To Die With The Sun escrita por MutantProud


Capítulo 27
Capítulo 27 - "Somos leões, não serpentes."


Notas iniciais do capítulo

Desculpem pela demora mas eu havia ido para praia tirar um pouco de férias da fic. Mas agora estou de volta e com o capítulo novo para vocês. Bjs e Boa leitura!



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          Harry havia saído da sala comunal não ligando para os protestos dos amigos. Ele precisava de ar e sem dúvida, precisava de sua irmã. No caminho para fora do Castelo, Harry podia ver os alunos olhando para ele e sussurrando e isso o fez se sentir desconfortável e irritado. Oras, ele não podia ser o herdeiro de Slytherin... ou poderia? Ele não sabia muitas coisas sobre a família de seu pai apesar que Remus havia lhe dito que todos os Potter foram da Grifinória. No lado de fora do Castelo, ele tentou dizer alguma coisa em linguá de cobra mas as palavras não saíam. Pelo jeito, ele tinha que estar cara a cara com uma cobra para isso.

     

     "Mas eu estou na Grifinória..." pensou ele ainda andando com a cabeça baixa "O Chapéu Seletor me colocou na Grifinória. Ele não teria me colocado na Grifinória se eu tivesse sangue de Slytherin..." 

    Então ele se deu conta. Ele havia pedido para o Chapéu Seletor colocá-lo na Grifinória. 

 

      Olhou para cima e viu Sophie sentada à margem do lago com Aslan sentado ao lado dela, ambos olhavam para o lago, contemplando a beleza do reflexo do sol na água. Andou devagar e quando estava atrás dela ele tossiu chamando-a'tenção.

      Sophie se virou para ele e deu um pequeno sorriso.

 

       - Hey... - Disse ela.

 

       - Hum... - Respondeu ele se sentando ao lado dela e olhando para o lago. 

 

      Eles ficaram em silêncio por um longo tempo. Harry não sabia o que dizer, estava com medo, não queria ser parente de Salazar Slytherin, não queria falar a linguá das cobras. Ele estava tão imerso em pensamentos que não sentiu pequenas lágrimas caírem do rosto e não sentiu os braços de Sophie o envolverem em um abraço. Ele deitou a cabeça no peito da ruiva enquanto Aslan deitava a cabeça em suas pernas. 

 

        - Eu.. n-não s-sou... não é? - Perguntou Harry baixo. - Eu não sou o herdeiro...

 

        - Você jamais seria o herdeiro de Slytherin, Harry. Nunca. - Respondeu Sophie abraçando-o com mais força. - Não importa se você fala a linguá das cobras, não importa o que os outros pensam. Você é um Potter. - Dito isso ela levantou o rosto do irmão para olhá-lo nos olhos. - Isso só será apenas mais um problema que iremos passar. Juntos. 

 

         Harry concordou com a cabeça enquanto Sophie secava as lágrimas dele. Ele se sentia mais seguro com ela ali, sentia-se mais confiante. Era esse o efeito que sua irmã tinha sobre si.

 

        - Continue com seu plano. E descubra quem está por trás dos ataques. - Disse Sophie sorrindo. - Amanhã irei conversar com o Professor Dumbledore sobre alguns assuntos e tentarei entender o motivo de sua ofidioglotia. 

 

         - Está bem. - Concordou Harry. - O que o faço com... os outros que vão ficar comentando?

 

        - Ignore-os. Somos leãos, não serpentes. - Disse Sophie dando uma piscada para Harry que sorriu.

 

 

 

         Na manhã seguinte, a neve que começara a cair durante a noite se  transformara numa nevasca tão densa que a última aula de Herbología do período  letivo foi cancelada. Deixando os alunos da Grifinória e da Lufa-Lufa de aula vaga e estragando o plano de Harry para se explicar com Justino sobre o acontecimento no Clube de Duelos.

        Harry preocupava-se com isso sentado junto à lareira na sala comunal da  Grifinória, enquanto Rony e Hermione aproveitavam o tempo para jogar uma partida de xadrez de bruxo.

 

       - Pelo amor de Deus, Harry. - Disse Hermione exasperada, quando um  bispo de Rony desmontou um cavalo dela e o arrastou para fora do tabuleiro. - Vá procurar o Justino se isso é tão importante para você.

 

       Então Harry se levantou e saiu pelo buraco do retrato, imaginando onde  Justino poderia estar.

