To Die With The Sun escrita por MutantProud


Capítulo 37
Capítulo 37 - O Grande Erro da Tia Guida




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  Na manhã seguinte, os cinco já estavam na cozinha como de costume. Sophie e Erik preparando o café da manhã e Harry, Harriet e Charles arrumando a mesa. Os Dursley's ainda não fizeram nenhum tipo de sinal de que estavam acordados o que fez com que Sophie ficasse com um ótimo humor.

       - Harry, ligue a TV. - Disse Sophie distraidamente. - Vamos saber quais são as notícias de hoje.

       - Até parecemos trouxas, assim. - Disse Erik sorrindo para a ruiva.

        - Eu sei, não é estranho?

      Harry riu e foi até a televisão novinha que os Dursley's haviam comprado de presente de boas vindas para as férias de verão em casa de Duda, que andara se queixando, em várias vozes, sobre a grande distância entre a geladeira e a televisão da sala. Duda passara a maior parte do verão na cozinha, seus miúdos olhinhos de porco fixos na telinha e sua papada em cinco camadas balançando enquanto ele comia sem parar.

       Ele ligou a televisão e aumentou um pouco para eles ouvirem melhor.

      - Fugitivo? - Disse Charles olhando para o repórter. - Harry, aumenta um pouco mais.

      Harry aumentou e saiu da frente da tv para Charles assistir. Ele se sentou ao lado do amigo e olhou para o repórter na televisão, que já ia adiantado na transmissão de uma notícia sobre um fugitivo da prisão.

    “Alertamos os nossos telespectadores de que Black está armado e é extremamente perigoso. Se alguém o avistar deverá ligar para o número do plantão de emergência imediatamente.”

       - Devem estar atrás dele feito uns loucos. - Comentou Charles virando-se para Harriet que concordou. - Dúvido muito que o nosso ministro ou ministro dos trouxas encontrem Black.

       - Só irão encontrá-lo quando o próprio Black quiser ser encontrado. - Comentou Sophie colocando o café na mesa.

      - Do que vocês estão falando? - Perguntou Harry confuso. - Vocês conhecem esse Black?

      - Ele é um bruxo que fugiu de Azkaban, a prisão. Acho que já te falei sobre. - Disse Sophie se sentando de frente para o irmão.

       - Sim, você explicou para mim quando o Hagrid havia sido mandado para lá. - Disse Harry se lembrando dos acontecimentos de seu segundo ano. - Mas pensei que ninguém pudesse fugir de lá.

         - Todos pensaram. - Concordou Harriet séria. - Black foi o primeiro a fugir de Azkaban e isso o torna mais perigoso.

        - Ele fazia parte do grupo de Voldemort. - Disse Erik cruzando os braços. - Matou treze pessoas, com um único feitiço.

       - Erik. - Repreendeu Charles.

       - Ele vai saber mais cedo ou mais tarde. - Erik deu de ombros.

       - Treze pessoas?! - Exclamou Harry olhando para Erik e não notando o desconforto que a irmã estava no momento.

         - Sim, ele fez isso com testemunhas e tudo! - Disse Erik sério e pensativo. - Dúvido que o Ministério o encontre. Como a Soph falou, ele só vai ser encontrado quando ele quiser.

        - Me pergunto o que fez ele fugir. - Disse Harriet bebendo o suco.

        - Ele descobriu alguma coisa. - Mumurou Sophie. - E eu queria muito saber o que é.

       Antes do Harry acordar, do lado de fora da casa dos Dursley's.

       - Temos que falar sobre o Black. - Disse Erik olhando para Sophie. - Lembre-se que Dumbledore pediu.

        - Isso vai ser tão difícil. - Disse Sophie com um alto suspiro. - Não quero falar de Sirius como um criminoso.

        - Eu sei que não quer, mas lembre-se do plano. - Dessa vez foi Charles que disse.

        - O Harry precisa acreditar que Sirius é o vilão. Só isso. Não precisamos dizer sobre a "traição" dele, vamos apenas comentar sobre o fato dele ter fugido de Azkaban.

        Sophie olhou para os pés e depois para os amigos. Deu um breve sorriso e concordou com a cabeça.

       Agora.

       - Enfim, chega de falar do Black. - Disse Sophie sorrindo. - Vamos falar dos materiais!

        - Iremos hoje para o Caldeirão Furado? - Perguntou Charles depois de terminar de comer.

