhar penetrante recaindo sobre o Sr. Weasley. - Ali Bashir está em pé de guerra. Quer falar com você sobre o embargo dos tapetes voadores.

 

         - Mandei-lhe uma coruja sobre isso ainda na semana passada. Já devo ter dito a Bashir umas cem vezes: tapetes são classificados como artefatos mágicos pelo Registro de Objetos Enfeitiçáveis Proscritos, mas, e ele quer me escutar?

 

          O Sr. Weasley soltou um profundo suspiro.

 

         - Duvido. - Respondeu o Sr. Crouch, aceitando a xícara de Percy. - Ele está desesperado para exportar para cá.

 

        - Eu já volto, com licença. - Disse Remus indo para a barraca.

 

       - Bom, eles nunca vão substituir as vassouras na Grã-Bretanha, vão? - Disse Bagman.

 

        - Ali acha que há um nicho no mercado para um veículo familiar. - Explicou o Sr. Crouch. - Eu me lembro de que o meu avô tinha um Axminster que levava doze pessoas, mas isso foi antes dos tapetes serem banidos, naturalmente.

 

         Ele falou como se não quisesse deixar a menor dúvida de que todos os seus antepassados cumpriam rigorosamente a lei.

 

     - Então, muito ocupado, Bartô? - Perguntou Bagman despreocupadamente.

 

       - Bastante. - Respondeu o outro seco. - Organizar chaves de portal em cinco continentes não é uma tarefa qualquer, Ludo.

 

       - Imagino que os dois vão ficar contentes quando o evento acabar. - Comentou o Sr. Weasley. Ludo Bagman pareceu chocado.

 

       - Contente! Não me lembro de ter me divertido tanto... ainda assim, não é que não haja mais trabalho pela frente, hein, Bartô? Hein? Muita coisa ainda para organizar, hein?

 

       O Sr. Crouch ergueu as sobrancelhas para Bagman.

 

      - Combinamos não anunciar nada até todos os detalhes...

 

        - Ah, os detalhes! - Exclamou Bagman, afastando a palavra como se fosse uma nuvem de mosquitos. - Eles já assinaram, então? Concordaram? Aposto o que você quiser como esses garotos vão saber logo. Quero dizer, vai acontecer em Hogwarts...

 

        - Ludo, precisamos receber os búlgaros, sabe. - Disse o Sr. Crouch bruscamente, cortando os comentários de Bagman. - Obrigado pelo chá, Weatherby.

 

          Ele devolveu a Percy a xícara de chá intocada e esperou Ludo se levantar; Bagman se pôs em pé com dificuldade, virando o restinho de chá, o ouro em seus bolsos tilintando alegremente.

 

         - Vejo vocês todos mais tarde! - Disse ele. - Vão ficar no camarote de honra comigo, vou comentar o jogo! - Ele acenou, Bartô Crouch fez um movimento rápido com a cabeça e os dois desaparataram.

 

         - Que é que vai acontecer em Hogwarts, papai? - Perguntou Fred na mesma hora. - Do que é que eles estavam falando?

 

        - É informação privilegiada, até o Ministério achar conveniente comunicá-la. - Disse Percy empertigado. - O Sr. Crouch estava certo em não querer revelar nada.

 

       - Ah, cala a boca, Weatherby. - Disse Gina fazendo todos, menos Percy, rirem.

 

       Remus entrou na barraca e encontrou Sirius sentando no sofá que tinha no meio da barraca. Ele estava mexendo a varinha, fazendo pequenas figuras brilhantes correrem em círculos. Remus viu que as figuras eram, um veado, um lobo, um cachorro e um rato.

 

         - Ei.. tudo bem? - Perguntou o Lupin se sentando ao lado de Sirius. - Você ficou com uma cara quando Bartô apareceu.

 

          - É... eu... me surpreendi um pouco. Foi só isso. Tô legal. - Disse Sirius sorrindo para Remus. Não era como os sorrisos habituais, em que alcançavam as orelhas. Nem chegava perto. - Ele.. perguntou de mim ou seila, me mencionou?

 

          - Não. Pelo o que eu pude escutar enquanto vinha para cá, ele começou a falar sobre um Ali Bashir e tapete voador. - Respondeu Remus.

 

          - Hum...

 

          - Quer carinho? - Perguntou Remus sorrindo, sabendo que o Black adorava carinho no cabelo.

