Guerra por Marte escrita por Martins


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Bem-vindos ao ano de 2136!



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06 de outubro de 2136

            A manhã daquele sábado estava calma pelas redondezas do grande salão presidencial. As nuvens mecânicas se retiravam do céu e voltavam para dentro das oficinas. A chuva deixada por ela na noite anterior abaixou um pouco a temperatura, dando leveza ao ar e mais sutileza ao ambiente. No jardim algumas flores desabrochavam e dividiam seu espaço com os altos seguranças daquele lugar.

            — Bom dia senhor presidente. Como passou a noite? –um robô de pequena estatura se aproximou da mesa a qual um homem de seus 40 anos tomava café e se deliciava com frutas e bolachas.

            — Bem, obrigado por perguntar Wesley. –o homem sorriu. Ele voltou a tomar o café e logo em seguida soltou uma pergunta. — Onde estão os outros Wesley?

            — Suas filhas foram passar o final de semana na fazenda da avó materna delas em Santa Catarina. E seu irmão foi praticar suas técnicas de esgrima no salão de lutas no centro da cidade.

            — Obrigado Wesley. –ele se levantou da cadeira e caminhou até a janela daquele espaçoso cômodo. Olhou para fora e ficou a observar o levantar e o pousar de algumas espaçonaves. Tirou de um vaso uma rosa amarela que acabara de desabrochar.

             — Senhor?

            — É tudo falso Wesley. Até mesmo esta rosa não passa uma máquina, com horário para florescer. Esse não era o mundo que Catarina queria que suas filhas vivessem.

            — Sei que está triste por ela meu senhor, apesar de ser um robô e não entender as emoções humanas creio que seja muito difícil para que o senhor continue firme e forte depois de perdê-la.

            O homem esboçou um sorriso. Colocou a rosa em seu lugar e abaixou a cabeça, como se estivesse conformado com tudo o que havia lhe acontecido.

            — Não queria ter de interromper este momento delicado, mas o senhor possui uma reunião na qual sua presença é extremamente importante.

            — Certo. –ele levantou a cabeça e admirou o céu.

            Na sala de reuniões, diversos representantes se assentavam nas poltronas flutuantes que circundavam aquela imensa mesa preta. Homens e mulheres de diversos lugares do mundo. Em seus rostos a seriedade era a característica que mais evidenciava o quão sério era o assunto a ser tratado. Na ponta da mesa, o atual presidente do Brasil estava sentado tentando manter a calma.

            — Vamos pular a cerimônia de boas-vindas e vamos direto ao assunto desta reunião.

            ‫— Não é certo falarmos de algo tão importante na ausência de alguns líderes. –vociferou um homem de pele branca e cabelo louro.

            — Edward, acalme-se. –falou o brasileiro.

            — Me chamou pelo meu primeiro nome?

            — Estamos entre amigos, não se preocupe em manter as formalidades.

            Com o tempo, as guerras e os problemas socioeconômicos fizeram com que vários países a nações tomassem decisões drásticas. Os países da América do Sul, exceto Brasil e Argentina, se fortaleceram e criaram uma forte aliança. O México e os países da América Central também criaram outra aliança. Infelizmente os EUA não se importaram com isso e acabaram perdendo diversos recursos e ficaram a mercê da destruição, e foi isso o que aconteceu, hoje os EUA não existe mais, o país foi desolado pela explosão de diversas bombas. O culpado foi a aliança Ásia Menor, formada pelo Irã, Afeganistão, Paquistão e outros países. Por isso, as reuniões mundiais que visam o interesse do bem-estar da espécie humana, possui representantes destas alianças e de países que decidiram ficar sozinhos.

            — Ásia Menor e Rússia não estão presentes nesta reunião. Fico imaginando o porquê. –a mulher deixou escapar seu sotaque francês.

            — Talvez estejam planejando algo contra o resto do mundo. –Edward acrescentou.

            — Não diga bobagens, estamos numa fase onde guerras entre países ou nações são um completo desperdício de tempo, dinheiro e recursos. –argumentou o presidente.

            — Você é tão ingênuo quando tocamos no assunto guerra, meu querido Carlos Albuquerque. –a mulher morena e alta endireitou sua franja e o encarou.

            — Elena, guerras são sim imprevisíveis, mas temos um problema ainda maior, e é sobre isso que iremos falar hoje. Por isso não admito qualquer desvio de assunto.

            A tensão aumentava a cada minuto. Todos ali possuíam inúmeras diferenças culturais e religiosas, mas tendo ou não diferenças, era preciso entrar num consenso em que a humanidade se beneficiasse.

            — Caro presidente, os problemas do nosso planeta têm se agravado com o passar dos anos. Hoje em dia é quase inviável morar aqui. Mesmo que as grandes cidades tenham tecnologia moderna capaz de melhorar o ambiente das pessoas, vários outros lugares não tem. Sou muito grata por ter ajudado o meu povo, mas o planeta está nos expulsando dele. –a nigeriana falou.

            — E quem é mesmo você? –Edward perguntou.

            — Meu nome é Janaia Adebank. Sou filha do representante Xinavane Adebank.

            — O que uma criança como você faz aqui? –provocou Edward.

            — Posso ter apenas 19 anos, mas sei muito bem dos os interesses de meu pai, que não pôde comparecer por que está prestes a fazer uma cirurgia em seu estômago. 