         O castelo estava mais escuro do que normalmente era durante o dia, por  causa da neve grossa e cinzenta que descia rodopiando pelo lado de fora das  janelas. Transido de frio, Harry passou por salas onde havia aulas, captando  vislumbres do que acontecia lá dentro. A Profª. McGonagall gritava com alguém  que, pelo que parecia, tinha transformado o colega em um texugo. Harry passou  adiante, resistindo ao impulso de espiar para dentro e, lembrando que Justino  talvez estivesse usando o tempo livre para tirar o atraso em alguma matéria,  decidiu verificar primeiro na biblioteca. Foi nesse momento que percebeu que Aslan estava o seguindo, se virou e olhou para o leão que parou junto com ele. Não pode deixar de sorrir, isso sem duvida era o tipo de coisa que Sophie faria mesmo. E bem, ela fez.

 

          - Ela mandou você me seguir, não foi? - Perguntou Harry se abaixando e acariciando a juba do felino.

 

           Ele assentiu e ronronou. Harry suspirou e se levantou olhando em volta, o corredor se encontrava vazio.

 

           - Vem, vamos até a biblioteca. 

 

       Vários alunos da Lufa-Lufa que deviam estar na aula de Herbologia se  achavam de fato sentados no fundo da biblioteca, mas não pareciam estar  trabalhando.  Entre as longas fileiras de estantes, Harry podia ver que suas cabeças  estavam muito juntas e que aparentemente mantinham uma conversa absorvente.  Não conseguia ver se Justino estava no grupo. Foi andando em direção a eles e,  quando começou a ouvir alguma coisa do que diziam, parou para escutar melhor,  escondido na seção da Invisibilidade. Aslan atrás dele.

 

        - Então, em todo o caso - Falava um menino forte. -, eu disse ao  Justino para se esconder no nosso dormitório. Quero dizer, se Potter o escolheu  para sua próxima vítima, é melhor ele ficar pouco visível por uns tempos. É claro que o Justino estava esperando uma coisa dessas  acontecer desde que deixou escapar para o Potter que vinha de família trouxa. Justino chegou até a contar que os pais tinham feito reserva para ele em Eton. Isto

não é o tipo de coisa que se fale assim, com o herdeiro de Slytherin à solta, não é  mesmo?

 

        - Então decididamente você acha que é o Potter, Ernie? - Perguntou,  ansiosa, uma menina loura de marias-chiquinhas.

 

      - Ana - Disse o garoto forte, solenemente -, ele é um ofidioglota. Todo mundo sabe que isso é a marca do bruxo das trevas. Você já ouviu falar de um bruxo decente que soubesse falar com cobras? Chamavam o próprio Slytherin de língua de serpente.

 

        Seguiram-se muitos murmúrios depois disso e Ernie continuou:

 

      - Lembram o que estava escrito na parede? Inimigos do herdeiro,  cuidado. Potter teve um problema com o Filch. Logo em seguida a gata de Filch é  atacada.  Aquele aluno do primeiro ano, o Creevey, estava aborrecendo Potter no jogo de  Quadribol, tirando fotos dele estirado na lama. Logo em seguida, Creevey foi  atacado.

 

        - Mas ele sempre pareceu tão gentil - Disse Ana em dúvida. -, e foi ele quem fez Você-Sabe-Quem desaparecer. Ele não pode ser tão ruim assim, pode?

 

        Ernie baixou a voz, misterioso, os alunos da Lufa-Lufa se curvaram mais  para frente, e Harry se aproximou mais para poder captar as palavras de Ernie.

 

         - Ninguém sabe como foi que ele sobreviveu àquele ataque do Você- Sabe-Quem, quero dizer, ele era só um bebê quando a coisa toda aconteceu.  Devia ter explodido em pedacinhos. Só um mago das trevas realmente poderoso  poderia ter sobrevivido a um ataque daqueles. - E baixando a voz até quase um  sussurro, continuou: - Vai ver é por isso que Você-Sabe-Quem queria matá-lo para começar. Não queria outro bruxo das trevas concorrendo com ele. Que  outros poderes será que o Potter anda escondendo?

 

           Ao ouvir todas aquelas baboseiras, Aslan soltou um rosnado alto e Harry que já havia ouvido demais saiu da sessão de invisibilidade com o leão junto. Olhou para todos os alunos que ali estavam que pareciam assustados com sua presença e alguns olhavam para Aslan que soltava altos rosnados.

