Festividades escrita por Lenora Roth


Capítulo 1
Inauguração de apartamento


Notas iniciais do capítulo

Sinopse:

Após terminar a faculdade, o jovem escritor Brandon Stark finalmente volta à cidade onde nasceu. E, para comemorar a ocasião, sua família decide fazer uma pequena reunião para comemorar a compra do apartamento do rapaz.

(Insinuação de Brojen)



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Após três meses de reformas exaustivas, o apartamento de Bran finalmente ficara pronto. Foi um tempo cansativo, meses passados sob o olhar protetor da mãe após quatro anos morando no dormitório da faculdade, esperando para que o apartamento de porte médio finalmente se tornasse acessível para suas necessidades.

Mas agora, finalmente, seu novo lar estava pronto.

Bran aproveitou seus últimos minutos de solidão antes dos irmãos chegarem para dar uma olhada em como o apartamento ficara. As portas eram largas o suficiente para a cadeira de rodas passar sem dificuldades, e as bancadas haviam sido rebaixadas, como solicitado. Móveis baixos, assoalho adequado, tudo perfeitamente confortável para si.

As diferenças para o seu antigo quarto no dormitório da faculdade eram gritantes.

Bran adorava sua faculdade e com certeza sentiria falta do tempo que passara lá, mas as portas estreitas, mesas altas e a falta de privacidade de um quarto dividido não deixavam saudades. O rapaz ainda tinha na memória o constrangedor primeiro encontro com seu colega de quarto, um rapaz doce e simpático mas sem nenhuma noção de espaço pessoal, que nos primeiros dias não parara de se oferecer para ajudá-lo a se vestir e até mesmo a tomar banho.

Era tudo oferecido na melhor das intenções, Bran tinha certeza, mas nada o enfurecia mais do que ser tratado como incapaz.

Foi trazido de volta à realidade pelo som da campainha e, com um sorriso no rosto, foi atender o único dos seus irmãos capaz de chegar cinco minutos mais cedo em qualquer compromisso.

— Ninguém chegou ainda, Robb, você precisa mudar esse hábito - falou como cumprimento enquanto abraçava o irmão mais velho.

— Você sabe como eu detesto chegar atrasado - foi a única justificativa do rapaz, sorridente enquanto entrava no apartamento e olhava em volta, acompanhado pelo noivo e por Vento Cinzento, o husky siberiano do casal, que imediatamente correu para brincar com Verão, o labrador de Brandon.

Bran não se ofendeu pelo silêncio de Theon, como nunca se ofendia. Há alguns anos ele fora um rapaz engraçado e charmoso, contador de piadas e com uma incrível capacidade de falar por minutos ininterruptos sem pausas para respirar. Não era mais o caso, não depois de ter sido sequestrado juntamente com Sansa, irmã mais velha de Bran.

Silêncio era algo que Bran conseguia entender. O silêncio havia sido seu melhor amigo após o acidente.

Depois de mostrar o apartamento aos seus primeiros convidados, o mais novo os direcionou ao sofá e se ofereceu para fazer um chá. Robb foi rápido em recusar:

— Não precisa, eu mesmo posso fazer.

Theon apenas sorriu de lado e comentou, baixinho:

— Se Bran não fosse capaz de fazer um chá, ele não estaria indo morar sozinho, Robb.

Bran sorriu fraco enquanto se direcionava para a cozinha. Theon podia ser cheio de silêncios, mas sabia bem quando usar a voz. Essa era uma qualidade que o garoto desejava poder ter.

Não é como se ele não fosse bom com palavras; mas sua habilidade com elas era a de colocá-las no papel. O livro que publicara no segundo ano de faculdade era um sucesso, e Bran já estava trabalhando na sua sequência.

Mas no que se dizia respeito a oratória, este era um dom que apenas Robb herdara do pai. Seguindo a carreira de Ned Stark, Robb se tornara um brilhante advogado, e era do conhecimento de toda Winterfell que a firma da família seria herdada por ele. Afinal de contas, era o único dos cinco filhos que tomara o rumo do Direito.

Nem terminara de fazer o chá quando a campainha tocou novamente, mas decidiu deixar a missão de atender a porta para Robb, abusando da boa vontade exacerbada do irmão para roubar mais alguns minutos de solidão para si. Bran amava sua família de todo o coração, mas os deuses sabiam como os Stark podiam sobrecarregar alguém.

Após o chá ficar pronto, foi uma questão de tempo até todo o clã estar reunido na sala de estar do jovem escritor. Sua mãe chorou um pouco por estar vendo o filho ir embora de casa, enquanto seu pai apenas a olhara com afeição enquanto dizia que "estava fadado a acontecer". Sansa trouxe sua akita chamada Lady e um de seus quadros de presente para o novo lar de Bran. Jon, primo que havia sido criado como um irmão após a morte da mãe, trouxe a namorada Ygritte e Fantasma, o lobo albino que o acompanhava em todos os lugares. Rickon, que ainda nem terminara o ensino médio, trouxe Cão Felpudo, o imenso rottweiler que crescera junto com ele. E como sempre, atrasada e alegre, chegara Arya, a mais nova das garotas e com Nymeria, o pastor alemão que usava de cão-guia, ao encalço.