        - Acho que devíamos ficar até a volta do Remus, assim o Harry pode ter a chance dos tios assinarem o consentimento para ele ir para Hogsmeade.

         - Seja como for, é melhor você começar a pedir para seu tio hoje. Acredito que Remus voltará em 10 de Agosto. Ele vai querer estar aqui para o aniversário de Sophie. - Disse Charles sorrindo.

         Sophie ia responder quando a porta da cozinha se abriu e o tio Válter apareceu com um terno bem arrumado, os bigodes penteados e a papada balançando. Sophie sentiu uma enorme vontade de vomitar.

       - Vocês já terminaram? - Rosnou Válter olhando diretamente para Sophie. - Eu e Petúnia temos que preparar o nosso café para irmos buscar minha irmã, Guida.

        - Irmã? - Perguntou Sophie arregalando os olhos.

        - Tia Guida? - Perguntou Harry também arregalando os olhos. - Ela não está vindo para cá... está?

        Se tinha alguém que Harry odiasse mais do que a tia Petúnia e o tio Válter, então esse alguém era a tia Guida.

      Tia Guida era irmã de tio Válter. Embora não fosse um parente consangüíneo de Harry (cuja mãe fora irmã de tia Petúnia), a vida inteira ele tinha sido obrigado a chamá-la de "tia". Tia Guida morava no campo, em uma casa com um grande jardim, onde ela criava buldogues. Raramente se hospedava na Rua dos Alfeneiros, porque não conseguia suportar a idéia de se separar dos seus preciosos cachorros, mas cada uma de suas visitas permanecia horrivelmente nítida na cabeça de Harry.

      Na festa do quinto aniversário de Duda, tia Guida tinha dado umas bengaladas nas canelas de Harry para impedi-lo de vencer o primo em uma brincadeira. Alguns anos mais tarde, ela aparecera no Natal trazendo um robô computadorizado para Duda e uma caixa de biscoitos de cachorro para Harry. Na última visita, um ano antes do garoto entrar para Hogwarts, ele pisara sem querer o rabo do cachorro favorito da tia. Estripador perseguira Harry até o jardim e o acuara em cima de uma árvore, mas tia Guida se recusara a recolher o cachorro até depois da meia-noite. A lembrança desse incidente ainda produzia lágrimas de riso nos olhos de Duda.

       
         - Guida vai passar uma semana aqui - rosnou tio Válter - e enquanto estamos nesse assunto - ele apontou um dedo gordo e ameaçador para Harry e depois para Sophie - precisamos acertar algumas coisas antes de eu sair para apanhá-la.

        - Em primeiro lugar - rosnou tio Válter -, vocês vão falar com bons modos quando se dirigir a Guida.

 

         - Tudo bem - Disse Harry com amargura -, se ela fizer o mesmo quando se dirigir a mim.


       Charles, Erik e Harriet soltaram leves risadas fazendo Válter ficar vermelho.

     - Em segundo lugar - Continuou o tio, fingindo não ter ouvido a resposta de Harry -, como Guida não sabe nada da sua anormalidade, não quero nenhuma... Nenhuma gracinha enquanto ela estiver aqui. Você vai se comportar, está me entendendo?

        - Eu me comporto se ela se comportar. - Retrucou Harry irritado.

         - Em terceiro lugar...

         - Antes de você continuar com essas balelas todas, você pensou no que vai dizer para a sua irmã em relação a mim e aos meus amados amigos?

         - Claro que eu já pensei! - Rosnou Válter.
 
         - Por favor, pare de rosnar, parece um animal descontrolado. - Resmungou Erik revirando os olhos.

          - Vocês são amigos do Duda que vieram passar as férias aqui. - Disse Válter com um ar de orgulho; aparentemente pela ideia.

          - Eca. - Harriet fez cara de nojo.

 

        - Enfim, e em terceiro lugar - Disse tio Válter, seus olhinhos maldosos agora simples fendas na enorme cara púrpura. - dissemos a Guida que você freqüenta o Centro St. Brutus para Meninos Irrecuperáveis.


    - Quê? - Berrou Harry.

     - E você vai sustentar essa história, moleque, ou vai se dar mal. - Cuspiu tio Válter.

      - Isso é uma ameaça?! - Disse Erik alto dando um passo para frente ficando na frente de Válter.

       Válter deu um passo para trás e pareceu assustado com a aproximação de Erik.

       - Se acalme Erik. Válter não poderia fazer nada com Harry, não quando estamos aqui. - Disse Charles puxando Erik.