 

          - Olá. - Disse Harry. - Estou procurando o Justino Finch-Fletchley.

 

      Os receios dos garotos da Lufa-Lufa claramente se confirmaram. Todos  olharam cheios de medo para Ernie.

 

       - Que é que você quer com ele? - Perguntou Ernie com a voz trêmula.

 

        - Eu queria dizer a ele o que realmente aconteceu com aquela cobra no  Clube dos Duelos.

 

        Ernie mordeu os lábios brancos, tomou fôlego e disse:

 

     - Nós estávamos todos lá. Vimos o que aconteceu.

 

       - Então vocês repararam que depois que falei com a cobra ela recuou? - Perguntou Harry.

 

     - Só o que eu vi - Disse Ernie, insistente, embora tremesse enquanto  falava. - foi você falando em língua de cobra e açulando o bicho para cima de  Justino.

 

         Aslan já estava com as garras e os dentes a mostra pronto para atacar Ernie que havia soltado um grito estrangulado da garganta ao perceber.

 

         - Aslan. - Disse Harry fazendo o leão se recompor. - Eu não açulei a cobra para cima dele! - Protestou Harry a voz trêmula  de raiva para Ernie. - A cobra nem encostou nele!

 

         - Por pouco. E caso você esteja tendo novas idéias - Acrescentou  depressa -, é melhor eu informá-lo que pode investigar minha família por nove  gerações de bruxos, e que o meu sangue é tão puro quanto o de qualquer outro,  portanto...

 

        - Não ligo a mínima para o tipo de sangue que você tem! - Tornou Harry  furioso. — Por que eu iria querer atacar pessoas que nasceram trouxas?

 

      - Ouvi falar que você detesta os trouxas com quem mora - Disse Ernie  na mesma hora.

 

       - É impossível morar com os Dursley e não detestá-los. Eu gostaria de  ver você no meu lugar.

 

      E dando meia-volta, saiu furioso da biblioteca, ganhando um olhar de  reprovação de Madame Pince, que estava lustrando a capa dourada de  um grande livro de feitiços.

         Harry saiu pelo corredor às tontas, mal reparando aonde ia, tal era a sua  fúria. O resultado foi que bateu em alguma coisa muito grande e sólida, que o  derrubou no chão.

 

         Aslan o pegou antes que batesse no chão.

 

        - Ah, olá, Harry. - Disse a voz grossa de Hagrid.

 

          O rosto de Hagrid estava inteiramente oculto pelo gorro de lã  esbranquiçado de neve, mas não podia ser mais ninguém pois ele  praticamente ocupava o corredor com aquele seu casacão de pele de toupeira.  Um galo morto pendia de suas enorme mãos enluvadas.

 

      - Tudo bem, Harry? - Perguntou ele, empurrando o gorro para trás para  poder falar. - Você não está em aula?

 

     - Cancelada - Disse Harry, levantando-se. - Que é que você está  fazendo aqui?

 

        Hagrid ergueu o galo inerte e Aslan tentou pular para pegar.

 

         - É o segundo que matam neste período letivo. - Explicou. - Ou é  raposa ou bicho-papão e preciso permissão do diretor para lançar um feitiço em  volta do galinheiro. Aslan, espero que não seja você... Apesar que... você só gosta das comidas que os Elfos fazem, não é?

 

      Por debaixo das sobrancelhas grossas e salpicadas de neve, ele  examinou Harry com mais atenção.

 

      - Você tem certeza de que está bem? Está cheio de calor e zanga...

 

      Harry não conseguiu se forçar a repetir o que Ernie e o resto dos garotos  da Lufa-Lufa tinham andado dizendo.

 

      - Não é nada. É melhor eu ir andando, Hagrid, a próxima aula é  Transformações e tenho que apanhar meus livros.

 

          Ele se afastou, a cabeça inchada com o que Ernie dissera a seu respeito. Aslan rapidamente já estava ao seu lado. 

 

          O Justino estava esperando uma coisa dessas acontecer desde que deixou escapar para o Potter que vinha de família trouxa.

 

        Harry subiu a escada batendo os pés e entrou em outro corredor que  estava particularmente escuro; os archotes tinham sido apagados por uma  corrente de ar forte e gelada que entrava por uma vidraça solta. Estava na metade  do corredor quando caiu estendido em cima de uma coisa que havia no chão.