            Quando Edward estava prestes a continuar com suas provocações, Carlos o interrompeu imediatamente, para que não prosseguisse com tamanha estupidez.

            — Janaia está certa Carlos. Precisamos dar um fim à este caos que assola o mundo. –Louise, a francesa foi dizendo com a testa franzida.

            — O mundo está a desabar. Diversos desastres ambientais ocorrem o tempo todo pelo mundo, destruindo e matando. O clima e a vegetação já não se comportam como antigamente. É questão de tempo até tudo se findar. –continuou Janaia.

            — Até agora vocês só me apresentaram os problemas e os conflitos, mas não me disseram nada de como resolvê-los. –as mãos de Carlos suavam e o ar condicionado já não era o bastante para esfriar o clima naquela sala.

            — Que bom que se interessou. Quando os EUA faliram de vez, você comprou a NASA e mudou o nome dela para o que hoje conhecemos como Corporação MUV. Pra nossa sorte a tecnologia e os especialistas que trabalhavam na MUV são os mesmos que trabalhavam na NASA, e isso significa que estamos diante da mais alta tecnologia que podemos encontrar. –Louise prosseguia seu discurso chato e repetitivo que deixava Carlos sem saída.

            — E como a MUV pode nos ajudar nisso?

            — Veja bem, há tempos que procurávamos um planeta para que pudéssemos habitar caso a Terra tornasse inabitável. Tivemos várias ideias, mas por muitos anos o planeta continuou a resistir com um pouco da ajuda da nossa tecnologia. Mas agora que ele já não suporta mais a nossa existência nele, é preciso achar outra “casa”. –a francesa era de fato entendedora da situação. — Foi a NASA quem mandou os primeiros tripulantes para Marte e...

            — Espere, você quer colonizar Marte?

            — Por que não? Já foi comprovado que podemos sobreviver naquele planeta. E, aliás, é o único mais próximo para o qual podemos correr caso algo aconteça.

            — O que vocês estão me pedindo é inviável. Vocês querem abrir mão do nosso planeta e isso é inaceitável. –Carlos se levantou da cadeira e abriu a porta da sala. — Sugiro que vão embora, a colonização de Marte pela MUV está fora de questão.

            Rapidamente Louise se levantou e ergueu o tom de sua voz para que o presidente brasileiro pudesse escutá-la.

            — Não se preocupe presidente. Ficaremos aqui o tempo necessário para que você concorde com isso.

 

            Os pastos da fazenda eram verdes, mas não tão verdes quanto o necessário. O clima era agradável, pelo menos na parte da manhã. As gêmeas Paula e Fernanda brincavam com os porquinhos no meio da lama. O sorriso em seus rostos era de contagiar qualquer um que as visse.

            — Vamos garotas, é quase meio-dia. Vocês morrerão de calor se continuarem aí fora! –a simpática idosa as chamou para dentro.

            Infelizmente o aquecimento global elevou de vez as temperaturas do planeta. Foram criados dispositivos que amenizam o calor e controlam a temperatura, mas por gastarem muita energia não são todas as cidades que o têm, e as que têm os desligam quando o sol chega a seu pico, pois é neste momento em que eles consomem mais energia. Depois de entrarem e se limparem, as garotas se sentaram à mesa de madeira e começaram a degustar de um delicioso almoço caseiro. O ranger da porta antiga dedurou a entrada de Daniel, o tio das garotas.

            — Olá meninas!

            — Tio! –as duas gritaram.

            — Oi mãe. –cumprimentou-a com um beijo na testa e ela retribuiu com um carinho em seu rosto. Antes de se sentar, cumprimentou as sobrinhas com beijos nas bochechas e puxões de orelha.

            — Onde você tava? –uma perguntou.

            — Na faculdade. –ele sorriu.

            — E o que você faz lá? –a outra perguntou.

            — Eu estudo psicologia.

            As meninas se entreolharam e ficaram confusas.

            — Psicologia é o estudo do comportamento humano dentro da sociedade. Mas relaxem, vocês vão entender isso daqui alguns anos.

            — Tio Dan, você namorando? –perguntou a que usava um laço amarelo.

            Daniel ficou constrangido, sorriu e olhou para baixo. Ele não sabia o que responder à sobrinha.

            — Chega de tagarelar. É hora do almoço, mais tarde vocês conversam. –a senhora falou.

            O dia foi chegando ao fim, e as gêmeas acabaram se cansando da diversão que tiveram naquele lugar. Foram dormir cedo, por volta das 20h30min. Foi a boa senhora que as colocou em suas camas e lhes contou  uma história fantástica, a primeira vez que o homem pôs o pé na lua. As meninas ficaram fascinadas com a história, mas dormiram antes mesmo do final. Com as luzes das estrelas brilhando no céu, Daniel e sua mãe conversavam enquanto as admiravam.

            — Qual a temperatura? –ela perguntou.

            — 38ºC. –respondeu o filho.

            — Está mais quente do que ontem. –Daniel a olhou. —Espero que Carlos faça alguma coisa para parar com isso tudo.

            — Não tem mais o que se fazer. O planeta já não nos quer mais aqui.

            Os dois deram as mãos e continuaram a olhar as estrelas, pensando em como o dia de amanhã poderia ser.


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Notas finais do capítulo

Criticas são bem-vindas!



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