 

        Harry ficou sentado ali, o rosto branco e furioso, encarando o tio Válter, sem conseguir acreditar no que ouvia. Tia Guida vinha fazer uma visita de uma semana - era o pior presente de aniversário que os Dursley já tinham lhe dado, incluindo nessa conta o par de meias velhas do tio.

 

           - O que você nos pede, é para que nos comportemos enquanto sua irmã está aqui. Certo? - Perguntou Charles virando-se para Válter que ainda estava assustado.

        - Sim, basicamente isso. - Concordou Válter cruzando os braços.

        - Bem, então nós temos uma proposta para você. - Disse Charles sorrindo marotamente.

        - Proposta?! - Resmungou Válter. - Nós lhe damos abrigo e vocês ainda resolvem nos chantagear!

         - Chame como quiser. - Charles deu de ombros. - Enfim, a proposta que queremos lhe fazer é o seguinte: Se o Harry se comportar, agir da maneira como você quer e nós também nos comportarmos da maneira que você quer, então você irá assinar um papel de autorização para o Harry.

       - Papel de autorização? E por que o seu padrinho não assina? - Perguntou Válter para Sophie que revirou os olhos.

        - Porque, Sr.Inteligente, o padrinho é meu. Ou seja, ele é responsável por mim.— Disse Sophie como se estivesse falando com uma criança.

         - E você, infelizmente é o único, assim como sua esposa, parentes vivos de Harry. Ou seja, os responsáveis. - Disse Harriet ao lado de Sophie.

         - É uma proposta justa. Harry e nós nos comportamos e você assina a autorização. Se acontecer o contrário, você não assina e sairemos desta casa. - Disse Erik de braços cruzados. - Simples.

         - Feito? - Perguntou Harry estendendo a mão para Válter.

         - Muito bem, feito. - Concordou Válter apertando a de Harry. - Agora se vocês já terminaram, eu e minha família gostaríamos de usar a cozinha.

          - Certo, vamos pessoal. Vamos dar uma volta. - Disse Sophie sorrindo. - A louça é de vocês hoje.

         - Nossa? - Perguntou Válter arregalando os olhos.

         - Sim. - Disse Sophie passando por Válter. - Ontem foi a gente que limpou.

         Válter resmungou e Harry sorriu para Charles enquanto eles saíam da casa para o passeio costumeiro deles pela rua dos Alfineiros. Erik e Sophie andaram juntos na frente, falavam aos sussurros e Harry se sentiu curioso sobre o que poderia ser.

        - Então, como essa Guida é? - Perguntou Harriet chamando atenção de Harry. - Você pareceu bem assustado quando o seu tio mencionou ela.

         - Acredite, eu tenho bons motivos para ser. A tia Guida consegue ser pior que o tio Válter em uma escala bem maior. - Disse Harry lembrando das vezes que a tia Guida vinha para a rua dos Alfineiros. - Ela me odeia, e deixa isso bem claro todas as vezes que vem para cá.

         - Não parece ser nem um pouco agradável. - Disse Charles do outro lado de Harry. - Por Merlin, Harry, como você consegue aguentá-los?

         - Acredite, eu me faço essa pergunta todos os dias. - Disse Harry sorrindo para Charles e Harriet.

         Os cinco pararam na pequena Praça que ficava subindo a rua, se sentaram na grama e ficaram relaxando pelo sol da manhã junto com um leve vento.

         - Só mais alguns dias e estaremos em Hogwarts. - Disse Sophie abrindo um pequeno sorriso. - Estou tão ansiosa para ver como o Remmy vai se sair!

         - Assim como nós. - Disse Charles também sorrindo. - Vai ser tão legal ter ele como professor!

         - Falando em professor, me fez lembrar de lições... terminamos todas as lições de casa? - Perguntou Harriet olhando para Erik.

          - Sim, já fizemos todas. Harry, você só tem uma última do Snape. - Disse Erik para o garoto que deu um alto suspiro. - Não se preocupe, eu te ajudo com essa.

          - Obrigado Erik. - Disse Harry sorrindo. - Uma semana. Uma semana com a tia Guida falando mal de mim enquanto vocês fingem serem amigos do Duda.

          - Eu também não gosto disso mas é o único jeito de você poder visitar Hogsmeade. - Disse Sophie dando um leve sorriso para Harry.

         - Por que você chama ela de "tia"? - Perguntou Harriet para Harry. - Ela irmã do Válter, ela não é da sua família.