      Virou-se para ver melhor em cima do que caíra e sentiu o estômago  derreter.

      Justino Finch-Fletchley jazia no chão, duro e frio, uma expressão de  choque fixa no rosto, os olhos, sem visão, voltados para o teto. E não era tudo.  Ao lado dele outro vulto, a visão mais estranha que Harry já encontrara.

 

         Era Nick Quase Sem Cabeça, que agora deixara de ser branco-pérola e  transparente e se tornara preto e fumegante, e que estava imóvel na horizontal, a  mais de um metro e meio do chão. Sua cabeça estava quase inteiramente solta, e  seu rosto tinha uma expressão de choque idêntica à de Justino.

         Harry ficou em pé, a respiração rápida e superficial, o coração produzindo  uma espécie de rufo de tambor em suas costelas. Fora de si, olhou para um  lado do corredor deserto e para o outro e viu uma fila de aranhas que se afastava  o mais depressa possível dos corpos. Os únicos sons que ouvia eram as vozes abafadas dos professores nas salas de aula de cada lado.

 

              Aslan já estava em posição de ataque como se estivesse esperando por algo. Ele estava sentindo, ele sentia que o monstro estava ali.

 

        Poderia correr e ninguém saberia que estivera ali. Mas não podia  simplesmente deixá-los caídos... Tinha que procurar ajuda.  Alguém acreditaria que ele não tivera nada a ver com aquilo?

        Enquanto estava parado, cheio de pânico, uma porta se abriu com uma  batida. Pirraça o poltergeist saiu em disparada.

 

       - Ora, é o Potter Pirado! - Zombou ele, entortando os óculos de Harry  ao passar por ele. - Que é que o Potter está aprontando? Por que é que o Potter  está rondando...

 

       Pirraça parou no meio de uma cambalhota no ar de cabeça para baixo,  deparou com Justino e Nick Quase Sem Cabeça. Desvirou-se na mesma hora,  encheu os pulmões de ar e, antes que Harry pudesse impedi-lo, gritou:

 

          - ATAQUE! ATAQUE! MAIS UM ATAQUE! NEM MORTAL NEM  FANTASMA ESTÃO SEGUROS! SALVEM SUAS VIDAS! ATAAÂAAQUE!

 

       Bam - bam - bam - porta atrás de porta se escancarou ao longo do  corredor que foi invadido por um mundão de gente. Durante vários minutos, a  cena era de tal confusão que Justino correu o risco de ser esmagado, e as  pessoas não paravam de passar através de Nick Quase Sem Cabeça. Harry se  viu imprensado contra a parede enquanto os professores gritavam pedindo calma.  A Profª. McGonagall veio correndo, seguida por seus alunos em sua cola, um dos  quais ainda tinha os cabelos listrados de preto e branco. Ela usou a varinha para  produzir um alto estampido e restaurar o silêncio, e mandou todos de volta para as  salas de aula. Nem bem o corredor se esvaziara um pouco quando Ernie, o garoto da Lufa-Lufa chegou, ofegante, à cena.

 

        - Apanhado na cena do crime!— Berrou Ernie, o rosto lívido, apontando dramaticamente para Harry.

 

          No momento que Ernie gritou aquilo, Aslan que ainda estava em posição de ataque, rugiu alto fazendo com que Ernie gritasse e se escondesse atrás dos outros alunos.

 

         - Esse é o monstro! Esse é o monstro!— Gritou ele escondido e apontando para Aslan.

 

        - Agora já chega, Macmillan! - Disse a professora ríspida.

 

     Pirraça subia  e descia no ar, e agora sorria malvadamente observando a cena; adorava o caos. Enquanto os professores se curvavam sobre Justino e Nick Quase Sem Cabeça, examinando-os, Pirraça começou a cantar:

 

       Ah, Potter, podre, veja o que você fez. Matar alunos não é nada  cortês...

 

      - Já chega, Pirraça! - Vociferou a Profª. McGonagall e Pirraça saiu  voando de costas e estirando a língua para Harry.

 

        Justino foi levado para a ala hospitalar pelo Profº. Flitwick e o Profº. Sinistra, do departamento de astronomia, mas ninguém sabia o que fazer com  Nick Quase Sem Cabeça. Por fim, a Profª. McGonagall conjurou um grande leque  de ar, e entregou-o a Ernie com instruções para abanar Nick Quase Sem Cabeça  até o andar de cima. Ernie obedeceu e abanou Nick como se fosse um aerofólio silencioso.  Assim Harry, Aslan e a professora ficaram a sós.