Desnecessário dizer, mas os Stark eram conhecidos por seu amor aos animais de estimação.

E foi bom ver a todos novamente. Foi bom ouvir das preparações para o casamento de Robb e Theon, da arte de Sansa, das viagens de Arya. Foi bom ouvir sobre a bolsa de esportes que Rickon já tinha assegurada para a faculdade, e sobre a especialização em medicina legal de Jon.

Foi bom, mas Bran precisava de um ar.

Pediu licença e saiu do apartamento, foi para frente do prédio e acendeu um cigarro. Dos seus maus hábitos, fumar talvez fosse o pior, um vício compartilhado por quatro das seis crianças Stark. No início foi um escândalo para sua mãe, tendo flagrado Brandon, Arya e Sansa fumando os cigarros de Robb escondidos, mas após tantos anos tal hábito era apenas visto como olhos de reprovação e resignação. O rapaz já estava em seus 24 anos, afinal. Não havia mais muito que fazer a respeito de suas decisões.

— Com licença - ouviu uma voz educada distanciá-lo de seus devaneios, e encarou o dono dela. Era um rapaz baixo e magro, com o cabelo de um loiro sujo e impressionantes olhos verdes, feições harmoniosas que resultavam em um rosto bonito. - Você é o novo morador, não é? Sou Jojen Reed, o vizinho.

Apertou a mão do rapaz, uma mão suave de quem não enfrentara trabalho braçal. Tudo nele era suave, Brandon percebeu. Ele não sabia o que fazer com essa informação.

— Sou Brandon Stark, mas geralmente me chamam de Bran - respondeu simplesmente, e observou o rosto do rapaz se iluminar.

— Brandon Stark? Como o autor de O Corvo de Três Olhos?

Bran assentiu, e se sentiu bobo por estar tão feliz em ter seu nome reconhecido por um rapaz tão bonito.

— Eu adoro o seu livro! Li tantas vezes que não posso contar. O seu conhecimento de história é admirável, assim como a forma com que você o usa para escrever. Vivo recomendando o livro para os meus alunos, eles devem me achar obcecado a esse ponto... e você também - concluiu sem graça, corando um pouco. Poucas coisas se mostraram tão adoráveis aos olhos de Brandon.

— Alunos? - perguntou, curioso.

— Sim, sou professor de História Medieval, Literatura Medieval e História das Religiões na Universidade de Winterfell.

— Mesmo? - e por um momento, Bran se sentiu arrependido por ter decidido fazer seu ensino superior da Cidadela - Com todo o respeito, não podia imaginar. Você parece jovem.

— Tenho 26 anos - Jojen comentou, tranquilo - Sou mais velho do que aparento, eu sei.

E a conversa continuou daí, ambos contando mais sobre seus interesses, seus trabalhos e suas vidas. Jojen contou que entrara na faculdade com apenas 16 anos. Bran contou que começara a escrever seu livro aos 18. Jojen contou sobre sua irmã, com quem dividia o apartamento, e Bran contou sobre seus irmãos, todos os cinco, e sobre como todos estavam em sua casa agora, esperando por si.

— Eu amo todos eles mais do que qualquer coisa, mas acho que me acostumei a ficar sozinho. Eles são em tantos, falam alto e estão cheios de piadas internas novas desde que parti. Não sinto como se me encaixasse da mesma forma de antes - confessou, o tom de voz cansado.

— Eles estão aqui, não estão? Mesmo depois de quatro anos - Jojen deu de ombros. - Você não precisa se encaixar como antes, porque não é a mesma pessoa de antes da faculdade. E está tudo bem, porque eles também não são. Talvez você não se encaixe como antes porque se encaixa de um jeito diferente.

E Bran decidiu que era muito injusto que um homem pudesse ser tão bonito, tão inteligente e ainda por cima tão sábio.

Se despediu do rapaz e voltou para a casa, onde encontrou sua família esperando, organizados na paz caótica que acompanha os Stark desde o nascimento. Flagrou Ygritte fazendo café na cozinha, visto que sempre odiara chá, Sansa e Arya discutindo sobre que filme assistir, Theon com a cabeça deitada no ombro de Robb, os pais repreendendo Rickon por não sair do celular, os seis animais da família correndo pela casa.

Nada era o mesmo, Bran concluiu. Mas, no fim das contas, ele não queria que fosse.

Com um sorriso no rosto, se juntou à família.


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