 

        - Igual aqueles que você me dava na escola? - Perguntou Sirius ficando animado, tal como um cachorro. Só faltava um rabo para ficar balançando. 

 

         - Sim.

 

         Sirius pulou no colo do lupino e se aconchegou no ombro do mesmo. Remus sorriu com carinho e começou a fazer carinho no cabelo do Black, do mesmo modo que ele fazia na escola quando Sirius estava triste.

 

 

 

 

       A atmosfera de excitação foi-se adensando como uma nuvem palpável sobre o acampamento, à medida que a tarde avançava. À hora do crepúsculo, o próprio ar parado de verão parecia estar vibrando de excitação, e quando a noite se estendeu como um toldo sobre os milhares de bruxos que aguardavam, os últimos vestígios de fingimento desapareceram: o Ministério pareceu se curvar ao inevitável e parou de combater os indisfarçáveis sinais de magia que agora irrompiam por toda parte.

       Ambulantes aparatavam a cada metro, trazendo bandejas e empurrando carrinhos cheios de extraordinárias mercadorias. Havia rosetas luminosas – verdes para a Irlanda, vermelhas para a Bulgária – que gritavam os nomes dos jogadores, chapéus verdes cônicos enfeitados com trevos dançantes, echarpes búlgaras adornadas com leões que rugiam de verdade, bandeiras dos dois países que tocavam os hinos nacionais quando eram agitadas; havia miniaturas de Firebolts, que realmente voavam, e figurinhas colecionáveis dos jogadores famosos, que andavam se exibindo nas palmas das mãos.

 

        - Guardei o meu dinheiro o verão todo para o dia de hoje. - Disse Rony a Harry, quando os três saíram caminhando entre os vendedores comprando lembranças. Embora Rony já tivesse comprado um chapéu com trevos dançantes e uma grande roseta verde, comprou também uma figurinha de Viktor Krum, o apanhador búlgaro. O brinquedo andava para a frente e para trás na mão do garoto, amarrando a cara para a roseta verde acima.

 

           - Uau, olha só para isso! - Exclamou Harry, correndo até um carrinho atulhado de coisas que pareciam binóculos de latão, só que eram cheios de botões estranhos.

 

        - Onióculos. - Disse o vendedor pressuroso. - Você pode rever o lance... passar ele em câmara lenta... e ver uma retrospectiva lance a lance, se precisar. Pechincha: dez galeões um.

 

       - Eu queria não ter comprado isso. - Disse Rony, indicando o chapéu com os trevos dançantes e olhando, de olho comprido, para os onióculos.

 

        - Três. - Disse Harry com firmeza ao bruxo.

 

        - Não... não precisa. - Disse Rony ficando vermelho. Sempre se melindrava com o fato de que Harry, que herdara uma pequena fortuna dos pais, tivesse muito mais dinheiro do que ele

 

       - Não vou te dar nada no Natal. - Disse Harry, empurrando os onióculos nas mãos do amigo e de Hermione. - Por uns dez anos, não se esqueça.

 

        - É justo. - Disse Rony rindo.

 

         - Aaah, obrigada, Harry. - Disse Hermione.

 

        - E eu compro os programas para nós, olha...

 

        As bolsas de dinheiro bem mais leves, os três voltaram às barracas. Gui, Carlinhos e Gina também estavam usando rosetas verdes, e o Sr. Weasley carregava uma bandeira da Irlanda. Fred e Jorge não compraram suvenires porque tinham entregado todo o dinheiro a Bagman mas Sophie, Erik, Harriet e Charles compraram algumas coisas para os ruivos que ficaram gratos e alegres. Sophie e Erik não haviam comprado muito, Charles e Harriet fizeram o contrário dos dois. Gastaram até Erik pegar o restante do dinheiro que havia sobrado. 

 

         Remus e Sirius apenas ficaram andando abraçados, observando tudo e principalmente observando as crianças que eles consideravam filhos. Sophie, Harry, Erik e Charles. 

 

       Então, eles ouviram um gongo, grave e ensurdecedor, bater em algum lugar além da floresta e, na mesma hora, lanternas verdes e vermelhas se acenderam entre as árvores, iluminando o caminho até o campo.

 

          - Está na hora! - Exclamou o Sr. Weasley, parecendo tão excitado quanto os garotos. - Andem logo, vamos!


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado ♥ Qualquer sugestão, deixem nos comentários ♥ Uma boa Pascoa para todos vocês ♥ Bjs garera!!



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