 

        - Por aqui, Potter. - Falou ela.

 

         - Professora - Disse Harry depressa. -, eu juro que não...

 

        - Isto não está mais em minhas mãos, Potter. - Interrompeu ela tristemente.

 

       Os dois caminharam em silêncio, viraram um canto e ela parou diante de  uma gárgula de pedra feíssima.

 

      - Gota de limão! - Disse. Era evidentemente uma senha, porque a  gárgula logo ganhou vida e afastou-se para o lado, ao mesmo tempo que a parede  atrás dela se abria em dois. Mesmo temendo o que o aguardava, Harry não pôde  deixar de se admirar. Atrás da parede havia uma escada em caracol que subia  suavemente, como uma escada rolante. Nem bem ele e a Profª. McGonagall  pisaram nela, Harry ouviu a parede fazer um barulho seco e se fechar às costas  dos dois. Subiram em círculos, cada vez mais altos, até que por fim, ligeiramente  tonto, Harry viu uma porta de carvalho reluzindo à sua frente, com uma aldrava em  forma de grifo.

 

       Soube então aonde tinha sido levado. Ali devia ser a residência de Dumbledore

 

 

   

         Sophie estava sentada de frente para Dumbledore. Tinha uma mão cobrindo o rosto e tentava processar o que havia sido dito para ela. Ela não conseguia acreditar no que Dumbledore havia lhe dito, não conseguia acreditar.

 

          - Como isso pode... - Ela se levantou e começou a andar de um lado para o outro. - Eu não consigo acreditar.

 

          - Eu também não queria. - Disse Dumbledore olhando para a jovem. - Mas não existe outra explicação. 

 

          - Ele está tão assustado.. se ele souber disso...

 

         - Seria bom, ele não saber. Por enquanto. - Disse Dumbledore.

 

         Sophie suspirou e foi até o vão onde mostrava a parte de baixo da sala de Dumbledore e onde, para a surpresa de Sophie, estava Harry e Aslan. Harry olhava para o poleiro de Fawkes que pegava fogo.  

 

          - Harry? - Chamou Sophie assustando o irmão.

 

         - Sophie? - Exclamou ele surpreso.

 

         Dumbledore apareceu ao lado de Sophie e olhou para Harry.

 

          - Olá, Harry. - Disse ele sério.

 

          - Professor, senhor, seu pássaro, eu não pude fazer nada... ele simplesmente pegou fogo. - Disse Harry assustado.

 

          Sophie sorriu e desceu as escadas sendo seguida por Dumbledore que também sorria.

 

         - Ah e já não era sem tempo! - Respondeu Dumbledore. - Estava com essa aparência horrível há dias; venho dizendo para ele se apressar e Sophie até sugeriu atacar fogo nele. - Sophie riu e foi acariciar a juba de Aslan. - Mas é uma pena, Harry, que só o viu quando queimou. 

 

             Tanto Sophie quanto Dumbledore deram uma risadinha com a cara de espanto que Harry havia feito.

 

          - Fawkes é uma fênix, Harry. As fênix pegam fogo quando chega a hora de morrer e tornar a renascer das cinzas. Olhe só...

 

          Harry olhou em tempo de ver um pássaro minúsculo, amarrotado, recémnascido botar a cabeça para fora das cinzas. Era tão feio quanto o anterior.

 

         - É feio quando nasce mas quando já é adulto se torna uma bela ave. - Disse Sophie sorrindo para Fawkes.

 

          - Na realidade ela é muito  bonita quase o tempo todo, tem uma plumagem vermelha e dourada. Criaturas  fascinantes, as fênix. São capazes de sustentar cargas pesadíssimas, suas  lágrimas têm poderes curativos e são animais de estimação muitíssimo fiéis. - Disse Dumbledore, sentando-se na escrivaninha.

 

           - O que faz aqui, Harry? - Perguntou Sophie ficando ao lado de Dumbledore. - Tenho certeza que o senhor já sabe. - Disse olhando para Dumbledore que concordou.