          - Eles me obrigaram à chamá-la de tia. - Resmungou Harry.

          - Não posso acreditar que Petúnia é irmã da mamãe. - Disse Sophie olhando para Harry.

         - Nem eu acredito. - Respondeu Harry sorrindo.

        - O que você tem Erik? - Perguntou Charles para o amigo que estava sentado ao seu lado em silêncio. - Está quieto. Até parece estar em outro mundo.

        - Não é nada. - Respondeu Erik sorrindo para Charles. - Estou apenas pensando nos N.O.M'S.

         - Relaxa liebe, a gente vai se sair bem. - Disse Sophie tocando no ombro do amigo. - Só não podemos enlouquecer no meio dos exames.

        Todos riram.

       - Vamos voltar, logo a tal Guida vai  chegar. Temos que arrumar o quarto de uma maneira bem trouxa. - Disse Erik se levantando e puxando Charles consigo.

        - E as corujas? - Perguntou Harry se levantando também.

        - A última vez que eu vi, Errol parecia bem e Edwiges estava dormindo. - Disse Sophie começando a andar. - Mandamos Errol de volta para Rony e Edwiges para Remus.

         - Não será uma virgem muito longa para Errol? - Perguntou Harry para Erik.

        - Ela não estará levando nada como carga e ela pode parar no caminho para descansar. - Disse Erik com uma mão no ombro de Harry. - Não se preocupe, Harry. Elas sabem se cuidarem.

        Quando os cinco voltaram para a casa, viram que Válter já havia saído e rapidamente se prepararam para arrumar o quarto e despachar as corujas. Sophie havia escrito uma carta para Remus, explicando o motivo de ter mandado Edwiges para ele.

        - Bem, parece que está tudo certo. - Comentou Charles. - Os materiais já estão guardados nos melões?

        - Sim. - Respondeu Harriet.

       - E os malões já estão escondidos? - Perguntou Charles novamente.

       - Sim. - Respondeu Erik.

       - Nada mágico perdido pelos cantos? - Charles perguntou novamente.

       - Não. - Respondeu Sophie sorrindo para o moreno.

        - Estamos todos preparados para ver a irmã do Válter? - Charles perguntou fazendo Harry rir.

        - Não. - Todos responderam.

        - Então está tudo pronto.

       Erik revirou os olhos e sorriu para Charles. O momento de alegria durou por pouco tempo pois logo Petúnia estava chamando por eles.

         Os cinco desceram e viram Petúnia e Duda arrumados. Charles e Sophie se seguraram para não rirem das roupas que Duda usava.  O garoto estava com os cabelos louros emplastrados na cabeça gorda, uma gravata-borboleta quase invisível sob a papada quíntupla.

        - Muito bem, já que temos que ser amigos do Dudley, então todos menos o Harry temos que ficar ao lado dele. - Disse Erik empurrando os amigos para o lado de Duda que estava assustado. - É bom você fingir que somos seus amigos ou você saberá como um porco anda. - Rosnou Erik baixo para Duda sem Petúnia ouvir.

       Duda guinchou.

     - Bem, acho que estamos todos prontos. - Erik sorriu para os amigos e deu uma leve piscada para Harry que riu.

       - Dê um jeito nesse seu cabelo! - Disse Petúnia irritada para Harry.

       Harry não via sentido em tentar fazer seu cabelo ficar penteado.
   Tia Guida adorava criticá-lo, por isso, quanto mais desarrumado, mais satisfeita ela iria ficar.
  
     Demasiado cedo, ouviu-se um ruído de pneu triturando areia quando o carro de tio Válter entrou de marcha a ré pelo caminho da garagem, depois, batidas de portas e passos no jardim.

     - Atenda a porta! - Sibilou tia Petúnia para Harry.

    Com uma sensação de grande tristeza e depressão na boca do estômago, Harry abriu a porta.

    Na soleira encontrava-se tia Guida. Era muito parecida com o tio Válter;
corpulenta, alta, socada, a cara púrpura, tinha até bigode, embora não tão peludo quanto o do irmão. Em uma das mãos ela trazia uma enorme mala, e, aninhado sob a outra, um buldogue velho e mal-humorado.
 
        - Santo Deus. - Sussurrou Sophie assustada. Os amigos concordaram com a cabeça tão assustados quanto Sophie.

      - Onde está o meu Dudoca? - Bradou tia Guida. - Onde está o
meu sobrinho fofo?
 
