Essa história não faz o mínimo sentido.

Neguei com a cabeça. Como que isso aconteceria na vida real? eu não entendo como pessoas podem amar esse tipo de literatura.

Larguei o livro na cabeceira, tirei os óculos e massageei as têmporas. Nos últimos tempos, estava lendo um livro de Luna, o qual a mesma tinha colocado na estante da sala, o título e a pequena descrição (além da capa e a ideia) serem interessantes, o livro se chama "Over the Rainbow" e é composto por histórias dos contos de fadas remasterizado em forma LGBT. Mas algumas histórias tornam-se muito fantasiosas na metade delas, o que acaba me estressando muito. Sai da cama e fui para a cozinha, precisava espairecer as ideias para não dormir emputecida. Estávamos a uma semana do casamento, estava tudo pronto. Casaríamos no cartório pela manhã, e atarde teria um almoço com ambas as famílias e a noite Luna e eu vamos para a praia curtir nossa pequena lua de mel.

enchi o copo e bebi a água observando Luna na sacada, provavelmente tendo insônia ou um dos seus surtos de criatividade. nos últimos dias, nós tínhamos nos aproximado mais, a convivência fez meu cérebro que quase não decora nada, a decorar suas manias e costumes.

Eu poderia ir lá e conversar ou poderia ir para o meu quarto, deitar e dormir pois, amanhã eu vou acordar cedo para trabalhar e me estressar com a programação. Deixei o copo na pia e comecei a caminhar para o meu quarto, deitei e dormi. Que? achou que eu iria em direção a Luna? Eu não, uma coisa que eu aprendi, foi "deixa ela quieta, caso contrário, ela não vai parar falar nunca mais".

[***]

Estávamos eu e Luna aos pés da torre Eiffel de com o seu braço esquerdo passado pelo meu pescoço e meu braço direito passado pela sua cintura em pleno inverno francês tirando selfies com sorrisos enormes nos lábios. Luna estava com um cachecol verde que realçava teus cabelos que estavam maiores, tanto que a lateral que era raspada não existia mais. Por cima do cabelo estava uma toca longa preta, o sobretudo era gostoso de tocar. quando nos separamos, eu observei o envolta, enquanto ela ficava entretida com várias fotos nossas fazendo caretas. Eu estava também de sobretudo, botas e cachecol vermelho. Meus olhos posaram nas mãos da Luna que por cima da Luna, uma fina aliança dourada repousava no anelar da mão esquerda. Ao olhar a minha própria mão, eu vi uma aliança que fazia par com a de Luna.

—Hum... eu gostei dessa, mor e você? - A ruiva se virou para mim. Encarei-a por alguns segundos e então ela completou.

— E você nem prestou atenção. - Sorriu de lado. Um Sorriso que eu nunca vi antes... era parecido com o meu.. reparei no seu rosto pela primeira vez, ela parecia mais velha, como se dez anos se passassem.

— Amor. - chamou. - Amor! - tornou a chamar.

—Oi - pisquei algumas vezes - Desculpa.

— Ta bem? - tocou gentilmente no meu rosto, olhando cada detalhe dele.

—Tô... É ... É só que eu não acredito ainda que estamos aqui mesmo. - Sorri sem graça. seus olhos posaram nos meus, ela tinha um sorriso simples nos lábios.

— Esse sempre foi o seu sonho, não é? - falou olhando para os meus lábios, humedecendo os dela - Você sempre quis ir para França. - Seus braços tomaram conta da minha cintura e ela juntou nossos corpos. - como uma garotinha do colegial. – Sorriu.

— Hahah - Revirei os olhos, minhas mãos estavam nos ombros dela. Ela aproximou nossos rostos e selou os nossos lábios.

Nessa hora eu me derreti, não tinha como não resistir a lábios tão macios e carnudos como os dela. Separamos apenas para tomar ar e nosso beijo voltou mais voraz, necessitado. Minhas mãos agora estavam no seu rosto e as mãos de Luna desceram para a minha bunda, apertando levemente.

Acordei no sobressalto, o coração palpitando. Lara foi para cima de mim, me dando diversos beijos.

— Para Lara, porra - Reclamei afastando-a - Esse negócio de casamento tá mexendo com a minha cabeça...

Levantei e fui direto para o banheiro, lavei o rosto e encarei-me no espelho e respirei fundo. Aquele sonho foi muito real, tanto que estou... deuses... eu tô excitada... minhas bochechas esquentaram e eu sai do banheiro, topando com a ruiva logo na saída.

— Opa... - Ela riu me segurando pelos ombros. teu toque fez minha pele arrepiar e eu logo tirei as mãos dela de mim e falei:

— Licença - E corri para cozinha.

— Ju, você... Tá bem? - ela apareceu, eu estava apoiada na bancada respirando fundo parecendo um pimentão.

— É... to, to bem sim - sorri sem graça. Ela foi se aproximando de mim e tocou minha testa, franzindo o cenho. Minha respiração foi entre cortando enquanto eu observando sua mão medir minha temperatura. minha pele ficou arrepiando e minha bochecha formigava de tão vermelha que estavam.

—Estranho... - Falou se afastando de mim. - Você tá muito vermelha, mas tá fria que só um defunto.  - riu fraco. - Toma um chá de hortelã.

— Não... tô atrasada pra encontrar os meninos. - Corri para o quarto, me troquei e sai de casa.

 Eu tenho que me afasta dela pelo menos por hora, minha cabeça tá muito confusa. Esse negócio de casamento mexeu com a minha cabeça e eu preciso espairecer. Saindo do prédio, comecei a caminhar pela cidade. O dia estava o típico dia em São Paulo, cinza, nublado, frio e chuvoso. O típico dia que eu amo. Coloquei as mãos no bolso da blusa e caminhei pelas ruas sem destino em mente, mesmo tendo falado que encontraria meus irmãos, o que obviamente é mentira. Como se o universo tivesse conspirando contra mim e querendo que eu não esqueça do meu sonho, ao longo da minha caminhada, vários casais passavam ao meu redor, todos felizes e contentes, abraçados por causa do frio, se beijando.

Eu sinto falta de uns beijos, não vou negar, talvez seja por isso eu tenha sonhado com isso. Fazem anos que eu não fico com ninguém e Luna é a pessoa fora da família que eu estou tendo mais contato. Sim, é por isso sim, não que eu goste da Luna romanticamente falando. Esse pensamento me acalmou, e até deixou ligeiramente feliz. Comecei a caminhar no centro da cidade sem mais me importar com os casais melosos, ou com famílias felizes, isso até eu passar por uma joalheria, que atraiu meu olhar e me fez parar. Olhando os diversos anéis, um me chama a atenção e fez meu coração disparar.

Cheguei em casa e a Luh estava sentada no sofá com Lara no colo entretida com a TV. Quando me viu abriu um sorriso enorme, como se tivesse feliz em me ver, ela fez sinal para que eu ficasse quieta pois Lara estava literalmente roncando no teu colo. Sem pensar eu apenas me abaixei, ficando de joelhos e falei:

—Luna, quer se casar comigo? – Mostrei a aliança na caixa vermelha aberta.