Divergência

Toda última vez me parece a primeira...

Eis a verdade, sempre derradeira.

Somos como carícias e mordidas,

Indiscriminados pelo anseio ou desejo da vontade.

Dentre diversos outros relacionamentos...

Contundente seja nossa desigualdade

Em pautar-nos como iguais.

Dance como uma rainha trajada tão belamente de negro,

Ou aguente as mordaças que carinhosamente chamamos de beijos.

Atravesse a última fronteira, tendo certeza de não voltar...

Em tudo acredito, seja novo ou só mais um despertar.

Creio que nossas filosofias imersas,

Não boiarão em ideias

Superficiais.

Sufoque-me como fogo em seus infernos glaciais.

Leia-me como livro encharcado pela chuva irregular.

Seres opostos de natureza indisposta...

Como continuamos com isso?

Como centramos nossos corações em outra coisa,

Senão nisso?

Em pé, por favor, peço à Corte.

Enquanto corto laços que nesse palco uni.

Leve-me a céus e lagos que jamais conheci...

Que o padre rompa o contrato que nos ungi.

Se sei da verdade, é mentira...

Indague essa alma sucinta.

Confirme os devaneios que nos prenderam...

A anos de ilusão.

Deixe-me livre ou solto...

Só não me prenda à tua condição.

De andar ao teu lado igual ao tempo...

Que andávamos com mão em mãos.

Nossas brigas são épicas como uma história de fábulas...

Derradeiras vidas retiradas da lasca.

Nós nada somos senão opostos ao barroco...

Se nosso simbolismo se pauta em algo novo,

Talvez devêssemos tentar o realismo.

Para dar palavra aos problemas,

E tentar reencontrar um amor esquecido.

Inerente e afoito como bandido...

Eu corro das inverdades atribuídas ao seu verossímil.

Não há literatura que una românticos ao romantismo.

Ou parnasianos ao sincretismo.

Pautas são separadas para viverem em oposição...

Seja em brigas, irreverências, achismos, suposição.

Mais uma vez, o poema conta...

Sobre a história do Corvo & Lobo.

Voe em seu céu estrelado, azul e morto...

Enquanto caminho nessa neve fria,

Onde uivo com gosto.

~Gabriel.