       Tia Guida largou a mala na barriga de Harry, deixando-o sem ar, agarrou Duda num abraço apertado com o braço livre e plantou-lhe uma beijoca na bochecha.
     Harry sabia perfeitamente bem que Duda só agüentava os abraços da tia
porque era bem pago para isso, e não deu outra, quando os dois se separaram, Duda levava uma nota novinha de vinte libras apertada na mão gorda.

       - Petúnia! - Exclamou tia Guida, passando por Harry como se ele fosse um cabide de chapéus. As duas se beijaram, ou melhor, tia Guida deu uma queixada na bochecha ossuda de tia Petúnia. - Como é bom te ver! Você emagreceu!

      Tia Petúnia deu um sorriso amarelado e então tia Guida se virou para a irmã e os amigos de Harry que olhavam Petúnia um pouco assustados.

      - E quem são vocês? - Tia Guida perguntou examinando os cinco da cabeça até os pés.

       - Ah eles são amigos do Duda, vieram passar as férias aqui com ele. - Disse Petúnia se enrolando um pouco.

        - Aaah! Válter falou que os amiguinhos do meu Dudinha estariam aqui. - Disse Guida colocando as mãos gorduchas nas bochechas de Sophie. - Você é uma graça! Qual é o seu nome garota?

         - Lupin. Sophie Lupin. - Disse Sophie ficando vermelha de raiva e de vergonha.

          - É um nome estranho. - Respondeu Guida se virando para Erik. - Que rapaz magrinho! Deve comer mais senhor. .

         - Erik. - Disse Erik cruzando os braços.

         - Erik. Uhum, e quais são seus nomes? - Perguntou Guida agora olhando para Charles e Harriet.

         - Charles e essa é minha irmã Harriet. - Disse Charles dando um passo para trás e empurrando Harriet para frente.

        - Um casal de irmãos lindos, sem dúvida. - Disse Guida sorrindo e virando-se para Petúnia. - Fico feliz em conhecer os amigos de meu sobrinho querido.

       Harry olhou para Sophie e ele percebeu que Erik estava segurando ela nas costas. Parecia que sua irmã estava à um passo de matar a tia Guida.

       - Ah... - Para o desagrado de Harry, Guida o notou. - Ainda está aqui.

        - Estou. - Respondeu o menino.

        - Não diga "estou" nesse tom insolente e ingrato. - Rosnou tia Guida. - É uma grande bondade Válter e Petúnia acolherem você. Eu não teria feito o mesmo. Eu o teria mandado direto para um orfanato se alguém largasse você na minha porta.

    Harry estava doido para responder que preferia viver em um orfanato do que com os Dursley, mas a lembrança do formulário de Hogsmeade e o olhar que Erik lhe deu fez com que se calasse.
  
       Ele se esforçou para dar um sorriso constrangido.

    - Não me venha com sorrisinhos! - Trovejou tia Guida. - Estou vendo que não melhorou nada desde a última vez que o vi. Tive esperanças que a escola lhe desse educação à força, se fosse preciso.

      Enquanto Guida falava isso, Harry percebeu que agora eram Charles e Erik segurando sua irmã para que não pulasse na mulher.

        Tio Válter entrou nesse momento, sorrindo jovialmente e fechou a porta.  Mas o sorriso vacilou quando viu Sophie tentando se soltar dos braços de Erik e Charles.

    - Chá, Guida? - Ofereceu fazendo com que Guida não olhasse para atrás. - E o que é que o Estripador vai tomar?

   - Estripador pode beber um pouco de chá no meu pires. - Respondeu tia Guida enquanto seguiam todos para a cozinha, deixando Harry com a irmã e os amigo sozinhos no hall com a mala.

        - Mas de que inferno esse demônio saiu?! - Resmungou Sophie baixo para só amigos ouvirem. - E por que raios vocês dois ficaram me segurando?!

          - Você estava quase pulando no pescoço - se é que pode-se chamar aquilo de pescoço - da mulher! - Resmungou Erik de volta. - Temos que nos controlar ou Harry não conseguirá ir para Hogsmeade.

           - Certo... certo. - Murmurou Sophie tentando se acalmar. - Uma semana. Tenho que me controlar durante uma semana. Ok. Acho que posso fazer isso.

        Harry percebeu no segundo dia em que a tia Guida estava na casa, que Sophie não podia fazer isso. Só no segundo dia, sua irmã tentou pular em cima de Guida pelo menos dez vezes e em todas as vezes, Erik sempre a segurava. Agora, em todo lugar da casa que Sophie ia, Erik ia atrás por precaução.