 

          Antes que Harry pudesse dizer algo  a porta da sala  se escancarou com estrondo, e Hagrid entrou, um olhar selvagem nos olhos, o  gorro encarrapitado no alto da cabeça desgrenhada e o galo morto ainda  balançando em uma das mãos.

 

        - Não foi Harry Profº. Dumbledore! - Disse Hagrid pressuroso. - Eu  estava falando com ele segundos antes daquele garoto ser encontrado, ele  nunca teria tido tempo, meu senhor..

 

         - Hagrid... - Dumbledore tentou dizer alguma coisa, mas Hagrid continuou falando, sacudindo o galo, agitado, fazendo voar penas para todo o lado.

 

         - ... Não pode ter sido ele, eu juro até na frente do Ministro da Magia  se precisar..

 

         - Hagrid, eu...

 

         - ... O senhor pegou o garoto errado, meu senhor, eu sei que Harry  jamais...

 

       - Hagrid. - Disse Dumbledore em voz alta. - Eu não acho que Harry  tenha atacado essas pessoas.

 

       - Ah. - Acalmou-se Hagrid, o galo pendurado imóvel a um lado. - Certo.  Então vou esperar lá fora, diretor.

 

        - Vá. - Concordou Dumbledore sorrindo.

 

        - Então.. - Começou Sophie olhando para Harry e Dumbledore. - Houve outro ataque?

 

        - Sim. Justino Finch-Fletchley e Nick Quase-Sem-Cabeça. - Respondeu Harry abaixando a cabeça.

 

        - Nick? Por Deus, nem os fantasmas estão seguros! - Disse Sophie surpresa. - Mas o que isso tem haver... ah. Você estava na cena, não estava?

 

        - Sim mas foi um acidente! - Disse Harry apressado.

 

        - Eu sei que foi um acidente, se acalme. - Disse Sophie. - O que estava fazendo no corredor?

 

        - Eu... estava procurando por Justino para explicar sobre o acontecimento no Clube de Duelos. Fui na biblioteca primeiro, depois eu peguei o caminho para esse corredor. Eu nem fazia ideia para onde ia. Estava nervoso....

 

        - Nervoso? - Perguntou Dumbledore.

 

        - Sim.. eu... tive uma pequena briga com minha amiga. - Disse Harry olhando para os quadros na parede. 

 

         Dumbledore continuou em silêncio. Harry olhou novamente para ele e viu que ele agora tirava as penas de galinha da mesa enquanto Sophie ainda o olhava.

 

         - O senhor não acha que fui eu, professor? - Repetiu Harry esperançoso  enquanto Dumbledore espanava as penas de galo de cima de sua escrivaninha.

 

         - Não, Harry, não acho. - Seu rosto novamente grave. - Mas ainda  assim quero falar com você.

 

        Harry esperou nervoso enquanto Dumbledore o estudava, as pontas dos  seus longos dedos juntas.

 

       - Preciso lhe perguntar, Harry, se tem alguma coisa que você gostaria de  me perguntar - Disse gentilmente. - Qualquer coisa.

 

         Harry não soube o que dizer. Pensou em Draco gritando:  "Vocês vão ser os primeiros, seus sangues-ruins!" e na Poção de  Polissuco que estava cozinhando no banheiro da Murta Que Geme. Depois  pensou na voz sem corpo que ouvira duas vezes e se lembrou do que Rony  comentara: "Ouvir vozes que ninguém mais ouve não é bom sinal, nem mesmo no  mundo dos bruxos." Pensou ainda no que todos andavam dizendo dele, e seu  pavor crescente era que estivesse de alguma forma ligado a Salazar Slytherin...

 

         - Não - Disse Harry. - Não tem nada, não, professor..

 

         - Muito bem, pode ir. - Disse Dumbledore.

 

        Harry concordou e saiu da sala com Aslan atrás dele. Sophie se sentou em frente ao diretor e o olhou.

 

         - Ele está mentindo. - Disse Dumbledore. - Fique de olho nele, Sophie. Essa história está longe de acabar. 

 

          - Eu sei. - Disse Sophie pensativa. - Quando você percebeu? Sobre o motivo dele ser ofidioglota?

 

           - Ouso dizer que tinha minhas dúvidas desde do dia que o entreguei para os Dursleys. Mas minhas dúvidas se tornaram reais quando Severus havia me dito sobre o acontecimento no clube de duelo. Então se tornou claro, que Lord Voldemort havia passado alguns dos poderes dele para Harry.

 

 

           


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