        Mas nem mesmo ele estava aguentando pois enquanto sua irmã era impedida de matar Guida, ele próprio estava à beira de um ataque de raiva.
      

      Tio Válter e tia Petúnia em geral encorajavam Harry a ficar fora do  caminho deles, o que o menino fazia com a maior satisfação. Tia Guida, por outro lado, queria Harry debaixo dos seus olhos o tempo todo, para poder fazer, com aquele vozeirão, sugestões para melhorá-lo. Adorava comparar Harry a Duda, e tinha o maior prazer de comprar presentes caros para Duda enquanto olhava feio para Harry, como se o desafiasse a perguntar por que não recebera um presente também. Charles, Harriet e Erik que fingiam ser amigos do Duda  pareciam estarem fazendo o possível para não tentar matar Guida pelas coisas que ela dizia à Harry. Sophie tentava se manter o mais longe possível de Guida e só ficava perto dela na hora do jantar e almoço.


      Mas o pior de tudo e Harry acreditava que era o motivo principal da raiva de Sophie ficar tão grande era pelo motivo que ela não parava de soltar piadas de mau gosto sobre as razões de Harry ser uma pessoa tão deficiente.

       Mas então o terceiro dia chegou, na hora do jantar. Todos estavam sentados na mesa, Harry estava no meio entre Sophie e Charles e comia a comida sem dizer uma palavra, assim como os outros amigos estavam.

      - Você não deve se culpar pelo que os meninos são hoje, Válter. - Comentou ela olhando para Harry. - Se existe alguma coisa podre por dentro, não há nada que ninguém possa fazer.

    Harry tentou se concentrar na comida, mas suas mãos tremiam e seu rosto começou a arder de raiva.

 
   Lembre-se do formulário, disse a si mesmo. “Pense em Hogsmeade. Não diga nada. Não se levante...”

        Ainda olhando para o prato ele percebeu que as mãos de Sophie começavam a tremer também. Harry percebeu que não era só ele que estava tentando se acalmar naquela mesa.

    Tia Guida esticou a mão para a taça de vinho.

    - Isso é uma das regras básicas da criação. - Disse ela. - A gente vê isso o tempo todo com os cachorros. Se tem alguma coisa errada com uma cadela, vai ter alguma coisa errada com o filhote...

 

      Naquele momento, a taça de vinho que tia Guida segurava explodiu em sua mão. Cacos de vidro voaram para todo lado e ela gaguejou e piscou, a caraça vermelha pingando.


    - Guida! - Guinchou tia Petúnia. - Guida, você está bem?

    - Não se preocupe. - Resmungou tia Guida, enxugando o rosto com o guardanapo. - Devo ter segurado a taça com muita força. Fiz a mesma coisa na casa do coronel Fubster no outro dia. Não precisa se preocupar, Petúnia, tenho a mão pesada...


       Mas tanto Válter quanto Petúnia haviam olhado para Harry e para Sophie desconfiados. Erik, Charles e Harriet também estavam olhando para os dois, Charles e Harriet tinham olhares de surpresos direcionados para os Potter, já Erik olhava para os dois com o misto de repreensão e um outro olhar que Harry não soube explicar.

       - Com licença mas eu tenho que terminar minha lição de casa. - Disse Sophie se levantando e colocando o prato em cima da pia antes de sair para o quarto de Harry.

        Harry também resolveu sair, no corredor, apoiou-sena parede e respirou profundamente. Fazia muito tempo desde a última vez que se descontrolara e fizera uma coisa explodir. Não podia deixar que isso acontecesse de novo, O formulário de Hogsmeade não era a única coisa em jogo - se ele continuasse a agir assim, ia se encrencar com o Ministério da Magia.

    Harry ainda era um bruxo menor de idade, portanto, pela lei dos bruxos, ele era proibido de fazer mágica fora da escola.

      Ele respirou fundo novamente e lembrou que não foi o único a sair da mesa. Sophie também havia saído, será que havia sido ela que havia explodido o vidro? Ou eles dois? Harry ouviu os Dursley se levantarem da mesa e correu escada acima para sair do caminho.

       Ele entrou no quarto e viu Sophie olhando para a janela.

       - Foi você? - Perguntou Harry fazendo a irmã se virar para ele. - Ou fui eu?

        - Creio que foi nós dois. - Disse Sophie dando um leve sorriso. - Acho que preciso de um suco de maracujá.

        - Eu também. - Harry riu.

    Harry conseguiu sobreviver os três dias seguintes forçando-se a pensar no manual de "Faça a Manutenção da sua Vassoura" sempre que tia Guida implicava com ele.
   A coisa funcionou muito bem, embora seu olhar parecesse vidrado, porque tia Guida começou a ventilar a opinião de que ele era mentalmente deficiente.

      Sophie continuava tentando evitar Guida mas a mulher sempre a pegava junto com Erik, Charles e Harriet para conversarem sobre como o Duda era um jovem maravilhoso. E para a tristeza de Erik, Charles também estava tentando matar Guida então ele tinha que segurar tanto Sophie quanto Charles.
 
    Mas finalmente, um finalmente muito demorado, chegou a última noite da estada de tia Guida. Tia Petúnia preparou um jantar caprichado e tio Válter abriu várias garrafas de vinho. Eles conseguiram terminar a sopa e o salmão sem mencionar nem uma vez os defeitos de Harry; quando comiam a torta merengue de limão, tio Válter deu um cansaço em todo mundo com uma longa conversa sobre Crunnings, sua empresa de brocas; depois tia Petúnia preparou o café e o marido apanhou uma garrafa de conhaque.

     - Posso lhe oferecer essa tentação, Guida?

   Tia Guida já bebera muito vinho. Sua cara enorme estava muito vermelha.

    - Só um pouquinho, então. - Disse ela rindo. - Um pouquinho mais... Mais... Aí, perfeito.


    Duda estava comendo o quarto pedaço de torta. Tia Petúnia bebericava café com o dedo mindinho esticado. Harry realmente queria desaparecer e ir para o quarto, mas deparou com os olhinhos zangados do tio Válter e viu que teria de agüentar até o fim. Ele estava sentado novamente ao lado de Sophie, com Erik a sua esquerda. Charles e Harriet estava sentados juntos enquanto Sophie estava ao lado de Guida. Para a tristeza dela.

   - Aah! - Exclamou tia Guida, estalando os lábios e pousando o cálice de conhaque. - Um senhor jantar, Petúnia. Normalmente só como uma coisinha rápida à noite, com uma dúzia de cachorros para cuidar.. - Ela soltou um gostoso arroto e deu umas palmadinhas na grande barriga coberta de tweed. - Me desculpem. Mas gosto de ver um menino de tamanho saudável. - Continuou ela, dando uma piscadela para Duda. - Você vai ter tamanho de homem, Dudoca, como seu pai. Sim, senhor, acho que vou querer mais um pouquinho de conhaque, Válter... Agora esse outro ai...

      Charles e Harriet estavam segurando muito para não rir, Harry podia perceber. Erik estava resmungando algo sobre partes do corpo humano e Sophie estava em silêncio.

   Ela virou a cabeça para indicar Harry que sentiu um aperto no estômago. O manual pensou depressa.

    - Esse aí tem um jeito ruim e mirrado. A gente vê isso nos cachorros. Pedi ao coronel Fubster para afogar um no ano passado. Era um ratinho. Fraco. Subnutrido.
   
       Harry tentou se lembrar da página doze do seu livro Feitiço para Reverter Feitiços Persistentes.

    - A coisa toda está ligada ao sangue, como eu ia dizendo ainda outro dia. O sangue ruim acaba aflorando. Mas, não estou dizendo nada contra a sua família, Petúnia - Ela deu umas pancadinhas na mão ossuda da cunhada com sua mão que mais parecia uma pá. -, mas sua irmã não era flor que se cheirasse. Isso acontece nas melhores famílias. Depois, fugiu com aquele imprestável e aí está o resultado bem diante dos olhos da gente.
      
       Harry sentiu o seu coração bater rápido e forte no peito. Olhou para Sophie e viu que ela estava com os olhos fechados e respirava fundo.

       - Por favor, se acalme. - Sussurrou Erik para Sophie sem tirar os olhos da própria comida. - É a última noite. Depois disso ela vai embora.

        Sophie concordou com a cabeça e abriu os olhos. Voltando a comer, Harry podia ver que a mão dela ainda tremia muito.

       Harry voltou a olhar fixamente para o próprio prato, sentindo uma zoeira engraçada nos ouvidos. “Segure sua vassoura pela cauda com firmeza”, pensou. Mas não conseguiu se lembrar do que vinha depois. A voz de tia Guida parecia perfurá-lo como se fosse uma das brocas do tio Válter.

   - Esse Potter - Continuou tia Guida bem alto, agarrando a garrafa e derramando mais conhaque no copo e na toalha da mesa -, você nunca me contou o que ele fazia.


    Tio Válter e tia Petúnia tinham uma expressão extremamente tensa. Duda chegara a levantar os olhos da torta para olhar os pais, boquiaberto.

    - Ele... Não trabalhava. - Disse tio Válter, sem chegar a olhar de todo para Harry ou Sophie. - Desempregado.


      - Era o que eu esperava. - Disse tia Guida, bebendo um enorme gole de conhaque e limpando o queixo na manga. - Um parasita preguiçoso, imprestável, sem eira nem beira que...

      - Não era não. - Exclamou Harry inesperadamente.

     Todos à mesa ficaram muito quietos. Harry tremia da cabeça aos pés. Nunca sentira tanta raiva na vida.

       - Não ligue para ele, Guida. - Disse Tio Válter com os olhos arregalados. - Ele não sabe o que diz....

         - É um pobre coitado que não aceita a realidade sobre o pai. Mas eu digo a você, seu moleque, seu pai era um parasita igual a sua mãe que se aproveitaram da bondade de meu irmão e de Petúnia! - Disse Guida ficando vermelha. - Provavelmente seu pai devia ser um bêbado. Sim, um bêbado largado para ser um parasita.

        - Isso é mentira. - Exclamou Sophie fazendo todos da mesa olharem para ela.

        - O que disse querida? - Perguntou Guida olhando surpresa para Sophie.

         - Nosso pai não era bêbado! - Gritou Sophie se levantando da mesa.

      - MAIS CONHAQUE! - Bradou tio Válter, que empalidecera sensivelmente. Ele esvaziou a garrafa no cálice de tia Guida. - Vocês dois, já está na hora de irem dor...

     Mas repentinamente ele se calou. Tio Válter arregalou os olhos ao ver a irmã de repente começar a inchar.
       Sua cara enorme e vermelha começou a crescer, os olhos miúdos saltaram das órbitas, e a boca se esticou tanto que a impedia de falar - no segundo seguinte vários botões simplesmente saltaram do seu paletó de tweed e ricochetearam nas paredes -, ela inflou como um balão monstruoso, a barriga transbordou o cós da saia, os dedos engrossaram como salames...

       - Isso não é bom. - Disse Charles se levantando e puxando Harry para longe de Guida.

       - GUIDA! - Berraram tio Válter e tia Petúnia juntos quando o corpo dela começou a se erguer da cadeira em direção ao teto. Estava completamente redonda agora, como uma enorme bóia com olhinhos porcinos, e as mãos e os pés se projetaram estranhamente do corpo que flutuava no ar, dando estalinhos apopléticos. Estripador entrou derrapando na sala, latindo enlouquecido.

       
       Erik pegou a mão de Sophie e puxou ela para perto de Harriet, Charles e Harry. Eles ficaram juntos, grudados em um canto da parede. Todos com os olhos arregalados e sem saber o que fazer.

         - NÃÃÃÃÃÃÃO! - Gritou tio Válter agarrando Guida por um pé e tentando puxá-la para baixo, mas quase foi erguido do chão também. Um segundo depois, Estripador avançou, e de um salto abocanhou a perna do tio Válter.

       - Temos que sair daqui. - Disse Erik. - Agora. Vamos, rápido, peguem os malões e tudo que nos pertence.

       Charles, Harriet e Harry correram para cima onde os malões estavam. Sophie e Erik ficaram olhando a cena por alguns minutos e correram para cima também.

      Não demorou muito e eles estavam já de pé sob a porta saindo e nesse momento tio Válter irrompia da sala de jantar, com a perna da calça em tiras ensangüentadas.

    - VOLTE AQUI! - Urrou. - VOLTE AQUI E FAÇA-A VOLTAR AO NORMAL!
 
       - Não. Ela mereceu o que aconteceu! - Disse Harry irritado.

      Válter andou até Harry como se fosse um touro e antes mesmo de chegar perto do Harry, Sophie elevou a varinha e apontou para o homem.

       - E fique bem longe do Harry. - Sophie rosnou e Charles, Harriet e Erik também levantaram a varinha para Válter.

        - Eu não vou aceitá-lo de volta! - Disse Válter furioso.

        - Não se preocupe. Eu não vou voltar. - Resmungou Harry saindo da casa e sendo seguido pela irmã e pelos amigos.

 

       

      


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